segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

JANEIRO

 
Janeiro... As esperanças sertanejas
Doiradas pelos fios das chuvadas...
As moças frontes de ilusões juncadas
E pela vida a festa nas igrejas...

Janeiro... Os negros toiros nas pelejas
E os morenos rapazes nas caçadAs...
As  brandas hastes de jasmim povoadas
E o tilintar de copos nas bandejas...

Janeiro... O riso a florescer nas bocas;
Por toda parte as esperanças loucas,
O sonho bom das calmarias boas...

O rio a rir, as andorinhas puras...
... O campo e a luz nas naturais venturas
Do amor dos patos dentro das lagoas.

João Lins Caldas, poeta potiguar do Açu


Prefeito de São João do Sabugi anuncia implantação de usina de leite

 
O prefeito de São João do Sabugi, Aníbal Araújo, e os seus secretários de Meio Ambiente e Infraestrutura, Herberto Souza e João Batista Pereira, respectivamente, participaram nesta sexta-feira (21) de reunião com o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Rio Grande do Norte (Faern), José Álvares Vieira, onde trataram de temas recorrentes à agricultura naquela cidade.
Na ocasião, o prefeito e os seus assessores falaram sobre a implantação de uma usina de leite no município por meio de uma parceria da prefeitura e produtores rurais da região. “Uma usina que beneficiará toda uma gama de produtores e que trará investimentos para o município”, explicou o prefeito Aníbal. A usina está sendo montada na comunidade de Cachos, na Zona Rural do município.
De acordo com José Vieira a boa relação da instituição com a prefeitura e os produtores de São João do Sabugi é comprovada na implantação do Programa Balde Cheia, que visa incentivar os produtores na melhor forma de administrar suas fazendas e propriedades rurais. “Acredito que com essa usina de leite, a nossa parceria ficará mais forte, pois com esse projeto, os nossos educadores terão maior contingente de produtores para atender”, ressaltou Vieira.
Valorização
Na reunião também foi discutido o real aproveitamento das qualidades culturais de determinados produtos do RN, como é o caso do queijo. “Temos que valorizar, mais e mais, as nossas qualidades como fabricantes de queijo e outros produtos. Temos que ter uma cabeça que incentive a cultura regional. Temos que valorizar as nossas raízes regionais”, informou o prefeito Araújo.
De acordo com José Vieira, esse tipo de pensamento já é muito comum nos países da Europa, como é o caso da França, que valoriza os seus produtores rurais. “Observei na França, na sua Zona Rural, que a produção de queijo e de outros produtos é incentivada por todos. O produtor rural é um amigo da França e não um mero coadjuvante na economia”, finalizou Vieira.
 
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Leonardo Sodré                         João Maria Medeiros
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Postado por Fernando Caldas

domingo, 23 de janeiro de 2011

COTONICULTURA ESPERA RETOMADA

A área plantada, que na safra 1976/1977 chegou a 559,9 mil ha, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento, na safra 2010 não passou de 2.964 ha

Renata Moura - repórter

A cultura do algodão, que já integrou o rol de principais locomotivas da economia do Rio Grande do Norte, poderá retomar peso no estado, estimulada por uma mudança de cenário que inclui preço em alta e sinais de mercado para absorver a produção. Um projeto que começará a ser desenvolvido e deverá render os primeiros frutos no Vale do Assu este ano é a atual esperança para que a atividade consiga se reestruturar e aproveitar o momento favorável. Há, porém, um longo caminho até a cultura recobrar por completo o vigor que teve no passado.

divulgação

A área plantada no RN, que na safra 1976/1977 chegou a 559,9 mil ha, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento, na safra 2010 não passou de 2.964 ha. Fora dos trilhos desde meados da década de 70, a cotonicultura, como é chamada a cultura do algodão, perdeu força no Rio Grande do Norte e na maior parte dos estados produtores no país. Pressionada por questões comerciais e pela praga do bicudo, que dizimou diversas plantações, a atividade perdeu área, produção e indústrias de beneficiamento. E os fatores conspirando em favor do declínio não pararam por aí.

Para se ter ideia da situação, a área plantada no RN, que na safra 1976/1977 chegou a 559,9 mil hectares, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), na safra 2010 não passou de 2.964 hectares. Em relação à safra de 2009, o número representou uma queda de 67,02%. Condições climáticas adversas foram as responsáveis, desta vez, por comprometer o cultivo. “O produtor até plantou, mas as chuvas acima da média, em 2008 e 2009, fizeram com que perdesse safra. Em 2010, o problema foi a estiagem”, diz o analista de Mercado de Produtos Agrícolas da Conab, Luís Gonzaga Costa.

A incerteza de preços remuneradores na época da comercialização, o alto risco da lavoura, sobretudo pelas condições climáticas desfavoráveis nos últimos anos, e a desvantagem na competitividade com o algodão do Oeste da Bahia e da região Centro-sul do País – que avançaram enquanto as demais áreas produtoras decaíam - também têm parcela de culpa no desestímulo dos produtores e para levar a atividade potiguar a alcançar resultados considerados desastrosos.

Desestruturação

“Hoje, a produção está precisando de uma melhor organização, tanto na parte de produção quanto na parte de comercialização”, diz o pesquisador da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (Emparn), Aldo Arnaldo de Medeiros. Há 30 anos envolvido na área de cotonicultura, ele explica que parte da cadeia comercial do algodão praticamente desapareceu no estado. O número de produtores, diz o pesquisador, encolheu. Outra baixa ocorreu na área do beneficiamento, o processo de separação da pluma do caroço. “Atualmente praticamente inexistem o produtor e o maquinista (que faz o beneficiamento). Um conjunto de fatores contribuiu para isso. Entre eles, o custo de captação de dinheiro que aumentou, restrições de acesso ao seguro agrícola e estrutura inadequada para permitir o aumento da produtividade da área”, observa.

