segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

JESUINO BRILHANTE, O FILME

Vale a pena relembrar que no início da década de setenta, o povo hospitaleiro e generoso do Assu, de tantos poetas e até mesmo de tradições pioneiras, recebeu um grupo de atores (cabeludos) cinematográficos, para que aquela cidade e região, fosse cenário principal do primeiro filme longa metragem rodado no Rio Grande do Norte, intitulado "Jesuíno Brilhante, O Cangaceiro", produzido pelo cineasta potiguar de Ipanguaçu/RN, então radicado no Rio de Janeiro, onde veio a falecer em 1991 chamado artisticamente de William Coobet (Cosme na tradução, seu sobrenome de registro, família tradicional daquela terra ipanguaçuense).

Esse filme tem fotografia de Carlos Tourinho, música de Mário Pariz e o seu protagonista é Neri Vitor, produção de Eliana Coobet. É uma produção em Eastmancolor. Suas filmagens tem duração de 1h40m., 35mm e o seu produtor associado é Jonas Garret. O enredo é sobre o cangaço e o gênero é de aventura - rodado que foi em reprise com destaque no 15º Festival de Cinema de Natal, realizado no mês de julho de 2006. Fez sucesso no Brasil e foi rodado especialmente a convite no Festival de Moscou, em 1973. Algumas das suas cópias estão espalhadas em diversos países como a Russia, Espanha, Romênia, Checoslováquia, India e Polônia.

O filme conta a história de um cangaceiro romântico chamado Jesuíno Alves Calado (Jesuíno Brilhante), nome que herdara de seu tio, também cangaceiro. Jesuíno nasceu no sítio "Tuiuú", distante sete quilômetros da cidade de Patu, região oeste do Rio Grande do Norte.

Câmara Cascudo depõe que Jesuíno "é o primeiro cangaceiro na memória do oeste norte-rio-grandense. Deixou funda lembrança de valentia, destemor e fidalguia. Era o aut-low gentlilhomem, imperioso, arrebatado, incapaz de insultos por vaidade ou de uma agressão inútil."

Voltando ao filme, participaram da filmagem, artistas de nome nacional como Neri Victor, Rodolfo Arena (como Soares), Vanja Orico (como Maria de Goes - que ficou hospedada na casa da escritora Maria Eugênia), Waldir Onofre (como Zé), Miltom Vilar (como Francisco Limão), Hilda Melo (como Margarida), Maria Lucia Escócia (Jesuino´s Mother), Wandick Wandré, Rojerio Tapajos (como Silvestre), Eriel José (como Jojeu), Helio Duda (como Juvenal), Mário Paris (como Cobra Verde, Anteór Barreto (natural de Ipanguaçu), além de Regina Accioli, Clementina de Jesus, Jesiel Figueredo (ator potiguar que fez uma cena no Forte dos Reis Magos como o governador da província), Tony Machado, Rui Marques, Daniel Rosental e Nestor Saboia.

Varias pessoas da sociedade assuense deram a sua colaboração como figurantes. Entre tantos: Pedro Cícero de Oliveira, José Caldas Soares Filgueira Filho (Dedé Caldas), Zélia Amorim, Francisco Evaristo de Oliveira Sales (dr. Sales) que foi médico em Assu durante décadas, José Marcolino de Vasconcelos (Dedé de Aiá), Raimundo Márcio Borges de Sá Leitão (Itinho de Durval), Monte Lacerda, Fernando Montenegro, entre outros.

Além do município do Assu, a filmagem fora produzida em Ipanguaçu, Mossoró, Tibau, Patu e nos cerrados de Lages e Natal, onde fora concluída a filmagem.

Voltando a vida de Jesuíno, Sinhazinha Wanderley no livro de Walter Wanderley intitulado Família Wanderley, 1965, conta que no Assu existiu um pequeno museu onde se encontrava exposto um pedaço do osso do braço de Jesuíno Brilhante que foi morto pela polícia da paraíba no lugar denominado Palha, distrito do Estado da Paraíba.

