domingo, 2 de novembro de 2008

POESIA

(Doces em formato de caixão - arquivo do bol)
Neste dia "de todos os mortos", vale a pena citar o melancólico bardo assuense João Lins Caldas. Ele tinha muita obsessão pelo tema morte e acreditava na reencarnação. Vamos conhecer e reviver a poesia Linscaldiana, nos poemetos sem epígrafes que ele produziu, conforme transcrito abaixo:
I

Meus mortos vivos nunca apodreceram.
Serei as dores alucinadas
As virgens que se fecharam mortas
As rosas desfolhadas das rozeiras desfolhadas
Mortas, mortas...
Morto meu pai no seu caixão fechado.

II

A morte é o velho tema sempre novo.
Deus, Natureza é a Lágrima são um.
É a trindade das Lágrimas do povo...
O Mal na vida é o grande bem comum.

III

A vida pedi como quem pede um beijo na face,
Que ela, a vida, não me negasse...
Passou a vida, não me quis ver...
- Ora morrer!
Morrer é a vida de que se nasce...

RELÍQUIA DA POLÍTICA ASSUENSE II

Propaganda política de Walter de Sá Leitão quando disputou a prefeitura (sem sucesso), com Maria Olímpia Neves de Oliveira (Maroquinhas), em 1962. Foi uma eleição das mais acirradas da história política do Assu. Walter perdeu a eleição por, salvo engano, 428 votos. Maria Olímpia atualmente reside em Brasilia há mais de trinta anos, onde é funcionára pública federal aposentada. Walter faleceu em 1985, E o seu nome ele empresta ao Campus Avançado do Assu (Universidade). Walter pertencia ao partido da UDN e tinha o opoio político do então deputado Edgard Montenegro e Maroquinhas do PSD, apoiada pelo também deputado Olavo Montenegro.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

IGREJA MATRIZ DE ASSU

Igreja Matriz de São João Batista (Freguesia de 1726) é uma obra arquitetônica da antiguidade das mais belas do Rio Grande do Norte. Fora construída pelos índios mansos do Caicó ou Apodi por iniciativa de Manuel Lins Wanderley. Celso da Silveira (artigo intitulado Breve Memória da Freguesia de São João Batista do Assu) depõe que a sua construção deu-se início em 15 de julho de 1760 e que há notícia que em 1746 já havia um templo de madeira e barro. E vai mais adiante aquele escritor potiguar de Assu afirmando que em 1850 a 1857 aquela igreja foi construída inteiramente. O altar daquela igreja fora construído segundo Maria Carolina Caldas Wanderley (Sinhazinha Wanderley) em 1863 e no ano de 1907 foram abertas as arcadas laterais daquele templo religioso, bem como o piso revestido de mosaico pelo padre Antônio Brilhante de Alencar. A sua construção foi de iniciativa de Manuel Lins Wanderley (Coronel Wanderley) que também doou a imagem de São João Batista. o padroeiro.

Fernando Caldas


domingo, 26 de outubro de 2008

JORGE FERNANDES, O POTIGUAR PRECURSOR DO MODERNISMO

Na década de 20 escandalizou a sociedade natalense. Agora, sua obra é fonte de pesquisa para vestibulandos

O início do século XX caracterizou-se pela tentativa de renovação de valores artísticos e culturais e foi marcado, no continente europeu, por violenta crise que desencadeou duas grandes guerras e profundas transformações na vida política, econômica e social mundial. Essas mudanças afetaram a arte ao ponto de surgirem, vários ismos que significam os movimentos artísticos das vanguardas. Em Natal, sabe-se a respeito da euforia de um grupo de intelectuais que conhecia os novos preceitos poéticos, no entanto há apenas uma única produção literária inovadora, a de Jorge Fernandes", afirma a pesquisadora e escritora, professora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, das disciplinas Teoria da Literatura e Semiótica, Maria Lúcia de Amorim Garcia que foi a responsável pela introdução e organização da 5. Edição revisada do "Livro de Poemas de Jorge Fernandes" que será lançado hoje, na Praça Cívica do Campus Universitário durante a CIENTEC/2008, no estande da Pró-Reitoria de Extensão . Segundo a professora Maria Lúcia, "o reitor pediu que eu organizasse essa obra, porque as duas anteriores, estava com muito erros. Sem contar, a necessidade e a importância, por ser um tema que nos últimos anos aparece com assiduidade como questão de vestibular. Fiz com muito carinho esse trabalho porque admiro Jorge Fernandes pela sua obra extraordinária". Na época da revolução cultural modernista, nos meados de década de 20, a cidade de Natal ainda se encontrava numa espécie de transição da vida provinciana para a moderna. A vida cotidiana brindada pela regionalidade e seus costumes e começava a ter que se habituar com os elementos modernos que se faziam cada vez mais presentes no dia-dia dos potiguares, como: o avião, o automóvel, a luz elétrica, entre outros. Com todas essas novidades os intelectuais da época, como Câmara Cascudo, mantiveram a sociedade informada sobre as transformações culturais ocorridas no país, e o potiguar Jorge Fernandes, cuja poesia conseguiu sintetizar os aspectos mais significativos de toda uma tradição. Ele é considerado um dos precursores da poesia moderna no Brasil. Proprietário do Café Magestic, naquela época era o ponto de encontro de populares e ilustre de Natal, esse poeta viveu todo o período de deflagração e desenvolvimento do Modernismo no estado. Contribuiu em jornais e revistas da época e produziu obras para o teatro. Em 1927, editou sua primeira obra, o "Livro de Poemas". O autor rompeu com as formas antigas de poetar, iniciando o verso livre, sem rima, cantando as coisas mais prosaicas possíveis, o que causou escândalo na província conservadora. A obra de Jorge Fernandes é considerada referência para o período e fizeram com que a obra tivesse repercussões fora da região Nordeste". Em 1964, Veríssimo de Melo publicava o estudo "Dois poetas do Nordeste", da Coleção "Aspectos", do Ministério da Educação e Cultura, abordando o trabalho de Jorge Fernandes e Ascenço Ferreira. Veríssimo de Melo disse "Jorge Fernandes foi o mais autêntico inovador da poesia norte-rio-grandense. Foi o poeta que sentiu e soube interpretar o cheiro da terra, o sabor das frutas, o perfume das madrugadas no sertão, as cores das árvores, o movimento dos bichos, os sons dos sinos velhos das igrejas, dos chocalhos, o canto dos pássaros, a beleza dos crepúsculos, a quentura do sol gostoso de verão da terra papa jerimum". Manuel Bandeira ficou entusiasmado com a poesia de Jorge Fernandes a ponta de dizer o seguinte: "Jorge Fernandes falou em muitos dos seus poemas com um timbre que é só dele: falou das coisas do Brasil com o sabor que é só dele; aquele seu livro deve estar na biblioteca de todos os brasileiros". Outro admirador do poeta potiguar foi Mário de Andrade que fez o seguinte comentário: "O admirável "livro de Poemas" que publicou no ano passado (1927) é isto: uma memória guardada nos músculos, nos nervos, nos estômagos, nos olhos, das coisas que viveu. O livro pode ser um bocado irregular pelos tiques de poética antiga, ainda mais humanamente brasileiras da poesia contemporânea".


Reporte: Daniel Pacheco


(Artigo transcrito do Jornal de Hoje, 24.10.2008

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

VALÉRIO MESQUITA, DE "SEU MESQUITA"

Primeira edição de "Poucas e Boas", 1999

O escritor potiguar de Macaíba chamado Valério Mesquita é um dos bons autores do Estado. Ele têm diversos livros publicados. Será que é a toa que ele é membro da Academia Potiguar de Letras? Por sinal, com muita honra, ele é quem faz a apresentação do livro sob o título "Renato Caldas, de Cabo a Rabo" (Poeta de Fulô do Mato), organizado por Fernando Caldas (autor deste Blog) que em breve será publicado. O referido livro de Renato é feito de suas poesias (algumas inéditas), seus causos, suas estórias e ditos espirituosos, além de contar a sua fantástica trajetória como "romântico caminheiro", conhecendo o Brasil de ponta a ponta. Pois bem, Valério no final deste mês, publica a segunda edição do seu livro intitulado "Poucas e Boas", que vem mais rico em estórias pitorescas "de Macaíba de Seu Mesquita e Adjacências", no seu próprio dizer. Deleitamo-nos com algumas estórias que está no volume referenciado acima, que transcrevo adiante: 


1) A imagem que a memória nos desenvolve do saudoso ex-deputado Asclepíades Fernandes é a daquele homem taciturno, de baixa estatura, bigode crespo que escondia e parecia ser o responsável pelos seus longos silêncios. Mas, o equipamento facial inatingível era o cigarro, que nele assumia o aspecto de instituição permanente ou do próprio dogma constitucional. Certa vez, deputado oposicionista, adentrando atrasado no plenário da Assembléia, no auge de uma importante votação, é inopidamente interpelado pelo presidente: "Sim ou não, deputado Asclepíades?". Ainda de pé, sem tirar o cigarro da boca, nem entender os sinais de socorro dos companheiros, virou-se para proferir as mais longas palavras da sua legislatura: "Totalmente não!". O pior é que era SIM. Azar dos diabos. 2) Neto Correia passou-me essa do ex-prefeito de Cerro-Corá, o famoso Zé Amaro. Fã do futebol. Zé Amaro foi assistir o clássico ABC x América, que decidia o campeonato potiguar. O Machadão estava repleto e ao redor, centenas de veículos. Homem do interior, precavido, foi logo imaginando abrigar o seu veículo em lugar seguro. Viu a caixa d´água do estádio como ponto de visível referência e lá estacionou. Durante o jogo, tomou umas e outras, reencontrou amigos e andou pelas gerais e arquibancadas. Findo o jogo, na saída do estádio desorientou-se. Não viu a caixa d´água, o ponto de orientação. Rodou para direita, para a esquerda: nada. Enfim, estava só e desesperado. Um popular que esperava um coletivo, vendo a sua impaciência indaga o que se passa: "Sei não rapaz, que tenham levado o meu carro até que eu acredito mas com a caixa d´água e tudo eu estou em dúvida".

terça-feira, 21 de outubro de 2008

VIDIO - ENTREVISTA DO POETA ASSUENSE PAULO VARELA COM JÔ SOARES


CARICATURA DO ESCRITOR CELSO DA SILVEIRA

(Arquivo de Wan Gurgel)

RELÍQUIA DA POLÍTICA ASSUENSE I


"O amigo da onça".