O maquinista também sofreu com a concorrência internacional, com a abertura do mercado brasileiro às importações do produto. “A cadeia produtiva encolheu e precisa ser reestruturada com novas concepções empresariais. Não basta só produzir e ter um comprador. É preciso saber fazer o manejo agrícola, ter cuidados com a colheita e também o cuidado com o uso das sacarias. Mas a parte comercial é o principal entrave à retomada. É preciso, antes de plantar, saber a quem vai vender e por quanto vai vender. É isso o que está se buscando com esse projeto no Vale do Assu”, diz Aldo Medeiros.

Indústria têxtil comprará a pluma

Todo o algodão produzido dentro do projeto de revitalização vai ser beneficiado em Assu e a expectativa é que a pluma obtida por meio desse beneficiamento seja comprada pela indústria têxtil, com contrato assinado e preço pré-fixado. O caroço, por sua vez, deverá ser transformado em “torta” de algodão, um alimento consumido pelo gado, e dele também será extraído óleo. Pelas contas da Coaperval, a receita apurada por cada agricultor poderá chegar a R$ 2.500, sendo algo em torno de R$ 1.660,40 apenas com a venda da pluma. “A venda do óleo e da torta poderão representar uma renda extra”, estima Gregório Junior, presidente da Cooperativa.

No caso da venda da pluma, os contratos com a indústria têxtil ainda estão em negociação, mas a expectativa é que sejam fechados na primeira quinzena de fevereiro. De acordo com informações de Josélia Maciel Teixeira, assessora técnica da Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (Fiern) que presta assessoria ao Arranjo Produtivo Local (APL) do Algodão do estado, em reunião sobre o projeto, realizada no dia 4 de janeiro, “os representantes da Vicunha têxtil S/A e da Coteminas S/A asseguraram a viabilidade da aquisição de 123 toneladas de pluma de algodão”. A empresa Nóbrega & Dantas também teria assegurado a aquisição das 227 toneladas de caroço de algodão.

“Temos que torcer para que a iniciativa no Vale do Assu seja vitoriosa e vamos ajudar no que for possível. Nós, como consumidores de algodão, sempre vamos querer que seja plantado cada vez mais algodão no Brasil”, diz o presidente do Sindicato da Indústria Têxtil e diretor da Coteminas no RN, João Lima.

Consumo

A produção de pluma esperada no projeto deverá ser absorvida pela indústria local, que compra os fardos para, a partir deles, fazer o fio. O volume representa, no entanto, uma fatia microscópica da demanda atual da indústria.

De acordo com João Lima, a indústria têxtil potiguar consome algo em torno de 70 mil toneladas de pluma por ano. É possível estimar que, por mês, sejam demandadas pelo setor aproximadamente 5 mil toneladas do produto. Como falta produção local, grande parte do que entra nas indústrias é fornecida pela Bahia e pela região Centro-Sul. “A vantagem de comprar no estado seria reduzir o custo do frete”, diz Lima. “Torço muito para que a cotonicultura volte a crescer no RN. Mas tem que se achar uma forma de ter um custo menor na produção para ter um preço competitivo”, acrescenta.

No projeto do Vale do Assu, a variedade cultivada será a CNPA 8H, que tem 37% de fibra e produtividade acima de 1.500 Kg por hectare, praticamente o dobro do rendimento obtido com outras tradicionalmente usadas pelos agricultores. Também há ganho de fibra, considerando que com outras cultivares o percentual obtido é 35%. “A que iremos usar oferece mais resistência na hora de fazer o fio usado na indústria têxtil. É uma cultivar que atende as características de fibra exigidas pela indústriamoderna”, diz Waltemilton Cartaxo, da Embrapa.

Preço é estímulo para os agricultores

O projeto de revitalização da cotonicultura do Vale do Assu nasce em um momento considerado ímpar, em que o preço do algodão está lá em cima, observa Josélia Maciel Teixeira, da Fiern. Para se ter ideia da valorização do produto, o quilo chegou ao patamar de R$ 6 para a pluma e de R$ 2 para o algodão em caroço, aproximadamente o dobro do que atingiam antes. No projeto, a expectativa é que o valor unitário pela venda da pluma fique em torno de R$ 5,93.

O preço favorável pode ser um estímulo à retomada da cultura porque anima o produtor. Aldo Medeiros, da Emparn, explica que o valor tem sido catapultado pela lei da oferta e da procura. “ Está faltando algodão a nível internacional. E isso teve reflexos no Brasil, que é um grande exportador de algodão. Se o país começou a vender mais para fora, está faltando o produto aqui dentro. A lei da oferta e da procura fez o preço crescer muito”, analisa. Observando esse movimento, a indústria está aumentando a participação da fibra artificial na linha de produção, mas isso não deverá atrapalhar os planos de aumento da produção “natural”, de acordo com os idealizadores do projeto.

O secretário de Desenvolvimento Rural de Assu, Paulo Brito, diz que a expectativa é garantir aos agricultores uma nova fonte de renda, em municípios em que reinam a produção cerâmica e de frutas. “O algodão é promissor”.

O projeto é umas das ações desenvolvidas dentro APL do algodão e funciona com o apoio de diversos parceiros. A expectativa é que R$ 200 mil sejam destinados ao desenvolvimento do projeto. O dinheiro é fruto de uma emenda parlamentar sugerida pelo deputado federal Fábio Faria.

Se der certo, o projeto será replicado em outros municípios.

Projeto promete nova concepção de exploração

O projeto no Vale do Assu, batizado “Revitalização da Cultura do Algodão para Agricultura Familiar do Município de Assu e Região”, tem o objetivo de dar uma nova concepção de exploração da atividade ao produtor. “Antes de plantar ele vi saber quem vai comprar e por quanto vai vender. Também deverá estabelecer os acordos contratuais com quem fornece sacarias e transporte do sítio à unidade de beneficiamento, que vai ser feito em Assu, na Cooperativa que tem usina no município”, diz Aldo Medeiros.

Um dos objetivos do projeto é o aumento da produtividade da cultura de sequeiro – que depende da chuva para se desenvolver – e de geração de renda para agricultores familiares oriundos de áreas de assentamento ou não. O projeto é a largada para um sistema de produção estruturado e desenvolvido de forma cooperada, requisitos apontados por especialistas como fundamentais para que a cultura volte a crescer.

