Material baseado em sua maior parte no texto de Murilo Melo Filho, com fotos de Carlos Kerr e publicado na Revista Manchete, da Editora Bloch, edição de 18 de maio de 1957, disponível na Biblioteca Nacional (http://memoria.bn.br).
Eis uma daquelas histórias dignas de um roteiro de filmes inspiradores (daqueles que o começo se inicia com “baseado em fatos reais”).Trata-se da história de Joel Celso Dantas, que foi o descobridor da scheelita e do urânio no Nordeste. A história da sua vida é um comovente exemplo do quanto pode a obstinação de um nordestino, por descobrir e provar a ocorrência das incalculáveis riquezas e jazidas de minérios escondidos no subsolo de sua terra. Alguém já bem o disse que devemos ler biografias de grandes homens. É uma interessante síntese biográfica de uma grande homem desconhecido. Nordestino, potiguar, caicoense!.
A Revista Manchete contou a história de Joel Dantas em 1957 quando ele estava no Rio de Janeiro, na Casa de Saúde Santa Maria, nas Laranjeiras, tentando recuperar sua visão. Acompanhemos.
Ele nasceu em Caicó, aos 7 anos ficou cego por causa de uma queratite (opacificação da córnea).Foi ao Recife se tratar, mas voltou desiludido: ficara uma pequena réstia de visão embaçada, para a qual de nada adiantaria o uso de óculos.
Fez questão, porém, de continuar frequentando a escola, mesmo como ouvinte, apenas. Pedia aos colegas e amigos que lessem livros para ele. ”comecei a gostar de livros de ciência”, contou a revista. E passou a interessar-se pela Física. Pensou na sua própria cegueira e dedicou-se ao estudo das lentes. 10 anos depois, conseguiu fazer uma combinação de lentes que lhe restituiu um pouquinho de visão. ”senti um contentamento enorme, quando vi uma letra novamente”.
Habituou-se, desde então, a uma leitura penosa. Das várias lentes combinadas, chegou a perfeição de um aparelho chamado “conta-fios”, através do qual lia letra por letra, mas lia. Assim, penosamente, já havia conseguido devorar centenas de livros. Soletrava. Se era interrompido no meio da palavra, tinha de recomeçá-la para pegar-lhe novamente o sentido. Tinha uma ortografia própria, pois a cegueira o atingiu numa idade em que ele não tinha aprendido a escrever.
Sua mãe gostava de colecionar pedras bonitas em casa. Quando saía, levado por ela, para fazer passeios pelo sertão, apanhava seixos nas estradas e trazia-os para apalpá-los e estudá-los. Casou-se aos 19 anos e em 1935 leu o primeiro volume de mineralogia.
Como descobriu a primeira scheelita
Passou a analisar aquelas pedras, no fundo do seu quintal, ajudado pela mulher. Ganhava, então, 200 mil réis por mês, dos quais ainda tirava uma parte para construir forjas rústicas. Nas análises, encontrava ouro, ferro, titânio. “Eu não sabia que a Natureza não poderia ter sido tão madrasta com o Nordeste, ao dar-lhe apenas seca, falta de chuvas, misérias, privações. Aquelas pedras tão abundantes devia ter algum valor”, disse Joel.
E tinham.
Através delas, Joel Dantas chegou a certeza da existência de maiores possibilidades minerais: aquelas rochas matrizes, pelas suas características, deviam possuir maiores quantidades de minérios. Toda aquela região inóspita era um imenso lençol de riqueza subterrânea.
Em 15 de outubro de 1941, mesmo lutando contra a cegueira, Joel Dantas conseguiu descobrir, na fazenda Riacho de Fora, a primeira scheelita: uma pedra desconhecida, muito pesada, diferente de todas as outras. “Não vale nada”, disseram-lhe. Na Paraíba, um comerciante ofereceu 50 centavos pelo quilo. Joel indignou-se: “imagina: 50 centavos por um quilo de tungstênio, o minério que vai revolucionar o mundo”.
A primeira fase da batalha
Havia em Natal um padre sábio que acreditou nele, era o Padre Monte (irmão de Dom Nivaldo Monte, 1918-2006, arcebispo de Natal entre 1967 e 1988. Mais sobre esse religioso veja – ). Apesar desse depoimento autorizado, ninguém acreditava naquela história. Joel Dantas saiu pelo interior a fazer propaganda de sua descoberta, para ver se os fazendeiros se interessavam por ela. Descobriu nada menos de uma tonelada e meia do minério, nos mais diferentes pontos da região.
