segunda-feira, 17 de outubro de 2011

                                                                  Fotografias

Por Rômulo Gomes*



Ainda carente do pecado fizeram-me acreditar que não podemos ser aquilo que de fato somos. Fui severamente forçado a seguir padrões, respeitar normas, viver em detrimento do outro... Sem muito considerar o meu eu.
Assim, cresci e vivi por muito tempo pensando ser diferente, errado, meio torto... Como se estivesse à margem do grupo tido como perfeito, honesto e correto.
Mais tarde descobri que na verdade, diferentes e perversos são aqueles que me impuseram seus gostos, seus perfis “perfeitos”; suas normas e filosofias medíocres e insanas.
No começo, pintaram-me de azul, sendo que nasci roxo, visivelmente.
Enganaram-me, pela primeira vez. Minha fotografia não mostrava quem eu realmente era.
Mas tarde pintaram-me mais uma vez, agora de preto. E eu estava cinza.
Deixei-me mais uma vez ser enganado pelo pincel do artista.
E pintam-me a toda hora...  Essa è a verdade! Mesmo sabendo que as fotografias também mudam de cor e que o cenário se transforma, continuam me pintando em longas telas com pinceis nº 16, escolhido pelo próprio artesão.
Pasmem, pois desenham-me também, o que é mais forte do que fotografar!... E ainda com traços bem firmes, fortes, à lá Van Gogh.
... Hoje, fiz-me branco e ainda continuam me pintando... Ao ponto de sentir a necessidade de possuir uma tela com o meu próprio rosto exposta na parede do meu íntimo.

*Graduando do 7º período de Letras – Língua Portuguesa/UERN, cursando Pós-Graduação em Docência do Ensino Superior – FECR, Vice-diretor no município de Santana do Matos, apaixonado por literatura e aprendiz de escritor
(cesargomes_17@yahoo.com.br)

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