Adesão

De acordo com o presidente da Cooperativa Agropecuária do Vale do Assu (Coaperval), João Gregório Júnior, há 350 agricultores cadastrados, entre os municípios de Assu, Afonso Bezerra e Ipanguaçu, três dos que fazem parte do Vale do Assu. A previsão é que o algodão seja plantado entre o fim de fevereiro e o mês de março. A colheita é esperada para junho. Cada agricultor deverá plantar 1 hectare, usando sementes adquiridas e disponibilizadas pelo projeto. Ao todo, são esperados 350 hectares de algodão de sequeiro, produtividade média de 1 tonelada por hectare, 350 toneladas de algodão em caroço a ser processado pela Coaperval, a obtenção de 123 toneladas de pluma de algodão e de 227 toneladas de caroço de algodão.

Dentro do projeto, também é prevista a capacitação de técnicos e de produtores rurais através da transferência de tecnologias produzidas pela Embrapa Algodão, por meio da implantação de Unidades de Teste de Demonstração e com a eliminação do atravessador na fase de comercialização do produto. Para tanto, a Coaperval assumirá a função de receber a produção, beneficiar e comercializar aos compradores com os quais firmar contratos.

“É preciso criar oportunidades para que os agricultores tenham renda com o algodão”, diz o supervisor da área de Comunicação e Negócios da Embrapa Algodão e coordenador do projeto, Waltemilton Cartaxo.

Linha do tempo

Entre 1914-1918

Período em que a economia algodoeira realmente se destaca no cenário do Rio Grande do Norte; com atuação mais centrada na região do Seridó, porém com presença marcante na região Oeste.

Anos 20

O Estado continua sendo um grande produtor e parte substancial da produção era exportada pelo porto de Areia Branca. No final da década tudo quase que parou. Houve um colapso da Bolsa de Nova Iorque e não havia compradores.

Anos 50

Com a expansão da indústria têxtil em São Paulo, e em outros estados localizados no sul do país, se verificou a expansão da agroindústria algodoeira nacional. Até a década de 60 a cultura de algodão era um dos pilares da economia do Rio Grande do Norte. O estado se destacava com a produção de algodão mocó, um algodão de fibra longa e resistente, adequado à industria têxtil da época.

Década de 80

O declínio da cultura, que começou na década anterior, se agravou nesse período, em decorrência de um conjunto de fatores. Entre eles estavam a retirada de subsídios agrícolas (como seguro agrícola), a escassez de recursos e as altas taxas de juros para financiamento da produção e beneficiamento da pluma e do caroço. O bicudo, um inseto que destroi o órgão reprodutivo do algodoeiro e, por consequência, compromete a produção, também se alastrou pelo Brasil nesse período e dizimou diversas plantações.

A partir da década de 90

A alíquota de importação do produto foi zerada no Brasil e com a retirada da “barreira” a produção nacional começou a perder competitividade diante da estrangeira. O problema é que o sistema de produção nacional não era eficiente. O algodão tinha qualidade, mas não era produtivo. Em consequência disso, se tornou mais caro que o de outros países.

Fontes:

Aldo Arnaldo de Medeiros (Emparn)/ Tomislav R. Femenick (artigos “O bicudo só matou defunto e “O quase fim do algodão potiguar”)

Tribuna do Norte, 23.1.011

Postado por Fernando Caldas

sábado, 22 de janeiro de 2011

Othoniel Menezes, "O príncipe dos poetas potiguares"


  
O livro sob o título de Príncipe Plebeu [imagem acima], sobre a trajetória do poeta natalense Othoniel Menezes que o professor, pesquisador e escritor Cláudio Galvão organizou, é um belo trabalho que veio  enriquecer as bibliotecas do Rio Grande do Norte. Laélio Ferreira de Melo (filho de Othonie, com a dedicatória que muito honra  e dignifica o editor deste blog, conforme adiante:

O organizador daquele volume, páginas 162 a 174 comenta a passagem do bardo Othoniel Meneses, considerado como "o principie dos poetas natalenses" pela cidade de Assu, as amizades que ele construiu com grandes figuras da sociedade assense como, por exemplo, Clarice de Sá Leitão, além de sua irmã Zuleide, dentre outros assuenses. Naquela volume o poeta João Lins Caldas também é lembrado, como podemos conferir adiante:






 
 




 
Fernando Caldas

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

João Leônidas de Medeiros

Foto de Renato Medeiros de Melo


João Leônidas era seridoense/RN de família tradicional (Medeiros) daquela importante região. Conheci aquela figura que eu considero um dos gigantes do Vale do Açu [importante região do estado potiguar] que ele sonhava vê-lo desenvolvido, produzindo para todos. Era um defensor intransigente das causas varzeanas. 

Proprietário rural [Fazenda Baldum, vizinho de meu pai Edmilson Caldas], no município de Ipanguaçu, cuja propriedade serviu de laser para muitas pessoas da sociedade assuense. Amigo leal. Lembro-me dele desde os tempos em que ele comercializava na rua São João (Armazém dos Couros), na cidade de Assu, que depois veio a ser Casa Júnior, de seu filho João Leônidas de Medeiros Júnior) (Júnior Leônidas). Faleceu na sua fazenda que ele, seu João, tanto adorava. Era casado com dona Raquelita Soares de Macedo Medeiros, de ilustre família assuense. Seus filhos:  Maria Ivete, Inês, Irene, Júnior Leônidas, Joaci Pedro e José Maria Macedo Medeiros que foi prefeito do Açu. João Leonidas empresta o seu nome a uma praça, na cidade de Açu. Dele, Seu João Leonidas, ainda tem muito a se contar e dizer. Fica, portanto, a homenagem deste blog.

O MOCÓ E O CANCÃO

Othoniel Menezes
(in Sertão de Espinho e de Flor, no prelo)

"Pequeno mamífero roedor, da família dos cávias, Kerodon ruprestis, do porte da cobaia, e maior que o preá. Tem o pelo pardo-escuro, ligeiramente mosqueado (37), vermelho das ancas ao traseiro.