O Ministério da Agricultura, no Rio de Janeiro, terminou finalmente confirmando o seu laudo: aquelas pedras eram realmente scheelita. Estava ganha a primeira batalha. Faltava o resto: a batalha pela exploração. Mas, esta seria bem mais fácil, pois, não faltariam logo os proprietários de terra que se interessariam por ganha dinheiro.
Isto se verificou, realmente, com dezenas deles, inclusive o famoso desembargador aposentado Tomás Salustino, que já estava ganhando centenas de milhões de cruzeiros com a sua mina Brejuí. A primeira pedra do desembargador foi levada a Joel Dantas, por intermédio do governador do Rio Grande do Norte a época, Dinarte de Medeiros Mariz. Ninguém acreditava nela, pois, tinha forma de areia. Mas, Joel disse que se tratava de scheelita de boa qualidade. O desembargador se convenceu e tratou de explorar sua mina, transformando-se numa das maiores fortunas do país.
Constatou a presença de urânio de alto teor, numa extensão de 10 quilômetros no litoral nordestino, por intermédio de um aparelho Geiger, que o almirante Álvaro Alberto lhe mandou de presente.
Enquanto isso, o cientista continuava cego e passando privações. Já havia localizado centenas de minas de berilo, columbita, tantalita, abrigonita, granada, bismuto, estanho, florita e outros. Diariamente, chegavam-lhe as mãos, na sua casa em Natal, dezenas de pedras para análises, vindas de todos os Estados do Nordeste. Ele as analisava e classificava criteriosamente.
Em 1957, aos 38 anos, Joel Dantas já havia feito mais de 20 mil anotações de análises, demonstrando a existência de reservas incomensuráveis de minérios, em toda a região nordestina. Mas, pelo seu trabalho, muitos dos que o procuravam e que depois ficaram milionários à custa dos seus laudos, nem se lembravam de pagar 100 ou 200 cruzeiros. Por isto, Joel Dantas continuava pobre, ele que tinha dado riqueza a tanta gente! (MANCHETE, 1957, p.37-39).
“Eu vi”
Em 1957 Joel Dantas se submeteu a um transplante de córneas. “Eu vi”, disse Joel Dantas, ao sair da sala de cirurgia. Contava 38 anos, dos quais 30 como cego. A cirurgia foi feita pelo Dr. Abreu Fialho.
Chegou ao Rio de Janeiro depois de uma campanha feita por um jornalista (a revista não cita) e o médico Xavier Fernandes, diretor da Divisão de Organização Hospitalar do Ministério da Saúde, tendo que se submeter a um intenso tratamento pré-operatório, pois, estava pensando 45 quilos e queimado dos pés a cabeça pelas emanações radioativas das amostras de minérios que ia descobrindo e pesquisando.
“Eu vi”. Joel Dantas guardou a confissão para fazê-la em primeiro lugar a sua mulher e ao jornalista que o ajudou (a revista manchete não cita o nome de ambos).
– Viu o quê?
– Vi um clarão imenso, logo seguido pela formação nítida de certas imagens. Vi o bisturi na mão do Dr. Fialho, antes mesmo de que ele me enxertasse a outra córnea. Foi indescritível a sensação de ver pela primeira vez ( destaque nosso pela tomada de emoção com o referido relato ao escrever o mesmo).
No entanto, a confirmação do sucesso do transplante só poderia ser confirmado uma semana depois, até lá Joel Dantas deveria ficar com vendas nos olhos a fim de assegurar a cicatrização mais rápida.(MANCHETE, 1957,p.27).
Joel Dantas foi o descobridor do petróleo em Macau em 1950 (MANCHETE, 1974, p.24). Os detalhes dessa descoberta é assunto para outra postagem.
Joel Celso Dantas
Joel Celso Dantas foi o cientista, potiguar, cego, que estudou Física e Química, através de um sistema de lentes combinadas que ele mesmo inventou e por meio das quais lia penosamente, letra por letra. Foi assim que devorou de zenas de tratados de mineralogia e geologia, chegando a conclusão de que no Rio Grande do Norte e o estados vizinhos do Nordeste possuíam um imenso lençol subterrâneo de minérios.
Fonte: Revista Manchete, 1957, 1974.