Propaganda eleitoral de Walter de Sá Leitão quando disputou a prefeitura do Assu, contra Maria Olímpía Neves de Oliveira (Maroquinhas), em 1962. Walter (ele era meu padrinho e tio afim) perdeu por 428 votos. Foi uma campanha das mais tensas e intensas da terra da terra assuense. Walter tinha o apelido de "Golinha" e Maria Olímpia era chamada na política local de "A Onça".

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

O POETA CALDAS

O poeta assuense João Lins Caldas (quando jovem) a esquerda, ladeado pelo romancista José Geraldo Vieira. Rio de Janeiro, 1924. Caldas é personagem do romance sob o título Território Humano, 1936, encarnado no personagem (segunda fase do romance) "Cássio Murtinho", de autoria do referido escritor, amigo íntimo de Caldas nos seus tempos de Rio de Janeiro, 1912-27 e 1930-33.

domingo, 19 de outubro de 2008

WALFLAN DE QUEIROZ, O POETA MÍSTICO

O poeta Walflan de Queiroz pintado por Newton Navarro

Walflan Furtado de Queiroz (1930-1995) era natural de São Miguel, cidade localizada na região do alto oeste do Rio Grande do Norte. Filho de Letício Fernandes de Queiroz e Raimunda Furtado de Queiroz (por sinal, Letício ou doutor Letício como era mais conhecido, era farmacêutico em Natal, irmão de minha avó paterna Odete Fernandes de Queiroz Caldas que residia na cidade de Assu. Era ele, Walflan, meu primo em segundo grau).

Walflan formou-se pela famosa Faculdade de Direito do Recife mas nunca exerceu a profissão. Se tivesse exercido certamente teria advogado com brilhantismo e notável saber saber jurídico.. 

Tipo baixo, gestos nervosos, fumante compulsivo. Ele teve uma juventude boêmia. Intelectual, poeta dos melhores. Conheci aquela figura que engrandece as letras potiguares, nos idos de setenta, na calçada do Café São Luiz, em Natal declamando exaltado um poema de Rimbaud. Apresentei-me a ele que me tratou com certa distância. Logo entendi. A última vez que estive com ele foi na clínica Santa Maria (quando ele estava em tratamento psiquiátrico). Eis o seu poema intitulado 'Autobiografia', cornforme adiante:

Nasci sob o signo de São Bento José de Labre. 
Pedi esmola na porta de Notre Dame.
E fui encontrado morto numa rua de Madrid.
O primeiro hino foi meu, o primeiro canto
Que comoveu a alma de Francesca de Rimini. 
Fui monge, amei a virgem.
Fui marinheiro, estive no oriente.
Mais tarde, pertenci ao grupo dos poetas malditos 
E escrevi o meu último poema para uma menina espanhola.

Walflan publicou oito livros intitulados O Tempo da Salvação, 1960, O Livro de Tânia, 1963, O Testamento de Jó, 1967, A Colina de Deus, 1968, Nas Fontes da Salvação, 1970, Aos Pés do Senhor, 1972 e A Porta de Zeus, 1974. 

Walflan viveu grande parte da sua vida na solidão, porém apaixonadamente. Vejamos o poema abaixo trancrito: 

Três amores 
E uma solidão. 
Irene, Tânia 
E Herna  
Vi Abraão  
No monte moriá  
Três amores 
E uma solidão, 
Irene Azul 
Tânia amarga 
E Herna triste.

Há informações que Walflan "conhecia vários idiomas. Lia, escrevia e falava em latim. Era fluente em Francês e inglês". 

Ele era da Marinha Mercante e percorreu o mundo. O produtor cultural Eduardo Gosson depõe que Walflan nas suas andanças "apaixonou-se por uma bailarina cubana, gostou das noites da Martinica e quase casou-se com uma colegial de Buenos Aires". É lindo o seu poema Auto Retrato: 

Não tenho a beleza de Rimbaud,
nem o rosto torturado de Baudelaire.
Tenho sim, olhos negros, Como os olhos de Poe. 
Meus cabelos são soltos, em desalinho como os de algum Anjo ou demônio.
Minha pele, queimada eternamente pelo sol, tem sal do mar e a cor morena dos que são náufragos. 
Minhas mãos são pequenas, tristes embora como mãos de alguém que só as estendeu para o Adeus!

(Fernando Caldas)


UM POETA BOÊMIO

Júlio Soares Filgueira (1898-1954) era natural do Assu. Ele está antologiado por Ezequiel Fonseca Filho, no seu livro 'Poetas e Boêmios do Assu", 1984. Depõe aquele antologista na referenciada antologia que Júlio era "arredio, desconfiado, valente e audaz, muito cedo entregou-se à boemia, o que constitui o traço frizante de sua vida". Ainda, no início da sua juventude, regressou ao Rio de Janeiro onde começou a escrever poesia, Conta ainda aquele escritor, que, o que Júlio herdara de seus pais jogou fora com a sua vida boemia. Naquela capital carioca ainda estudante, foi companheiro de quarto de Ezequiel Fonseca, numa pensão da Rua do Catete, daquela capital carioca, no tempo em que ele, Ezequiel, estudava medicina. Escultei muitas vezes o seu sobrinho José Caldas Soares Filgueira (Dedé Caldas) declamar com lágrimas nos olhos, o poema adiante:

Este meu riso, triste e macilento.
Perdido sobre o peito dolorido,
Bem demonstra o pesar e o sofrimento
De um desgraçado e de um desiludido.
Este meu riso, sem contentamento
Este meu vago olhar amortecido
São os sinais amargos do tormento
Da vida indesejável de um perdido
Vivo sempre a beber, de bar em bar,
Afogando num cálice de aguardente
A dor que faz meu peito pensar?
Chorando ou rindo, vou passando a esmo.
E no vício morrendo lentamente
Fazendo assim o enterro de mim mesmo.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

POESIA

O poeta Caldas aos 68 anos de idade

O município do Assu (minha terra natal querida) completa hoje 163 anos de emancipação política, de Vila Nova da Princesa a cidade de Assu. Nada justo do que homenageá-la nas palavras do grande bardo das letras assuenses, norte-rio-grandenses e porque não dizer brasileiras, chamado João Lins Caldas que, em homenagem a terra que escolheu para viver até os últimos dias de sua vida, escreveu o poema, datado de 17 de abril de 1967 (poucos dias antes de falecer), conforme abaixo transcrito, sob o título "Índio Janduí" (os primeiros habitantes da Ribeira do Assu), que veremos para o nosso deleite:

Sou Janduí, sou da taba,
Meu patrimônio ele só,
Riqueza que não se acaba,
Tem a várzea e o piató

Peixe, banho de lagoa
Riqueza que se conta mais
Bem vastos carnaubais.
Filho da terra dileta
O bravo de Curuzu
Nosso, um destino poeta,
Grandeza que é mesmo o Açu.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

