quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

FIFA e COL realizam inspeção operacional na Arena das Dunas


Por Elias Medeiros – www.eliasjornalista.com
Integrantes da FIFA e do Comitê Organizador Local (COL), acompanhados da governadora Rosalba Ciarlini e do secretário da SECOPA/RN Demétrio Paulo Torres, realizaram na manhã desta quinta-feira (31), mais uma inspeção operacional no estádio Arena das Dunas, palco dos jogos da Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014 em Natal.
Na vistoria desta quinta-feira, 40 membros da Fifa e do COL analisaram questões relacionadas à segurança, Operações de Imprensa, Televisão, Protocolo, Mídia, Tecnologia da Informação, Credenciamento, Segurança, Marketing, Médica, Ingressos, Transporte, Alimentação, Voluntários, Logística e Hospitalidade., entre outros assuntos observados em dias de jogos.
Segundo o gerente geral de integração operacional do COL, Tiago Paes, estas inspeções não tratam do andamento de obras. Nosso foco é a operação das arenas na Copa do Mundo da FIFA. Seguiremos trocando informações com os técnicos de várias áreas, para podermos planejar o funcionamento destes estádios.
Em entrevista coletiva de imprensa o chefe do escritório da Copa do Mundo da Fifa 2014, Chris Unger, destacou a evolução das obras do estádio e disse que agora foi possível observar como o operacional do evento vai funcionar.
Para governadora Rosalba Ciarlini , os quesitos analisados estão dentro do cronograma estabelecido pela entidade máxima do futebol e que a Arena das Dunas está com 53% suas obras concluídas e prevista para ser entregue no final do ano.
visita da Fifa e COL trata-se de um trabalho regular, que antes era realizado de seis em seis meses. Porém, com a proximidade das competições, este intervalo diminuiu.

    Foto: ╰☆╮A gente sonha sozinho pra depois realizar com alguém.
    De: Permita-se

    A gente sonha sozinho pra depois se realizar com alguém.

    RUAS DO ASSU

    "RUA DA SEDE DOS ESCOTEIROS"

    A Rua Professor Luiz Soares – conhecida popularmente como "Rua da Sede dos Escoteiros" - é uma rua antiga. Foi por muitos muitas décadas a periferia da cidade. Limita-se com a Rua Otávio Amorim (Norte) e Avenida Senador João Câmara (sul). Há ainda quem a cognomine de “Rua do Cemitério”. Faz parte do bairro Centro.
    Quem foi este homem de nome Luiz Soares?
    Luiz Correia Soares de Araújo nasceu em Assu no dia 18 de janeiro de 1888 – Ano da Libertação dos Escravos no Brasil. Professor Luiz Soares era formado pela Escola Normal de Natal. Exerceu o magistério durante 54 anos. Foi o primeiro diretor do grupo Escolar Tenente Coronel José Correia - Assu, inaugurado em 07 de setembro de 1911.
    Depois de dois anos a frente do referida instituição educacional, Luiz Soares foi para Natal. Naquela capital dirigiu o Grupo Escolar Frei Miguelino, a Escola Profissional e colaborou com a fundação da Associação de Escoteiros, recebendo a comenda Tapir de Prata - a mais alta insígnia mundial do escotismo.
    Luiz Soares foi um grande desportista. Em sua administração, na Federação Norte-rio-grandense de Desportos, em 1929, inaugurou o estádio de futebol Juvenal Lamartine, em Natal.
    Como homem influente na sociedade, contribuiu decisivamente para a criação da Policlínica do Alecrim em Natal, que hoje tem seu nome, e para criação da Faculdade de Farmácia e Odontologia e da Faculdade de Direito de Natal.
    Atuando na política foi vereador em Natal e presidente da Câmara.
    A sua intelectualidade o fez Sócio das seguintes instituições: Associação dos Professores, do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, do Conselho de Educação e Cultura, da Academia Potiguar de Letras.
    O professor Luiz Soares foi o fundador do Escotismo no Rio Grande do Norte – Organização mundial masculina (atualmente é mista) de educação extraescolar, voluntária, fundada pelo general inglês Baden-Powell. O professor Luiz Soares aproveitou a oportunidade e trouxe o escotismo para o Assu. Por esta razão a rua onde esta edificada a primeira sede de escoteiros desta cidade, possui o seu nome.
    Luiz Correia Soares de Araújo faleceu em Natal aos 79 anos de idade no dia 12 de agosto de 1967.
    Atualmente a Rua Professor Luiz Soares esta inserida no complexo comercial da cidade do Assu. Conta ainda com prédios residências, no entanto, um bom número de pontos comerciais ocupa aquela artéria.

    quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

    O poeta assuense Celso da Silveira tem poema musicado, interpretado por Luiz Gonzaga

    Título do blog.

    RENASCENÇA

    (Celso da Silveira - Onildo Almeida)
    Gonzaguinha e Gozagão

    Sr(a)s da REVIVENDO, boa tarde.

    Gostaríamos que a gravadora fizesse uma correção, por questão de direito, com relação a música RENASCENÇA, gravada no C- 9914 LUIZ GONZAGA Vol. 4 - RVCD 252, pois a mesma é uma parceria do Onildo Almeida (música) com letra do poeta e escritor potiguar Celso da Silveira; a mesma foi gravada por Luiz Gonzaga apenas em estúdio 
    e saiu por este selo em cd.

    Agradecemos a compreensão.
    Kydelmir Dantas


    (autor do livro LUIZ GONZAGA E O RIO GRANDE DO NORTE, 2012). 
    (See attached file: Luiz Gonzaga e o RN_Kydelmir Dantas.jpg)

    Mossoró-RN.

    http://blogdomendesemendes.blogspot.com

    NO DIA DA SAUDADE

    INFÂNCIA: BOLA DE MEIA

    Na nossa época de criança, a meninada era igual a qualquer turma. Meninos pobres e humildes que tinham criatividade para brincar. Os sonhos eram realizados numa época que poucos tinham acesso a bola de plástico ou de couro.

    Todavia, a confecção de um brinquedo que ganhou o mundo em popularidade, que encantava crianças e adolescentes, era a cilíndrica, envolvente e majestosa bola de futebol. Consegui-la nas nossas brincadeiras era quase impossível, diante das dificuldades financeiras daquele pequeno grupo de atletas mirins. Porém, o sonho de vê-la rolando nos campos improvisados, sob os nossos pés, era a mais pura realidade.

    A bola tradicional de borracha ou couro era uma utopia, daí termos de improvisar e construir aquele objeto tão desejado. O primeiro passo seria conseguir uma meia, geralmente dos nossos pais, o que era teoricamente impossível, pois aquele par jamais poderia ficar ímpar, segundo a argumentação das nossas mães. E, para dificultar ainda mais, o estoque era muito limitado, já que os nossos genitores não usufruíam, rotineiramente, de tal indumentária.

    Conseguida a dificílima peça de algodão ou nylon, na maioria das vezes subtraída, ilegalmente, restava arregimentar um amigo para conseguir o algodão descaroçado ou alguns pedaços de pano macio para formatar a futura bola, que iria ser lançada no campo sagrado da nossa imaginação para a alegria da nossa infantilidade.

    O jogo ocorria em fundo de quintal ou em um beco. A minha turma, geralmente, jogava entre a casa onde papai morava (casa de Solon) e o antigo prédio dos Correios (que nunca foi inaugurado), onde hoje localiza-se a Junta Militar. A partida só terminava com o grito de nossas mães para o almoço ou quando a noite estava chegando e ninguém via mais a bola. As traves eram formadas por sandálias ou por bandas de tijolo.

    Bola de meia que proporcionou amizades, brigas, alegrias, topadas em pedras, gols...e que gols.
    Amiga bola de meia, quanta saudade. Você está patenteada no
    amor, na alma, na nossa infância pobre e feliz.


