terça-feira, 9 de setembro de 2014

Mês de agosto registra a maior intenção de viagem do ano

by vivernatal
Segundo recente pesquisa do Ministério do Turismo, o mês de agosto em 2014 registrou a maior intenção de viagem do ano: 28,8%, o que reflete a proximidade das férias de fim de ano. O índice mede a probabilidade do brasileiro de viajar durante o próximo semestre. Os demais meses do ano registraram percentuais inferiores: janeiro (27,1%), fevereiro (26,7%), março (27,1%), abril (26,3%), maio (24,6%), junho (24,3%) e julho (23,9%).
A “Sondagem do Consumidor – Intenção de Viagem” é um levantamento feito pelo Ministério do Turismo e a Fundação Getúlio Vargas. Foram ouvidos dois mil moradores de sete cidades do país: Belo Horizonte, Brasília, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo, que representam 70% do fluxo de turistas do país.
A maior parte dos entrevistados que manifestou intenção positiva de viajar o fará pelo próprio país (73,6%). Os meios de hospedagem mais requisitados são os hotéis e pousadas (52,3%), seguidos pela casa de amigos e parentes (37%) e outros (10,7%).
O meio de transporte preferido é o avião (61%), seguido pelo automóvel (25,1%), o ônibus (10,2%) e demais meios (3,7%). A região apontada como destino favorito pela maioria dos entrevistados é a Nordeste (48,1%), seguida pelo Sul (21,2%), Sudeste (19,2%), Norte (7,3%) e Centro Oeste (4,2%).
Que tal programar sua próxima viagem e partir para Natal? 
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Fonte: Assessoria de Comunicação Social - Ascom/MTur

 http://vivernatal.wordpress.com
 

Quais são as atribuições e o que cobrar de cada político eleito?



 
 
Ronaldo Marques
do BOL, em São Paulo
  • Caio Guatelli/Folha Imagem
    As Eleições 2014 serão realizadas no dia 5 de outubro em todo o país 
  • As Eleições 2014 serão realizadas no dia 5 de outubro em todo o país
No dia 5 de outubro deste ano, o povo brasileiro irá às urnas para eleger presidente, governador, senador, deputado federal e deputado estadual. Mas será que você sabe o que faz cada um dos eleitos?
Foi pensando em esclarecer quais são as atribuições dos governantes que o BOL entrevistou os cientistas políticos Maria Leticia Brito, Henrique Costa e Rafael Mucinhato, mestrandos da USP (Universidade de São Paulo), sendo que este último também é vinculado ao Núcleo de Pesquisa de Políticas Públicas da mesma instituição. Os pesquisadores ajudaram a resumir as funções de cada cargo político e esclareceram dúvidas sobre a divisão de responsabilidades, de forma que você possa saber quem deve cobrar em cada situação.
Presidente
Maior autoridade do país, o presidente da República é o chefe de Estado brasileiro. Durante seu governo, ele conta com a ajuda do vice-presidente e dos ministros, que vão cuidar de áreas determinadas pelo mandatário.  


Funções do presidente
  • Cuidar da defesa do país e das relações com as outras nações, por exemplo, definir as regras para imigração e o comércio entre os países.
  • Representar o país no exterior, como quando o presidente viaja para participar de conferências na ONU ou reuniões internacionais para falar de negociações e tratados.
  • Cuidar da infraestrutura nacional, planejando novas rodovias e ferrovias federais ou usinas geradoras de energia, por exemplo.
  • Controlar e planejar a atuação das forças armadas, por meio do Ministério da Defesa, e cuidar das fronteiras.
  • Criar as políticas nacionais de Saúde, Educação e Cultura.
  • Administrar a rede federal de ensino, que abrange a educação superior, como as universidades federais.
  • Nomear o Presidente do Banco Central, além dos membros dos órgãos máximos do Poder Judiciário, como os Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Apesar da indicação presidencial, todas essas nomeações passam antes por uma validação no Senado.
  • Elaborar e propor em conjunto com seus ministros o Orçamento Geral da União. É o orçamento que determina a quantidade de dinheiro que será aplicada em cada área, assim como quanto o país deve poupar e quanto o país deve pagar de suas dívidas. Depois de finalizado pelo presidente e pelos órgãos competentes, o orçamento precisa ser aprovado pelo Congresso.
  • O presidente pode propor projetos de lei, mas precisa encaminhá-los para a aprovação do Congresso Nacional. Ele é o único que pode propor modificações em determinados setores, especialmente naqueles envolvendo cargos e efetivos das Forças Armadas e da administração direta, como a criação de novos Ministérios.
  • O presidente é o único que pode criar as chamadas Medidas Provisórias, "leis temporárias" que só podem continuar em vigor se aprovadas pelo Congresso. Elas não podem ter relação com direitos políticos, eleitorais ou penais. Por exemplo, se o presidente defende a redução da maioridade penal, ele pode enviar uma proposta ao Congresso, mas não pode determinar a alteração da lei por meio de medidas.
  • O presidente pode vetar a criação de uma nova lei integralmente ou parcialmente. Mesmo assim, a lei pode ser aprovada se o Congresso decidir levá-la adiante e obtiver aprovação da maioria absoluta dos deputados e senadores em uma votação que derrube o veto.
Congresso Nacional
O Congresso Nacional, formado pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, é o local onde trabalham os senadores e deputados federais. Juntos, eles podem criar, revisar e modificar as leis brasileiras, além de fiscalizar se elas estão sendo cumpridas. Senadores e deputados possuem funções bem parecidas, mas há algumas competências que são responsabilidade de apenas um dos cargos. "Tratando a questão de maneira simplificada, os deputados seriam os representantes do povo brasileiro enquanto que os senadores representam os Estados brasileiros", explica o cientista político Rafael Mucinhato.
No geral, os deputados e senadores criam projetos de leis com base nas opiniões de seus eleitores ou a necessidade de seu país. Eles apresentam e discutem a aprovação da possível nova lei na sua "Casa" (a Câmara dos Deputados ou o Senado) e, se conseguirem a aprovação da maioria, enviam o projeto à outra Casa, onde os outros parlamentares irão revisá-lo, podendo alterar trechos mediante discussões realizadas no plenário. Caso o projeto seja aprovado pelas duas Casas, ele segue para a sanção do presidente, que pode liberar ou reprovar a nova legislação.  