UM GIGANTE DA PROPAGANDA BRASILEIRA

"A publicidade é uma forma de linguagem poética", dizia o publicitário João Moacyr de Medeiros (1921-2008). Ele era norte-rio-grandense do Assu. No Rio de Janeiro, viveu durante mais de sessenta anos. Tipo alto, magro, mistura de potiguar com carioca, bom palestrador. Era prazeroso ouví-lo narrar a sua fantástica tajetória, vivida principalmente na propaganda brasileira. Fundou em 1950, e comandou durante quarenta anos, a JMM Publicidade (sigla do seu nome). Antes teria trabalhado na revista PN. "Eu sempre fui um repórter", dizia Moacyr que começou a fazer propaganda e tornou-se conhecido rapidamente, ganhando credibilidade. O Café Paulista foi seu primeiro cliente.
Já famoso pelas suas criações genias, o banqueiro mineiro Magalhães Pinto contratou sua agência para fazer a publicidade do Banco Nacional de Minas Gerais (que foi seu cliente durante trinta anos). Aquela casa bancária chegou a ser considerada como um dos cinco maiores bancos privados do Brasil. E quem não se lembra da propaganda (do guarda chuva) que abria no final dos anos sessenta e na década de setenta, o Jornal Nacional, da Rede Globo de Televisão. O renomado publicitário Cid Pacheco, ja falecido (que participou ativamente da campanha de Hugo Chaves a presidência da Venezuela), que foi parceiro de Moacyr durante décadas na JMM, comenta que o guarda chuva "foi um dos maiores símbolos promocionais da publicidade de todos os tempos".
Moacyr em 1954, foi o protagonista da primeira eleição marketizada no Brasil, convidado pelo deputado Magalhães Pinto para fazer a campanha de Celso Azevedo, pela UDN (um jovem engenheiro que o povo não conhecia), para prefeito de Belo Horizonte, contra Amintas de Barrros, pelo PSD, que tinha o apoio de Juscelino Kubitschek e do PTB de Getúlio Vargas. Moacyr, ao chegar naquela terra mineira e, "mineiramente", no seu próprio dizer, escultou os taxistas, os barbeiros, entre outras pessoas daquela sociedade, descobriu e explorou que Celso Azevedo seria o primeiro belo-horizontino a governar aquela cidade, produziu uns versos que mandou musicar e introduziu um jingle para rodar no rádio (entre outras estratégias que usou), que diz assim: "O povo reclama com razão / minha casa não tem água / minha rua não tem pavimentação / mas não basta reclamar, meu senhor / é preciso votar num candidato de valor".
A moda pegou e, em apenas três semanas, Celso Azevedo que somente tinha o apoio de Magalhães Pinto e do PDC (um partido de pouca expressão eleitoral), ganhou a eleição para Amintas de Barros tido como um candidato populista e imbatível em Belo Horizonte.
Para a conceituada jornalista Anna Ramalho, do Jornal do Brasil (Coluna Opinião), num artigo datado de 19 de fevereiro de 2006, depõe que Medeiros "é um gênio da propaganda. O Jornal Nacional foi assim batizado por sua sugestão: na época do seu lançamento, era patrocinado pelo Banco Nacional, da família Magalhães Pinto, principal cliente da agência". E vai mais adiante aquela brilhante jornalista, ao dizer que Moacyr teve outras invenções como " o tema ponte aérea, criado para Real Aerovias, ainda na década de sessenta". E aquela ex funcionária da JMM, não dispensa elogios a pessoa do seu ex patrão, afirmando que "Medeiros é um exemplo de pessoa descente, do brasileiro que soube ganhar muito com o seu trabalho, mas sempre de uma forma digna, sem cambalachos e maracutaias".
Já, o publicitário Jonga Oliveira no seu blog "Casos" da Propaganda", comenta que Moacyr "foi muito importante na história da propaganda. Não somente a carioca, como também a brasileira". E vai mais adiante aquele agente de publicidade, ao dizer que "a sua JMM constituiu-se, já na década de cinquenta, uma das agências pioneiras na reformulação da comunicação no Brasil".
Afinal, não se fala (ele presidiu, salvo engano, a Federação Nacional das Agências de Propaganda) da história da propaganda moderna no Brasil, sem antes colocar João Moacyr de Medeiros, em posição de destaque.
Pena, que ele veio a falecer no Rio de Janeiro, aos 87 anos de idade, no último deia 5, e cremado no dia 7, deixando um filho chamado Antônio Carlos de Medeiros, e uma neta (residentes na capital fluminense), além de sua irmã Zaíra de Medeiros Marinho (residente em Natal), sobrinhos, parentes e amigos, pelo país afora.
Afinal, muito me honra ao dizer que ele, Moacyr, é meu primo próximo pelo lado da tradicional família potiguar os Lins Caldas. Descança em paz Moacyr. A morte, no entender de Nietzsche, "deixa de ser terrível, quando a vida está consumada. Você consumou a sua".

terça-feira, 7 de outubro de 2008

RÁDIO AMADOR SALVOU O VALE DO ASSU

Um grito mudo. Seriam assim os pedidos de socorro das vítimas da enchente no Vale do Assu, em 1964, não fosse o trabalho da rádio amadora do aposentado Nilo Fonseca. As cidades ilhadas recebiam os serviços da Telern anos depois. Sem acesso rápido por terra ou mar, a comunicação era ainda mais essencial. E toda ela partiu de uma casa pequenina de número 605, situada à Rua Maxaranguape, no Tirol. De lá, Aluízio Alves e sua comitiva despachava as providências do dia. O que o governador sequer desconfiava era que todos as chamadas efetuadas eram monitoradas pelo corpo militar da ditadura.

Naquele tempo, Nilo Fonseca brincava com o rádio amador montado em sua casa como hoje os jovens usam as salas de bate-papo na internet. Desde 1961, discava uma chamada geral a espera de uma semana vinda de alguma parte do Brasil ou estrangeiro. Filho de Assu, durante a enchente Nilo procurou notícias de sua cidade. A resposta (ou câmbio) veio do primo assuense Tarcísio Amorim. Junto, o pedido alarmante de socorro. "Pediram-me para entrar em contato com o governador", lembra. Nos 20 dias seguintes, Aluízio Alves batia a porta da casa de Nilo Fonseca para comunicar o despacho do dia.

"Acordava cedo todo dia para arrumar a casa e preparar o cafezinho para o pessoal. Aluízio chegava acompanhado do Chefe da Casa Civil, Agnelo Alves e outros secretários". A comunicação direta de Aluízio em Assu era com o coronel Leão, então secretário de agricultura do governo. "O coronel pediu urgência da Sudene no envio de mantimentos. Aluízio disse que iria tentar. Quando avisei da possibilidade do contato pelo rádio amador ele ficou admirado. E quando o superintendente da Sudene, general Albuquerque Lima respondeu a chamada. Aluízio quase cai pra trás sem acreditar", recorda Nilo.

Estupefato com o alcance e importância do rádio amador, Aluízio Alves interligou o prefixo da rádio à transmissão da Rádio Cabugi. Diariamente grande parte do estado tomava conhecimento das providências tomadas pelo governo estadual. Essa ferramenta poderosa de comunicação logo despertou a atenção do alto comando militar. "O general da guarnição de Natal (situado onde hoje está o Museu Câmara Cascudo) chamou-me para entregar as conversações diárias feitas por Aluízio. Todos os dias às 17h entregava a fita ao general. Era a ditadura".

Nilo Fonseca lembra indignado da ira do general ao saber do envolvimento do arcebispo dom Eugênio Araújo Sales na ajuda às vítimas. Dom Eugênio havia conseguido um comboio para transportar toneladas de mantimentos até Angicos e de lá até Assu, por caminhões. "O general disse: "Até esse padre está metido nisso". O general dizia que tudo tinha de passar por ele". E concluiu: "Foi um período gratificante. Pude ajudar de alguma forma o povo de minha cidade. Um ano depois fui um dos ilustres da Festa das Personalidade, promovida por Paulo Macedo todos os anos no Aeroclube".

(Transcrito do jornal Diário de Natal, caderno Cidades, 13 de abril de 2008).

Do blog: Nilo Fonseca referenciado no artigo acima, é filho do médico Ezequiel Fonseca, que foi intendente do município do Assu, na década de trinta e depois deputado Estadual, chegando a presidir a Assembléia Legislativa do Rio Grande do Norte que também era o eventual vice-governador do estado por força do cargo de presidente do legislativo estadual.

domingo, 5 de outubro de 2008

SAUDADES DO GRANDE ODILON

Uma das figuras mais encantadoras que conheci e conviví, foi a o inesquecível Odilon Ribeiro Coutinho, mistura de tabajara e potiguar, dividido entre os dois territórios que amava, sem se desligar emocionalmente do seu tempo de estudante de direito, no Recife, cidade que também conquistou seu coração literário, sua vocação incontida de lutar em defesa dos princípios que sempre nortearam sua conduta na vida pública e empresarial.

Jurandyr Navarro, em seu, "Rio Grande do Norte - Oradores (1889-2000)" destacou dois dos seus pronunciamentos, na Câmara dos Deputados, onde representou o Rio Grande do Norte, com brilhantismo e talento.. Intelectual, culto, orador fluente. Em 1964, discordou do movimento militar que derrubou o presidente Jango, filiando-se ao MDB, com a extinção dos partidos, no governo Castelo Branco, logo após as eleições diretas de 1965, para escolha dos governadores estaduais.

Nesse mesmo ano, em novembro, discursou sobre o autor de "Eu e Outras Poesias", "eis aí um homem que, exercitando a poesia, dilatou a linha da morte até a ilimitação da eternidade. Para quem a vida, através do ato de criação poética, não foi senão uma forma de iludir a morte"

Odilon tinha uma excelente cultura literária. Conhecia com profundidade, não somente a vida e a obra do poeta, nascido no engenho "Pau d'árco", mas, também de um outro seu conterrâneo que se notabilzou como romancista do chamado ciclo da cana-de-açucar, o escritor José Lins do Rêgo. Amigo e conhecedor da obra de Gilberto Freire, certa feita, levou-me à residência do autor de "Casa Grande e Senzala", em epipucos, no Recife.

Tinha sido, em 1945, um dos que lutaram ao lado de Gilberto Freire, naquela cidade, contra o Estado Novo e a ditadura de Vargas, um dos líderes da campanha que o elegeu, constituinte no mesmo ano. Aliás, Gilberto Freire, queria que o candidato fosse Odilon, que abriu mão da disputa, dizendo: "Mestre, este lugar, por merecimento, é seu".

O discurso sobre Augusto dos Anjos tem forma de aula, de lição, sobre a obra e vida do poeta que ele chamou "Filho do carbono e do amaníaco que soube retirar dos forjos do seu gênio, o esplendor imperecível de palavras que viverão para sempre. Pois todo aquele que ouvir os versos de Augusto estará assegurando ao poeta a vida eterna".

Sou de uma geração que recitou Augusto dos Anjos, "ninguém, assistiu ao formidável enterro da tua última quimera"... ou "meu coração tem catedrais imensas" um dos seus instantes raros de lirismo.

Em 1965, em plena ditadura, o Congresso violentado com as cassações, fez um discurso em defesa do legislativo, da democracia e das liberdades constitucionais. Ocupou a tribuna para dizer solenemente que estava contra as emendas constitucionais enviadas pelo governo militar, do marechal Castelo Branco e fazia tal declaração, sem o propósito de desaforo, sem bravata, mas, solenemente, com a solenidade dos que aprenderam que a história caminha inexoravelmente em direção da liberdade, dizendo a esta casa, que eu, como representante do povo brasileiro, não posso e não devo concordar com as emendas enviadas pelo poder executivo, recuar, ceder, contraporizar, capitular; esta Casa foi feita antes de tudo para resistir e defender os direitos sagrados do povo".

