sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

POESIA MATUTA

Capa do livro organizado por Ivan Pinheiro e Gilvan Lopes.
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VIAGE BÊSTA
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Os terém, tão arrumado.
Já engraxei o carçado,
Qui ganhei nas inleição,
E, fui comprá na polista*
Duas camisa de lista
E uma carça de azulão.

Comprei na venda um caixote,
Eu mesmo fiz um malóte
E botei um cadeádo.
Tenho medo do sabido,
Pra eles, tô prevenido
E vivo sempre acordado.
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Pra mostrá minha cachóla:
Encordoei a vióla
E enfeitei o maracá.
Quero mostrá as polista
O tutano do nortista
E cuma nós sabe amá.

Já fiz a matalotagem,
Já acertei a passagem
Em riaba do caminhão.
A boléia é muito cára
Tenho que sê "pau de arára..."
O pió é a mangação.

Já vasei minha peixeira,
Se essa cambáda instrangeira,
Intendê de me xingá...
Pois dizem que o taliano
In S. Paulo dá de cana
E gostam de matratá.

Num tem nada, vô e vórto.
Se num prestá me revórto,
Ou vô falá com Ademá.
Confio nesse badejo...
Mesmo proque, eu desejo
Lá in S, Paulo, o encontrá.

Adeus moçal desta terra,
"Morenas véia de guerra",
Que eu levo no coração!...
Agora digo um relacho:
Num me despeço de macho,
- Macho num dá produção.

Renato Caldas
blogdofernandocaldas.blogspot.com

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Que eu seja eternamente eterno louco e nunca deixe de sonhar na vida. (João Lins Caldas, pensador potiguar).