Fica, portanto, esse registro, como um fato cultural de muita relevância para o Assu, pois, esse filme é patrimônio cultural que deve ser relembrando e ficar catalogado nas paginas da historia assuense e do Rio Grande do Norte.

Fernando Caldas




























































sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

POEMAS INÉDITOS DE JOÃO LINS CALDAS

I

Os quatro ovos que tinha no ninho do pássaro
Diziam de quatro vidas, um amanhã que devia ser.
Mas não foi isso na vida do pássaro
Tudo na vida do pássaro:
- Só cantar e viver.

II

Deus deu-me tudo. Deus deu-me tudo do que a mim amargurado Deus me devia dar.
Deus deu-me tudo. Si amargurado, porque a mim as razzões de me amargurar.

III

O pobre me deu uma esmola de Deus te favoreça
"Deus te favoreça!" Favoreça-me Deus com essa esmola do pobre.

IV

Deus preenche o infinito
Preenche os vale do amor
E, se a dor solta seu grito
Deus vive também na dor!

V

Culpa-te a ti somente, a ti culpa.
A ti somente, Ó grande desgraçado!
Culpa-te a ti de ser desventurado
Culpa-te a tí de ser já sem desculpa,
Amaste por amor. Amaste crendo.

VI

Um, porém verás em brasa, em chama:
Porque tudo que Deus tem formado
Encheu de fel um coração que ama!

domingo, 16 de dezembro de 2007

LUIZINHO CALDAS, UM GLOSADOR

Luiz Lucas Lins Caldas Neto  - Luizinho Caldas como era conhecido na intimidade, era meu avô paterno. Nasceu em Ipanguaçu, cidade coirmã do Assu-RN, porém viveu quase toda a sua existência na cidade assuense.. Naquela terra ipanguaçuense ele, Luizinho, candidatou-se a prefeito nos idos de cinquenta, sem obter. Foi funcionário do Fomento Agrícola, em Natal. Herdou dos Lins Caldas a arte da prosa e do verso. A sua preferência para versejar era a décima (glosa). E um dia escreveu essa que por sinal é muito atual, que diz assim:

Só falta usar maçarico
Instrumento de arrombar
E o povo fica a clamar
É pena o Brasil tão rico.
Com esta gente eu não fico
Quero servir de espião
Mas, todo esforço é em vão
Rouba governo e prefeito
Para o Brasil não há geito
Com tanto filho ladrão.

E essa outra transcrita abaixo, é também de sua autoria:

Certa coisa que já fiz
Com uma jovem em segredo
Revelar até faz medo
Eu não digo, ela não diz
É que eu quis e ela quis
Só podia acontecer
Mas, o bom é não dizer
Com quem isto aconteceu
Ela não diz e nem eu
Quem é que pode saber?

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

AS TIRADAS DE RENATO CALDAS

As tiradas, pilhérias, chistes, facécias, os gracejos de Renato Caldas, poeta, folclorista e interprete da cultura popular brasileira, estão espalhados por este país afora. Foi ele "quem deu causa ao surgimento de um folclore que circula na esfera do anedotário papa-jerimum". Portanto, os causos aqui relatados não tem absolutamente o intuito de querer macular a imagem de ninguém. Tem apenas o sentido humorístico. Vamos revivê-las, para o nosso bem estar:

1) Nos idos de sessenta e oito, encontrava-se encalhado no Porto de Natal, o navio da Marinha norte-americana (Projeto Hoop). Naquele navio-hospital, Renato submeteu-se a uma cirurgia na próstata. Em razão do sucesso da operação e da sua rápida recuperação, o médico llhe deu alta, porém com a seguinte recomendação: "Renato cuidado para não comer gordura!" E Renato com aquele seu jeito cômico, jocoso, pilhérico, dirigiu a palavra a sua mulher que pesava aproximadamente seus bons cem quilos, dizendo: "Tá ouvindo, Fausta, e agora!"

