quarta-feira, 12 de outubro de 2016

JUDEUS EM NATAL – A SAGA DOS PALATNIK

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Um Grupo de Judeus Que Começou Sua Vitoriosa Trajetória Empresarial Trabalhando Junto aos Mais Pobres de Natal 

Autor – Rostand Medeiros

A foto e o texto acima mostram o lugar onde os destinos administrativos de Natal, capital do Rio Grande do Norte, são traçados e executados desde 1922. Oficialmente conhecido como Palácio Felipe Camarão é um marco na cidade, mas o que importa mesmo nessa nota de jornal é um pequeno detalhe no final do texto. Ali ficamos sabendo que os móveis construídos na época da inauguração desta marcante edificação, que não sei se ainda estão por lá, foram executados pela firma “Tobias Palatnik & Irmãos”.

Os proprietários desta empresa, com um sobrenome tão diferenciado dos tradicionais nomes familiares de origem portuguesa existentes em Natal, eram os membros de uma família de judeus ucranianos, que em poucos anos foram considerados os membros mais proeminentes da comunidade judaica em Natal.
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3 de janeiro de 1947
Nada mal para estes imigrantes que haviam chegado apenas dez anos antes ao Brasil e tinham começado suas atividades na capital potiguar vendendo seus produtos diretamente nas casas dos moradores da pequena urbe. Trabalharam sem diferenciar classe nem cor, atendendo inclusive os mais humildes.

Em Busca de Novos Espaços

Segundo a historiadora Luciana Souza de Oliveira, através de sua monografia de mestrado em História “A fala dos passos: imigração e construção de espaços judaicos na cidade do Natal (1919-1968)”, a história dos judeus na capital potiguar começa a ser contada no ano de 1911, com a chegada ao Brasil de Tobias Palatnik e seus irmãos Adolfo, Jacob e José (este último com apenas 16 anos) e um tio Beinish (Brás) Palatnik. Eles deixaram para trás a fria região da Podólia, no sudoeste da Ucrânia e seguiram esperançosos para recomeçar a vida no grande país tropical.
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Judeus expulsos dos seus lares na Europa Oriental – Fonte – https://en.wikipedia.org
Para a historiadora este processo migratório dos judeus vai muito além de uma mera necessidade econômica. A questão judaica na Europa durante o século XIX até a primeira metade do século XX foi marcada por pressão e opressão, onde o espírito antissemita se manifestou nas esferas política, econômica e social, atingindo grande parte da população que hostilizava e culpava os judeus por toda sorte de mazelas. Deixar a Europa no final do século XIX e nas primeiras décadas do século XX representava para eles antes de tudo uma questão de sobrevivência.

Em calientes terras tupiniquins o Rio de Janeiro foi a primeira parada de Tobias Palatnik e seus parentes. Mas foi por um período curto e logo aqueles judeus seguiram para Salvador. Mas também a capital baiana não foi o melhor dos destinos e eles partiram para o norte, em direção à cidade do Recife, onde os Palatnik começaram a fazer sua clientela, em grande parte composta por operários.
Luciana Souza de Oliveira aponta que na cidade conhecida como “Veneza Brasileira” eles aprenderam que, além do comércio realizado de porta a porta, mesmo falando o português ainda de forma rudimentar, eles podiam comprar no atacado e com exclusividade. Neste período a cambraia bordada foi seu principal produto.

Recife certamente ajudou os irmãos Palatnik a assegurar alguns lucros, mas a concorrência comercial na cidade era um problema complicado, que contava naquele período com 80 judeus atuando como prestamistas. Segundo a autora estes judeus que já atuavam em Recife eram em sua maioria rapazes solteiros, provenientes da Bessarábia (região histórica da Europa Oriental, cujo território se encontra principalmente na atual Moldávia), Polônia e a Ucrânia, que batalhavam duro para poder concretizar um objetivo comum – o desejo de conseguir meios para poder se estabelecer na Palestina com os demais familiares que deixaram na Europa Oriental. 
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Tobias Palatnik – Fonte –
Foi então que Tobias Palatnik, o mais velho dos quatros irmãos, resolveu transferir-se para Natal objetivando fugir daquela concorrência.

