terça-feira, 30 de abril de 2013

NATALENSE É AGREDIDO POR GRUPO NEONAZISTA EM NITERÓI, NO RIO DE JANEIRO – RAZÃO DO ATAQUE : SER NORDESTINO

Grupo que atacou o natalense detido e os artefatos nazistas
Grupo que atacou o natalense detido e os artefatos nazistas

Sete jovens neonazistas foram presos na manhã deste sábado (27) na Praça Araribóia, no Centro de Niterói, no Rio de Janeiro, após agressão ao natalense Cirley Santos, de 33 anos.

Morador de São Gonçalo, na região metropolitana do Rio, desde os cinco anos, Cirley Santos, 33, nasceu em Natal (RN) e teme retomar sua rotina após a agressão que sofreu no sábado (27), em frente à estação das Barcas, em Niterói. 

Ele levou um soco que quebrou seus óculos de sol e só não foi emboscado pelos outros seis integrantes do grupo que aguardavam em um carro porque as pessoas que passavam no local alertaram a Guarda Municipal, que conseguiu deter o grupo. Os guardas encontraram os dois agressores dentro de um carro Peugeot preto, próximo à praça. No veículo, estava o restante do grupo, totalizando cinco homens. 

Desempregado, Santos precisa voltar a procurar trabalho, mas teme sair sozinho. “Eu penso que tenho que mudar os lugares por onde passo, prestar mais atenção, não andar mais sozinho. Não sei se eles vão ficar presos por muito tempo, a maioria é da classe média”, disse o rapaz.

Não é a Primeira Agressão

Na delegacia, Cirley Santos contou que foi abordado pelos jovens quando atravessava a praça defronte a estação das Barcas. “Eles me apontaram e ele (Tiago Borges Pita, 28, suspeito da agressão) gritou ‘nordestino de merda’ e me deu um soco. Quem estava em volta viu os outros saírem do carro, mas eles chamaram a Guarda Municipal”, disse Santos.

Ele afirma já ter sido agredido por Pita há aproximadamente dois anos, em um bar de um posto de gasolina em São Gonçalo, onde tomava cerveja com amigos. Na ocasião, Santos vestia uma camiseta com uma bandeira da Jamaica.

“Ele [Pita] me chamou de ‘amante de negros’ e me deu um golpe com um pequeno canivete entre os dedos. Dessa vez também tinha gente em volta, e ele correu. Ele estava sozinho”, afirmou o rapaz, que não prestou queixa à polícia, mas diz não ter esquecido o rosto de Pita. “Só depois que vi que tinha um ferimento no braço, aí fui ao hospital.”
No Brasil fazer apologia ao nazismo e ao racismo é crime sem direito a fiança. Este enquadramento é dado pelo artigo n. 20, parágrafos 1 e 2, da Lei n. 7716 de 5/1/1989 (redação destes parágrafos atualizada pela lei n. 9459 de 15/5/1997

No Brasil fazer apologia ao nazismo e ao racismo é crime sem direito a fiança. Este enquadramento é dado pelo artigo n. 20, parágrafos 1 e 2, da Lei n. 7716 de 5/1/1989 (redação destes parágrafos atualizada pela lei n. 9459 de 15/5/1997

“Paraíba”

Para esquecer e espairecer, Santos foi no sábado à noite a uma festa nordestina que acontecia em seu bairro. Apesar de ter saído ainda pequeno de Natal, ele gosta de participar de festas e outras manifestações culturais nordestinas. Ele disse que já sentiu outras formas de preconceito devido ao lugar de onde veio e que também já viu amigos serem hostilizados.

“Já vi meus amigos serem chamados de paraíba. Não fico pensando muito nisso, não quero sentir raiva. A vida continua”, disse Santos.

Material nazista e iniciação

Pita está preso com os demais membros do grupo: Carlos Luís Bastos Neto, 33; Davi Ribeiro Moraes, 39; Caio Souza Prado, 23; Philipe Ferreira Ferro Lima, 21; e Jéssica Oliveira Charles Ribeiro, 26. Um adolescente de 15 anos também foi detido. Ele irá para um abrigo, e os demais para uma unidade do complexo penitenciário de Gericinó, em Bangu, zona oeste do Rio de Janeiro.

No carro, a polícia encontrou objetos para tortura, bandeiras com suásticas, blusas com símbolos nazistas, um taco de beisebol, botas com biqueiras de aço, livros sobre neonazismo e folhetos com propaganda nazista. A suspeita é de que o grupo iria para um churrasco de iniciação de um membro que aconteceria em Icaraí, bairro nobre de Niterói.

Eles foram encaminhados à 77ª DP (Icaraí), onde foram indiciados por formação de quadrilha, corrupção de menores e intolerância racial, religiosa, por cor ou etnia, prevista na lei 7.716. Pita também foi indiciado por lesão corporal dolosa (com intenção). 
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De acordo com a delegada-adjunta do distrito, Helen Sardemberg, o crime de intolerância não prevê pagamento de fiança, e eles serão soltos somente se conseguirem liberdade provisória por alguma ordem judicial.

A vítima reconheceu o grupo e a polícia vai investigar se os suspeitos estão envolvidos em outra agressão ao mesmo rapaz. A família de um dos presos enviou um advogado à delegacia, que disse ainda não ter condições de dar declarações sobre o flagrante.

P.S. – Isso tudo ainda ocorre com um rapaz que foi para esta cidade carioca com 5 anos de idade. No meu caso eu estaria lascado com meu sotaque carregado.
Fico preocupado de existir um grupo neonazista no Rio de Janeiro, terra que tanto admiro, onde tenho inúmeros amigos e que na nossa história foi o principal destino escolhido por milhares de potiguares na busca de dias melhores no sudeste do Brasil.
Em um caso revoltante como este, clamo que ocorra justiça, pois se não será muito difícil para o Rio receber Copa do Mundo e Olimpíadas. 
A

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Que eu seja eternamente eterno louco e nunca deixe de sonhar na vida. (João Lins Caldas, pensador potiguar).