    Por Marcos Calaça, jornalista da UFRN

    Ilustração do blog

    Ginga Pelé

    ASSÚ

    Por Renato Caldas

    Assú de chapéu de palha!
    Que luta... vive e trabalha
    Somente para comer.
    Assú que vive sofrendo
    A própria dor escondendo
    A angústia do seu viver!

    Heróis, poetas, escritores
    Boêmios e trovadores
    Ilustraram tradições!
    Que não serão sepultadas
    Para serem proclamadas
    Pelas novas gerações.

    Meu Assú das vaquejadas!
    Das noites enluaradas...
    - Que gratas recordações! -
    Cantigas feitas de sonhos
    Dos seresteiros risonhos,
    Conquistando corações.

    Dança dos Congos, Lapinha,
    Folguedos da argolinha,
    Bumba meu boi! Pastoril
    Eram brincos engraçados,
    Hoje porém divulgados
    De norte a sul do Brasil.

    E, como o tempo é cruel!
    Jogos de prenda... e anel
    Ninguém sabe onde ficou?!
    Sei eu, onde está guardado
    O meu Assú do passado,
    Minha saudade guardou

    Barragem/Itajá
    Barragem/Itajá, por Saionara Waguinho

    MARIA AUXILIADORA, UMA PRESENÇA


    Por Paulo Montenegro. (Artigo publicado há dez anos atrás, em o Jornal de Hoje, de Natal).
    "Na véspera da tentativa de Lampião entrar em Mossoró, na distante cidade de Assu, nascia Maria Auxiliadora Caldas Macedo.Vindo ao mundo de uma gravidez inesperada, já tinha seu destino traçado: O de não ter conhecido seu pai e conviver com o sofrimento da mãe (aleijada) durante toda sua vida. Filha do português João Macedo, que se arremediou em Assu vendendo alfinin e de Tereza Caldas dos Caldas de Sacramento hoje Ipanguaçu, esta, não presenciou a saída do marido acompanhado da mulher do juiz da cidade para nunca mais voltar, deixando para trás uma filha na barriga, várias propriedades (Farol, Mutamba, Cumbe, Recreio), ruas de casa no Assu, uma pequena fortuna, vivendo no Recife até 1936.

    Moreno, meu filho tem o nome de nossa raça, nossa latinidade, Mas Maria Tereza minha filha carrega o seu nome, o de sua mãe e o de Maria Angelita de Carvalho (Hinha), que veio de Tapera hoje Triunfo para cuidar das duas, a partir de 1927.

    Católica, mas não apostólica, nem romana, sempre achava que a benção fosse uma formalidade, porque o respeito para ela sempre foi uma questão de atitude. Não sei se ela é uma mulher do seu tempo, só sei que ela é simplesmente Maria. Calma por natureza e com os princípios fundamentais da vida nunca a vi cometer nenhum dos pecados convencionais ou capitais. Mulher sem preconceito, honesta, com um amor pela vida tão profundo de fazer inveja a morte. Posso citar, em vários episódios, dezenas de exemplos de sua postura (ética), seja no âmbito familiar, político ou no cotidiano. Em todas as suas interferências lá estava Maria Auxiliadora com sua opinião carregada de dignidade.

    Em 1946, casa-se com seu primo filho do Major Montenegro, que veio doutor de Lavras para casar com Maria Auxiliadora e ser político na região do Vale do Assu, Edgard Montenegro. Agora, como coadjuvante, vivendo um outro momento, entre a inteligência dos Caldas e a importância dos Montenegros, continuou pontuando sua vida perseguindo a Paz e a Justiça, binômio que conjugou em toda sua trajetória.

    A arte e a natureza, foram suas duas grandes paixões. Uma vez em 1989 fomos ao centro de convenção assistir a um teatro de dança contemporânea. Na volta para casa ela me disse: "A arte é quem vai salvar o mundo". Aí me chegou a comprovação de que na política, faltam muitos ingredientes para que o jogo do poder seja o caminho das transformações sociais.

    Hoje, sua cidadania é representada por sua filha Rejane Maria, que nasceu também em Assu em 1956 pelas mãos hábeis do doutor Sales, quando ainda não tinha maternidade.