Vencendo Onde os Outros nem Percebiam que Existiam Consumidores
Para a autora do texto a escolha de pegar o trem e seguir em direção a Natal foi a melhor decisão que Tobias tomou quando chegou ao Brasil. Nessa época Natal ainda era uma pequena capital com população inferior a 25.000 habitantes, com apenas 27 famílias formada por estrangeiros, três linhas de bondes elétricos, uma catedral, um cinema mudo e que estava começando a passar por intensas transformações. A cidade estava aos poucos desabrochando e vivenciando o início da modernidade tão desejada pela elite local.
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Navios no Rio Potengi, em Natal
Mas se por um lado a elite natalense se deleitava com os avanços e belezas da “Belle Époque”, uma grande parcela da sua população – os mais pobres – eram tratados de maneira verdadeiramente invisível.

Aqueles ucranianos, que sabiam bem o que significavam as violentas exclusões dos pogroms contra judeus na Europa Oriental, certamente perceberam que também havia exclusão em Natal. Mas esta era extremamente sutil, realizada de maneira covarde, praticada sem violência física contra uma massa morena, mas carregada de extrema hipocrisia. A exclusão em Natal diferenciava os seres humanos principalmente pela cor e condição socioeconômica.

Acredito que Tobias Palatnik percebeu de maneira muito correta que aquelas pessoas excluídas, mesmo com uma condição financeira mais limitada, apontavam para a possibilidade de um mercado consumidor extremamente promissor em Natal. Já a maioria dos seus concorrentes, membros de uma elite branca e racista, que praticavam intensos atos de exclusões sociais contra aquelas pessoas consideradas ralé, jamais iriam ate eles, bater nas portas dos seus “mocambos” para vender alguma coisa.
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Os conhecidos Mocambos, as moradias dos mais pobres de Natal
Tobias Palatnik se deparou com um espaço que estava pronto para ser explorado. Percebeu que a venda a prestação tinha futuro na cidade e que a oportunidade comercial era bem melhor que em Recife. Logo avisou aos seus irmãos e estes seguiram para o novo destino e começaram um novo investimento.

Percebi lendo o texto da historiadora Luciana Souza de Oliveira e os jornais de época, que para os Palatnik a diferenciação dos natalenses abonados com os “negos”, como os mais ricos da cidade pejorativamente chamavam os mais pobres (que nem precisavam ser claramente afrodescendentes para assim serem classificados), era algo que nada lhes importava.

O que importava mesmo era negociar, chegar até o cliente, atender o desejo das pessoas, independente de onde eles moravam, ou da cor da sua pele…
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As Rocas, área de atuação dos Palatnik em Natal
Logo na primeira investida Tobias Palatnik pôde observar que só nas Rocas, a região dos pescadores, onde viviam os mais pobres da cidade, ele poderia conquistar facilmente mais de 200 clientes. Outra coisa que certamente o judeu percebeu foi que aquelas pessoas, não obstante suas limitadas condições financeiras, possuíam um acentuado sentido de honra em relação a quitação de suas dívidas financeiras, onde poucos se davam ao papel de caloteiros.
Era tudo que um prestamista desejava!

Assim os produtos foram sendo oferecidos de porta em porta e logo se estabeleceram fortes laços econômicos. Mensalmente os irmãos passavam nas casas dos clientes, oferecendo novas mercadorias e estes pagavam as parcelas dos produtos que haviam sido anteriormente vendidos. Esse tipo de procedimento tornava a relação entre comerciante e cliente mais estreita, fazendo com que os anseios de consumo da sociedade local, mesmo dos mais humildes, fossem supridos de maneira pessoal. Segundo Luciana Souza de Oliveira os irmãos Palatnik foram os primeiros que trouxeram para a cidade essa nova maneira de comercializar.
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Natal no início do século XX
Com arrojo e garra, aliado ao desejo de trabalhar e de prosperar em Natal, Tobias e seus irmãos alcançaram seus objetivos iniciais em menos de seis meses, quando conseguiram conquistar cerca de mil clientes.

Boa Relação Com os Natalenses, Mas Mantendo as Tradições

A prosperidade econômica veio logo, rápida mesmo.