Funções do Congresso Nacional
  • Criar projetos de leis, votá-los e aprová-los. Após a aprovação no Congresso, o projeto vai para a sanção do presidente, que pode aprová-lo ou vetá-lo parcial ou totalmente. No entanto, mesmo que não haja a sanção do presidente, um projeto pode virar lei se o Congresso conseguir derrubar o veto em nova votação na Casa. Para isso, é preciso haver a maioria absoluta dos votos.
  • Fiscalizar o cumprimento das leis em vigor.
  • Autorizar o orçamento e os gastos propostos pelo presidente e seus ministros. Daí a importância de eleger políticos que deixem claro o quanto estão comprometidos a discutir no Congresso a quantidade de verba que deve ir para Saúde, Educação, Segurança etc. São os parlamentares, em conjunto, que aprovam o quanto deve ser gasto em cada área.
  • Fiscalizar o funcionamento e a prestação de contas de políticos, instituições financeiras, empresas estatais e privadas que tenham a função de atuar em prol da população ou manipulem o dinheiro do contribuinte. Quando detectado algum tipo de ilegalidade, podem ser criadas as Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) para investigar crimes de corrupção.
  Senador
O Senado Federal é composto por 81 senadores. Cada Estado, incluindo o Distrito Federal, tem um número fixo de três senadores, independentemente de seu tamanho ou sua população. O senador deve atuar como representante de seu Estado em Brasília. 


Funções específicas de senadores
  • Na capital federal, o senador participa do processo de criação e alteração de leis federais, que valem no país inteiro, além de fiscalizar as ações do governo executivo, ou seja, é o senador quem fica de olho se o presidente do país e seus Ministérios estão gastando dinheiro à toa ou desviando verbas públicas.
  • Julgar os crimes atribuídos ao presidente da República.
  • Fiscalizar o cumprimento dos acordos internacionais assinados pelo presidente.
  • Aprovar a indicação do presidente para os cargos de juízes do Supremo Tribunal Federal.
  • Aprovar os orçamentos e as dívidas dos Estados, por exemplo, autorizando empréstimos solicitados por governos estaduais e prefeituras.
  • Revisar os projetos de lei e os gastos anuais do Estado brasileiro, que são aprovados antes pela Câmara dos Deputados.
Deputado federal
A Câmara dos Deputados é integrada por 513 parlamentares, e é por isso que existem tantos candidatos na disputa pelo cargo. Eles representam a população brasileira proporcionalmente, ou seja, Estados mais populosos, como São Paulo e Minas, têm mais deputados do que regiões com menos habitantes. Os deputados, além de cumprir as funções já citadas referentes ao Congresso Nacional, também possuem atividades específicas.  


Funções específicas de deputados federais
  • Somente os deputados podem dar início ao processo de impeachment de um presidente (o julgamento e cumprimento do impeachment são feitos pelo Senado).
  • São eles que determinam como vai funcionar o regimento interno da Câmara dos Deputados, criando as comissões, elegendo a presidência da Casa, etc.
Governador
O governador é o representante máximo de seu Estado, agindo como um grande administrador do dinheiro destinado pelo governo federal às mais diversas áreas para atender a população de seu território. "Assim como o presidente, ele também tem muitas funções administrativas. Uma delas, que é importante lembrarmos, se refere à questão da segurança pública", afirma o cientista político Rafael Mucinhato.  


Funções do governador
  • Cuidar da infraestrutura estadual, por exemplo, as rodovias estaduais e trens ou metrôs urbanos, em parceria com municípios.
  • Buscar dinheiro e obras do governo federal para o seu Estado.
  • Criar projetos de leis para seu Estado, que são submetidos à aprovação dos deputados estaduais.
  • Assegurar e desenvolver o saneamento básico, mas em parceria com os municípios.
  • Cuidar da rede estadual de ensino, que abrange os níveis fundamental, médio e superior, além de algumas atribuições específicas de cada Estado. Em São Paulo, por exemplo, o governador é responsável pela escolha final dos reitores das universidades estaduais.
  • Cabe aos governadores controlar e administrar a atuação da Polícia Militar, assim como cuidar da administração dos presídios.
Deputado estadual
Os deputados estaduais têm a função de legislar e fiscalizar as leis de seu Estado. Diferentemente dos deputados federais, eles atuam na Assembleia Legislativa que fica na capital de seu Estado.  


Funções dos deputados estaduais
  • Criar e elaborar leis que não entrem em conflito com as normas federais. As leis estaduais valem apenas dentro das fronteiras de cada Estado.
  • Fiscalizar as ações do governador do seu respectivo Estado. Dessa forma, podem convocar secretários e o governador para prestar contas, além de terem a possibilidade de instalar CPIs.
  • Contribuir na elaboração do orçamento de cada Estado, distribuindo as verbas para cada área do interesse público: Saúde, Educação, Cultura etc.
  • Criar taxas e impostos de âmbito estadual.
Dúvidas rápidas
Quem controla a polícia e o Exército?
As polícias militares são subordinadas aos governadores de Estado, e o Exército, ao Ministério da Defesa, ou seja, ao governo federal. O governador e o seu respectivo secretário de segurança pública são os principais responsáveis pela Polícia Militar. Cabe a eles definir qual será a linha de atuação da instituição.
Quem deve controlar o aumento dos preços?
É o governo federal que define qual será a meta de inflação e usa os mecanismos que podem controlá-la, em conjunto com o Banco Central. Há também a possibilidade de as empresas públicas administrarem preços segundo o interesse do governo, por exemplo, quando a Petrobras mantém congelado o valor da gasolina para segurar o aumento dos preços.
Entretanto, como o Brasil é um país de livre mercado, os preços também são controlados pela relação oferta e demanda. Há fatores externos que podem ajudar a elevar ou diminuir o valor de um produto. Um bom exemplo disso foi a alta do preço do tomate no ano passado. Com o estímulo que o governo dá para a expansão e a produtividade do agronegócio, que em nosso país está mais voltado para a produção de soja, reduzem-se as áreas cultiváveis de outros alimentos, e elevam-se os preços de alguns, puxando a inflação para cima.
Quem pode reduzir ou aumentar a maioridade penal?
O Poder Legislativo federal tem essa capacidade. Dentro do Congresso Nacional, os parlamentares se dividem em comissões que contemplam áreas específicas para analisar com mais rigor projetos de lei. Assim, os políticos conseguem dividir o trabalho, consultar a população e especialistas em determinados assuntos.
No caso de um projeto que possa reduzir a maioridade penal, por exemplo, é a Comissão de Constituição e Justiça que discute o assunto. "Inclusive há no momento um projeto de emenda constitucional tramitando com esse intuito no Senado. A proposta foi feita por alguns senadores, mas já foi rejeitada pela comissão específica", relata o cientista político Henrique Costa.
Com a rejeição, resta a quem apresentou o projeto recolher assinaturas de outros parlamentares da casa para tentar discutir a nova lei no plenário, onde todos os senadores podem discutir e votar sobre o assunto. Lembrando que a lei só entra em vigor se também for aprovada na Câmara dos Deputados e receber a sanção presidencial.
Quem faz aeroportos?
"Os aeroportos brasileiros são construídos e administrados pela empresa estatal Infraero, de competência do governo federal. No entanto, o governo pode, por meio de concessões públicas, repassá-los à iniciativa privada, que pode reformá-los e administrá-los por um prazo determinado", afirma o cientista político Henrique Costa. A construção de novos aeroportos públicos é de responsabilidade do governo federal, principalmente quando se trata de aeroportos internacionais. Já os governos estaduais podem criar aeroportos regionais. Portanto, o presidente e o governador podem, cada um dentro de seu limite de atuação, criar aeroportos.