    Há oito anos dirigida pelas mãos dos outros (Delmira, Graça, Telúzia, Maria Selma, Dona Edite, família) ainda assim comanda sua casa. E a cada dia mais debilitada, andando menos, falando menos, nunca vi reclamar de nada, como também nunca vi ninguém se dirigir a ela com sentimento de pena. Quando André, neto de Dona Janoca, vinha a sua casa todas as manhãs ela encontrava motivos para viver, E quando Arlete, filha de Aldenora, vem todas as tardes em sua casa passando para a padaria seu olhar brilha e emociona quem passa pela Floriano. Toda codificação da linguagem ela perdeu, mas sua consciência lhe deixa em pé. Em pé de igualdade para com a vida.

    As borboletas e os canários amarelos do farol seus companheiros de toda infância, não são mais uma prova de sua presença. Mas o flambyant vermelho plantado por Pau de Lenha, o eco da pancada do Machado de Pedro de Melo e os oitizeiros da Floriano Peixoto são testemunhas que por aqui vive uma mulher forte e corajosa.

    Ainda espero vê-la sorrir. Talvez na possibilidade de voltar a sua terra e pisar o chão do farol, onde tudo começou. Um sorriso, igual aquele de Telê Santana, quando do gol de Rair, se tornando campeão do mundo na década de 90. E cumprindo um ditado que sempre defendeu, concluo esse simples artigo, nem alegre nem triste, que escrevo com seus óculos (hoje meu), molhando o rascunho desse texto com lágrimas de orgulho."

    O violinista solitário


    “Um homem sentou-se numa estação de metrô de Washington DC e começou a tocar violino, era uma fria manhã de Janeiro; Ele tocou seis peças de Bach durante aproximadamente 45 minutos. Durante esse tempo, já que era hora de ponta, calcula-se que cerca de 1,100 pessoas atravessaram a estação, a sua maioria, a caminho do trabalho.

    Três minutos passaram quando um homem de meia idade notou que o músico estava a tocar, abrandou o passo e parou por alguns segundos, mas continuou depois o seu percurso para não chegar atrasado.

    Um minuto depois, o violinista recebeu o seu primeiro dólar, uma senhora atirou o dinheiro sem sequer parar e continuou o seu caminho.

    Alguns minutos depois, alguém se encostou à parede para o ouvir, mas olhando para o relógio retomou a marcha. Estava claramente atrasado para o trabalho.

    Quem prestou maior atenção foi um menino de 3 anos. A mãe trazia-o pela mão, apressada, mas a criança parou para olhar para o violinista. Finalmente, a mãe puxou-o com mais força e o miúdo continuou a andar, virando a cabeça várias vezes para ver o violinista. Esta ação foi repetida por várias outras crianças. Todos os pais, sem exceção, obrigaram as crianças a prosseguir.

    Nos 45 minutos em que o músico tocou, somente 6 pessoas pararam por algum tempo. Cerca de 20 deram-lhe dinheiro mas continuaram no seu passo normal. Ele recoletou cerca de 32 dls. Quando ele parou de tocar e o silencio tomou conta do lugar, ninguém se deu conta. Ninguém aplaudiu, nem houve qualquer tipo de reconhecimento.

    Ninguém sabia que este violinista era Joshua Bell, um dos mais talentosos músicos do mundo. Ele tocou algumas das peças mais elaboradas alguma vez escritas num violino de 3,5 milhões de dólares.

    Dois dias antes de tocar no metro, Joshua Bell esgotou um teatro em Boston, onde cada lugar custou em média 100 dls.

    Esta é uma história real, Joshua Bell tocou incógnito na estação de metrô num evento organizado pelo Washington Post que fazia parte de uma experiência social sobre percepção, gostos e prioridades.

    O outline era: num lugar comum, numa hora inapropriada: Somos capazes de perceber a beleza? Paramos para a apreciar? Reconhecemos o talento num contexto inesperado?