Era difícil e raro, naquela época, encontrar homens do quilate de um Odilon Ribeiro Coutinho, sem medo, sem baixar a cabeça aos donos do poder, aos que tinham nas mãos as armas para destruir sua carreira que se iniciava, no primeiro mandato parlamentar,

Nesse pronunciamento histórico, ele citou Vevinson, a respeito da perda da liberdade: "nós costumamos perder a liberdade, como costumamos perder o amor. A luta pela liberdade e o amor, não termina nunca... e , finalizou de forma belíssima, como uma premonição. Quando a noite vier, estaremos lembrados das palavras de Maritain, quando os alemães invadiram a sua doce França: "A noite pode ser longa; a noite pode ser negra. Por mais longa e negra que seja ela caminha sempre inevitavelmente para a aurora".

Saudades, do grande Odilon.

Ticiano Duarte (jornalista)
(Transcrito do Jornal de Hoje, 1 de outubro de 2008)

(Eu tive o privilégio de ter conhecido e ouvido nas concentrações públicas, os brilhantes discursos de Odilon Ribeiro Coutinho. Certa vez, nos idos de setenta, no início da minha juventude ouvi logo após um comício que se realizara naquela terra assuense , Odilon contar um pouco da sua trajetória política. Tribuno da melhor qualidade. Fraçois Silvestre (um entusiasta de Odilon), depõe que o discursos de Odilon é "um estudo de sociologia").

Fernando Caldas.


terça-feira, 12 de agosto de 2008

"O POPULAR E A ARTE DE FAZER VERSOS"

"Os eruditos que me perdoem. Sou mais aqueles folhetinhos impressos, compostos para ser cantados ou lidos em voz alta, fiés à fala do povo, sem preocupação com a retórica gramatical. É essa poesia popular declamada e cantada que rima com música. E a música não é irmã da poesia? Que, por sinal, tem sua origem no mundo grego, vem de musa, a inspiradora dos poetas. Os cancioneiros Colocci Braneuí, da ajuda, Vaticana, de Garcia Resende são coleções importantíssimas da poesia lírica trovadoresca.

O que é o canto senão, a exteriorização de um sentimento nascido do estado da alma! Essa, por exemplo, vem de longe. Quem canta seus males espanta. Pois é, sabe-se que homem primitivo soltava seus grunhidos para comemorar os feitos. No período Neolítico já solfejava cantando, acompanhados por instrumentos musicais.

Os egípiçios do Médio Império incluíam canções e poemas dedicados a assuntos da natureza, da vida e da morte para celebrar os mistérios de Osíris e a passagem dos mortos desta vida para o além.

Na Roma do século de Augusto, sob o patrocínio imperial, a literatura latina viveu um dos seus grandes momentos de esplendor. Era a fase das declamações públicas e dos desafios. Da mesma maneira que os antigos gregos faziam no Canto Amebeu.

Séculos e séculos de inspirações e cantos, levando-se em consideração as diversificadas formas instrumentais, como a cítara, o violão, depois a viola. E o cantador nordestino. É a reminiscência do aedo grego Orfeu, cantando ao som de sua lira; do minnesanger (cantor do amor) alemão, Walter de Vogelweide, na idade Média; da poética árabe, que atingiu prestígio com Tarefa e suas picantes sátiras; e vai por aí percorrendo mundo a fora.

Mas, foi no Nordeste do Brasil que o cordel europeu e a cantoria de viola encontraram ambiente propício ao seu desenvolvimento. Uma região de criatório de gado e cantares regionais. A esse respeito falou Miguel Torga: "É mais um povo que pelos séculos dos séculos terá de arrastar um destino próprio, a fazer milagres da pobreza do chão, das vogais da língua, do lirismo da alma".

O século XIX foi pródigo para com a poética popular nordestina, quando milhares de folhetos foram editados e vendidos, inclusive para o sul do Páis.

Os mais antigos eram escritos em quadra e chamava-se verso de quatro pés. Alguns estudiosos do cordel atribuem ao poeta paraibano Silvino de Parauá de Lima (1848-1913) a introdução da sextilha no folheto para melhorar expandir a idéia. O pioneirismo do romance em verso, uma beleza do Romano do Teixeira e Inácio da Catingueira, atribui-se a José Galdino da Silva (Zé Duda), numa versão de uma novela extraída das jornadas do Decameron chamada de "D. Genevra". O mais importante folhetista dessa época foi paraibano Leandro Gomes de Barros (1865-1918). Alcançou prestígio e fama com uma produção de folhetos editados e reeditados, conseguindo grande número de leitores e admiradores, na chamada fase de ouro dos folhetos populares nas feiras nordestinas. Suas obras são verdadeiros clássicos da poética popular brasileira, entre as quais podemos citar: A Donzela Teodora, O Reino da Pedra Fina, Canção de Fogo, O Marco Brasileiro, Os Mártires de Veneza. Existe outro poeta popular tão importante quanto Leandro Gomes. Trata-se de Agostinho Nunes da Costa (1797-1858), respeitado glosador, e tido como precursor da poesia popular nordestina da famosa Escola do Teixeira (PB).

Enfim, precisamos compreender a grande contribuição da tradição popular nordestina a renomados compositores, com a valiosa produção, inserida no cancioneiro nacional, do nível de Chiquinha Gonzaga, Donga, Ismael Silva, Ari Barroso, Noel Rosa, Lamartine Babo, Mário Lago, Adoniram Barbosa, Pixinguinha, Vinícius de Morais, Dorival Caymmi, e outros mais, leitores do cancioneiro popular, da velha guarda consagrada, lembrados ainda hoje, fazendo muito sucesso no mundo da Música Popular Brasileira."

Severino Vicente
Pesquisador e Sócio do IHGRN
(Transcrito do Jornal de Hoje, de Natal, 3.7.2008)

sábado, 2 de agosto de 2008

NATAL É ESCOLHIDA COMO MELHOR DESTINO TURÍSTICO DO BRASIL

A associação da Agências de Viagens Independentes do Estado de São Paulo (Aviesp), através de votação direta de 300 agentes de viagens associados, escolheu Natal como o melhor destino turístico do Brasil, no Prêmio Top Aviesp de Qualidade em Turismo 2007.

A informação foi dada pelo presidente da Aviesp, Willian José Périco, ao secretário de Turismo de Natal, Fernando Bezerril. Ainda será marcada a data para entrega da premição a Natal, que alcançoiu a pontuação nove entre os associados da Aviesp.

Segundo Fernando Bezerril, a premiação faz jus ao trabalho desenvolvido na divulgação de Natal, através da Secretária de Turismo, em todos os eventos promocionais realizados no País e até no exterior. Além disso, aponta a realização do "Natal em Natal".

A Aviesp é a mais poderosa entidade de turismo do interior de São Paulo que é o maior órgão emisor de turistas para Natal e porque reúne os agentes de viagens daquele Estado e promove anualmente durante o mes de abril a Aviestur que reúne os agentes de viagens de todo o País.

Sete Maravilhas

Recentemente, o forte dos Reis Magos ganhou o concurso da revista CAaas - Sete Maravilhas do Brasil. O comunicado oficial também foi feito ao secretário de turismo, Fernando Bezerril, que recebeu o prêmio de Caras, em nome da Prefeitura de Natal, no Salão de Turismo realizado em junho no Parque Anhembi, em São Paulo.

(Transcrito do jornal Tribuna do Norte, de Natal, edição de 1 de agosto de 2008)

segunda-feira, 21 de julho de 2008

VALE DO AÇU

Feira de negócios terá início

A Secretaria Estadual do Desenvolvimento Econômico (Sedec) e a Câmara de Dirigentes Logistas (CDL) de Assu fecharam um convênio com a Petrobrás para ser a patrocinadora oficial da V Feira de Negócios do Vale do Açu, que vai acontecer de 31 de julho a 2 de agosto, na praça Getúlio Vargas, em Assu.

Presente desde a primeira edição, a Petrobrás já havia anunciado, desde o ano passado, sua intenção em contribuir mais ainda com a realização da Feira, reforçando sua presença na economia da região e interagindo cada vez mais com os empresários locais.

A partir deste ano, a Feira de Negócios ganhou em sua programação uma nova proposta de qualificação e treinamento profissional que vem acontecendo desde o último dia 3 de julho.

O projeto intitulado "Super quinta feira de empreendedorismo e de negócios do Vale do Açu" é aberto ao público e acontece uma vez por semana até o início da Feira, no escritório regional do Sebrae.

São atendimentos personaliados e que ocorrem sempre no período da manhã, além de palestras à noite.

Na quinta-feira (17), a Petrobras e o Sebrae orientaram empresários de todas as áreas produtivas a realizarem os seus cadastros para tornarem-se, de acordo com as exigências legais, novos fornecedores da empresa.

"O objetivo principal está em canalizar o maior volume de recursos de suas compras para as empresas com sede no Rio Grande do Norte, criando maior vínculo com as diferente cadeiras produtivas no Estado", informa Otomar Lopes Cardoso Júnior, coordenador de feira.

A comercialização dos últimos estandes da Feira, que deverá repetir os mais de 100 estandes das edições anteriores, está sendo finalizada pela CDL de Assu.

Estão confirmadas empresas dois segmentos de moda, comcessionárias, supermercados, saúde, alimentação, material e implementos agrícolas, educação, eletrônica, entre outros, além do tradicional artesanato do Vale do Açu.

