quarta-feira, 7 de outubro de 2015

POESIA HILARIANTE:

“Vendedora de Tabaco” 
Eu me casei com Janoca
Mas tô muito arrependido
Pois ela quando se invoca
Quer dá no meu pé do ouvido
Nem morre, nem se ajeita,
Nem me quer, nem me respeita
Nem me tem como marido.

O diabo da minha esposa
Me atazana toda hora
Pois bebe que só raposa
E fuma que só caipora
E ontem eu fiquei sabendo
Que os vizinhos tão dizendo
Que a condenada namora.

E eu tenho a obrigação
De dá o fumo pra ela
Ela tem um cachimbão
Do tamanho duma panela
E eu to ficando louco
Porque o meu fumo é pouco
Não enche o cachimbo dela.

Quando ela quer fumar
É a maior confusão,
Já faz eu me levantar
Já vou com o fumo na mão
Dou o fumo à infeliz
E a condenada diz:
Seu fumo não presta, não.

O fumo bom que eu acho
É o fumo de Zé da Moto,
É fumo de cabra macho
Que só de cheirar eu noto,
Mas o seu já se venceu,
Um fumo como esse seu
No meu cachimbo eu não boto.

Se eu vou pescar mais Janoca
Já se dá outra novela,
Só quer isca de minhoca
Pra botar no anzol dela
Eu já to me encabulando
Passei a noite caçando
Minhoca pra dá a ela.

Quando Noca era solteira
Ela andava com um bisaco
Vendo no meio da feira
Alho, pimenta e tabaco
Botão, fumo, agulha e linha
E mais uma cachacinha
Tudo no fundo do saco.

Ela vendia tabaco
Na feira de Itapipoca
E quando ela abria o saco
Gritava: “Tem venda e troca!”
E eu tremendo de medo
Com os homens melando o dedo
No tabaco de Janoca.
  
Hoje como ganho pouco
E ela tem profissão
É fazer sabão de coco
Mais a filha de Tião
Pra nós sair do buraco
De dia vende tabaco,
De noite faz o sabão.

Gritava aqui e ali:
“O meu tabaco é gostoso,
Quer ver, passe o dedo aqui
Pra ver como ele é cheiroso.”
Os cabras passavam o dedo
Ela dizia: “O segredo
É o fumo do meu esposo.

Eu fiquei quase sem rumo
Porém quando eu era moço
Eu também vendia fumo
Eu e Noca era um alvoroço.
Ela abria o bisaco
Oferecia o tabaco
E eu mostrava o fumo grosso.

Um dia, sem permissão,
Um cabra foi beijar ela,
Mas Noca passou-lhe a mão
Chega entrançou a canela
Porém o cabra era macho
Era Janoca por baixo
E o cabra por cima dela.

De tanto quebrar cabeça
Eu já vivo encabulado
To doido que apareça
Um cabra desmantelado
Desses da rede rasgada
Que não tem medo de nada
Embora eu fique chifrudo
Mas dava tudo de troca
Pra ele levar Janoca
Com fumo, tabaco e tudo.

Autor: Poeta Luiz Campos. 
Foto ilustrativa:www.robsonpiresxerife.com 

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