De: https://tokdehistoria.com.br
UMA VEZ
Por Virgínia Victorino (1898 - 1967)
Ama-se uma vez só. Mais de um amor de nada serve e nada o justifica. Um só amor absolve, santifica. Quem ama uma só vez ama melhor.
Qualquer pessoa, seja lá quem for,
se uma outra pessoa se dedica,
só com essa ternura será rica
E qualquer outra julgará pior...
Há dois amores? Qual é o verdadeiro?
Se há segundo, que é feito do primeiro?
Esta contradição quem foi que fez?
Quem ama assim julga que amou;
mas pode acreditar que se enganou
ou da primeira ou da segunda vez?
________________in, Namorados, 1938
FAZENDA LAGINHA
É o galo no terreiro O guiné corre no mato, Muito pinto com galinha O avoete no prato, Pavão abre lindas asas Patinho, pata e pato.
É o café bem pilado Bem socado no pilão, E tem ponche bem gostoso Feito da fruta limão, O almoço enfarofado Macassar é o feijão.
Chapéu de palha acabado Chinelo sola batida, Bela vassoura de palha Pimenta ao leite curtida, Tem xique-xique, o sodoro Animal lambe ferida.
Linda lembrança que tenho É da safra do algodão, Do banho bom no açude E da água do cacimbão, De quando eu era menino Nas quebradas do sertão.
Marcos Calaça, jornalista cultural e poeta matuto.
Fazenda Laginha. Foto recente.
______________Em, O Jornal, do Rio de Janeiro, 15 de janeiro de 1922
domingo, 6 de janeiro de 2019
sexta-feira, 4 de janeiro de 2019
Carrego o anseio na leveza das mãos e o incenso na cor dos olhos. A vida não me deixou espaço para as ilusões, percebo o quão frágeis são as minhas maquilhagens. Escrevo tanto quanto guardo a minha voz, nada me foi fácil ou grácil; apenas a nudez de quem caminha célere sem qualquer chão. Foram tantos os quadros que pintei nos sonhos murmurados no silêncio do meu pensamento. Olhando o horizonte limitado pela realidade, cobro-me de incertezas Não sei quem sou. Sou difícil de entender,mais difícil de definir. Tatuados na imperfeição do meu ser pinto com palavras coloridas os sonhos que em segredo me vestem a alma. Descobrindo em cada um, que ainda estou viva. Sou eu apenas, em segredo. Em segredo me dou e em segredo me reencontro. (Cristina Costa)
Motivo é problema técnico no sistema informatizado da Secretaria de Tributação
do Município.
Por G1 RN
O prefeito de Natal, Álvaro Dias, estendeu o prazo do pagamento do IPTU até o dia 11 de janeiro em cota única para aqueles contribuintes que têm direito ao desconto de 16%. O motivo é um problema técnico no sistema informatizado da Secretaria de Tributação do Município ocorrido nesta sexta-feira (4), devido a um volume de acessos que o site não suportou.
Embora o pagamento possa ser feito até o dia 11 com desconto, para ter o direito assegurado o contribuinte terá que emitir o Documento de Arrecadação Municipal (DAM) no site da Semut até o dia 10 de janeiro.
No dia 3 de janeiro de 2019, o famoso modelo de carro Fusca completou 60 anos do início da produção no Brasil. Conheça agora um pouco da história do querido fusquinha.