Conheça as responsabilidades dos municípios, dos Estados e da União14 fotos

EDUCAÇÃO: A responsabilidade pela educação brasileira é compartilhada pelos três níveis de governo. Cabe aos municípios proporcionar creches, pré-escolas e ensino fundamental. O Estado deve priorizar o ensino médio, mas também atuar, em parceria com os municípios, na oferta de ensino fundamental. Já o papel da União é organizar o sistema como um todo e regular o ensino superior Leia mais Arte/UOL
Quem controla as fronteiras?
As fronteiras do país são protegidas pelas Forças Armadas, que estão subordinadas ao Ministério da Defesa, ou seja, é uma função do presidente, com o auxílio do Ministério da Justiça, responsável por definir politicamente as prioridades da atuação.
Quem pode investigar e prender políticos corruptos?
No campo político, são os deputados e senadores que podem criar as chamadas CPIs (Comissões Parlamentares de Inquérito), instrumentos que têm poder investigatório e podem ajudar na identificação de crimes cometidos por políticos. Assim, senadores e deputados podem recomendar que o Ministério Público, formado por promotores e procuradores, investigue o presidente, os ministros, os governadores, além dos próprios membros do Congresso.
É dever do Ministério Público Federal e dos Ministérios Públicos estaduais defender o interesse de todos os brasileiros e investigar os relatos de corrupção, abuso de poder e desvio de conduta das autoridades nacionais. Ainda assim, ele não é o único órgão que investiga crimes públicos. A Polícia Federal e as Polícias Civis dos Estados podem investigar e prender os corruptos, assim como a Receita Federal pode ajudar no processo de investigação em crimes de sonegação, patrimônio, etc.
Quem pode construir hospitais?
Tanto a presidência quanto os governos estaduais e as prefeituras podem construir hospitais, desde que tenham verba suficiente e autorização do Ministério da Saúde.
Quem cria taxas e impostos?
Na Constituição está escrito que a União, os Estados, o Distrito Federal e os municípios poderão criar novos impostos. Mas cada uma dessas esferas pode criar impostos sobre áreas específicas. Por exemplo, enquanto cabe à União fazer impostos sobre a importação de produtos estrangeiros, cabe aos municípios instituir impostos sobre a propriedade, como o IPTU (Imposto Predial Territorial Urbano). O cientista político Henrique Costa explica que "os impostos são criados a partir de demandas do poderes executivos (União, Estados e municípios), mas precisam da aprovação dos poderes legislativos (Congresso Nacional, Assembleias Legislativas e Câmaras Municipais)".
Quem cuida do abastecimento de água? E do fornecimento de luz?
Os municípios são os responsáveis pelo abastecimento de água, mas, como alguns Estados, como São Paulo, possuem grandes concessionárias de abastecimento de água (Sabesp), a responsabilidade também passa pelos governos estaduais.
Quanto ao fornecimento de luz, o poder que regula e fiscaliza a geração, transmissão e distribuição de energia elétrica é o governo federal. Assim, as concessões são de responsabilidade do Ministério de Minas e Energia, enquanto a regulação e a fiscalização são exercidas pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica). Mas a atividade de fiscalização das distribuidoras de energia elétrica pode ser transferida para agências estaduais, o que acontece em vários Estados.
Há leis que não podem ser mudadas? 
Existem, sim, leis que não podem ser modificadas nem por deputados nem por senadores. São as chamadas cláusulas pétreas da Constituição. Com elas ficam proibidas criar regras que modifiquem a autonomia dos Estados brasileiros, o voto secreto, universal e periódico, a separação dos poderes e as garantias individuais dos cidadãos.
Como o povo participa do processo de criação das leis?
Um projeto de lei que parta da população deve contar com pelo menos 1% do eleitorado, ou seja, cerca de 1,4 milhão de pessoas, e, ao chegar ao Congresso, deve ser acolhido por algum parlamentar. Até hoje apenas quatro leis que viraram norma jurídica tiveram essa origem, sendo a última a Lei da Ficha Limpa.
Quanto custa tudo isso?
Para manter o sistema político brasileiro atual, o orçamento retira uma fatia considerável do contribuinte. De acordo com um estudo recente da ONG Transparência Brasil, os gastos da União, dos Estados e dos municípios, retirados de impostos que cidadãos e empresas pagam, colocam nosso Congresso entre os mais caros do planeta.
O Senado, por exemplo, tem um gasto total de R$ 2,7 bilhões anuais, o que dá uma média de R$ 33,4 milhões para cada senador.

8,5 bilhões de reais
Foi o custo aproximado do Congresso Nacional em 2013
Fonte: Transparência Brasil
Os gastos com deputados federais também são bem elevados, embora menores que os de senadores. Em média, os atuais 513 deputados do país recebem R$ 6,6 milhões anuais para exercer o cargo.
Os salários de governadores variam de Estado para Estado. Um governador pode ganhar de R$ 9,6 mil a quase R$ 27 mil reais mensais. Em 2013, o maior salário pago a um governador foi no Paraná; já o menor foi em Pernambuco.
Os salários dos deputados estaduais, assim como os de vereadores e prefeitos, variam de acordo com as leis dos Estados e municípios em que atuam.
Por fim, o presidente do país também recebe um salário mensal. Atualmente, o valor está em torno de R$ 26 mil reais.
Leia mais em: http://zip.net/bxpxlq

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Cid Montenegro lembra histórias que divide entre Natal e o Rio de Janeiro






 24/08/2014

Argemiro Lima / NJ

Nomes como Chico Buarque, Sandra de Sá, os ex-jogadores Zico e Júnior do Flamengo, Alberi Ferreira, Alindo Cruz, Diogo Nogueira e Alexandre Pires figuram na lista de contatos de Cid

Diego Campelo

Do Novo Jornal

Potiguar, 49 anos, conhecido pela sua facilidade em se comunicar e fazer novas amizades, Cid Montenegro se define como “o amigo dos amigos” e alguém que aprendeu com seus pais a probidade e a honestidade que carrega consigo. Ele se orgulha dos amigos famosos que conseguiu angariar nas suas andanças pelo Brasil.

Nomes como Chico Buarque, Sandra de Sá, os ex-jogadores Zico e Júnior do Flamengo, Alberi Ferreira, Alindo Cruz, Diogo Nogueira e Alexandre Pires são alguns dos seus amigos. Garante que conseguiu todas as amizades de maneira “independente e natural”, seja com famosos ou não.