A programação cultural e artística, também renovada em sua proposta para o ano de 2008, será divulgada ofialmente na próxima semana, com a expectativa de novas atrações e novidades para o público, estimado em 40 mil pessoas durante os três dias do evento. Um evento que deverá incrementar a economia assuense e gerar empregos diretos e indiretos durante o período da feira empresarial.

(Artigo transcrito do jornal Potiguar Notícias, de Parnamirim, edição de 21.6.2008)

sábado, 19 de julho de 2008

JORGE FERNANDES, UM POETA MODERNISTA

O vate natalense Jorge Fernandes (1887-1953) é um dos precursores da poesia moderna no Brasil. Ele era proprietário do Café Magestic, um bar aristocrático e popular que funcionava no bairro Ribeira, da cidade do Natal. Naquele recinto também funcionava a célebre Diocésia, espécie de academia literária. Os poetas como Jayme Wanderley, Renato Caldas, o folclorista Luiz da Câmara Cascudo, era uns dos seus integrantes. Fernandes colaborou em jornais como A República, entre outros da capital potiguar, bem como nas revistas intituladas O Tempo, Pax, O Potiguar (hoje nome de um jornal cultural da cidade natalense). O poeta escrevia versos clássicos e depois virou poeta dos versos brancos, sem métrica, além de ter escrito obras teatrais. O seu livro de estreia intitulado de "Livro de Poemas", foi publicado em 1927, onde vamos encontrar poemas como o intitulado "Rede", que veremos adiante, para o nosso deleite:

Emboladora do sono...
Balanços dos alpendres e dos ranchos...
Vai e vem nas modinhas longorosas...
Vai e vem de embalos e canções...
Professora de violões..
Tipóia dos amores nordestinos...
Grande... longa e forte. pra casais
Berço de grande raça

SUSPENÇA...

Guardadoras de sonhos
Pra madorna ao meio-dia
Grande... côncova...
Lá no fundo dorme um bichinho...
- ô... ô... ô... ôô... ôôôôôôôôô...

- Balança o punho pro menino durmir...

Bem como este outro poema sob o título Remanescente, transcrito abaixo:

Sou como antigos poetas natalenses
Ao ver o luar sobre as dunas...
Onde estão as falanges desses mortos?
E as cordas de violões que eles vibraram?
- Passaram...
E a lua deles ainda resplandece
Por sobre a terra que os tragou
E a terra ficou
E eles passaram!
E as namoradas deles?

E as namoradas?
São espectros de sonhos...
Foram braços roliços que passaram!
Foram olhos fatais que se fecharam!

Ah! Eu sou a remenescença dos poetas
Que morreram cantando...
Que morreram lutando...
Talvez na guerra contra o Paraguay!










segunda-feira, 7 de julho de 2008

ARTIGO

"O centenário de um senhor parlamentar

Djalma Aranha Marinho nasceu vocacionado para servir ao parlamento na plenitude democrática ou ameaçado pelas intérpéries ocasionais do autoritarismo. Com prudência e saber jurídico deu sua colaboração ao país quase à beira de colapso constitucional em 1961, quando os militares se opuseram à posse do seu vice-presidente João Goulart, após a renúncia de Jânio Quadros. Foi o relator da emenda constitucional que instituiu o parlamentarismo e evitou o impasse que teria gerado um conflito imprevisível assegurando a posse de Goulart no dia 7 de setembro daquele ano.

Contrário a licença para processar o então deputado Márcio Moreira Alves solicitada pelo governo militar ao STF, naquela crise que resultaria na edição do AI-5 em 1968, defendeu com veemência a inviolabilidade da instituição, embora não tivesse concordado com o discurso inoportuno do deputado oposicionista. Valeu-se da frase do escritor espanhol Calderon de La Barca para concluir suas palavras na sessão histórica da Cãmara Federal no dia 12/12/1968: "Ao Rei tudo, menos a honra". Após o discurso, renunciou a presidência da Comissão de Justiça, em sinal de protesto ao gesto abusivo do abítrio.

Sentia-se bem no parlamento e útil a instituição na condição de guardião de suas prerrogativas constitucionais e na condenação aos excessos praticados por governos populistas com viés autoritário. Integrar aquela turma privilegiada pelo saber jurídico e intelectual, representava uma láurea consagradora.

O deputado Djalma Marinho integrou o grupo e foi bem recebido por todos. Destacavam-se, dentre outros, Carlos Lacerda, Afonso Arinos, Bilac Pinto, Pedro Aleixo, Miltom Campos, Aliomar Baleeiro, Prado Kelly, Adauto Lúcio Cardoso e Oscar Correia, para citar apenas alguns que se tornariam mais tarde juristas consagrados e ministros do Supremo Tribunal Federal. Na Câmara, as galerias superlotadas aplaudiam aqueles oradores que incendiavam o plenário da Casa pelo brilho da oratória demolidora e impecável. A "banda da UDN" tocava afinada com partitura até de olhos fechados.

Apesar da timidez que o caracterizava, avesso a qualquer tipo de publicidade, o parlamentar norte-rio-grandense conseguiu obter notoriedade entre seus pares, tendo sido indicado para as relatórias de projetos polêmicos como a fusão do estado da Guanabara com o Rio de Janeiro e da CPI do acordo Globo/Time-Life, este lesivo aos intereses nacionais, segundo afirmou o deputado em seu parecer. Desincumbiu-se airosamente das tarefas difíceis, contrariando poderosos, graças à responsabilidade de renomado jurista.

Iniciou sua vida pública como deputado estadual constituinte de 1946 pela UDN, ao lado de figuras como Dix-Huit Rosado, Mário Negócio, Gomes Lemos, José Gonçalves, Pereira de Macedo, José Xavier, Moacyr Duarte e outros. Obteria mais tarde sete mandatos de deputado federal. Perdeu duas eleições majoritárias que lhe marcaram profundamente: o governo do Estado paras Aluízio Alves em 1960 e o senado da República para Agenor Maria em 1974.

Mas, a derrota que mais o machucou foi a perda da presidência da Câmara Federal para o colega Nelson Marchesan em 1980, num momento em que o poder Legislativo massacrado pelo regime vigente começava a reagir à condição de vassalo do Executivo, que tantas vezes tinha estuprado sua autonomia em nome do arbítrio. A derrota mexeu com sua estrutura emocional. Morrera pouco tempo depois.

A sala da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara tem o seu nome. Hoje, foi homenageado lá, pela pasagem do centenário ocorrido no último dia 30. Uma lembrança justa a quem teve uma atuação marcante no parlamento nacional. Infelismente, no Rio Grande do Norte, a data foi completamente esquecida.

Lamentavelmente, temos desapreço à memória dos homens públicos que se portaram com correção na vida pública".

Autor: João Batista Machado
(Transcrito do "Jornal de Hoje", 7/6/2008)

quinta-feira, 19 de junho de 2008

É POTIGUAR DO ASSU, O REALIZADOR DA PRIMEIRA CAMPANHA ELEITORAL MARKETIZADA NO BRASIL

João Moacir de Medeiros era assuense, da família além de Medeiros, Lins Caldas do Assu e Ipanguaçu. Foi agente de publicidade no Rio de Janeiro, para onde regressou nos início da década de quarenta. Realizador da primeira campanha política marketizada no Brasil.
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Doutor Medeiros como ele era mais conhecido nos meios empresariais do sul, centro-oeste e sudeste do Brasil, muito mais no Rio de Janeiro,  "tem trajetória marcante na propaganda brasileira". Fundou no ano de 1950, a JMM Publicidade (sigla do seu nome) que veio a ser uma das maiores empresas de publicidade do país, nos anos setenta e oitenta.

Tinha escritório à Rua Almirante Barroso, Centro do Rio, próximo ao Largo da Carioca e ao Teatro Municipal. Cid Pacheco figura que eu tive o prazer de conhecer no escritório da JMM, na capital carioca, era seu parceiro, outro gigante da propaganda moderna, do marketing político eleitoral no Brasil.

Anna Ramalho conceituada jornalista e colunista do Jornal do Brasil, escreveu um artigo publicado naquele conceituado jornal, datado de 19 de junho de 2006, dizendo que "Medeiros foi um gênio da propaganda. O Jornal Nacional foi assim batizado por sua sugestão: na época do seu lançamento, era patrocinado pelo Banco Nacional, da família Magalhães Pinto, principal cliente da agência." Depõe mais mais ainda aquela brilhante jornalista,  ao dizer que Moacyr teve outras invenções como "o tema ponte aérea, criado para a Real Aerovias, ainda na década de sessenta". E aquela ex-funcionária da JMM não dispensa elogios a pessoa do seu ex-patrão, afirmando que Medeiros "é um exemplo de pessoa decente, do brasileiro que soube ganhar muito com o seu trabalho, mas sempre de forma digna, sem cambalachos e maracutaias".

E quem não se lembra da propaganda (do guarda chuva) do Banco Nacional, já referenciado acima, que abriu durante os anos sessenta e setenta, o Jornal Nacional da TV Globo? Era de criatividade da empresa de publicidade daquele ilustre assuense, mistura de potiguar e carioca.

Pois bem, transcrevo o texto  de sua conferência quando da realização do I Seminário "Voto é Marketing?", realizado pela UFRJ, em 1992 conforme adiante:

"Em 1954, dois candidatos polarizavam a disputa pela prefeitura de Belo Horizonte: Amintas de Barros, pelo PSD e Celso Azevedo, pela UDN. Foi o ano do suicídio de Getúlio Vargas, que estava em plena glória, mas também em pleno combate, um ano marcado por grande comoção política.