Apesar da irracional, impiedosa perseguição que lhe movem, os mocós, assombrosamente prolíficos, vivem em grandes tribos, nas furnas e carrascais das serras e serrotes, e constituem caça de primeira qualidade. São, em extremo, ariscos; é preciso ser escopeteiro (bom atirador), para fazer colheita apreciável. Os caçadores usam de mil precauções e ardis, para omar chegada às tocas, imitando-lhes o assobio, com um pequeno apito, fabricado com a madeira da imburana, e fácil de encontrar nas feiras.

Característica muito curiosa, nos costumes dos mocós, é que acuam, isto é, dão sinal da aproximação dos inimigos da colônia, guinchando de maneira particular, facilmente reconhecível pelos bons observadores; sendo mesmo possível, a certa altura do alarme quando sobe este a pizzicato (38) avaliar a que distância do mocozal se encontra o agressor, seja uma cascavel, o mais terrível inimigo deles, ou uma raposa, um maracajá (gato selvagem), um gavião, etc., cuja marcha sobre a furna pode ser assim seguida. Em interessantíssima, minuciosa carta, que ao Autor escreveu, o saudoso Coronel Cipriano Bezerra de Araújo Galvão Santa Rosa (39), a cujas abalizadas informações muito ficaram devendo a História, a Genealogia e o Folclore norte-rio-grandenses, pelo brilhante intermédio de Câmara Cascudo e outros, pormenoriza:

São muito perseguidos por feras, cobras, aves de rapina, etc. Mas, têm seus meios de defesa, e são em extremo solidários no perigo. Assim é que, ao pressentirem o inimigo, começam a assobiar para os outros mocozais próximos: cuit... cuit... cuit. Logo, aparecem os outros, às dezenas, por cima das pedras, nas bocas das furnas, assanhados, alvoroçados, o focinho aspirando o ar. À proporção que o inimigo se distancia, vão espaçando os assobios, até que cesse de todo o perigo. E os outros mocozais distantes propagam o alarme: Se o aperto não é muito grande; se, por exemplo, vislumbram uma cascavel apenas enrodilhada nas proximidades, chiam, num coro meio reprimido, espaçado, bem perceptível: chuet... chuet... chuet... O caçador experiente conhece a direção ou a marcha da raposa, maracajá ou mesmo onça, podendo emboscar, muitas vezes, o animal  guiando- se pelas entonações especiais do alarme.

Segundo esse mesmo inteligente, experimentado testemunho, também o cancão (quem-quem, no Sul), gralha branca, Cyanocorax cyanopogon, acua cobras e outros bichos da caatinga. Vendo aproximar- se o ofídio, dana-se, o cancão, a martelar seu canto metálico, pulando, aflito, de arbusto a arbusto. Logo, acodem outros pássaros da zona, mais outros, outros ainda, e entram, todos, num desesperado alarido. A cobra raspa-se, enfiada, enquanto o estrídulo vedeta (40) das solidões, com o seu pequeno e sonoro exército alado de guerrilheiros, apupa o inimigo descoroçoado (41),  seguindo-o por cima da ponte pênsil dos cipós-imbés, da maranha (42) das juremas, dos postes descarnados dos marmeleiros..."


NOTAS DE LAÉLIO FERREIRA:
37 Que tem malhas escuras; pintalgado, sarapintado.
38 Pizzicato é o modo de tocar os instrumentos de corda (geralmente os de arco) pinçando as cordas com os dedos. Também muito utilizado no jazz, explorando a característica rítmica conferida ao instrumento nesse estilo.
39 Cipriano Bezerra Galvão Santa Rosa (Acari/RN, 27.10.1857- Acari/RN, 14.02.1947).Tenente-Coronel da Guarda Nacional, agropecuarista, político abolicionista e republicano, foi juiz Distrital e governou o Município do Acari cinco vezes (intendente e prefeito). Por afinidade, aparentado com OM. Sua segunda esposa, Maria Iluminata da Nóbrega, era prima legítima da madrasta de Othoniel, Celsa Bezerra de Araújo Fernandes (de Melo). Pai do Químico Jaime da Nóbrega Santa Rosa (v.cit.) e do servidor público Janúncio da Nóbrega Santa Rosa, casado com Elodia Menezes Santa Rosa sobrinha e afilhada do poeta, filha de Francisco Menezes de Melo.
40 Guarda avançada. Cavaleiro que, ficando de sentinela, avisava rapidamente
do que descobria.
41 Diz-se de, ou indivíduo sem coragem, sem ânimo; desanimado, desalentado. Variantes: desacorçoado, desacoroçoado, descorçoado.
42 Coisa intrincada; emaranhamento, enredo, complicação, teia.

Postado por Fernando Caldas

CUPON FISCAL

Nota Fiscal impressa com os dias contados
Não se trata apenas de uma novidade a impressão da nota fiscal por computador. A inovação é um novo sistema de gestão comercial e financeira que também emite a nota e já a registra junto ao controle de tributação. Tanto as notas de entrada, que geram créditos, como as de saída que geram o débito de pagamento de ICMS. O novo sistema controla também, entre outras coisas, o estoque, contas a pagar, a receber, etc.
As empresas que optam por esse tipo de emissão de nota fiscal evitam despesas com talonários de notas e burocracia para registrá-las. Trata-se da NF-e (sigla para “nota fiscal eletrônica) que demonstra que a tecnologia vem chegando a todos os setores comerciais. Nesse caso, proporcionando benefícios a todos os envolvidos em uma transação comercial: a empresa, o consumidor, a própria Receita Federal, que poderá verificar os dados da empresa via on-line, e até o meio ambiente graças à eliminação do papel nas transações comerciais.
Os principais benefícios aos comerciantes são os baixos custos do equipamento e a sua facilidade de instalação e manuseio. A principal mudança para os destinatários da NF-e é a obrigação de verificar a validade da assinatura e autenticidade do arquivo digital, bem como a concessão da Autorização de uso da NF-e, mediante consulta eletrônica nos sites das Secretarias de Fazenda ou Portal Nacional da Nota Fiscal Eletrônica (www.nfe.fazenda.gov.br).
Inteligência Digital
Exemplo de qualidade e inovação, a empresa ID (inteligência Digital) já possui o software do sistema para gestão comercial através de uma das suas lojas, a Engemática, localizada na avenida Miguel Castro, 1162, Lagoa Nova, que além da emissão da NF-e, faz o controle do estoque e da gestão orçamentária da empresa. “O sistema possui uma chave de autenticidade, onde o cliente pode consultar o documento direto da receita. Esse sistema só não é bom para as empresas que estão ilegais” Afirma Derossi Mariz, diretor da ID.
Para obter o sistema, não existe restrições quanto à empresa ser de médio ou grande porte, por isso, a Inteligência Digital vende o sistema personalizado para o interesse e necessidade de cada tipo de cliente. Uma tranqüilidade que não tem preço e que custa apenas R$ 835 reais.
Mais informações: Derossi Mariz (084) 9401-4686 
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Postado por Fernando Caldas