Amante do futebol, da política, do samba e do Rio de Janeiro, que é sua cidade preferida. Apesar disso, ele não abre mão de, durante suas viagens, carregar na mala camisas do ABC – um de seus times do coração – folders de Natal, livros e CDs de escritores e cantores potiguares para distribuir entre seus amigos. “É para divulgar o que é nosso”, diz.

Segundo ele, seu hobby é se divertir com os amigos ao som de um bom samba ao vivo. Sua principal inspiração na vida é o pai, a quem, segundo ele, idolatra. O nome dele é Antônio Montenegro, que é médico cardiologista e professor aposentado da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). “Ele me ensinou a trabalhar, respeitar as pessoas e fazer o bem”.

Potiguar boa praça, uma de suas principais características é a boa conversa. Sua habilidade em se comunicar, lembra, lhe rendeu alguns elogios do cartunista Ziraldo. “Ele falou: Montenegro, você tem o poder da comunicação”. Outro de quem conseguiu elogios foi do ex-governador do Rio Grande do Norte, Aluízio Alves, que quando se referiu a ele o caracterizou como uma pessoa que tem o dom da oratória e da escrita.

Lembra ainda que seu potencial comunicativo é intrínseco, pois desde criança já gostava de conversar com pessoas mais velhas, como o próprio Aluízio Alves, Dinarte Mariz e Lavoisier Maia, pessoas influentes que frequentavam a fazenda de seu avô, o major Montenegro, em Assu.Apesar de sua característica de se relacionar bem com as pessoas, ele cita seu principal defeito: “sou um cara explosivo, temperamental”. Em contrapartida, sua maior qualidade segundo ele é ser “um cara do bem”.

No futebol, Montenegro se divide entre duas paixões: ABC, em Natal, e Flamengo no Rio de Janeiro. Inclusive trabalha hoje nos conselhos deliberativos de ambos os clubes. Compara o amor pelos times como o de um pai que tem dois filhos jogadores de tênis e é questionado qual deles é o preferido.

“De coração eu sou Flamengo, mas amo o ABC e a minha consciência não permite torcer contra o ABC”. Foi também através de seu pai que Cid aprendeu a ser flamenguista e abecedista ao mesmo tempo.Ele explica que não deve somente à sua capacidade comunicativa o fato de conhecer diversas pessoas importantes em todo o país.

Cita primeiro o seus pais e segundo o Flamengo como responsáveis por isso. “É o efeito cascata, você conhece uma pessoa, depois outra e essa pessoa tem um amigo em comum com você”.Um exemplo de seu prestígio em meio a personalidades exponenciais do Brasil aconteceu em 2001, nada data de seu aniversário, em 19 de maio.

Na ocasião, seus amigos lhe prepararam uma homenagem na casa de seu amigo Paulo Figueiredo, filho do ex-presidente João Batista Figueiredo. Na festa estavam presentes os filhos do ex-presidente Fernando Collor de Melo, Arnon e Joaquim; João Dutra, filho do ex-presidente Eurico Gaspar Dutra; e Paulo Henrique, filho do Fernando Henrique Cardoso.

Os maiores sonhos de Cid hoje se referem aos seus dois times do coração. Um é ver o Flamengo campeão do mundo mais uma vez; o outro é ver o ABC na série A do Campeonato Brasileiro.Sobre o futebol potiguar, Montenegro avalia que este passa por uma boa fase. Segundo ele, dentro da realidade financeira do Rio Grande do Norte, ABC e América são dois gigantes.

No entanto, ele acha que o futebol local precisa de mais incentivos das empresas locais. “Não que esteja fazendo um favor, mas investir, porque futebol dá retorno”, destaca.Outra paixão de Cid está no samba. Ele já desfilou dez vezes na Marquês de Sapucaí, sendo seis anos pela Mangueira, sua escola do coração, três anos pela Beija-Flor de Nilópolis  e mais um pela Acadêmicos do Grande Rio.

Dentre os muitos amigos que possui Cid destaca um como o melhor e mais chegado: o empresário Gustavo Motta, primo do presidente da Assembleia Legislativa do RN, Ricardo Motta. “Esse é meu amigo e irmão, desde os sete anos de idade”.Além de conselheiro de seus clubes do coração, Cid Montenegro é consultor de negócios.

Ele representa aqui uma holding sediada no Rio de Janeiro. Atua na função de intermediar, no Nordeste, investidores para a empresa onde trabalha. “Isso parece fácil, mas é difícil, porque na hora em que você intermedia, tudo o que acontecer você é o responsável”, explica.

Um de seus maiores orgulhos é ter sentado no piano em que Ary Barroso compôs a canção “Aquarela do Brasil”.

O fato aconteceu na casa dos filhos de Ary, Flávio e Mariúza Barroso.Na ocasião Cid tomou conhecimento de como foi feita a música. “Ary ia sair de casa com sua mulher, mas deu uma chuva torrencial no Rio de Janeiro.Então eles não saíram mais e Ary abriu uma garrafa de Whisky, foi ao piano e em menos de 24 horas compôs letra e música de Aquarela do Brasil”.

http://www.novojornal.jor.br/

"Sobra-me amor quando te ausentas."

José Gabriel Duarte


De: Ponte de Sonhos

sábado, 6 de setembro de 2014


ASSU, SEMPRE BRILHANDO NAS LETRAS NACIONAIS

 
Dialogo com as horas
mórbidas, pouco redutíveis,
quando querem
convencer-me de sua
embriaguez,
quando querem impor limites,
quando querem marcar
territórios.

Ao longo do litígio, mostro-me
mais provocador;
incorporando ora Fausto, ora
Mefistófeles.
Estamos lúcidos, embora até
uma simples contestação
seja movida por normas,
desregramentos, falácias;

O tempo para a réplica corta o
fio de todas as solidões.
Alguém, muito longe, canta
uma canção perdida em
sussurros,
que o vento roubou sem
solicitar direitos autorais;

que a noite inventou de gravar
em estúdio de pouca acústica.
Somente meu corpo silencia
calúnias,
Somente o sonho recupera quem sou.

sussurros,
que o vento roubou sem
solicitar direitos autorais;

que a noite inventou de gravar
em estúdio de pouca acústica.
Somente meu corpo silencia
calúnias,
Somente o sonho recupera quem sou.

