sábado, 19 de dezembro de 2015

O "CABORÉ" DO ASSU



 CHÁ COM BOLACHA

Antônio Josino Tavares ou "Caboré," como era mais chamado na cidade de Assu e região era vaqueiro, negociante de gado, corredor de vaquejada, boêmio, glutão famoso. Tipo baixo, voz grave. Ele era primo de meu avô paterno chamado Fernando Tavares, por apelido Vem-Vem. Pois bem, certa vez, Caboré viajando com destino à cidade do Natal, chegou num certo restaurante a beira da estra, onde costumava almoçar quando em viagem a capital potiguar, sentou-se numa das mesas daquele recinto e logo pediu ao garçom que lhe trouxesse comida para seis pessoas. Carne seca, feijão verde, bata doce, arroz, cuscuz,  era o seu prato preferido. Comeu tudo sozinho, além de três pratos de coalhada com rapadura do brejo, inclusive a sobremesa (queijo de coalho com mel de engenho). Logo após o almoço, ainda sentado na cadeira, começou a dormir. Mergulhado num sono profundo, roncando muito alto, o dono do restaurante preocupou-se com aquela roncaria de Caboré e, ao se dirigir ao antigo cliente, acordou-o em voz alta dizendo: "Caboré. O senhor está passando mal! Quer que eu faça um chá pro senhor tomar?" Caboré, ainda sonolento e ainda fastioso, saiu-se com essa: “Só se for com bolacha!"

Fernando Caldas 


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Carta de uma idosa trancada num lar Tenho 82 anos, 4 filhos, 11 netos, 2 bisnetos e um quarto de 12 metros quadrados. Já não tenho mais a mi...