    Uma das possíveis conclusões que se podem sacar desta experiência podem ser: Se não temos um momento para parar e escutar a um dos melhores músicos do mundo tocar algumas das músicas mais bem escritas de sempre, quantas outras coisas estaremos perdendo?”
    O violinista solitário

“Um homem sentou-se numa estação de metrô de Washington DC e começou a tocar violino, era uma fria manhã de Janeiro; Ele tocou seis peças de Bach durante aproximadamente 45 minutos. Durante esse tempo, já que era hora de ponta, calcula-se que cerca de 1,100 pessoas atravessaram a estação, a sua maioria, a caminho do trabalho.

Três minutos passaram quando um homem de meia idade notou que o músico estava a tocar, abrandou o passo e parou por alguns segundos, mas continuou depois o seu percurso para não chegar atrasado.

Um minuto depois, o violinista recebeu o seu primeiro dólar, uma senhora atirou o dinheiro sem sequer parar e continuou o seu caminho.

Alguns minutos depois, alguém se encostou à parede para o ouvir, mas olhando para o relógio retomou a marcha. Estava claramente atrasado para o trabalho.

Quem prestou maior atenção foi um menino de 3 anos. A mãe trazia-o pela mão, apressada, mas a criança parou para olhar para o violinista. Finalmente, a mãe puxou-o com mais força e o miúdo continuou a andar, virando a cabeça várias vezes para ver o violinista. Esta ação foi repetida por várias outras crianças. Todos os pais, sem exceção, obrigaram as crianças a prosseguir.

Nos 45 minutos em que o músico tocou, somente 6 pessoas pararam por algum tempo. Cerca de 20 deram-lhe dinheiro mas continuaram no seu passo normal. Ele recoletou cerca de 32 dls. Quando ele parou de tocar e o silencio tomou conta do lugar, ninguém se deu conta. Ninguém aplaudiu, nem houve qualquer tipo de reconhecimento.

Ninguém sabia que este violinista era Joshua Bell, um dos mais talentosos músicos do mundo. Ele tocou algumas das peças mais elaboradas alguma vez escritas num violino de 3,5 milhões de dólares.

Dois dias antes de tocar no metro, Joshua Bell esgotou um teatro em Boston, onde cada lugar custou em média 100 dls.

Esta é uma história real, Joshua Bell tocou incógnito na estação de metro num evento organizado pelo Washington Post que fazia parte de uma experiência social sobre percepção, gostos e prioridades.

O outline era: num lugar comum, numa hora inapropriada: Somo capazes de perceber a beleza? Paramos para a apreciar? Reconhecemos o talento num contexto inesperado?

Uma das possíveis conclusões que se podem sacar desta experiência podem ser: Se não temos um momento para parar e escutar a um dos melhores músicos do mundo tocar algumas das músicas mais bem escritas de sempre, quantas outras coisas estaremos perdendo?”

