quarta-feira, 27 de julho de 2011

ALUGUEL IRRISÓRIO


Theodorico Bezerra [1903-1994] foi um político potiguar influente durante décadas, no Rio Grande do Norte. Figura espirituosa. As suas citações sábias, as suas estórias pitorescas são incontáveis, estão catalogadas no dicionário folclórico da política potiguar. Por sinal, a TV Globo, no início dos anos setenta, produziu um documentário [O Imperador do Sertão] em 1978 sobre a sua trajetória que foi um sucesso no país inteiro. Ele foi deputado estadual por várias legislaturas, desde os tempos do PSD, além de fazendeiro, hoteleiro. Amigo íntimo de Juscelino Kubitschek chegou a lançar sua candidatura ao governo do seu estado em 1965 [Theodorico 65] era a sua logomarca de campanha. Pois bem, em Natal, era o locatário do imóvel de propriedade do Governo do Estado, onde ele explorava uma hospedaria denominada Grande Hotel que chegou a ser o melhor hotel, salvo engano, nos anos quarenta e cinquenta. Amado e odiado também. Seus ferrenhos adversários diziam que ele pagava ao governo apenas uma quantia irrisória, pela locação daquele prédio [hoje servindo ao Juizado de Pequenas causas, no bairro da Ribeira] que ele explorou durante décadas. Certo dia, alguém lhe perguntou o valor que ele pagava pelo aluguel daquele imóvel. Matreiro que era, respondeu: "Eu pago o que o Governo do Estado me cobra". E papo encerrado.

Em tempo: Certa vez, Theodorico mesmo com aquela toda sua sabedoria, fora infeliz quando o poeta matuto do Assu [que o Brasil consagrou] chamado Renato Caldas ofereceu a ele, Theodrico, um livro de sua autoria intitulado "Fulô do Mato", ao chamá-lo de "vagabundo". Renato não guardou ressentimento, porém não esqueceu. Dias depois daquele fato, escreveu a seguinte sextilha conforme adiante:

Eu conheci Theodorico,
Quando lavava penico
No hotel de dona Danona.
Hoje é rico, é potentado.
É major, é deputado.
Oh sorte velha sacana!


Postado por Fernando Caldas

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 Danou-se.