domingo, 19 de outubro de 2008

UM POETA BOÊMIO

Júlio Soares Filgueira (1898-1954) era natural do Assu. Ele está antologiado por Ezequiel Fonseca Filho, no seu livro 'Poetas e Boêmios do Assu", 1984. Depõe aquele antologista na referenciada antologia que Júlio era "arredio, desconfiado, valente e audaz, muito cedo entregou-se à boemia, o que constitui o traço frizante de sua vida". Ainda, no início da sua juventude, regressou ao Rio de Janeiro onde começou a escrever poesia, Conta ainda aquele escritor, que, o que Júlio herdara de seus pais jogou fora com a sua vida boemia. Naquela capital carioca ainda estudante, foi companheiro de quarto de Ezequiel Fonseca, numa pensão da Rua do Catete, daquela capital carioca, no tempo em que ele, Ezequiel, estudava medicina. Escultei muitas vezes o seu sobrinho José Caldas Soares Filgueira (Dedé Caldas) declamar com lágrimas nos olhos, o poema adiante:

Este meu riso, triste e macilento.
Perdido sobre o peito dolorido,
Bem demonstra o pesar e o sofrimento
De um desgraçado e de um desiludido.
Este meu riso, sem contentamento
Este meu vago olhar amortecido
São os sinais amargos do tormento
Da vida indesejável de um perdido
Vivo sempre a beber, de bar em bar,
Afogando num cálice de aguardente
A dor que faz meu peito pensar?
Chorando ou rindo, vou passando a esmo.
E no vício morrendo lentamente
Fazendo assim o enterro de mim mesmo.

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