quinta-feira, 19 de julho de 2018

NOS VELHOS TEMPOS DA CODEVA


Direta para esquerda: Astério Tinôco (presidente do Sindicato Rural de Açu), Joaquim Carvalho Costa (representando a CERVAL), Edmilson Lins Calas (gerente da Cooperativa Agropecuária do Vale do Açu Ltda - Coapeval) e o ministro da Agricultura Cyrne Lima (sentado). 

A fotografia acima é parte de uma história importante para se contar sobre o Vale do Açu. Fora no ano de 1969 quando o governo Médici surpreendeu por decreto por decreto desapropriar 22 mil hectares de terras de aluvião para implantar um gigantesco projeto: colonizar e irrigar a terra varzeana prejudicando o pequeno produtor rural que ficou impedido de fazer empréstimos agrícolas no Banco do Brasil, única agência então existente naquela importante região da terra potiguar, de terras agricultáveis de primeira qualidade para o cultivo da fruticultura, bem como erradicando a carnaubeira por completo, com sua produção de cera que até o final da década de setenta, era a economia principal daquela região.Fato este que ocasionou durante alguns anos sérios prejuízos aos proprietários rurais.

Foi então que a Comissão de Desenvolvimento do Vale do Assu - CODEVA, órgão consultivo e executivo criado por Edgard Montenegro, Olavo Montenegro (então políticos rivais) se uniram numa só causa: retomar o crescimento, desenvolver o vale. Além de Edgard e Olavo, não se pode tirar os méritos do incansável Osvaldo Amorim que com abnegação, sempre na linha de frente quando o Assunto era o desenvolvimento do vale do Açu, sem esquecer Edmilson Lins Caldas, Miro Cobe, Inácio bezerra de Gouveia, José Wanderley doares de Macedo e tantos outros que faziam parte da CODEVA se mobilizaram incentivado por Osvaldo que era o secretário geral daquela instituição para resolver a questão dramática que vivia os proprietários de terras daquela região varzeana.

Osvaldo Amorim com sua influencia e habilidade que lhe era peculiar, defensor intransigente do vale, tomou conhecimento da chegada do Ministro da Agricultura Cyrne Lima, ao Estado de Pernambuco (para incentivar já naquele tempo, a caprino cultura no Nordeste brasileiro), entrou em contato com os auxiliares daquele simpático ministro e, consequentemente, a sua ida ao Vale do Açu, para tomar conhecimento da realidade, do drama vivido pelos agricultores.

O que ocorreu: aquele ministro atendendo apelo de Osvaldo, se comprometeu ir até a cidade de Ipanguaçu onde foi realizada uma concentração pública e, como resultado, aquela situação fora resolvida ali mesmo, na praça pública da terra ipanguaçuense. Era prefeito de Ipanguaçu Nelson Borges Montenegro.

Terminado aquele ato público, Cyrne Lima fora recebido com muita festa pelo Major Manuel de Melo Montenegro que ofereceu um jantar ao ministro Lima e sua comitiva, bem como aqueles que faziam parte da CODEVA e demais convidados (eu estava presente, tinha 13 anos de idade), na casa da sua Fazenda Picada/Itu, onde também naquela ocasião, fora lido pelo poeta Renato Caldas, uma carta rimada reivindicatória intitulada "Carta Aberta ao Ministro Cyrne Lima", que muito agradou aquele simpático ministro e aos circunstantes, que diz  assim:

Senhor Ministro Cyrne Lima
Se é tão grande a nossa estima
Maior é a admiração.
O senhor veio decretado
Conhecer o nosso Estado
Vendo e sentindo o sertão.
Chegou na hora aprazada
De ver a terra oiada
E a triste situação.
Senhor Ministro, a hora é triste
O dinheiro não existe
E o banco não quer soltar.
Como pode a criatura
Trabalhar na agricultura
Sem semente pra plantar?
O sertanejo é um forte
Vive jogando com a sorte
Dando uma em cheia e outra em vão!
(...)
Leve na sua bagagem,
A lealdade e coragem
Dos filhos deste rincão.


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