Foto: ASSU, SEMPRE BRILHANDO NAS LETRAS NACIONAIS

Assu, minha terra natal querida, interior potiguar, onde a poesia eterna, mora, é uma terra que sempre se destaca nas letras brasileiras. O jovem Paulo Caldas, de família assuense, carrega no sangue a veia poética dos Caldas, de seu pai e dos Soares de Macedo (dos Açores, Portugal) de sua mãe. Paulo é "doutorando de literatura comparada", poeta,  escritor, ganhou vários concursos literários, estreou nas letras com o livro  intitulado no Ventre do Mundo, publicou ainda o volume Do Picadeiro Ao Céu: O Risos no Teatro de Ariano Suassuna, e está colocado em várias antologias como O Panorama Literário Brasileiro, dentre outras. Agora, ele aparece na antologia poética sob o título Sarau - 2014 "Concurso  novos poetas. "De 3.076 inscritos de todo o país, 250 poetas foram selecionados, Nela." Naquela antologia está publicado os versos intitulado Entre a Vigília e o Sonho, que veremos abaixo para o nosso deleite:

Dialogo com as horas 
mórbidas, pouco redutíveis, 
quando querem 
convencer-me de sua 
embriaguez,
quando querem impor limites, 
quando querem marcar 
territórios. 

Ao longo do litígio, mostro-me 
mais provocador; 
incorporando ora Fausto, ora 
Mefistófeles. 
Estamos lúcidos, embora até 
uma simples contestação 
seja movida por normas, 
desregramentos, falácias; 

O tempo para a réplica corta o 
fio de todas as solidões. 
Alguém, muito longe, canta 
uma canção perdida em 
sussurros, 
que o vento roubou sem 
solicitar direitos autorais; 

que a noite inventou de gravar 
em estúdio de pouca acústica. 
Somente meu corpo silencia 
calúnias, 
Somente o sonho recupera quem sou.
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sexta-feira, 5 de setembro de 2014

 
Da linha do tempo/face de Francisco Martins.

"MARINA SILVA INELEGÍVEL????"

"A candidata ambientalista Marina Silva poderá ficar inelegível.
Segundo o Ibama, ela tentou abater um tucano e liquidou uma anta em uma mesma semana!"

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

EM FAMÍLIA

Eduardo Olympio, 28/08/2014. (Poeta Baiano).

Pela terra brasileira,
Reconhecido demais,
Disse o poeta Limeira:
“Os tempos não voltam mais”.
Desgarro da sua esteira,
Lembrando tios e pais.

Porque gosto do passado,
É por onde meus pés finco,
Pois o tempo não voltado
Insiste em deixar-me o vinco,
Auguro-me retornado
E, com a memória, brinco.

Muitas histórias eu soube
Pelos próprios personagens.
Sinto que agora me coube
Contar as tais traquinagens.
E não há quem a mim roube
O prazer das homenagens.

Pelo Porto dos Tainheiros,
Helena ao mar se atirava
E pedia aos marinheiros
Da lancha que lá estava:
“Uma corda, cavalheiros”
E à corda se agarrava.

Fazer o que divertia
Helena tinha por norma.
“Gorda leve”, se dizia,
Naturalmente na forma.
Na corda, era a travessia,
Pelo mar, a Plataforma.

Julio Olympio, liberal,
Não se incomodava não,
Era o pai, de alto astral,
De cinco, sem confusão.
Mas, mexessem com a moral
E se dava a intervenção.

Certa vez, foram os filhos
No carnaval agitar,
Mas à marcha de estribilhos
“Mamãe eu quero mamar”
Ofereceu empecilhos,
Não a podiam cantar.

Vejam que Julio era amigo
Da noite, com prosa e festa,
Onde não via perigo.
Quem ía além na seresta
Contava com seu abrigo,
Jamais pensava em dar testa.

Preferia se ir embora,
Quando a música acabasse,
Soava-lhe antes da hora
Ir sem que a orquestra findasse,
Não houvesse um bota-fora
Ou o dia não raiasse.

Olhos “claros de cristal”
Da “Lourinha” ele adorava,
Mas a mãe, no carnaval,
Em respeito, não gostava,
Pois um valor perenal
A marchinha avacalhava.

Os filhos enfim chegaram
Com amigos ao Bahiano.
Mas, apreensão mostraram,
Pois a música do ano,
Que repetida escutaram,
Era “Mamãe..”, salvo engano.

Estatelados, um tempo,
Lembravam-se da mensagem.
Superar o contratempo
Demandaria coragem,
Precisava ser e a tempo
De sair da desvantagem.

Convocaram o presente
Filho com o nome do pai:
“Júlio, o quê você sente?”
“Olhe que o tempo se esvai!”
“Tou me sentindo doente”
“Mude pra nós isso, vai”.

E o mancebo percebendo
Que só “Mamãe…” se cantava,
A meninada sofrendo,
Dançar sem cantar não dava,
Sentenciou se moendo:
“Proibição vai à fava”.

Ainda, de carnaval,
Outra história me contaram:
Com máscaras, bem normal,
Amigos que se encontraram
- Uma turma jovial -
Pra Castro Alves rumaram.

Entre os amigos, Helena,
Mascarada, no programa,
E, nem um pouco pequena,
Veste do pai o pijama,
Sob o disfarce, na arena,
Ao próprio, brincando, chama.

“Julinho, Julinho!”,
Dizia, com voz soprano,
Ao pai, que, em roupa de linho,
Chegara ao festim profano,
Com amigos de chapelinho:
“Você está lindo este ano”

Julinho, meio sem jeito,
Sem reconhecer a voz,
Nem o pijama perfeito,
Estreita casca de noz,
Com amigos do direito,
Que situação atroz!

Nunca soube como a história
Na verdade se findou,
Se houve uma vitória
Ou se o jogo empatou,
Mas risada meritória
Sei que ela provocou.

Esses fatos preciosos
A própria vida animaram,
Nos relatos venturosos,
Pela voz dos que os contaram
E são tão prodigiosos
Que os tempos pra mim voltaram.

AS DITADURAS GOLPEARAM O IDEAL DE UMA REPÚBLICA DEMOCRÁTICA





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Maria Luiza Tucci Carneiro

Nos momentos de instabilidade política, um Estado de perfil autoritário se apressa em nomear seus inimigos: anarquistas, comunistas, integralistas, feministas, terroristas. Serão eles os alvos prioritários da política repressiva.

O Brasil vivenciou dois momentos críticos de ditadura que cercearam o exercício da democracia: durante o Estado Novo comandado por Getulio Vargas (1937-1945) e durante a ditadura militar (1964-1983).Em ambos os períodos, a sociedade brasileira esteve sob a tutela de um Estado que agiu apoiado por um conjunto de aparelhos repressivos cuja ação trouxe graves consequências para o país.


Tanto durante a ditadura estadonovista quanto sob os militares, o Estado procurava evitar que ocorresse uma suposta revolução político-social no Brasil. Para reforçar esta missão, nos dois momentos foi criada uma polícia especial que deveria identificar e coibir reações políticas adversas, armadas ou não, que colocassem em perigo “a ordem e a segurança públicas”. Uma legislação específica para legitimar a repressão foi aprovada em 1935, e voltou a ser invocada na ditadura militar. Ela incluía a Lei de Segurança Nacional (LSN), o Tribunal de Segurança Nacional e as figuras do Estado de Sítio e do Estado de Guerra.