Juscelino Kubitschek, na época governador de Minas, também estava em plena glória. Amintas de Barros era tido como imbatível por ser o candidato de Juscelino e de Getúlio.
A UDN resolveu lançar outro candidato. Então, fui chamado pelo Magalhães Pinto, que me fez um pedido com ceticismo: "Veja que propaganda você pode fazer para o Celso não perder muito feio... "Celso Azevedo tinha também o apoio de um pequeno partido, o PDC, Partido Democrático Cristão. A eleição ia acontecer em um prazo de cinco semanas.

Restou-me a improvisação. Eu nunca dispensei a pesquisa porque sempre fui um repórter. Procurei alinhar as informações a respeito do Celso Azevedo. Ele era um jovem engenheiro de 40 anos , nunca havia ocupado cargos públicos e era muito tímido. Sabia fazer as coisas, mas não sabia falar em público. Era um homem de bem, o currículo podia ser resumido nisto. Amintas de Barros era um político populista do velho estilo, gostava de tomar uma "cachacinha" como o povo; uma pinga mineira; orador inflamado; brilhante criminalista e uma figura muito conhecida em Belo Horizonte, principalmente por suas participações nos júris populares. Dizia-se então que Amintas não podia perder. Tinha o apoio de JK e de Getúlio, e tinha também o apoio do PSD mineiro. Talvez um dos partidos mais fortes da história brasileira e do PTB de Vargas. O que podia fazer por Celso Azevedo? Eu perguntava às pessoas um pouco "mineiramente": "Escuta aqui, eu sou de fora, estou de passagem, sou um caixeiro viajante. Estou ouvindo falar da eleição, da campanha... Me fala aí, quem você acha que vai ganhar?" Diziam: "Tem o Amintas Barros, esse é o certo. Tem também um outro para fazer páreo." Depois apareceu um outro candidato, mas não teve importância.

Conseguimos polarizar a eleição entre Amintas de Barros e Celso Azevedo. Descobrimos numa pesquisa, que Belo Horizonte nunca havia tido um prefeito natural da cidade.

Portanto, seria o primeiro filho de Belo Horizonte a governar sua cidade natal. Era o lado que poderia ser explorado do ponto de vista emocional. Nós procuramos tirar partido daí.

Uma pesquisa entre o povo e com os motoristas de táxi e os barbeiros, que eram fontes de informação me levou a seguinte conclusão: a única qualidade do Celso Azevedo que podia ser explorado, era o fato de ele ser um engenheiro. Eu perguntava às pessoas: "Esquecendo o nome, esquecendo o candidato, você escolheria entre um político, que é um advogado brilhante, ou um engenheiro? Quem você acha que pode resolver os problemas da sua rua, do seu bairro, da sua cidade?" A maioria das pessoas respondia que preferia o engenheiro.

Nós chegamos a conclusão que, numa eleição, as pessoas estão interessadas sobretudo na sua rua, no seu bairro, na sua cidade. O aspecto partidário, as ligações ideológicas, nada disso tem importância. Então eu imaginei que as pessoas tinham que decidir entre um engenheiro, que podia resolver os problemas da cidade, os problemas do bairro, e um político. Posso dizer que foi a primeira campanha de posicionamento: o engenheiro de um lado, o político do outro.

A campanha ocorreu em três semanas. Fizemos uma série de anúncios. O primeiro deles dizia: "Os problemas de Belo Horizonte são problemas seus, mas são problemas técnicos.

Confie sua solução a um técnico, a um engenheiro, a um homem capas: Celso Azevedo". Esse era o tema fundamental da campanha. Descobriu-se também que o povo tinha aspirações muito concretas. Então, a nossa proposta ao Celso foi que ele não fizesse promessas muito grandes, que a campanha girasse em torno de algumas propostas, porque elas perdem credibilidade. Ele concentrou sua plataforma em torno de dois itens: o problema de transporte coletivo para os bairros mais distantes e o problema de calçamento de algumas ruas. Com calçamento, o transporte poderia chegar mais longe, mas não era o calçamento de asfalto! Ele ia para os bairros, fazia pequenas reuniões e explicava como calçar aquela rua com pé-de-moleque - um sistema anterior ao paralelepípedo, que os escravos mineiros adotavam no calçamento das velhas cidades. Se o transporte não chegava porque não havia uma ponte, ele fazia uma exposição simples de quantos sacos de cimento, quilos de ferro, vergalhões, e de quanto tempo de trabalho seriam necessários para construir aquela ponte. Ele ganhava credibilidade do eleitor mostrando que sabia fazer as coisas, que sabia resolver os problemas.

O resultado dessa campanha foi realmente inesperado. Ela teve o apoio do rádio com um jingle que se tornou extremamente popular. Ele tinha uma letra criada por mim e musicada pelo Sinval Neto. Dizia assim: "O povo reclama com razão / Minha casa falta água / Minha rua não tem pavimentação / Mas não basta reclamar, meu senhor / É preciso votar no prefeito de valor. Era uma letra simples, mas abordava exatamente uma coisa: que não bastava reclamar, era preciso votar, era preciso fazer uma escolha. Foi feito um programa de informação de rádio, convidamos o povo, não para os grandes comícios, mas para reuniões em que Celso mostrava como resolver os problemas sem discursos. Sem grandes discursos e sem promessas; só aquelas em que o povo pudesse acreditar.

De propósito, nós esquecemos o outro candidato. Achamos que devíamos fazer campanha a favor do Celso Azevedo e não contra o Amintas de Barros. Eu nunca ocupei o nosso tempo e atenção do nosso ouvinte, do nosso eleitor, com histórias sobre o adversário. As histórias sobre o adversário sempre colaboram contra nós. Foi o esquema que deu certo.

Diziam que o Amintas não podia perder porque tinha o apoio de Getúlio Vargas no ano do seu suicídio. A eleição foi em outubro. Em julho, três meses antes da eleição, Vargas foi a Belo Horizonte e foi fotografado abraçado com o Amintas de Barros. Em agosto, o residente se suicidaria. O PSD mineiro e o PTB exploraram esse fato, lançando um folheto que mostrava a foto com a seguinte legenda: "Um voto no Amintas é uma pétala de rosa no túmulo de Getúlio". Isso era uma exploração sentimental enorme. E nós não podíamos combater Getúlio; ele estava morto!

Para concluir, em três semanas de campanha, Celso Azevedo foi eleito por maioria absoluta. Quando Amintas se deu conta e quis reagir, já era tarde. Esta, em resumo, é a primeira de uma campanha de Marketing eleitoral.

Na minha opinião, o voto é Marketing na medida em que você leva a mensagem do candidato ao conhecimento de muitos. Muitas vezes o candidato é desconhecido de muitos; outras, uma de suas faces ou idéias é desconhecida. Então, é preciso projetar o candidato e tentar fazer com que suas idéias sejam focalizadas. O Marketing tem esse valor."

Eis aí o João Moacir de Medeiros, que engrandece o Rio Grande do Norte, especialmente o Assu, sua terra natal. Afinal de contas, não é a toa que o Assu, através dos seus filhos ilustres, tem tradição de pioneirismo. Fico, portanto, nas palavras do jornalista assuense Alderi Dantas:  "O Assu é +".

Um comentário:
Angelo Alexei Castor14 de out de 2009 07:18:00
Valeu Caldas! Como neto do dr Amintas de Barros,se ainda hoje eu pudesse, como vim a saber pelo seu intermédio, era o pescoço deste grande expoente, o senhor Moacyr, que eu deveria apertar! Ora bolas...
   
Um grande abraço!
















domingo, 15 de junho de 2008

A MUTUCA

O título citado acima, é um periódico que circulou nos anos 1967, 68, 69, 70, 71, 72, 73 e 74 e 1978.  Circulava durante os festejos do padroeiro do Assu, São João Batista,  divulgando as acontecências da cidade, satirizando as pessoas, fofocando os relacionamentos amorosos da rapaziada e da moçada daquela época. Através daquele jornalzinho, amores foram concretizados, desfeitos e fracassados. Os poetas da cidade como Maria Eugênia, Renato Caldas, Francisco Amorim, João Fonseca e Boanerges Wanderley, entre outros deram a sua colaboração com suas glosas, seus poemas, suas crônicas. Os jornalistas e os estudantes inteligentes daquela terra assuense publicavam os seus artigos sobre a sua festa maior entre outros assuntos relacionados ao município.

Revendo  meus antigos guardados, o meu pequeno acervo sobre as coisas da minha terra - Assu, deparo-me com uma das edições de A Mutuca, como a edição datada de 17 de junho de 1969 que, na sua página inicial, diz assim: "Bôa noite habitantes dos Bairros Sítios e Capelas, patrocinadores dos festejos hoje consagrados ao glorioso São João Batista.

Elementos integrantes da comunidade açuense, vocês, sabemos, empregar o melhor das suas energias, de seu esforço e da sua dedicação para testemunharem ao Santo, nosso Padroeiro a nossa fé cristã e nosso apelo às coisas de Deus.

Na quietude de seu bairro, nas suas conversas amigas, na vivência de uma cordialidade amistosa o seu pensamento e a sua imaginação, por muito tempo se comoveu na contemplação emotiva e encantadora do rodopiar de um balão sanjoanesco que, na crendice popular, indica de acordo com a sua direção, inverno futuro ou seca calamitosa.

Também vocês, moradores dos sítios distantes, a esta hora, depois de um dia afanoso, cuidando do amanho da terra e da assistência às fruteiras em formação, vocês também estão com a alma e o coração voltados para o Patrono de nossa terra, pedindo bençãos e solicitando favores na esperança fagueira de uma colhêta abundante.