Zé Maria dando a volta por cima



Depois de vários anos afastado das benesses governamentais, quase duas décadas de relegação do poder, precisamente desde o 2º governo de José Agripino, o ex-prefeito de Assu, atual presidente municipal do DEM, partido da governadora Rosalba Ciarlini, encerra sua via crucis, sendo nomeado pra um cargo de provimento comissionado na Secretaria de Estado da Agricultura Pecuária e Pesca, como coordenador de Ações Especiais da pasta capitanaeada pelo deputado licenciado Betinho Rosado.

Escrito por aluiziolacerda


Nota do Blog: Fico feliz com a nomeação de Zé Maria para tão merecido cargo. Ele, Zebra, como é carinhosamente chamado pelos açuenses, além de meu conterrâneo, é meu amigo, é amigo do Açu. Sucesso para ele.

 Fernando caldas

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

LINGUAJAR SERTANEJO: PALUCHA

 

Laélio Ferreira

O tocador, com malícia,
retruca: Tive notícia
que, fiota, só você!
Paluxo, cabra inxirido!
tu só qué vê descosido
teu fole caxinguelê!


Veríssimo de Melo, em 1977 (Folclore brasileiro: Vocabulário do Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro, Funarte, 1977, p.14-16), depois, portanto, de Othoniel Menezes, registrou paluxo como pilhéria, zombaria. O verbete de Othoniel anota muito mais: pilhéria, zombaria, mangoça, capilossada, léra (léria), liberdade, gás.Vivi (era como Othoniel chamava, carinhosamente, Veríssimo de Melo) apontou, no livro citado, várias outras palavras do jargão sertanejo estudadas por OM. Câmara Cascudo também o fez, no seu alentado Dicionário Brasileiro de Folclore.

O escritor e acadêmico potiguar Manoel Onofre Júnior, entretanto, num dos seus livros (ou numa entrevista) achou que o poeta inventava palavras, colocando-as na boca dos matutos do Seridó... Logo Othoniel  que fazia questão de respeitar o jargão do sertanejo seridoense. No sertão viveu a sua infância e adolescência e passou, para escrever, anos depois, o Sertão de Espinho e de Flor, pelo menos duas décadas, viajando e consultando estudiosos e informantes por toda a hinterlândia nordestina, além das fontes impressas, ditas eruditas no assunto.

Vejamos o que o próprio poeta registra, adiante, nas Notas ao Canto 11, do seu livro, (nas palavras jucá e quiri): Catulo da Paixão Cearense, num dos admiráveis poemas de Alma do Sertão, põe também assim o termo, na boca de um dos seus heróis, pelo que mereceu reparo de Humberto de Campos (Crítica, 1ª. série, editora Mariza, p. 188), enumerando, além desta, quirin, cerca de mais de vinte expressões que, por amor exclusivo da rima, o grande felibrista inventou, querendo fazê-las passar por apanhadas no linguajar do matuto.

Este, jamais cria expressões, deturpa-as, apenas, na justa e autorizada observação de Humberto finalizou.

Postado por fernando Caldas

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Vaquejada de Assú/RN

O menino teve a voz abafada pelo choro,
- Cala, menino, cala, menino.
- Chora, menino, chora, menino.
Eu fui menino e chorei.
Eu fui menino e tive a voz abafada.

João Lins Caldas
Banco de Imagem - dois, meninos, 
comer, maçãs, 
sorrindo. fotosearch 
- busca de fotos, 
imagens e clipart

- MENINO-MENINA -

Por que todo mundo tem que ser igual, cópia do outro?
Por que menino não pode usar rosa?
Por que menina não pode brincar na rua até tarde?
Por que menino tem que ser menino e menina tem que ser menina o tempo todo?
Por que menino não chora e menina não solta pipa?
Por quê?
Por que menino usa camisa e menina sutiã?
Por que menino tem que falar grosso e menina pular amarelinha?
Por que menino tem cabelo curto e menina pinta a unha?
Por que menino faz “pipi” em pé e menina usa “almofadas” entre as pernas?
Por que menino dorme tarde e menina não pode ir à festa sozinha?
Por quê?
Por que homem casa com mulher e mulher casa com homem?
Por quê?
Por que as pessoas não são vistas como pessoas, como gente? Por que as pessoas não podem ser o que realmente são?
Por quê? Eu te pergunto!
Por que temos que agradar o outro e enganar a si mesmo?
Por quê? Me diga!
Por que usamos máscaras se temos necessidade de nos despir?
Por que, hein?
Responda-me!...

Por Rômulo Gomes
(cesargomes_17@yahoo.com.br)
Estudante do 7° período de Letras-Português/UERN e colaborador do blog

Humorista Shaolin sofre acidente e está em coma induzido

Humorista 'Shaolin' sofre acidente e fica em estado graveHumorista 'Shaolin' sofre acidente e fica em estado grave
O comediante Francisco Jozenilton Veloso, o Shaolin, de 39 anos, sofreu um acidente na BR-230, em Campina Grande (PB) na noite de ontem (18). Shaolin dirigia sozinho o seu carro no sentido São José da Mata com destino a Campina Grande quando um caminhão que vinha na faixa oposta invadiu a contramão e bateu lateralmente no veículo do artista.

De acordo com informações da Polícia Rodoviária Federal o motorista do caminhão fugiu sem prestar socorro.