A historiadora Luciana Souza de Oliveira aponta que 1915 os Palatnik puderam adquirir uma fazenda com uma usina de açúcar, álcool e aguardente. Mas o forte daqueles judeus era o comércio e foi com ele que a família Palatnik escreveu uma história de prosperidade na cidade.
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Familia Palatnik – Em pé, a partir da esquerda: Adolfo Palatnik, Jacob Palatnik, Brás Palatnik, Tobias Palatnik, José Palatnik, Tobias Prinzak, Moisés Kaller e Horácio Palatnik. Sentadas: Cipora Palatnik, Dora Palatnik (com Chimonit Palatnik no colo), Rivca Palatnik, Olga Palatnik (com Ester Palatnik no colo), Sônia Palatnik, Dora Kaller e Augusta Palatnik.
Com a estruturação e o crescimento econômico daqueles judeus em Natal, esses jovens tiveram a oportunidade de ir à Palestina algumas vezes visitar seus parentes. Foi nessas poucas visitas que os jovens Palatnik constituíram suas famílias com as moças que residiam na chamada “Terra Santa”.
Mesmo construindo as suas vidas em Natal, mesmo aqui sendo a cidade que esses judeus escolheram para desenvolverem suas famílias, a cidade não poderia lhes oferecer alguns elementos responsáveis pela continuidade de sua identidade.
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O escritor Luís da Câmara Cascudo participou da festa do Yom Kippur junto aos judeus de Natal e descreveu a visita em um interessante artigo – Fonte – Jornal ” A República” 12/11/1933
Faltavam-lhes garotas que professasse a mesma fé e que tivesse os mesmos conceitos e valores para manter uma identidade judaica em seus lares. Vale ressaltar que aqueles jovens judeus conseguiram se relacionar muito bem com as pessoas em Natal, mesmo criando essa delimitação de não envolvimento de caráter íntimo e pessoal com aqueles que eram diferentes a sua cultura.

Ocorreram então várias uniões a partir de 1920. Com esses casamentos, muitos outros familiares, entre eles primos, irmãos, pais, tios e outros membros, decidiram deixar seus países e foram atraídos para a capital potiguar.
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Jose e Sonia Palatnik
Essas ramificações e parentescos foram os elementos principais para que a família Palatnik se destacasse, tornando-se os membros proeminentes para o estabelecimento de uma comunidade judaica na cidade, pois o número de pessoas que gravitavam em torno deles crescia com o passar dos anos.

Preocupações Com Coisas da Vida e da Morte

Segundo informa o site judaismohumanista.ning.com, em 1925 foi fundado na capital potiguar o Centro Israelita, que funcionava também como uma sinagoga.

Ainda na década de 1920 os judeus natalenses foram os primeiros a construir um jardim de infância, que até aquele período não havia sido estabelecido na cidade de Natal. Esta escola para crianças começou a funcionar, junto a um programa de educação judaica complementar e uma de suas professoras foi a Sra. Sara Branitzak, que teria vindo da Palestina e, segundo a historiadora Luciana Souza de Oliveira, chegou em 1927, mas ela passou pouco tempo neste trabalho.
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Jardim de Infância Palatnik – A partir da esquerda, em pé: Eliachiv Palatnik, Sofia Kaller, Ester Palatnik, David Fassberg, Ester Palatnik (filha de Elias) e Moisés Palatnik. Sentados: Aron Horovitz, Aminadav Palatnik, professora Sarah Branitzky, Sarita Volfzon, Raquel Horovitz, Nechama Kaller e Simon Masur. Na frente: (?), Nechama Palatnik, Achadam Masur e Genita Volfzon.
Muitas crianças judias que nasceram em Natal participavam não apenas da vida judaica, também se relacionavam com as outras crianças da cidade sem, no entanto, esquecer que mesmo sendo Potiguares, eram acima de tudo judeus, guardando e seguindo as tradições que eram ensinadas pelos seus pais. Uma destas crianças foi Uma das crianças judias nascidas em Natal, mais precisamente em 19 de fevereiro de 1928, foi Abrahan Palatnik.[1]

Ainda segundo o site judaismohumanista.ning.com, um censo oficial da cidade de Natal em 1940 registrou um total de 54.836 habitantes e 109 eram judeus.
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Túmulo de Rosinha Palatnik no Cemitério Público do Alecrim – Foto do autor.
Com o natural crescimento da comunidade local, que passou a contar com mais de trinta famílias de judeus, logo não eram apenas os aspectos ligados a vida terrena que preocupavam esta comunidade, as questões de morte também se tornou uma preocupação.

Em 10 de janeiro de 1931, através de contatos entre os líderes da comunidade e a Prefeitura de Natal, cujo prefeito a época era o Sr. Gentil Ferreira de Souza, foi doada uma quadra murada no Cemitério Público do Alecrim para que os membros da comunidade judaica fossem enterrados mediante seus rituais tradicionais. Igualmente foi fundada uma sociedade funerária chamada Chevra Kadisha.
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Rosinha Palatnik
Até hoje existe este espaço exclusivo no Cemitério do Alecrim e entre os vários judeus natalenses enterrados está a lápide de Rosinha Palatnik. Ela faleceu no dia 7 de agosto de 1936, com apenas 20 anos de idade, depois de uma permanência no hospital de um mês e quinze dias em razão de uma apendicite. Rosinha era carioca, nascida Rosinha Tendler, filha de Boris e Anna Tendler e era casada com Horácio Palatnik (ver jornal “A República”, edição de domingo, 9 de agosto de 1936).