    terça-feira, 29 de janeiro de 2013


    CONTO

    A COBRA
     
    A comunidade de Juazeiro era para alguns de seus moradores o local ideal para se viver. Lá dinheiro não tinha muito valor, especialmente para os homens. Uma questão cultural. O macho que não gastasse tudo que ganhasse durante a semana no final da mesma, não era homem com H. Era manicaca, palerma, manobrado pela mulher. Se fosse solteiro era viado.
     O pescador Manoel era um dos que cultuava esta prática. Se o rendimento fosse um pouco maior passava até uma semana na esbórnia... Acordava de madrugada, selava e colocava os arreios no cavalo alazão - seu maior patrimônio, além de uma mulher e cinco filhos, aliás, uma “escadinha” onde o mais velho tinha oito anos – e rumava para a cidade. Parecia um doutor. Roupa branca, chapéu de massa preto, botas pretas com esporas prateadas. No braço um chicote de couro cru e sobre a sela do animal uma coxa macia confeccionada de retalhos brancos. Um revólver 38 na cintura e uma faca peixeira de 12 polegadas completavam a indumentária. 
     Quando Manoel chegava à feira livre do Assu, os feirantes ainda estavam organizando seus produtos para iniciarem a comercialização. Parava seu alazão debaixo dos pés de fícus localizados por trás da Matriz e dirigia-se para o Mercado. Na primeira bodega que abria ele já pedia uma dose de aguardente e solicitava ao proprietário guardar o coxim. Enrolado neste, ele entregava o revólver e dizia com ênfase:
    - cuidado com este “coxim”, mais tarde eu pego!
     Manoel quando estava embriagado era metido a namorador, arruaceiro... Violento. Uma particularidade: sóbrio ou bêbado pagava bebida pra “gato e cachorro”.
     Certo dia, já meio embriagado, Manoel foi adentrando na Padaria Santa Cruz - de propriedade de Solon, quando ouviu, de soslaio:
    - Um negro desse só quer ser doutor, só anda de branco...
     Manoel não procurou ouvir mais nada, mudando de rota, foi até o desafeto e sentou-lhe a mão no ‘pé’ do ouvido que o mocotó levantou.
    - Taí... Essa é pra você respeitar um homem preto...! Galego cor de merda! - Falou Manoel com o dedo em riste. Deu meia volta e saiu sem dizer pra que veio à padaria.
     O homem levantou, passou a mão nas nádegas e tratou de sair rápido do recinto. Sabia que se revidasse morreria ali mesmo. Pensou consigo: “Também, o que eu tenho a ver com a maneira de vestir daquele negrão?”.
    Naquele dia Manoel bebeu enraivado. Pensava constantemente: “Porque não acabei com a vida daquele amaldiçoado. Estou ficando mofino?”. – Depois de circular por todos os cabarés da cidade do Assu Manoel retornou para casa já quase à noitinha.
    O cavalo caminhava lento, conhecia o percurso de volta para casa como nenhum outro. Somente assim seria possível conduzir seu proprietário de volta à comunidade naquele estado de embriaguez.
    Ao chegar a Juazeiro, Manoel foi direto para uma bodega que também vendia cachaça. Parou o cavalo e desceu com dificuldade. Sentou num tamborete e pediu:
    - Seu Romão, uma dose de cachaça bem grande. Hoje eu quero afogar minhas mágoas.
    Seu Romão trouxe a dose de aguardente e colocou sobre a única mesa do alpendre. Aproveitou a oportunidade para perguntar:
    - Já passou em casa? Deixou a feira dos meninos?
    - Que nada seu Romão. Hoje foi um dia de cão! – Respondeu Manoel depois que tomou a cachaça, dando uma cusparada no canto da parede.
    - Homem, vá para casa, você já bebeu demais, amanhã tem que trabalhar – Aconselhou o velho bodegueiro.
    - Acho que vou tomar seu conselho. O senhor sabia que eu estou ficando mofino? Hoje um sujeitinho inventou de me desafiar... O senhor acredita que ele está vivo? Pois está vivo! Eu estou ficando covarde... Frouxo.
    Manoel pagou a dose e saiu em direção ao cavalo. Montou no animal ajudado por Seu Romão. Ao sair o alazão levantou as duas patas e recuou assustado. Manoel caiu. Seu Romão gritou:
    - É uma cobra, cuidado!
    Manoel se levantou cambaleando.
    - Essa é a segunda praga que me desacata hoje. Essa eu mato! – E saiu aos tombos em perseguição à cobra. Na penumbra da noite, ao tentar apanhar um pedaço de pau, pegou no corpo da cobra. A serpente se sentindo ameaçada o picou.
    Naquele desespero, Manoel sem conter a raiva segurou a cobra com as duas mãos, levou-a a boca e com uma dentada partiu-a em dois pedaços... Cuspiu o pedaço que estava à sua boca dizendo:
    - Você me morde diabo, mas eu lhe toro no meio!... - Ao pronunciar esta frase Manoel foi caindo lentamente.
    - Quem está ai? Onde estou? Por que este escuro? Estou cego? - Pergunta Manoel.
    - Sou eu Maria, sua mulher... Você foi picado por uma cobra de cipó. Escapou, mas o médico acha que você não vai mais voltar a enxergar...   
    Mesmo cego Manoel nunca deixou de usar roupa branca e de andar a cavalo. Algumas coisas mudaram: diminuiu o hábito de tomar cachaça; aproximou-se mais da família e transformou-se num homem sereno... Covarde e frouxo, nunca!
    O médico diagnosticou certo. Manoel morreu aos 83 anos de idade sem voltar a ver a luz do sol.