Shaolin foi levado por uma unidade do Corpo de Bombeiros para o hospital regional da cidade, onde deu entrada, por volta da 0h15, com traumatismo craniano e o braço esquerdo praticamente amputado. Cerca de uma hora depois dos primeiros socorros, o comediante foi transferido para o Hospital Antônio Targino, onde passou por duas cirurgias, uma na cabeça e outra no braço.

Na manhã de hoje, Shaolin esta em coma induzido e seu estado de saúde é considerado gravíssimo. Ele ainda corre risco de ter o braço amputado.

O comediante tem um show marcado no Teatro Riachuelo em Natal no dia 12 de fevereiro.

Com informações do portal R7.

(Tribuna do Norte)

A HORA CORRETA PARA TOMAR ÁGUA - DICA MUITO IMPORTANTE !

A HORA CORRETA PARA TOMAR ÁGUA

Você vai ao bar e bebe uma cerveja.

Bebe a segunda cerveja, terceira , e assim por diante.

O teu estomago manda uma mensagem pro teu cérebro dizendo "Caracas véio... o cara tá bebendo muito liquido, tô cheião!!!"

Teu estômago e teu cérebro não distinguem que tipo de liquido está sendo ingerido, ele sabe apenas que "é líquido".

Quando o cérebro recebe essa mensagem ele diz: "Caracas, o cara tá maluco!!!"

E manda a seguinte mensagem para os Rins "Meu, filtra o máximo de sangue que tu puderes, o cara aí tá maluco e tá bebendo muito líquido, vamo botar isso tudo pra fora" e o RIM começa a fazer até hora-extra e filtra muito sangue e enche rápido.

Daí vem a primeira corrida ao banheiro. Se você notar, esse 1º xixi é com a cor normal, meio amarelado, porque além de água, vem as impurezas do sangue.

O RIM aliviou a vida do estômago, mas você continua bebendo e o estomago manda outra mensagem pro CÉREBRO "Cara, ele não pára, socorro!!!" e o CÉREBRO manda outra mensagem pro RIM "Véio, estica a baladeira, manda ver aí na filtragem!!!"

O RIM filtra feito um louco, só que agora, o que ele expulsa não é o álcool, ele manda pra bexiga apenas ÁGUA (o líquido precioso do corpo). Por isso que as mijadas seguintes são transparentes, porque é água. E quanto mais você continua bebendo, mas o organismo joga água pra fora e o teor de álcool no organismo aumenta e você fica mais "bunitim".

Chega uma hora que você tá com o teor alcoólico tão alto que teu CÉREBRO desliga você. Essa é a hora que você desmaia... dorme... capota...
Ele faz isso porque pensa "Meu, o cara tá a fim de se matar, tá bebendo veneno pro corpo, vou apagar esse doido pra ver se assim ele pára de beber e a gente tenta expulsar esse álcool do corpo dele"

Enquanto você está lá, apagado (sem dono), o CÉREBRO dá a seguinte ordem pro sangue "Bicho, apaguei o cara, agora a gente tem que tirar esse veneno do corpo dele. O plano é o seguinte, como a gente está com o nível de água muito baixo, passa em todos os órgãos e tira a água deles e assim a gente consegue jogar esse veneno fora".

O SANGUE é como se fosse o Boy do corpo. E como um bom Boy, ele obedece as ordens direitinho e por isso começa a retirar água de todos os órgãos. Como o CÉREBRO é constituído de 75% de água, ele é o que mais sofre com essa "ordem" e daí vêm as terríveis dores de cabeça da ressaca.

Então, sei que na hora a gente nem pensa nisso, mas quando forem beber, bebam de meia em meia hora um copo d'água, porque na medida que você mija, já repõe a água.

Texto retirado de "O bar do Zé".


Sabia que...
... tomar água na hora correta maximiza os cuidados no corpo humano?

2 copos de água depois de acordar ajuda a ativar os órgãos internos.
1 copo de água 30 minutos antes de comer ajuda na digestão.
1 copo de água antes de tomar banho ajuda a baixar a pressão sanguínea.
1 copo de água antes de ir dormir evita ataques do coração.
Por favor, passe esta mensagem para as pessoas que estima...

DR. CELIO DE MORAES MARQUES

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Projeto Pé na Trilha completa a 20ª edição

O projeto Pé na Trilha é uma atividade de Extensão do Departamento de Geografia da UFRN criado em 1991, com o objetivo de possibilitar o conhecimento da realidade sócio-espacial do Rio Grande do Norte, por parte dos seus alunos de graduação. O projeto é feito através de caminhadas em trechos específicos do estado, como o litoral, as serras e os vales de rios, permitindo a aplicação prática de parte dos conteúdos geográficos estudados em sala de aula, junto às comunidades visitadas.
Esta semana, na próxima quarta-feira (19), será concluída a 20ª edição do Pé na Trilha. A chegada do grupo na praia e Pirangi, próximo ao Cajueiro, está prevista para às 12 horas. Esta edição foi diferente das demais, pois foi realizada em quatro etapas, contemplando as quatro áreas visitadas nos primeiros quatro anos de projeto, de 1991 a 1994. O objetivo disto é comemorar os 20 anos de existência do projeto. As etapas ocorreram em setembro (Tibau – Macau); novembro (Galinhos – Touros); dezembro (Touros – Redinha) e janeiro (Baía Formosa – Pirangi), percorrendo mais de 300 km de litoral potiguar.
O 20º Pé na Trilha contou com o total de 72 pessoas e teve como foco uma revisão dos aspectos ambientais, econômicos e sociais das atividades ligadas ao turismo do Rio Grande do Norte.
Este trabalho de extensão acadêmica permite que seja feito um comparativo destes aspectos do turismo, de como ele tem se desenvolvido e o que tem causado nas regiões decorridos 20 anos da primeira edição do projeto. Desde àquela época parte da população já estava vendendo suas casas e mudando-se para terrenos menos valorizados e mais afastados da praia. Em Pirambúzios já despontavam diversas casas de veraneio e uma presença insipiente dos primeiros hotéis e pousadas. Em alguns destes empreendimentos, os geógrafos trilheiros já se deparavam com problemas ambientais visíveis, como a ocupação desordenada das dunas, esgotos a céu aberto, deposição irregular de lixo, e outros.
Era fácil perceber que as perspectivas econômicas dessa nova atividade eram boas, pois em Tabatinga, Barreta e em praias mais ao sul surgiam de forma intensa loteamentos e outros empreendimentos imobiliários. A criação de camarão em cativeiro dava seus primeiros passos nas proximidades da Barra do Cunhaú. Mesmo assim, ainda se via muitos trechos de praias nativas com dunas bem preservadas ou pouco visitadas.
            Este ano, o professor Edilson Alves de Carvalho, coordenador do projeto, convidou uma aluna de jornalismo para fazer um fotodocumentário do projeto. O aluno Alexandro Patrício, do curso de Geografia, ficou responsável pelas filmagens das caminhadas. Juntos, eles irão desenvolver um videodocumentário do 20º na Trilha.