Após o golpe de 1964, as atividades da Polícia Política foram (re)orientadas pelos Atos Institucionais e pela outorga da Constituição de 1967 que, no seu conjunto, (re)instalaram o Estado de Segurança Nacional. Criou-se também uma rede de informações de combate à subversão, preconizada pela “Doutrina de Segurança Nacional”. Todos os demais órgãos repressivos estavam subordinados ao Serviço Nacional de Informações (SNI). Importante função foi delegada ao Destacamento de Operações de Informação – Centro de Operações de Defesa Interna – o conhecido DOI-Codi –, onde se concentraram representantes de todas as forças policiais.



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Assim, a tradicional lógica da desconfiança estava agora armada por uma logísticamilitar, oferecendo estratégias adequadas aos agentes da repressão interessados em aniquilar os grupos revolucionários.Preocupadas em comprovar o crime político, as autoridades procuravam manter a população sob constante vigilância.Agentes produziam informações que eram direcionadas ao SNI e órgãos de inteligência militares (Ciex, Cisa e Cenimar). Órgãos de repressão subordinados ao staff do regime foram instalados por todo o país sob a coordenação de um militar assessorado por uma elite de informantes. Agentes invisíveis emergiram por todos os poros da sociedade, que passou a viver em constante estado de alerta. Associações identificadas com as ideologias conservadoras – como a Tradição, Família e Propriedade (TFP), o Comando Geral Democrático e o Comando de Caça aos Comunistas – passaram a cooperar com o regime na luta contra o inimigo-maior: os comunistas. Outras informações eram obtidas sob tortura ou através de delações anônimas. A morte clandestina, extorções generalizadas e a arbitrariedade tomaram conta dos porões do DOI-Codi após 1964.

Dentre os profissionais mais visados como “subversivos da ordem” estavam os jornalistas, escritores, artistas, músicos, estudantes, livreiros, gráficos e editores. Com base na Lei de Segurança Nacional, cabia às autoridades policiais desvelar os segredos daqueles que, como arquitetos de um complô verdadeiro ou imaginário, viessem a minar a ordem estabelecida. Para isso, confiscou-se grande número de fotografias, correspondência particular, catálogos, periódicos, livros e objetos pessoais, todos devidamente anexados aos autos de investigação.

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Sucederam-se prisões ilegais de suspeitos, perseguições aos familiares, censura postal, invasões de domicílios, confiscos de objetos e documentos pessoais, deportações de estrangeiros, tortura e morte nos cárceres.Toda e qualquer arbitrariedade era justificada pela lógica da desconfiança. Os militares assumiram o papel de condutores da nação, afastando os civis das esferas de decisões políticas e transformando-os em meros coadjuvantes. A dor e o terror tornaram-se estratégias de controle das multidões.

Mas o desmoronar da República brasileira já tinha um precedente. Nos anos 1930 e 1940 ela foi minada em seus propósitos e traída em seus ideais por profissionais do poder. Sob a batuta de Getulio Vargas, os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade – herdados da República francesa – foram substituídos pela disciplina do corpo e do espírito, pelo culto à força e à raça eugênica.

Sob o slogan do “nascimento de uma nova nação” e com o auxílio das Forças Armadas, Vargas instaurou a ditadura colocando fim à nossa breve e turbulenta experiência democrática de 1934-1937, e assim traindo os ideais da Revolução de 1930.  O signo da “Ordem e progresso” continuou a ser reinvidicado pelo Estado, à custa da repressão policial, da domesticação da massa operária e do controle do pensamento. O golpe de novembro de 1937 representou o verdadeiro repúdio ao liberalismo político e econômico, consumado com o fechamento do Congresso Nacional, a extinção dos partidos políticos, das eleições e das garantias individuais.




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A Constituição de 1937, outorgada pelo próprio Vargas, conferiu plenos poderes ao presidente da República. Assim consagrou-se o ditador. A nova carta constitucional se fez baseada na centralização política, no intervencionismo estatal e contrariando o modelo liberal clássico de organização da sociedade. As liberdades civis foram suspensas, o Parlamento dissolvido, os partidos políticos extintos, nos moldes das experiências europeias recentes. De uma forma geral pairava no ar a ideia de que a “velha democracia liberal” estava em extinção. Apesar de Vargas negar qualquer similaridade com os regimes nazifascistas, a realidade política sustentada pelo Estado Novo afinava-se com os rumos trilhados na Alemanha e na Itália, cujos modelos ideológicos serviam de paradigmas para os intelectuais e dirigentes políticos integrados ao projeto étnico-político que marcou a Era Vargas.

O nacionalismo alemão transformou-se em fonte de inspiração para a construção de um Estado nacional, uniforme e padronizado cultural e politicamente. Esta uniformização implicava na exclusão de grupos estrangeiros estranhos ao projeto de nacionalização e que, de alguma forma, contestassem o regime imposto. Tal política recaiu contra as áreas de colonização europeia, com base nos decretos nacionalistas de 1938, contrariando o ideal de uma sociedade pluralista que abrigasse etnias diversidade. Em relação à imigração, o governo Vargas definiu-se pelo elogio ao homem branco, não semita ou não judeu. O povo foi seduzido por um discurso nacionalista e por mensagens legitimadoras da intolerância. À educação coube a tarefa de reforçá-las a longo prazo.

Após 1937, os sonhos republicanos caíram por terra, fragilizados pelos atos autoritários que obstruíram os caminhos que poderiam levar à soberania popular. O Estado procurou, de todas as formas, identificar e eliminar os signos de “erosão da identidade cultural brasileira”, ou seja, qualquer manifestação de identidade estrangeira ou subversiva.

O “estado de agonia” da República foi resultado da valorização de um Estado forte, intolerante e tutor da sociedade civil. Que defendeu, através de atos e programas legais, a homogeneidade racial e combateu o comunismo – tratado como ideologia “exótica” e assassina.

Já vivemos tempos sombrios, e não queremos que ressurjam. Cabe ao historiador, consciente dos silêncios propositais, desconstruir as versões divulgadas por qualquer Estado autoritário. Como num quebra-cabeça, nem todas as peças se encaixam. Registros comprometedores são escondidos e eliminados. Interessa ao autoritarismo que a história continue mal escrita.

Maria Luiza Tucci Carneiroé coordenadora do Laboratório de Estudos sobre Etnicidade, Racismo e Discriminação do Departmento de História da USP e autora de Cidadão do Mundo: O Brasil diante do Holocausto e dos Judeus Refugiados do Nazifascismo, 1933-1948(Perspectiva, 2011)

Fonte: Tok de História.