Reprodução/Car Style Critic
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Alemanha em recessão
Na década de 1930, após a crise de 1929, muitos países viviam a grande recessão. Um deles era a Alemanha, que possuía fábricas especializadas em carros de luxo, mas poucas pessoas com dinheiro para comprá-los. Foi nesse cenário que se começou a projetar a ideia do Fusca, um carro popular, econômico e, principalmente, com um menor custo de produção e de compra
Já durante esse período, começaram a surgir alguns modelos próximos ao que viria a ser o Fusca. Um deles era o modelo Superior, da empresa Standard. O Superior era um carro barato, que custava apenas 1.500 marcos e havia sido desenhado por Joseph Ganz
Na Tchecoslováquia, também começaram a surgir alguns modelos parecidos, com formas aerodinâmicas próximas às do Fusca. Este possuía motor traseiro refrigerado a ar e foi projetado pelo austríaco Hanz Ledwinka
Ainda na década de 1930, Porsche, em parceria com a fabricante de motos Zündapp, começou a projetar o carro popular alemão. Foram três protótipos chamados de Tipo 12 (Typ 12), todos com carroceria aerodinâmica e um motor menor que o normal. Na Segunda Guerra Mundial, porém, os protótipos foram destruídos, e a Zündapp fechou por problemas financeiros. O projeto ainda chegou a ser retomado na época, dessa vez em parceria com a NSU, mas a produção também não foi adiante, e só um dos protótipos desenvolvidos sobreviveu à guerra
Foi Hitler, com a ascensão do nazismo na Alemanha, que decidiu investir no projeto que viria a se tornar o Fusca. A ideia era modernizar o país e gerar empregos. Além disso, ele via com bons olhos a ideia de um carro popular alemão. Hitler recebeu projetos de três engenheiros, entre eles de Ferdinand Porsche, mas dois deles eram judeus. Já Porsche era amigo de um dos assessores do Führer, sendo então escolhido para assumir o projeto. Porém não foi nada fácil para Ferdinand Porsche: o ditador alemão exigiu uma série de características para seu "carro do povo": ser um veículo para dois adultos e três crianças, modelo de família tradicional na Alemanha da época, atingir a velocidade média de 100 km/h, não consumir mais do que 13 km/litro e ter o valor de até mil marcos, entre outras exigências. O nome do carro, Volkswagen, que viria a se tornar o nome da marca, significa "carro do povo"
Além de todas essas exigências feitas por Hitler, a produção do Fusca enfrentaria também oposição política ao projeto. A associação de fabricantes de carros do país, a RDA, não viu com bons olhos o investimento do governo na produção do carrinho, preocupando-se com a competição desleal que isso significaria para as empresas que quisessem produzir carros populares naquele período
Não era nada fácil atingir os objetivos do projeto, que incluíam: fazer um carro pequeno, com bom desempenho e que passasse por testes rigorosos da RDA. Foi preciso produzir novas tecnologias, como a do próprio motor, que precisava ser menor e mais leve, mas permitindo ainda uma boa potência para o carro
Foram mais de 40 protótipos de Fusca produzidos pela Volkswagen até que se chegasse ao modelo final. Para manter o monopólio sobre o carro, Hitler mandou desmantelar todos os protótipos desenvolvidos durante os quatro anos até a conclusão da tarefa
Nos anos da Segunda Guerra Mundial, o projeto do Fusca foi deixado um pouco de lado pela Volkswagen, que passou a concentrar seus esforços nas atividades militares do país. Naquele período, o próprio projeto do Fusca acabou sendo utilizado para veículos de guerra, intenção já prevista antes por Hitler e pelo próprio Porsche. Na guerra, prisioneiros franceses e russos foram escravizados e utilizados como mão de obra para a confecção desses veículos. Por causa desse crime, Porsche foi preso, anos depois, na França
Apesar do sucesso que viria a fazer depois, nos primeiros anos de venda, após a Segunda Guerra, o Fusca não gerou muito lucro para a Volkswagen. Durante o ano de 1949, por exemplo, a empresa fechou acordo com concessionárias norte-americanas, mas só dois modelos foram vendidos durante todo o ano nos EUA. Uma das explicações foi que os consumidores não gostaram muito do modelo e do aspecto nada comum que o Fusca tinha para aquele tempo. Houve rejeição, inclusive, ao seu nome em inglês: Beetle (besouro), em referência à sua forma pra lá de diferente e que lembra a forma do inseto
Passado o susto, o Fusca começou a ser um verdadeiro fenômeno. O preço, a fama de indestrutível e o marketing feito pela Volkswagen fizeram com que o carro fosse campeão de vendas. Somente no ano de 1973 foram produzidos cerca de 1,25 milhão de unidades do carro
No Brasil, o primeiro Fusca chegou em setembro de 1950, no porto de Santos. Foram 30 unidades do carro, que na época era avaliado em 20 mil cruzeiros, mas cada um desses modelos acabou sendo vendido por 60 mil cruzeiros
A primeira produção do queridinho Fusca no Brasil começou em 3 de janeiro de 1959, em uma fábrica da Volkswagen, em São Bernardo do Campo, no estado de São Paulo. No final do mesmo ano, o modelo já havia se tornado o mais vendido em todo o país. Em 1972, foi produzido nacionalmente o Fusca de número 1 milhão. Em 1986, a Volkswagen anunciou o fim da linha Fusca, mas a empresa voltou a produzir o carro em 1993, a pedido do presidente Itamar Franco. Em 1996, o modelo saiu de linha de forma definitiva no Brasil