Como tenho muito de cristianismo, tem algo de profano o novenário de São João Batista, vocês habitantes dos Bairros Sítios e Capelas, no saborear das pamonhas, canjicas e milho assado ao calor das fogueiras, no São João disse São Pedro confirmou, prestam também o seu culto de veneração e respeito ao santo que veio abrir os caminhos aplainar as veredas para a vinda do Senhor.

Daí, por tudo que vocês fizerem para homenagear o precursor do Messias, recebam, habitantes dos Bairros Sitios e Capelas o nosso cordial e sincero BÔA NOITE."

Desejo, portanto, um feliz São João aos meus conterrâneos.

POESIA SERTANEJA

A FLOR DO MARACUJÁ

Encontrando-me com um sertanejo
Perto de um pé de maracujá,
Eu lhe perguntei:
Diga-me como sertanejo,
Porque razão nasce branca e roxa,
A flor do maracujá?

Ah, pois então eu lhe conto,
A estória que ouvi contá,
A razão pro que nasce branca e roxa,
A frô do maracujá.
Maracujá já foi branco,
Eu posso inté lhe ajurá,
Mais branco do qui caridade,
Mais branco do que o luá.

Quando a frô brotava nele,
Lá pros confins do sertão,
Maracujá parecia,
Um ninho de argudão.
Mas um dia, há muito tempo,
Num meis que inté num me alembro,
Si foi maio, se foi junho,
Si foi janeiro ou dezembro.

Nosso sinhô Jesus Cristo,
Foi condenado a morrê,
Numa cruz crucificado,
Longe daqui como o quê,
Pregaro Cristo a martelo,
E ao vê tamanha crueza,
A natureza inteirinha
Pois-se a chorá di tristeza.

Chorava us campu,
As foia, as ribeira,
Sabiá também chorava
Nos gaio a laranjeira,
E havia junto da cruis,
Um pé de maracujá,
Carregadinho de frô
Aos pé de nosso sinhô.

I o sangue de Jesus Cristo,
Sangue pesado de dô,
Nus pé de maracujá,
Tingia todas as frô,
Eis aqui seu moço,
A estória que eu ouvi contá,
A razão proque nasce roxa,
A frô do maracujá.

Catulo da Paixão Cearense (de quem o poeta Renato Caldas é discípulo).

sexta-feira, 13 de junho de 2008

CATÔTA, DE MOSSORÓ

Catôta era o apelido de uma figura (soldado de polícia) espirituosa que vivia no "pais de Mossoró", importante cidade do oeste potiguar. . Vamos conhecê-las e revivê-las algumas delas, para o nosso bem estar:

1 - Certa vez, certo cidadão praticava arruaças num dos bares do bairro Alto de São Manuel, em Mossoró. O delegado ao tomar conhecimento do fato, mandou Catôta resolver o problema. Ao chegar naquele botequim, aquele soldado foi logo dizendo: "Olha, meu amigo, eu trago ordem do delegado pra prender você. Vamos logo. "Taqui que você me prende." Disse o arruaceiro estirando o dedo médio. Catota respondeu e gesticular da mesma forma: "Taqui que eu lhe levo!" Botou o rabo entre as perna, no dizer popular, e escafedeu-se.

2 - Certa feita, Catôta foi designado para retirar as pessoas que estavam em cima do muro do Estádio Leonardo Nogueira (Nogueirão), de Mossoró, assistindo ao jogo Baraúnas X Potiguar. Times de futebol daquela terra oestana. Ao chegar naquele campo de futebol, Catôto gritou enfaticamente, cheio de autoridade, dizendo assim: "Ei, vocês aí cambadas, desçam do muro agora. Não pode ficar em cima, não. Ou pra fora ou pra dentro, em cima é que não pode" E todos pularam pra dentro do estádio.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

MAIS UM POETA ASSUENSE

Não é a toa que a cidade de Assu e cognominada de Terra dos Poetas". Portanto, fico feliz em saber que Maria de Lourdes Moura ou "Luluda" como é chamada carinhosamente pelos seus conterrâneos, que além de ter alguns escritos (letras) musicadas e gravadas em CD, pelo seu sobrinho Judson Moura, ela surge agora nos meios literários daquela cidade, publicando um livro de poesias de sua autoria.

Eu convivi com ela, Luluda, nos velhos tempos da Cooperativa Agropecuária do Vale do Assu que meu pai dirigia. Eu sabia que ele era (ainda no tempo da maquina de escrever) boa datilógrafa, além de contadora. Porém, não tinha conhecimento da sua arte de versejar que ela escondeu e somente veio a revelar na sua maturidade. Ela fez igualmente aos poetas Moisés Sesióm e Andière Abreu que veio a produzir e se revelar poeta na sua vida adulta. O trabalho literário de Luluda engrandece as letras assuenses. O soneto transcrito abaixo encontro no Blog de Ana Valquíria. Intitula-se 'Quisera'. Seus versos são amorosos, puros, verdadeiros, de versificação fácil. Senão vejamos o referenciado soneto:

Quisera eu dizer-te que sinto
Mas não posso e jamais o farei.
Por teu amor lutei e ainda resisto,
Não quero perder-te, senão morrerei.

Por mais que procuro te esquecer
Cousa que nunca eu consegui,
Mas sentia o meu amor crescer
Mas hoje sinto o que me iludi.

Iludi-me, sim, porque sempre tentei
Esquecer de um amor, que nunca procurei
Saber se me amava ou se me enganava.

E agora muito sofro a pensar,
Que um dia, não queiras me amar,
E que nunca a me amar procurou.

Em tempo: Querida Luluda: Aumente mais ainda a minha biblioteca e, para que eu possa divulgar mais o seu trabalho, remeta-me um livro de sua estréia. Aguardo ansioso a sua dedicatória.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

PAULINHO MONTENEGRO

Paulo Roberto Macedo Montenegro (Paulinho ou Paulo Catita como é mais conhecido,é gente de boa cepa, membro de família aristocrática e influente na política desde o Rio Grande do Norte província, porém de uma admirável simplicidade, afável, bom de garfo e de copo. Boêmio autêntico, amigo dos descamisados. A sua generosidade também contribuiu para o sucesso da sua eleição para deputado estadual, exercendo o mandato de 1987 a 1990 que o povo do Assu e de todo o seu Estado lhe outorgou. Eu tenho o prazer de com ele gozar além dos laços de parentescos que nos une, pelo lado da família Lins Caldas de Assu e Ipanguaçu, de sermos também amigos, além de duplamente compadre. Eu, padrinho de sua filha Maria Tereza e ele, padrinho da minha filha Mariana. Pois bem. vou contar uma estória que aconteceu com ele, Paulinho. O assuense é cheio de tiradas, de estórias engraçadas. Certa vez, Paulinho (ele tinha se comprometido arranjar um emprego comissionado) para certo amigo seu, na Assembléia Legislativa do Rio Grande do Norte. Naquela época (1987), Vivaldo Costa era o presidente daquela casa legislativa e tinha se comprometido com ele, Paulo, resolver o problema no menor tempo possível. No que demorou, logo que terminou certa reunião de Mesa que se realizava no gabinete daquele presidente, a cobrança de Paulo foi inevitável: "Como é Vivaldo?" Você não vai arranjar um 'grausinho' pra mim, não?" E aquele 'grausinho' que Paulo se referia, era um emprego para acomodar a Fernando Caldas (editor desse blog). Dia seguinte eu já estava nomeado no Diário Oficial do Estado, como Subsecretário de Administração Financeira e Orçamentária naquele parlamento. Afinal de contas, amigo é pra essas coisas!

Fernando Caldas

domingo, 1 de junho de 2008

SONETO

O soneto transcrito abaixo, que eu não sei do título, é de autoria do poeta do Assu, chamado João Natanael de Macedo,. Estes versos foi publicado no jornal "A Cidade",de Assu quando aquela terra completava 100 anos de elevação da categoria de Vila Nova da Princesa à cidade de Assu. Vamos conferir os versos deste poeta que engrandece as letras assuenses, conforme adiante transcritos:

Terra Natal! É belo quando esplende
O azul de tua abobadada infinita
Torrão, no qual tanta beleza habita
Onde o piranhas plácido se estende.

Sertaneja cidade, em ti palpita
Um seio amigo e bom que a todos prende,
Teu campo é um ninho alegre que recende
Aos raios tropicais que o sol vomita

Nordestino rincão, valor genérico
De um povo. a resistir a intensidade
De terrível flagelo climatérico.

Ao vir do inverno, em vez do mal profundo
Pode se comparar tua bondade
A um pedaço do seu dentro do mundo.

sábado, 24 de maio de 2008

COISAS DA POLÍTICA

1- Em 1979 o ex-governador Aluízio Alves articulava a criação do PP - Partido Popular, no Rio Grande do Norte. Aluízio, os deputados Garibaldi e Henrique Alves, além de Antônio Câmara, Olavo Montenegro, entre outros, partiram de Natal com destino a cidade de Assu, para ali realizarem uma manifestação pública. Antônio Câmara começou a discursar, enaltecendo a cultura assuense: "Assu, terra de jornalistas, escritores e poetas consagrados como Renato Caldas". Um daqueles seus companheiros, aproximou-se dele, Câmara, informando que Renato já teria morrido há muito tempo. Aí aquele orador na tentativa de corrigir a garfe cometida, remendou continuando a sua brilhante oração, dizendo de tal modo: "Cuja memória reverencio neste instante."De repente, um grito surgiu no meio do povão. Era Renato Caldas em sua própria defesa, dizendo assim: "Êpa, rapaz. Eu morri uma porra. Estou aqui vivinho ainda". E a galera vibrou.