    Livro: Dez Contos & Cem Causos - Ivan Pinheiro 


    ♥♪ ⊱✿◕‿◕✿⊰♪♥♥♪ ⊱✿◕‿◕✿⊰♪♥

"De que vale ter voz se só quando não falo é que me entendem? De que vale acordar se o que vivo é menos do que o que sonhei?"

Mia Couto

♥♪ ⊱✿◕‿◕✿⊰♪♥♥♪ ⊱✿◕‿◕✿⊰♪♥


    "De que vale ter voz se só quando não falo é que me entendem? De que vale acordar se o que vivo é menos do que o que sonhei?"

    Mia Couto

    De: Onde pousa as borboletas

    Quando amanhecer na praia de Pititinga, litoral norte do RN, pescadores saem para a labuta marinha de apanhar peixes...

    Alex Gurgel
    Quando amanhecer na praia de Pititinga, litoral norte do RN, pescadores saem para a labuta marinha de apanhar peixes...

    segunda-feira, 28 de janeiro de 2013


    O amor não é desta vida, vem sempre de um outro lugar, de um outro tempo,
    Morta e renascida a alma que se reconhece, como se num espelho se olhasse…

    (Simples-mente)
    [Emílio Miranda]

    " Assista ao documentário "Ao seu tempo" sobre ansiedade e suas complicações"


    A espera por um evento ou situações cotidianas consomem a energia dos mais ansiosos. A pressa, nesse caso, chega a paralisar. O ritmo acelerado é insuficiente para dar conta de tudo e perde-se o sono, o apetite. Os pensamentos são tomados por uma preocupação excessiva com algo que ainda não ocorreu – mas que tenta antecipar - ou por medo sem explicação. A sensação é de aperto no peito, nó na garganta, gelo na barriga, mãos e pés suando, sentindo o coração bater mais rápido. Se você se identificou com estes sinais, calma! É hora de desacelerar e buscar ajuda médica. Pode ser que a ansiedade comum a todos passou ao patamar crônico e tornou-se um transtorno de ansiedade generalizada, mais conhecido como TAG. A diferença, segundo especialistas, está na intensidade dos sintomas e o limite que impõe à vida do indivíduo.


    Tribuna do Norte

    SOBRE PEDRO AVELINO DE ANTIGAMENTO


    Título do blog.

    ANTIGAMENTE

    DEPOIS DAS DEZ DA NOITE

    Por Marcos calaça, jornalista da UFRN

    Naquela época, depois das 22 horas, a luz movida a diesel pelo velho motor da Força e Luz se apagava, por isso, maioria da população da nossa querida Pedro Avelino já estava no primeiro sono, no entanto, os boêmios nem estavam aí para as noitadas. Uns faziam da balaustrada e da praça do Country Club o ponto do bate papo, o encosto dos bêbados, o fuxico da vida alheia, as histórias de lobisomem e tudo mais que vinha na imaginação.

    Se fosse em um final de semana, da sexta-feira para o sábado, aí o movimento dos que não tinham mais o que fazer virava os ponteiros do relógio lá para as duas horas da madrugada ou mais. Outros chegavam a ouvir o cantar dos galos dos quintais. Na verdade todo mundo criava galinhas e galos em quintais, para um bom ensopado à cabidela, prato muito apreciado pelos nossos patrícios.

