domingo, 13 de setembro de 2009

COMPARAÇÕES MATUTAS

Caro que nem ovo em tempo de quaresma .
Magro como cavalo de aroeira.
Velho como o chão.
Valente que nem cobra de resguardo.
Sono leve como o do xexéu.
Liso que é direitinhop um brunidor de sapateiro.
Perverso que só jararaca de rabo fino.
Malcriado que só rapariga de soldado em portão de feira.
Furado que nem renda de papelão.
Desconfiado que nem cachorro no r5eilho.
Falar mais que pobre no sol, ou falar mais que preto do leite.
Velho e brabo como D. Pedro Segundo.
Seco que nem língua de papagaio.
Esfomeado como cachorro de comboeiro.
Apertado que só pinto no ovo.
"Infalive" como doce de mamão em festa de pobre.
Medroso como boi de cr... branco.
Seguri como boi de carreiro, ou como raiz de samambaia.
Mentiroso como cachorro de preá, ou como espinfarda picapau.
Pelado que só caçote ou garrafa.
Desinquieto como galinha quando quer pôr.
Chorão que nem bezerro desmamado.
Resistente que nem cascavel de quatro ventas.
Rente como boca de bode.
Medroso que nem sonhim (sagui).
Agoniado como cobra quando perde o veveno (peçonha).
Besta como aruá.
Depressa como quem furta.
Contente que nem barata em bico de galinha.
Zoada grande como de fogo em tabcal.
Rede alta que só rede de esperar veado.
Calça curta que nem calca de pegar marreca.
Viagem aperreada como bacurinho em caçuá.
Tem carne nos quartos como sabiá tem nas unhas.
Padece que nem sovaco de aleijado em muleta.
Durou pouco que nem manteiga em venta de cachorro.
Acabou-se que nem sabão em mão de lavadeira.
Feio como necessidade ou justiça do diabo.
Andar ligeiro que nem peba em areia frouxa.
Andar depressa como quem vai tirar o pai da forca.
Aumentar como correia no fogo.
Ter o sossego das ondas do mar.
Crescer pra baixo como rabo de cavalo.
Andar devagar como quem procura pinico no escuro.
Sofrer que nem pé de cegpo em porta de igreja.
Limpo que nem pano do coar café ou poleiro de galinha.
Café fraco que nem lavagem de espingarda.
Zangado como caititu quando bate nos queixos.
Apanhar que nem couro de pisar fumo.
Pasto tão baixo que um piriquito come de cóca.
Tão perverso que tem coragem de matar padre celebrando missa.
Tão besta que que pá ser burro só falta cagar redondo.
Rio tão seco que não tem água pra dar nos peitos dum peba.

(Nordeste Ontem e Hoje, de Duarte da Costa e Juracy Pinheiro).

blogdofernandocaldas.blogspot.com
fernando.caldas@bol.com.br

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