No Brasil, a xilogravura se disseminou como técnica de expressão à medida que foi associada à literatura de cordel

Beliza Áurea de Arruda Mello

No princípio era a voz que se fez letra e, depois, xilogravura. Esta é a gênese do cordel no Brasil. A voz da poesia cantada que depois vira letra impressa no folheto e, por último, é acompanhada da xilogravura como ilustração. A história da xilografia, aqui, se mistura com a do cordel. Não há como desvincular uma da outra.
O folheto de cordel nasceu como forma de imprimir os versos entoados pelos cantadores-poetas do povo que interpretam os desafios. O primeiro folheto de que se tem notícia apareceu em Recife, em 1865, impresso na Tipografia de F. C. Lemos e Silva, com o título imenso de Testamento que faz um macaco especificando suas gentilezas, gaitices, sagacidade, etc. Mas foi a partir da abolição da escravidão do Brasil, em 1888, que houve o fortalecimento dessa nova forma de expressão.

Os ex-escravos podiam agora ser integrados ao mercado de trabalho formal e assalariado. Entre as novas profissões, proliferava a de vaqueiros, encarregados de transportar o gado pelos sertões do Nordeste. Muitos desses vaqueiros eram poetas do povo que entoavamaboios, canto típico do trabalho para tanger o boi; ou desafios, uma disputa poética cantada de improviso; ou ainda pelejas, outra espécie de luta poética de improviso em horas de trabalho, de folga e de festa. Os poetas, nascidos em zona rural, estavam “livres” e tinham certa autonomia para deslocamentos físicos.

Um dos primeiros e mais conhecidos poetas populares do Nordeste foi Leandro Gomes de Barros, nascido em 1865, na cidade de Pombal, no sertão da Paraíba. Em seus folhetos é possível encontrar narrativas sobre bois muito recorrentes nos sertões nordestinos, comoO Rabicho da Geralda. A história é tão comum que o escritor José de Alencar chegou a classificá-la de “poemeto sertanejo”.São dele célebres folhetos de cordel, como O cavalo que defecava dinheiro, que inspirou o Auto da Compadecida, do escritor Ariano Suassuna, e a Batalha de Oliveiros com Ferrabrás, um clássico baseado no tema do rei Carlos Magno e sua luta com o diabo. Pela qualidade dos seus cordéis, ele foi chamado por Carlos Drummond de Andrade de o “príncipe dos poetas”.
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Outros pioneiros – todos paraibanos – são: Silvino Piruá de Lima, nascido em 1848, que escreveu A História de Zezinho Mariquinha; Francisco das Chagas Batista, nascido em 1882, que em 1902 publicou Saudades do sertão; e João Martins de Athayde, nascido em 1880, autor de O preto e o branco apurando qualidade, de 1908, e responsável por introduzir ilustrações nas capas dos folhetos de cordel no Brasil. Tanta ebulição cultural na Paraíba produziu, em 1913, a Popular Editora, uma casa de cordéis criada pelo poeta Francisco das Chagas Batista – tão importante para a expressão cultural do Brasil que Mário de Andrade chegou a dizer que merecia ser “célebre no país inteiro, se nós fossemos verdadeiros patriotas”.
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Mas além das ilustrações trazidas por João Martins de Athayde, os poetas queriam mais inovações – e é aqui que o casamento entre cordel e gravura é celebrado. Começaram a usar esta antiga técnica de impressão principalmente por ser barata e simples: desenha-se uma imagem em madeira macia, como a cajazeira e a imburana, árvores nativas da caatinga nordestina, ou até mesmo em borracha de pneus usados; depois se escavam as partes destinadas a ficarem brancas; joga-se a tinta, que fica depositada nas partes mais salientes da matriz e, ao comprimir a madeira no papel, aparece a imagem, num processo semelhante ao do carimbo. É o mesmo processo usado na Idade Média europeia. Trata-se de uma técnica ancestral que provavelmente se originou na China, no século II a.C. No extremo Oriente, ela era utilizada para a impressão em tecidos, além do papel. Na Europa, foi amplamente empregada para ilustrações e impressão de cartas de baralho, imagens de santos, guerreiros, reis e rainhas, e cenas de calendários.
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A xilogravura ajudava a fazer a “propaganda” dos fatos que interessavam à população. Era tão popular nos século XIV, XV e XVI que passou a ilustrar os romances de cavalaria, e até os autos de Gil Vicente – peças teatrais curtas sobre temas religiosos e cômicos, que também influenciaram Ariano Suassuna noseu Auto da Compadecida.

No Brasil, a xilogravura passou a ser produzida em 1808 pela imprensa, que fazia pequenos anúncios de publicidade em jornais, revistas, e também em ilustração de livros.A técnica propagou-se rapidamente no Nordeste. Quase um século depois, em 1907, apareceu o primeirocordel ilustrado com uma xilogravura: A história de Antônio Silvino,escrito por Francisco das Chagas Batista.
O desenho da capa é baseado no retrato de Antônio Silvino, cognome de Manoel Batista de Morais, nascido em 1875, na cidade de Afogados da Ingazeira, sertão do Pernambuco. Sua história é típica de cangaceiros. Seu pai, em virtude de brigas políticas com o governador de Pernambuco, decidiu formar um bando de homens que espalhava terror pelos sertões do Nordeste.Quando um dos elementos do bando foi preso, Manoel Batista assumiu o comando do cangaço e mudou o seu primeiro nome para Antônio e o segundo para Silvino, em homenagem ao tio, ex-chefe do bando, por quem nutria admiração. Passou a ser conhecido pelo nome de guerra, Antônio Silvino, e pelo apelido de “Rifle de Ouro”. Antes de Lampião, foi o cangaceiro mais famoso e temido do sertão nordestino.

Se a Paraíba é o estado dos pioneiros do cordel, o Ceará é um celeiro de bons xilógrafos, alavancados por José Bernardo da Silva, o maior editor de literatura de cordel durante os anos de 1940 a 1960. José Bernardo chegou a Juazeiro do Norte, no Ceará, na década de 1920, e logo iniciou suas atividades como folheteiro – como eram conhecidos os vendedores de cordel. Em 1932, comprou sua primeira máquina (uma rudimentar impressora de pedal) e fundou a Tipografia Lira Nordestina. Sua atividade editorial alcançaria o apogeu em 1950 por causa da ilustração em xilogravura de muitos folhetos do cordel: Alonso e MarinaJuvenal e o dragãoJoão Grilo e Donzela Teodora, entre muitos outros. Logo, a xilo passou a ser o grande atrativo dos cordéis. Graças ao incentivo de José Bernardo, outros grandes xilógrafos, como Mestre Noza, Antônio Relojoeiro e Expedito Sebastião da Silva, ficaram conhecidos. A tradição da gravura no Ceará se mantém até os nossos dias, com Abrão Batista, ilustrador dos seus próprios cordéis, e com o poeta e xilógrafo José Louzeiro.
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Também representante da nova geração de poetas de cordel e da xilogravura popular, o pernambucano Marcelo Soares alia o desenho da tradição ao design da modernidade. Bebeu nas fontes populares por influência de seu pai, José Soares (1914-1981), um renomado cordelista conhecido como “O poeta repórter”. Marcelo aprendeu a técnica da xilogravura fazendo capas para folhetos e participou de novas experiências com esta técnica no Rio de Janeiro, onde fez curso de xilogravura na Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Expandiu suas atividades, criando capas e ilustrações para livros, discos, cartazes para cinema, shows, teatro e outros eventos.