Crescimento dos Negócios

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O trabalho dos Palatnik prosperou ao longo dos anos e foi se diversificando.
De prestamistas eles abriram uma fábrica e uma loja de móveis chamada Casa Sion, sendo localizada a rua Dr. Barata, número 6, no bairro da Ribeira, uma das principais artérias comerciais da cidade na época.
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Brás Palatnik
Já Brás Palatnik surge com uma casa comercial na década de 1920, que inclusive era batizada com o seu nome e ficava localizada igualmente na rua Dr. Barata, nos números 204 e 205 e ali parece que ele vendia de tudo um pouco. Anúncios no jornal “A República”, o principal da cidade, mostra uma propaganda onde se oferecia guarda-chuvas, cobertas para camas, calçados para homens, tolhas, tecidos de cambraia e muitas outras coisas. Tempos depois esta loja mudou para a rua Ulisses Caldas, na esquina com a rua Felipe Camarão, no Centro da cidade, muito próximo, ou mesmo vizinho, ao Centro Israelita.

Em 1931 os irmãos Tobias e Braz Palatnik estão com uma fábrica de mosaicos
na rua Extremoz e uma loja destes produtos na rua Dr. Barata, mas no número 190. Tinham também uma serraria na rua Ulisses Caldas e mantinham a Casa Sion para vender os móveis por eles fabricados.
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5 de fevereiro de 1937
Em 1936 o antigo e marcante cinema Polytheama, referência da sétima arte na história da cidade e localizado na Praça Augusto Severo, 252, se torna a Casa Palatnik. Como em outros comércios destes judeus a diversificação e a variedade de produtos é a tônica da casa comercial. Ali se vendia desde camas de ferro, passando por móveis de vime e junco e até mesmo pedras para túmulos.

Conforme os Palatnik vão prosperando, eles vão participando de atividades junto à sociedade natalense. José Palatnik, por exemplo, se torna conselheiro da Associação Comercial de Natal e do conselho fiscal do Banco Industrial Norte-rio-grandense S.A.
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25 de janeiro de 1939
Além da diversificação de negócios, pesquisando nos jornais antigos fica patente como os Palatnik investiram forte na aquisição de imóveis por toda a área de Natal. Nessa época era normal que os documentos emitidos pela prefeitura da cidade nas negociações ligadas a imóveis, com exceção de valores, fossem divulgados nos jornais locais. Neste aspecto, principalmente no início da década de 1940, os Palatnik estão sempre presentes com pagamentos de impostos referente a muitas aquisições e venda de imóveis. Provavelmente perceberam que, mesmo de forma lenta, a cidade se expandia e a compra de imóveis era outra nova oportunidade de negócios a ser trabalhada.

A Jerusalém do Brasil

O jornal Tribuna do Norte, na sua edição de 22 de novembro de 2013, informa que os irmãos Palatnik investiram na construção civil em Natal. Eles foram pioneiros na construção de conjuntos habitacionais: as primeiras casas da Ponta do Morcego (numa delas veraneava o governador Juvenal Lamartine) e a famosa Vila Palatnik, pegando a avenida Deodoro, rua Ulisses Caldas (em frente ao Colégio da Conceição) e rua coronel Cascudo.
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Região da Ponta do Morcego, em Natal
Durante a Segunda Guerra Mundial o Rio Grande do Norte sediou uma das maiores bases de aviação dos Aliados no hemisfério ocidental, a famosa Parnamirim Field. Este fato, ocorrido antes mesmo da declaração formal de guerra do Brasil contra os países do Eixo, proporcionou a chegada de muitos militares estadunidenses a Natal. Logo alguns soldados judeus servindo as forças armadas dos Estados Unidos começaram a participar e animar a vida comunitária dos judeus em Natal.