Histórico
 
O projeto Pé na Trilha nasceu em 1990, quando alunos do curso de Geografia participaram do Encontro Regional de Estudantes de Geografia do Nordeste (EREGENE) em Teresina/PI. Eles conversaram com estudantes de Geografia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) que reportaram a realização de caminhadas feitas na "Mata do Buraquinho" e posteriormente pelo litoral norte paraibano. A conversa motivou os alunos José Américo e Bernardete Queiroga, ao retornarem a Natal, a procurar o professor Edilson Alves de Carvalho para lançar a proposta de realizar uma cainhada pelo litoral do Rio Grande do Norte.
Eles discutiram a proposta, se organizaram e decidiram realizar o primeiro na Trilha. Nos dois meses que se seguiram foi feito o planejamento e posta em prática todas as ações necessárias para a realização do projeto. Como não havia tempo para solicitação de ajuda financeira da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), os responsáveis pelo evento foram em busca de ajuda para obter os recursos necessários para a viagem.
Contando com a solidariedade de todos, conseguiram a casa do professor José Carlos Borges para ficar em Barreta e da aluna, na época, Valdira, em Tibau do Sul. No terceiro dia chegaram a Baía Formosa, ponto de chegada da aventura.
A primeira edição do Projeto Pé na Trilha ocorreu nos dias 17, 18 e 19 de janeiro de 1991. A caminhada foi feita de Pirangi para Baía Formosa. Decorridos os meses de novembro e dezembro, tempo de preparação do projeto, o grupo iniciou esta jornada que completa 20 anos em 2011.

Serviço
Pé na Trilha
Local: Pirangi (próximo ao Cajueiro)
Data: 19 de janeiro
Horário previsto: 12h

Mais informações:
Émille Araújo – 9904-5362
 
AGÊNCIA ECO DE NOTÍCIAS
 
Leonardo Sodré                         João Maria Medeiros
Editor Geral                                  Diretor de Redação
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segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

EM NOME DO PAI...

           Nélson Patriota (*) como todo mundo e Seu Raimundo aqui na terra de Poti mais bela sabem - é candidato, quase eleito, já, já, à Academia de Letras (na vaga de um parente, como sói, há décadas).
          
Na sua caminhada rumo ao fossilizado sodalício da Rua Mipibu, entrevistado por um blogueiro/fotógrafo conterrâneo (em ritmo de tango e rock, me pareceu!), ao deitar falação sobre o poeta e jornalista Othoniel Menezes, meu Pai - apesar das extensas, universais e variadíssimas leituras, além das  traduções (Skakespeare, Goethe, Tennyson, Auden, Frost, Borges)  que registra e ostenta no currículo - demonstrou, Nélson, absoluta desinformação em relação à obra do Principe Plebeu na nossa  hoje combalida, bem se vê literatura potiguar.
Descobriu, o futuro par do silogeu jerimunlandense, in verbis:

Da mesma forma, o conto potiguar vem ganhando autonomia crescente desde Antônio de Sousa Otoniel Menezes, Myriam Coeli e Eulício Lacerda a Nilson Patriota, Tarcísio Gurgel e Bartolomeu Correia de Melo.; e

Lembremos que faltou à glória da Academia Francesa o nome de Molière; à brasileira, o grande poeta Mario Quintana e à norte-rio-grandense o grande vate Otoniel Menezes.

Isto posto, à guisa de auxílio à campanha do escritor rumo à Imortalidade, na qualidade de herdeiro do Poeta (embora já se tenha dito, por aí, anonimamente, que sou a pior obra do bardo, quá, quá, quá!) , dando muita fé, declaro, para maior tenência, que Othoniel NUNCA escreveu um CONTO sequer na sua atribulada existência.

A pedido de intelectuais pernambucanos, no final de 1929 quando morava na cidade de Pesqueira -, esboçou um romance: Janina, a princesinha caeté. A trama do livro era centrada numa aldeia indígena existente nas proximidades do Município de Cimbres-PE. Numa viagem de trem, retornando a Natal logo depois da revolução de 1930, perdeu o romance, escrito em 150 folhas de papel almaço.

Sobre a participação (ou não!) de Othoniel na Academia de Letras do RN, basta-me transcrever, abaixo, o que registrou o competente  biógrafo Cláudio Galvão, às fls. 223/226 do seu Príncipe Plebeu uma biografia do poeta Othoniel Menezes (FAPERN, 2010):  

As relações de Othoniel Menezes com a Academia Norte-Rio-grandense de Letras nunca foram cordiais. Em nem poderiam sê-lo. Preso por conta da sua participação no movimento de 1935, viu-se alijado do movimento de fundação em 1936 e da formação do primeiro quadro de sócios.
Jamais se candidatou a nenhuma vaga que ocorresse, mantendo-se em comedida distância da instituição que reunia tantos dos seus amigos.
Com o falecimento em 1957 de um desses seus amigos, o poeta Bezerra Júnior[1], que seu nome foi comentado para sucedê-lo. O poeta, entretanto, não mostrava o menor interesse em se candidatar e preencher os requisitos necessários. Então, vários acadêmicos resolveram inscrevê-lo eles próprios, na esperança de ter Othoniel entre seus pares.
Veríssimo de Melo adianta-se em comentar o assunto e publica a crônica Othoniel  candidato único, em A República:           