Depois daquele comício em Assu, aquele grupo de políticos seguiram viagem com destino a cidade de Ipanguaçu, onde ali fariam outra manifestação pública. No comício de Assu e durante o percurso até aquela terra ipanguaçuense, Olavo (ele era um deputado combativo, agressivo) criticava Edgard Montenegro seu rival político naquela região, a todo instante. Pois bem, no meio do caminho, o veículo que conduzia aqueles caravaneiros citados na estória acima, apresentou um problema mecânico. Aí a solução foi ter que esperar alguém passar por aquela estrada deserta, ainda carroçável. Pouco tempo depois, vinha se aproximando um veículo, Olavo animou-se todo, foi pro meio da estrada e mandou o motorista dá sinal de luz. Por ironia do destino, era Edgard que se aproximava conduzindo o seu automóvel e, ao parar o seu transporte, ofereceu socorro a Olavo e aos demais companheiros. É como diz o ditado popular: "Falou do mal, prepare o pau".


sábado, 17 de maio de 2008

RECORDAÇÃO

Como está tão diferente a minha terra!
No meu tempo, era só brincadeira
Ninguém falava em guerra
Ninguém sabia,
Se existia
Diabo de alemão
Tudo era esperança!
- Como a vida nos cansa! -
E, como a saudade nos faz bem
Ao velho coração.
O prazer que contém
Recordar, vale tudo na vida!
Minha vida vivida: -
Meu jôgo de Castelo, a vaquejada,
O brinquedo de arraia...
Ah! velho tempo mau!...
Que saudade danada,
Do cavalo de pau.
Tudo era esperança...
Minha mestra França,
A palmatória...
Quem me dera de novo
Meu povo,
Uns bolos apanhar
Para poder de tudo recordar.

Vou contar uma história:
O Circo de Sansone,
- Alvo como madapolão -
Estava armado,
Como um funil de pano emborcado,
Bem no meio da Praça da Proclamação.
No dia do espetáculo,
- Um obstáculo,
Veio de encontro a mim -
Minha avó não podia - coitada,
Por falta de dinheiro
Pagar a minha entrada.
Terrível desengano!
Que fazer?
Fui forçado a meter,
A cabeça, por debaixo do pano.
E lá dentro, que alegria taful!
Um bocado de gente,
Assim na frente,
Dava alguns vivas ao cordão azul.
Do outro lado,
Todo mundo gritava: o encarnado.
Depois, a artista do azul apareceu.
A platéia, toda estremeceu.
Então,
Um cidadão,
Fez um discurso danado de comprido
E, entregou à mocinha,
Um bonito vestido;
Ela, agachou-se toda e saiu.
De repente,
Como se fosse uma alvorada,
Bem na frente,
Uma outra surgiu.
No meio do picadeiro,
A morena estacou.
Todo mundo vivou...

Um velho jornalista,
- Nesse tempo era moço -
Fez, para a artista morena,
Um discurso colosso.
Ao terminar sua linda oração,
"Curvou-se reverente"
E foi beijar-lhe a mão.
... Eu fiquei despeitado.
Não dei nem mais um viva
Ao cordão encarnado.
Fiquei desiludido...
A morena bonita não ganhou
Nem sequer um vestido.
O encarnado apanhou!...
Mas, o tempo passou...
Toda gente esqueceu!
Menos eu.
Naquele tempo, o encarnado venceu.
Quinita,
A morena bonita,
Morena sensação,
Ganhou da inteligência,
Um beijo, em sua mão.

Renato Caldas

domingo, 11 de maio de 2008

AS BOAS DE CHICO DIAS

1 - Francisco de Medeiros Dias é o nome de batismo de Chico Dias como é mais conhecido. Cearense de nascimento e norte-rio-grandense de Assu terra que escolheu para viver, onde está radicado a mais de quarenta anos. Pois bem, Ronaldo Ferreira Dias, de saudosa memória, era potiguar de Lages e trabalhava, exercendo um importante cargo no Senado Federal. A convite do presidente Figueredo - com quem tinha o prazer de gozar da sua amizade (candidatou-se a deputado federal pelo PDS do seu Estado. Ronaldo seria o primeiro suplente com qualquer número de votos que obtivesse naquelas eleições. Foi então ao Assu onde morou já teria morado nos seus tempos de adolescente, e procurou e procurou seu primo Chico Dias que naquelas eleições era candidato a vereador, também pelo PDS, para apoiá-lo para deputado federal. Chico comprometeu-se em ajudá-lo e Ronaldo, que aparentava uma pessoa sisuda, deixou com ele, umas propagandas políticas como 'santinhos' e etc. Retornou a Brasília e, dias depois telefonou para o primo, perguntando assim: "Chico, como vai a aceitação do meu nome por aí?" Chico foi taxativo: "Ronaldo, hoje eu saí de casa com mil santinhos seus e voltei com dois mil!"

2 - O povo assuense passou uma época em polvorosa e aflita. Pessoas de bem eram assassinadas naquela cidade, por qualquer futilidade. Pois bem, Chico Dias em 1982 perdera na morte um certo amigo e eleitor. Na hora da última despedida, no cemitério da daquela cidade, despediu-se do amigo com essas palavras: "Meus amigos, estão matando gente nesta cidade por motivos fúteis. O réu vai a julgamento, alega legítima defesa e é absolvido." E repetidamente acrescentou estas palavras de sentimento e de revolta: "Legítima defesa, legítima defesa, legítima defesa uma porra!" Para risos dos circunstantes.

3 - Chico Dias (não quero com essa estória, absolutamente denegrir a sua imagem não). Ele é meu amigo e este fato ocorreu há uns trinta anos atrás. Pois bem, inadimplente com o Banco do Brasil, agência de Assu, foi surpreendido pelo gerente daquela casa bancária que lhe disse ao vê-lo circulando por aquela casa bancária: "Seu Francisco, o senhor está com um título em atraso com este banco e, se não for quitado daqui a quarenta e oito horas, eu vou botar o seu nome no CADIN (Cadastro de Inadimplentes)!" Chico não se fez de rogado: "Seu Gerente, pois diga a Seu CADIN que pague a minha dívida!"

domingo, 4 de maio de 2008

UM POETA GLOSADOR

Andière "Majó" Abreu é poeta do Assu. A sua predileção para versejar é a glosa (décimas). Eu o considero um dos melhores poetas glosadores (ele também produz poemas e sonetos de qualidade literária), do Rio Grande do Norte, porque não dizer assim. Ele é filho do caicoense Anderson Abreu, que erradicou-se na cidade de Assu onde foi comerciante e fez grandes amizades, amigo de meu avô materno Fernando Tavares (Vemvem). Ele é contemporâneo dos meus tios (irmãos de minha mãe) Nazareno (Barão) e Mariano Tavares. Conviveu no Assu com o poeta Renato Caldas, entre outros vates assuenses, escondendo a sua arte de versejar que somente veio a revelar já na sua maturidade, igualmente ao consagrado poeta (O Bocage Potiguar) Moisés Sesiom com quem tem glosas parecidas. Majó, além de ser bom glosador, já foi bom de garfo, de copo e de serenata também. Joanilson de Paula Rêgo depõe que ele "derrubou gado nas festas de vaquejadas, sonhou e amou ao compasso de muitas violas e sob inspiração de muitos sorrisos, imaginou a própria lua enamorada de suas farras e fanfarras.

Disse o quanto me queria
Que por mim faria tudo
Eu a ouvia quase mudo
Enquanto a lua sorria.
E logo após me pedia
Para amá-la de verdade
Porém na realidade
Previa a separação
E o meu pobre coração
Sentia a dor da saudade.

Majó tem três livros publicados. A sua obra de estréia intitula-se "Uma Grosa de Glosas", 1991, volume prefaciado por Celso da Silveira que na sua observação entende que o poeta "é perfeito no seu raciocínio quando desenvolve os dez versos da glosa e há, em sua produção no gênero, alguns achados e invenções que ressaltam o seu trabalho de juntar preciosas pedras com que constrói suas glosas".

Ela teve o que queria
Embaixo da oiticica
Levando um rolo de pica
Chorava, ria e gemia.
Em êxtase e alegria
Com pica na frente e atrás
Bem agarrada ao rapaz
Num gozo estupendo
Mexendo e se contorcendo
Gostando e querendo mais.

Ele publicou ainda o volume intitulado "Mote Di-Versos", 1997, com orelha de João Batista Machado que no seu entender, Majó "está no mesmo nível de um Moisés Sesiom, Manuel de Bobagem, João de Papai, Luiz Xavier e Antônio Souto".

Vou deitado mas, ativo
Olhando bem pra vocês,
Já que só morro uma vez
Quero ouvir música ao vivo.
O momento é emotivo
Mas temos que superar
Cantem sim, quero escutar
Letras lindas de seresta,
Façam pra mim uma festa
Quando forem me enterrar.

Majó tem ainda publicado o livro sob o título "Minha Terra, Minha Gente", 2001 (poemas), apresentado por Luiz Carlos Guimarães e orelha de Luciano Herbet que inicialmente diz Andière "é uma dessas figuras raras que o sertão velho de guerra produz e oferece de mão beijada para o mundo".

O sertanejo é feliz
Pois ele mesmo é quem diz
Que vive muito contente,
Ri demais, conta piada,
Brinca com a filharada,
Vive para sua gente.

De tudo sabe e entende,
Com ele muito se aprende
Sobre arroz, milho e feijão,
Fala calmo, compassado,
Estórias conta um bocado
Os causos do seu sertão (...).

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