segunda-feira, 7 de abril de 2014

ESPERANÇA

Manicure do RS encontra o pai em Assu/RN 25 anos depois dele ter sumido

Luana Baldo e as filhas comemoram, em Porto Alegre
No dia 7 de julho de 1988 o feirante Ribamar Freire Gonzaga, hoje com 49 anos, foi embora de Porto Alegre, no estado do Rio Grande do Norte, deixando a então mulher Márcia Eliza dos Santos Oliveira com uma filha Luana Oliveira Gonzaga Baldo, a época com apenas 6 meses.  Ribamar, para seus familiares e da mulher, sumiu do mapa. Não deu mais notícias.

Passados duas décadas e meia, precisamente na tarde deste sábado, 5 de abril de 2014, com ajuda deste repórter e através do Blog FOCOELHO, Luana Baldo, que hoje está casada, tem duas filhas (3 e 8 anos) e trabalha como manicure, falou pela primeira vez com seu pai. Foi por telefone.“Foi muito emocionante. Ainda não parei de chorar”, diz Luana Baldo.

Ao De Fato.com, Luana Baldo contou que após o pai Ribamar sumir (veio morar no bairro Lagoa do Ferreira, em Assu, onde trabalha como feirante e é conhecido como ‘Poeta’), sua mãe Márcia Eliza se casou novamente e teve 8 filhos. “Cresci com meus irmãos e irmãs, mas sempre tive este sonho de um dia encontrar meu pai biológico”, conta.

Queria, mas não tinha e nem sabia como procurar o pai biológico. Há cerca de cinco anos, Luana Baldo fez busca via Orkut, com apoio do marido, o eletricista Jonei Baldo. “Ele sempre esteve do meu lado quando tinha a ideia de procurar meu pai. Queria saber como ele está, onde vive, se estava bem, se estava passando necessidade”? Não conseguiu.
 
Esta semana, Luana Baldo postou o nome do pai (Foto de Ribamar, o Poeta, no dia que o carro pegou fogo em Assu) no Google e apareceu uma matéria do Focoelho datada do dia 31 de março de 2011, em Assu, onde o carro de Ribamar Freire havia pego fogo. Havia foto e vídeo com o ocorrido. Luana fez print da página e mostrou a mãe Márcia Eliza, que reconheceu de imediato o rosto do seu ex.

“O interessante é que 31 de março é exatamente o dia do aniversário de minha filha, que também ficou muito feliz em saber que encontrei o avô dela. Meu pai também ficou muito feliz com o nosso contato. Disse que ainda não tinha netos e que queria muito conhecê-los”, relata ainda muito emocionada Luana Baldo na noite deste sábado, 5.

Sobre o contato, Luana Baldo fez contato via Facebook com este repórter, que por sua vez fez contato com FOCOELHO, que por se encarregou, através do jovem Maxsuel Basílio, de localizar o ‘Poeta’ e entregar a mulher dele o recado da filha Luana Baldo. Quem recebeu o recado foi a mulher de Ribamar, Iudenes Freire. “Ela me adicionou como amigo no Facebook”, diz.

Na conversa Inbox no final da tarde deste sábado, Iudenes repassou o número do telefone de Ribamar Freire. “Eu estava trabalhando (manicure) e meu patrão me emprestou o telefone dele para ligar e falar pela primeira vez com meu pai”, conta e novamente tenho que dá uma pausa na entrevista para respirar. Luana estava soluçando. Felicidade.

Agora vem a terceira da história. O encontro de pai e filha. Só que nem ele, um feirante poeta, e nem ela, uma manicure aplicada, tem condições financeiras para bancar as passagens de um lado para o outro do país. “Não sabemos como e nem quando. Só sabemos que vamos nos encontrar e nos conhecer”, diz Luana Baldo pedindo opinião deste repórter de como fazê-lo.

O que diz Ribamar

Havia tentado contato com Ribamar Freire, o Poeta, hoje cedo, mas não foi possível. Ele estava na feira, trabalhando. Meio dia, ele fez contato para contar a história dele. Disse que é do interior do Ceará e que em 1884, diante de uma grande chuva, a casa da família foi destruída por uma cheia e ele terminou indo trabalhar de servente de pedreiro em São Paulo, onde conheceu a gaúcha Márcia Eliza dos Santos Oliveira.

Ele conta que começaram a namorar até que um dia as coisas começaram a ficar ruins. Ela decidiu voltar para o Rio Grande do Sul e ele terminou por aceitar o convite e acompanhá-la. Teria ficado por lá por um período de 11 meses, quando aconteceu de Luana Baldo nascer. Ele disse que retornou para trabalhar em São Paulo, de onde decidiu por voltar para o Nordeste, escolhendo a terra dos poetas para Mossoró.

Em Assu, assumir em definitivo a ideia de seguir carreira recitando meus versos pelo Brasil.“Retornei ao Rio Grande do Sul e procurei Márcia Eliza na casa da mãe dela. Porém me foi dito lá que havia acontecido um desentendimento e ela havia ido morar em outro local e que já estava casada. Passei 30 dias procurando, mas não encontrei. Deixei meus contatos com a mãe de Márcia, mas não teve retorno”, narra.

Ribamar retornou para o Rio Grande do Norte e voltou a morar em Assu, onde hoje é casado e trabalha como feirante. Contou que realmente ficou muito feliz por ter falado com a filha, mesmo que isto tenha sido graças a algo ruim que aconteceu em 2011 (seu carro pegou fogo). “Agradeço a ajuda de vocês todos em nos colocar em contato. Agora eu tenho netas, duas netas”, diz Ribamar Freire, o Poeta.
Fonte: Retrato do Oeste - Cézar Alves.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

  Capitão Manoel Varella Barca, lá de de Assú (III) João Felipe da Trindade ( jfhipotenusa@gmail.com ) Professor da UFRN, membro do IHGRN e ...