Esta era a notícia que circulava ontem à tarde nos círculos intelectuais da cidade: Othoniel Menezes é o candidato único!
Não se trata de uma candidatura política, que Titó (Othoniel, na intimidade), nunca teve embocadura para essas violências. Mas, uma candidatura literária.
O príncipe dos nossos poetas, autor de tantos livros encantadores, o poeta da Praieira, a canção que vive na boca de todos os natalenses, candidatou-se afinal à Academia Norte-Riograndense de Letras.
...............
Mas, a verdade deve ser dita se Othoniel Menezes já não é imortal há muitos anos é porque ele próprio não o quis. São coisas do seu temperamento, que sendo poeta, está plenamente justificado. E principalmente quando se é poeta como ele, espontâneo, lírico, universal.
..............
Saudemos, pois, o poeta Othoniel Menezes, não por ser apenas um candidato único à vaga deixada pelo saudoso poeta Bezerra Junior, mas pela sua decisão, há tanto esperada pela cidade, de honrar com sua presença a nossa Academia Norte-Riograndense de Letras.

Em reunião realizada a 27 de abril já tramitava o processo de inscrição de Othoniel Menezes como candidato à cadeira 26, que tem como patrono o poeta Antônio Glicério (1881-1921). O presidente Manoel Rodrigues de Melo passou o processo ao acadêmico Américo de Oliveira Costa, membro da Comissão de Sindicância, para dar parecer.[2]
Cerca de uma semana após, já novamente se reunia a Academia para voltar a tratar do assunto. Em sessão do dia 1º de maio, o acadêmico Rômulo Wanderley leu parecer da comissão de sindicância, indicando que processo estava conforme o regimento. Othoniel era o único inscrito e foi eleito à unanimidade. Estiveram presentes os acadêmicos Manoel Rodrigues de Melo, Francisco Ivo Cavalcanti, Carolina Wanderley, Virgílio Trindade, Antônio Fagundes, Esmeraldo Siqueira, Raimundo Nonato, Américo de Oliveira Costa, Hélio Galvão, Bruno Pereira, Rômulo Wanderley, Veríssimo de Melo, Aderbal de França, Otto de Brito Guerra, Palmira Wanderley e Paulo Pinheiro de Viveiros. Com mais duas cartas com votos de Onofre Lopes e Eloi de Souza, o poeta foi eleito por 18 votos. O plenário aprovava, assim, a sua entrada na Academia, sem seguir os caminhos que todos haviam percorrido, que vinculavam a inscrição pessoal e campanha para a obtenção de votos, feita através de cartas e apelos a acadêmicos e recorrendo a padrinhos influentes.
         Veríssimo de Melo propôs a formação de uma comissão para comunicar ao poeta a sua eleição. O presidente Manoel Rodrigues de Melo nomeou os acadêmicos Veríssimo de Melo, Rômulo Wanderley, Esmeraldo Siqueira e Hélio Galvão.
Não há mais referência ao assunto nas atas seguintes.
Não se sabe como Othoniel recebeu a notícia. Por seu estado depressivo e pelas velhas mágoas acumuladas não deve ter-se entusiasmado com a distinção.
Nunca tomou posse da honraria e nunca esqueceu a sua não inclusão na instituição em tempos anteriores e mais oportunos. Vivendo mais no lado imaterial da vida, gozava dos que se orgulhavam de ser imortais. Sua veia crítica e observação ferina ousaram pintar uma genial caricatura de um vaidoso acadêmico, vendo-o na empáfia de um peru:


OS PERUS

Orgulhoso, rondando no terreiro,
o peru, pedagogo cem por cento,
com o papo inflado, a arrebentar de vento,
arrota redundância, o dia inteiro.

Risquem-lhe em torno um círculo: o portento
não avança; não sai do picadeiro.
Fica ali, a dançar, pobre ponteiro,
na estática animal do Pensamento.

Somente no cacófato, completo
seu tipo, o sapientíssimo sandeu:
fabrica gás do milho do alfabeto...

Não se acuse a justiça, de bufona:
 fuão peru é par do Silogeu,
fazendo rodas... em cima da poltrona!

(*) "Nélson Patriota é jornalista de formação. Publicou, entre outros, A Estrela Conta (Natal: A.S. Livros, 2003), Antologia Poética de Tradutores Norte-rio-grandenses (Natal: Editora da UFRN, 2008) e Colóquio com um leitor Kafkiano (contos  Natal: Jovens Escribas, 2009). Tem inédito o romance Um Homem chamado Silêncio. Traduziu: Como Melhorar a Escravidão, de Henry Koster (Natal: Editora da UFRN, 2003), e A Literatura de Cordel no Nordeste do Brasil, de Julie Cavignac (Natal: Editora da UFRN, 2006). Organizou os seguintes livros: Poemas Reunidos de Luís Patriota (Natal: edição do autor, 2001), Vozes do Nordeste (com o professor Pedro Vicente Costa Sobrinho ­ Natal: Editora da UFRN, 2001), Bosco Lopes: Corpo de Pedra  Dispersos & Breve Fortuna Crítica (Natal: Editora da UFRN, 2007), e Artigos e Crônicas de Edgar Barbosa (Editora da UFRN, Natal: 2010). É co-autor dos seguintes livros: 400 Nomes de Natal (Natal: Prefeitura de Natal, 2000), Dicionário Crítico Câmara Cascudo (Rio de Janeiro; Natal: Perspectiva; EDUFRN, 2003) e Clarões da Tela (Natal: Editora da UFRN, 2005). Como jornalista, dirigiu cadernos de cultura nos jornais A República, Tribuna do Norte, Diário de Natal, Revista RN Econômico, entre outros.  No Período de 1996 a 2001 dirigiu o jornal cultural O Galo, da Fundação José Augusto. Atualmente é responsável pelos programas especiais da Editora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, é colunista do site www.substantivoplural.com.br. É membro do Conselho Estadual de Cultura do Rio Grande do Norte, e editor da sua Revista. Diretor de Divulgação da União Brasileira de Escritores do Rio Grande do Norte UBERN" (Fonte: http://www.ubern.org.br/?page_id=638)

Laélio Ferreira

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