    Outro ponto era iniciar os primeiros acordes da serenata improvisada, através de grandes seresteiros que tivemos. Bons momentos, velhos tempos, belas noites sob a luz prateada do luar sertanejo.

    domingo, 27 de janeiro de 2013

    A MAIOR TRAGÉDIA DE NOSSAS VIDAS


    Andrea Cristina e outros 3 amigos compartilharam a foto de Fabrício Carpinejar.
    A MAIOR TRAGÉDIA DE NOSSAS VIDAS

Fabrício Carpinejar

Morri em Santa Maria hoje. Quem não morreu? Morri na Rua dos Andradas, 1925. Numa ladeira encrespada de fumaça. 

A fumaça nunca foi tão negra no Rio Grande do Sul. Nunca uma nuvem foi tão nefasta. 

Nem as tempestades mais mórbidas e elétricas desejam sua companhia. Seguirá sozinha, avulsa, página arrancada de um mapa. 

A fumaça corrompeu o céu para sempre. O azul é cinza, anoitecemos em 27 de janeiro de 2013. 

As chamas se acalmaram às 5h30, mas a morte nunca mais será controlada. 

Morri porque tenho uma filha adolescente que demora a voltar para casa. 

Morri porque já entrei em uma boate pensando como sairia dali em caso de incêndio. 

Morri porque prefiro ficar perto do palco para ouvir melhor a banda. 

Morri porque já confundi a porta de banheiro com a de emergência.

Morri porque jamais o fogo pede desculpas quando passa. 

Morri porque já fui de algum jeito todos que morreram.  

Morri sufocado de excesso de morte; como acordar de novo? 

O prédio não aterrissou da manhã, como um avião desgovernado na pista.  

A saída era uma só e o medo vinha de todos os lados.

Os adolescentes não vão acordar na hora do almoço. Não vão se lembrar de nada. Ou entender como se distanciaram de repente do futuro.

Mais de duzentos e cinquenta jovens sem o último beijo da mãe, do pai, dos irmãos.

Os telefones ainda tocam no peito das vítimas estendidas no Ginásio Municipal. 

As famílias ainda procuram suas crianças. As crianças universitárias estão eternamente no silencioso. 

Ninguém tem coragem de atender e avisar o que aconteceu.

As palavras perderam o sentido.











    Fabrício Carpinejar

    Morri em Santa Maria hoje. Quem não morreu? Morri na Rua dos Andradas, 1925. Numa ladeira encrespada de fumaça.

    A fumaça nunca foi tão negra no Rio Grande do Sul. Nunca uma nuvem foi tão nefasta.

    Nem as tempestades mais mórbidas e elétricas desejam sua companhia. Seguirá sozinha, avulsa, página arrancada de um mapa.

    A fumaça corrompeu o céu para sempre. O azul é cinza, anoitecemos em 27 de janeiro de 2013.

    As chamas se acalmaram às 5h30, mas a morte nunca mais será controlada.

    Morri porque tenho uma filha adolescente que demora a voltar para casa.

    Morri porque já entrei em uma boate pensando como sairia dali em caso de incêndio.

    Morri porque prefiro ficar perto do palco para ouvir melhor a banda.

    Morri porque já confundi a porta de banheiro com a de emergência.

    Morri porque jamais o fogo pede desculpas quando passa.

    Morri porque já fui de algum jeito todos que morreram.

    Morri sufocado de excesso de morte; como acordar de novo?

    O prédio não aterrissou da manhã, como um avião desgovernado na pista.

    A saída era uma só e o medo vinha de todos os lados.

    Os adolescentes não vão acordar na hora do almoço. Não vão se lembrar de nada. Ou entender como se distanciaram de repente do futuro.

    Mais de duzentos e cinquenta jovens sem o último beijo da mãe, do pai, dos irmãos.

    Os telefones ainda tocam no peito das vítimas estendidas no Ginásio Municipal.

    As famílias ainda procuram suas crianças. As crianças universitárias estão eternamente no silencioso.

    Ninguém tem coragem de atender e avisar o que aconteceu.

    As palavras perderam o sentido.


      UMA VEZ Por Virgínia Victorino (1898/ 1967) Ama-se uma vez só. Mais de um amor de nada serve e nada o justifica. Um só amor absolve, santi...