2) Renato nos idos de trinta, numa certa viagem de trem que fizera, se não me engano, de Angicos com destino a Natal, fumava inveteradamente. Naquele transporte coletivo, sentado de frente para ele, Renato, uma jovem que se encontrava grávida, em dia de parir. Aquela mulher como se quisesse provocar o poeta, arreganhou as pernas, alisou a sua barriga e advertiu Renato, dizendo assim: "O senhor dá pra apagar o cigarro! Não é por mim não! É por conta desse inocente que está na minha barriga." Renato não se fez de rogado: "A senhora dá pra fechar as pernas! Não é por mim não! É por conta desse inocente!" Respondeu Renato, afagando a sua genitália

3) Renato no dia do seu casamento deixou sua esposa em casa e deu uma escapulida para farrear com  amigos, pelos bares da cidade de Assu, retornando a sua nova morada somente noite alta. Sua mulher sentindo-se abandonada, recriminou na hora, ao vê-lo chegar em casa embriagado: "Mas, Renato isso é coisa que você faça no dia do nosso casamento: "Besteira, mulher! Eu só vim buscar o violão!" Rebateu Renato e saiu novamente para continuar a bebedeira.

4) Renato na época da construção da Ponte Felipe Guerra, sobre o Rio Piranhas ou Assu (ele trabalhou na construção daquela ponte construída pelo DNOCS)  recebera um convite de um amigo que morava nas proximidades daquele rio, para participar do casamento de sua filha. Durante a festa, os comes e bebes, um dos convivas convidou Renato para fazer a saudação aos noivos. Renato saiu-se com essa: "Minhas senhoras e meus senhores. Queira Deus que o noivo não encontre um solo explorado!" Para risos dos presentes.

Fernando Caldas

sábado, 8 de dezembro de 2007

HOMENAGEM PÓSTUMA

O assuense dentista Osman Alves Cabral solicitou ao prefeito do Assu Ronaldo Soares e ao vereador Heliomar Alves para que fosse prestada uma homenagem ao deputado Olavo Montenegro e a cantora poetiguar do Assu, de nome nacional, Núbia Lafaite. Segue na íntegra a solicitaçaõ referida:

Senhor Prefeito,

Na qualidade de cidadão, cirurgião dentista e filho deste querido município, venho expor a V. Exa. e ao final sugerir o seguinte:

1) Há alguns anos, o município de Assu perdeu a figura de Olavo Lacerda Montenegro, empresário, secretário de estado, agropecuarista e homem público. Representou e defendeu a nossa região ao longo de várias décadas, não apenas da tribuna da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Norte, mas também, em inúmeras reuniões e conclaves, nos quais ergueu a sua voz na defesa do Vale do Assu, do seu povo e do seu desenvolvimento. É chegada a hora da chefia do Executivio Municipal resgatar a sua memória, homenageando a sua dedicação e amor ao Assu, através da lembrança do seu nome no frontispício de uma escola, de uma construção pública ou de uma rua da cidade.

2) Por último, senhor prefeito, refiro-me a outra significativa perda no campo da arte e da música. Desejo me reportar ao recente falecimento da cantora assuense Núbia Lafaite que cantou e encantou inúmeras gerações no Rio Grande do Norte e no Brasil. Núbia se tornou, não apenas, num patrimônio artístico do nosso município mais do país pela beleza de sua voz e de suas magnífica interpretações.

Urge, pois, que esta prefeitura desperte para homenageá-la condignamente, realçando o seu valor e perpetuando no bronze o seu nome como filha dileta do Assu e que jamais será esquecida.
Na expectativa das providências de ambas solicitações, subscrevo-me muito atenciosamente,

Osman Alves Cabral

  UMA VEZ Por Virgínia Victorino (1898/ 1967) Ama-se uma vez só. Mais de um amor de nada serve e nada o justifica. Um só amor absolve, santi...