domingo, 10 de janeiro de 2010

RESGATE DE UMA "MEMÓRIA ASSUENSE"

(Transcrevo abaixo, o importante artigo escrito pela professora Terezinha de Queiroz Aranha no "Jornal da Colônia Assuense, edição de março de 1995, sobre o Assu e região do Baixo Assu. Vejamos adiante):

"Na hora em que se mobilizam pessoas e instituições para festejar um século e meio de emancipação da Cidade de Assu e sugere-se a sistemátização de uma memória assuense é bom que divulguemos o que já vem sendo feito na Universidade Federal do Rio Grande do Norte através do Projeto de Trabalho Vale do Assu.
Entendendo que uma Memória não deverá se restringir apenas a edição de textos, o grupo de trabalho responsável, resolveu como passo inicial, dar um enfoque especial à coleta e armazenamento da documentação existente sobre a região, espalhada por diversas entidades do Estado.
Resultante desse esforço de coleta, a "Coleção Documental" já conta com uma organização preliminar que agrupa seu acervo, nos seguintes itens:
- Produção jornalística, de escritores, cronistas e poetas;
- Recursos hídricos existentes (barragem, açudes e lagoas);
- a política de irrigação no Vale do Assu;
- recursos naturais (sal, carnaúba, petróleo, cerâmica, etc.);
- sistema econômico do Vale;
- esforço acadêmico empreendido por alunos e professores de Universidades locais e nacionais através de atividades tais como artigos em periódicios, monografias, projetos de pesquisa, dissertações de mestrado. Desse esforço acadêmico sobre o Vale do Assu já foram referenciados duzentos e vinte títulos.
A edição de textos foi iniciada com sete títulos, lançados em outubro de 1993, na cidade de Assu, e que se refere: ao estudo da Lagoa do Piató, ao desemprego na região de Macau, ocorrido pela modernização do parque salineiro; à parceria na agricultura irrigada; às alternativas tecnológicas para a cera de carnaúba; à história do autoristarismo e resistência que envolveu a implantação do Projeto Baixo Assu e finalmente a biografia e produção de vinte e um anos da vida do jornalista Osvaldo Amorim.
Na linha de biografias de pessoas da região, estamos concluindo o estudo sobre Manoel Rodrigues de Melo, escritor que imortalizou pelos livros que fez sobre paisagens, tipos e costumes do Vale do Assu, e que deverá ser lançado ao público possivelmente até meados de junho.
Afora esse trabalho que registra quase setenta anos de produção do autor e informes sobre ele (1926-1995), contamos com a sua mais recente produção "Memória do Livro Potiguar - apontamentos para uma bibliografia necessária", editada pela Editora Universitária e lançado ao público em 28/12/94.
Essa Memória, que arrola 1.005 verbetes, correspondente a produção de trezentos autores, abrangendo o período limite de 1870-1971, decorreu de uma exposição feita por Manoel Rodrigues de Melo quando dirigia a Academia Norte-rio-grandense de Letras. Sobre a finalidade dessa memória é ele mesmo que informa na apresentação original: "esse catálogo tem uma finalidade facilmente compreensível; arrolar a bibliografia norte-rio-grandense dispersa e muitas vezes perdidas, torná-la conhecidoa de leigos e especialistas e fixá-la para sempre num compêndio de fácil manuseio pelos interessados na matéria".
Dessa grande lição dada por esse varziano do Assu aos estudiosos e pesquisadores da bibliografia estadual, feita numa época em que os recursos da informática não chegavam até ele, resta um largo caminho a ser seguido pelos pesquisadores interessados no levantamento de novos títulos sobre temáticas do Rio Grande do Norte e suas diversas regiões entre as quais se inclui o Vale do Assu.
Sabendo que o resgate de uma Memória a ser localizada em Museus ou Centros de Documentação Histórica não se limita ao trabalho realizado até agora dentro da UFRN, pelo Núcleo da Seca, que precisava de inicio estimular a participação da comunidade assuense, é que partimos para interessar a Universidade Regional do Estado a se incorporar  ao nosso esforço no sentido de criar e implantar no Campus Avançado de Assu um Centro de Pesquisa e Documentação Histórica, capaz não só de realizar projetos de pesquisas mas também mobilizar a participação de assuenses/varzianos que vivendo fora da vida universitária se interesse pelo assunto.
A partir de um trabalho que já vinha sendo desenvolvido, pela UFRN, essas novas intenções foram respaldadas pela Reitoria da Universidade Regional de Mossoró, que no dia 22 de julho de 1994, assinou convênio com o Reitor da UFRN, visando subsidiar e acompanhar o Núcleo de Informação e Documentação Histórica do Vale do Assu, com o apoio do Núcleo Temático da Seca, da UFRN, e realizar em conjunto um projeto coletivo de pesquisa envolvendo diversos aspectos do Vale do Assu.
Com esse Convênio pretende-se dinimizar uma ação investigativa que engaje professores e alunos dos diversos Departamentos que funcionam o Campus Avançado de Assu.
Não resta dúvidas que avançamos um pouco nesse trabalho conjunto. Debates e cursos de pesquisas já foram realizados. Espera-se com isso tornar mais curto o caminho de quem deseja participar conosco dessa tarefa. Entendemos porém que foram passos iniciais.
O que desejamos com o Núcleo de Informação e Pesquisa Histórica do Vale do Assu é disseminar entre As Escolas da região, não só a impórtância da utilização desse resgate  bibliográfico, mas integrá-las nos esforços de transformação dese Centro Histórico num verdadeiro "laboratório de interrogações" sobre o passado da população que habitou essa região e que também seja capaz de assegurar um conhecimento do seu presente notadamente das mudanças que o processo de modernização do parque salineiro de Macau e da agricultura troxeram, para o homem que vive, trabalha e sonha no Vale do Assu e na sua região salineira."


Terezinha de Queiroz Aranha

fernanado.caldas@bol.com.br

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Que eu seja eternamente eterno louco e nunca deixe de sonhar na vida. (João Lins Caldas, pensador potiguar).