A xilogravura, como imagem ilustrativa de folhetos de cordel, tem traços firmes e identitários da cultura nordestina, e é facilmente vinculada com o público popular. O trabalho em capas de folhetos de cordel mapeia a história da xilografia popular no Brasil. Vai além do universo dos poetas populares e se expande, com seus temas, para os gravuristas urbanos. O percurso da xilogravura no nordeste do Brasil é longo e rico. Sua relação com o folheto de cordel, além de informativa sobre histórias contadas, é a de capturar o olhar do leitor a partir da imagem da capa. Além de contar a história, contribui para gravá-la, mais facilmente, na memória.

Beliza Áurea de Arruda Melloé professora da Universidade Federal da Paraíba e autora de “Poética de um poeta popular: travessia da memória” (Sapienza, Recife, n. 1, 2009).
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Os folhetos de cordel são uns pequenos livrinhos em folhas de papel jornal. Podem ter dois tamanhos, dependendo da extensão da narrativa contada. Quando ela é curta, o folheto mede 11 x 36 cm e contém oito páginas; quando a narrativa é mais extensa, ele mede 13 x 18 cm e pode ter até 64 páginas.
Os temas são variados: seca, histórias de encantamentos, cangaço, gracejos, carestia, política, narrativas engraçadas para o povo rir, sátira. As narrativas mais extensas contam histórias de guerra e aventuras de amor, em poesia cantada e impressa. São os chamados romances. Originam-se do Romanceiro, um gênero poético oral de origem medieval, datado de 1421, que sempre narrava sobre algo que havia acontecido numa época concreta.
A memória desses romances vive nos cantos das brincadeiras de roda e nos folhetos de cordel que, quando começaram a circular no Brasil, não tinham nenhuma ilustração em suas capas. Na parte superior havia o título em grande destaque, com letra maior e com adornos; desenho centralizado, contornado com uma frisa tipográfica, uma espécie de pequeno traço colocado em torno do título para dar-lhe maior destaque; na parte inferior há indicação do local, data e nome da tipografia.

SAIBA MAIS
CARVALHO. Gilmar de. Desenho gráfico popular. Catálogo das matrizes xilográficas de Juazeiro. São Paulo: IEB/ USP, 1998.
SANTOS, Idelette Muzart Fonseca dos. “A imagem do folheto”. In: ___. Memórias das vozes: cantoria, romances & cordel. Salvador: Secretaria da Cultura e Turismo. Fundação do Estado da Bahia, 2006. p. 84-92.
SOUZA, Liêdo Maranhão de. O folheto de cordel, sua capa e seus ilustradores. Recife: Massangana, 1981.
Internet
Fundação Casa de Rui Barbosa – Literatura de cordel
http://www.casaruibarbosa.gov.br/interna.php?ID_S=99
Centro Nacional do Folclore – Xiloteca
http://www.cnfcp.gov.br/interna.php?ID_Secao=64

Fonte: Tok de História, de Jostand Medeiros

 

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Se tivesse que escolher
dos verbos o mais profundo
escolheria o SER, embora,
o TER valha o mundo.

Edith Barbosa

terça-feira, 2 de setembro de 2014

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

RELEMBRANDO CELSO DA SILVEIRA


Por Fernando Caldas

Celso da Silveira (1929-2004) era poeta, contista, jornalista, escritor consagrado. A sua memória precisa ser mais reverenciada, homenageada principalmente por nós assuenses. Celso, como tantos outros das letras potiguares não pode ficar "para depois, para mais tarde." Celso divulgou o Assu (sua terra natal) através das letras. Na aterra assuense onde foi vereador na década de cinquenta, fundou o jornal Advertência, juntamente com João Marcolino de Vasconcelos, além do primeiro Museu de Arte Popular no Brasil. Deu a sua colaboração literária em diversos jornais do Assu, bem como é autor de uma obra literária grandiosa que dignifica o Assu e engrandece o Rio Grande do Norte.

Autor de dezenas de livros publicados, em 1952 publicou o seu primeiro livro de versos sob o titulo "26 Poemas de Um Menino Grande", que teve a aprovação do grande poeta potiguar João Lins Caldas, e tornou-se popular no jornalismo. Ganhou prêmio como ator no II Festival Nortista de Teatro Amador, realizado em 1956, no Recife, além de ser cursado como intérprete pela Fundação Brasileira de Teatro. Na cidade de Natal onde morava desde os anos cinquenta, realizou "o primeiro espetáculo a céu aberto de Natal, o auto natalino O Caminho da Cruz além da peça Hoje tem Poesia, ambos de Newton Navarro."

Ainda na cidade de Assu (como não podia ser diferente para um jovem boêmio) fundou O Clube do Copo, que tinha como objetivo realizar serestas, tertúlias dançantes para movimentar a cidade. Afinal, ele imortalizou-se como "O Bocageano Potiguar", pelos versos ("ele conhecia o caminho da poesia fescenina") que produzira ao longo de sua existência prazenteira e feliz. 

Faleceu em Natal onde está sepultado. O seu sepultamento naquela capital potiguar ocorreu como teria pedido aos seus familiares e amigos: "sem choro nem vela, sem discurso nem flores."

E os versos daquele poeta humorista, extraído do seu livro intitulado "Peido, o traque - o valor que o peido tem", editado em 2002 pelo Sebo Vermelho, é gracioso. Vamos conferir:

O peido de um general
não pode ser comparado com
O peido de um soldado
Que em tudo é desigual
Tem gente que peida mal,
Há outros que peidam bem
Eu não conheço ninguém
Que ainda não tenha peidado
Mas o povo não tem dado
o valor que o peido tem.



"Perdi-me no labirinto que há em ti, à procura de ti no labirinto que és tu!
Perdi-me em ti por não te encontrar. E no fim, vivo à procura de mim, para
me reencontrar em ti que és o meu lugar."
________ João Morgado

De: Ponte de Sonhos

Da solidão por Redação Tribuna do Norte  3 de abril de 2024     Vicente Serejo serejo@terra.com.br O ser humano, desde a caverna, tem medo d...