Em agosto de 1942 era o próprio Brasil que entrava na Segunda Guerra Mundial. Em Natal e a população foi chamada para participar do esforço de guerra, com ações da defesa passiva. A tradicional comunidade sírio-libanesa de Natal, tendo a frente Neif Habib Chalita e Kalil Abi Faraj, participou deste processo junto com outras colônias de estrangeiros que viviam na cidade, entre estas os judeus. Nestas atividades eles eram liderados por José Palatnik e Leon Volfzon. Não sabemos em que grau ocorreu a participação destas comunidades no processo de defesa passiva de Natal, nem como foi a interação de sírio-libaneses e judeus neste objetivo, mas tudo leva a crer que transcorreu sem maiores alterações em razão da inexistência de notícias apontando problemas.
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Participação da tradicional comunidade sírio-libanesa de Natal no processo de defesa passiva da cidade durante a Segunda Guerra Mundial, juntamente com a comunidade judaica.
Com a chegada dos estadunidenses houve um aporte financeiro muito intenso na capital potiguar. Consequentemente a cidade se encheu de forasteiros em busca dos preciosos dólares e este aumento populacional trouxe consequências para Natal. Entre estes figuram o aumento da carestia e a falta de moradias e esse ultimo fato motivou os Palatnik a abrir um novo negócio – Uma loja de material de construção para abastecer um mercado que construía novas casa.

Mas a pequena e calma cidade, que crescia a olhos vistos, já não atraia os judeus como no passado.
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Vila Palatnik
Após a Segunda Guerra Mundial tem início a migração dos judeus natalenses para outros centros urbanos como Rio de Janeiro e Recife, mas alguns seguiram para o recém-criado Estado de Israel. Assim, com o número de judeus extremamente reduzidos em Natal, as atividades do Centro Israelita foram encerradas em novembro de 1968.

Segundo a historiadora Luciana Souza de Oliveira a história da presença dos judeus em Natal foi algo expressivo. Eles foram os responsáveis por construir na capital Potiguar uma das comunidades judaicas mais atuantes do Brasil, que chegou a ser conhecida na Palestina como a Jerusalém do Brasil.
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Irmãos Palatnik
As famílias judias que se estabeleceram na cidade mudariam não apenas a história dos judeus em Natal, mas o próprio espaço urbano e cultural. Foi na capital potiguar que eles tiveram a oportunidade de (re)construir as suas vidas oferecendo a cidade o que eles tinham de melhor: o trabalho e suas mercadorias. Em contrapartida a cidade os recebeu consumindo os seus produtos importados e dando a eles uma condição de vida digna na qual puderam oferecer a suas famílias o suprimento de suas necessidades.

A imigração deste grupo de judeus para Natal representou mais que um simples evento, foi a importante inserção de um povo, de uma cultura, uma religião, uma economia, organização espacial e social, bem como a (re)construção do “seu lugar” na capital Potiguar.

VEJA MAIS POSTAGENS SOBRE TEMAS LIGADOS A JUDEUS NO TOK DE HISTÓRIA 

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 https://tokdehistoria.com.br/2015/05/08/diaspora-descubra-como-os-judeus-se-espalharam-pelo-mundo/
https://tokdehistoria.com.br/2014/03/23/sobrenomes-de-judeus-expulsos-da-espanha-em-1492-veja-se-o-seu-esta-na-lista/ 
https://tokdehistoria.com.br/2012/04/18/a-expulsao-dos-judeus-de-portugal/
 https://tokdehistoria.com.br/2015/06/08/the-first-synagogue-in-the-americas-itamaraca-1634/


REFERÊNCIAS

CASCUDO, Luís da Câmara. Yom Kippur em Natal. Jornal A República, Natal, n. 881, p.7, 12 nov. 1933.
OKSMAN. Sérgio (dir.). Irmãos de Navio: Histórias da Imigração Judaica no Brasil. São Paulo: Documenta Filmes, 1996. DVD (60 min), son., color.
ROZENCHAN, Nacy. Os judeus de Natal: Uma comunidade segundo o registro de seu fundador. Revista Herança Judaica, n. 106, abr. 2000. São Paulo: B´nai B´rith 2000.
SCHEINDLIN, R. História ilustrada do povo judeu. Rio de Janeiro: Ediouro, 2003.
WOLFF, Egon; WOLFF, Frieda. Natal, uma comunidade singular. Rio de Janeiro: Cemitério Comunal Israelita, 1984.

NOTA

[1] Abrahan Palatnik é filho de Tobias e Olga Palatnik e com apenas quatro anos de idade imigrou de natal para a região onde, atualmente, se localiza o Estado de Israel. Entre 1942 e 1945, frequenta a Escola Técnica Montefiori, em Tel Aviv, e se especializa em motores a explosão. Só retorna ao Brasil, para o Rio de Janeiro, em 1948. Por volta de 1949, inicia estudos no campo da luz e do movimento, que resultam no Aparelho Cinecromático, exposto em 1951 na 1ª Bienal Internacional de São Paulo, onde recebe menção honrosa do júri internacional. Desenvolve a partir de 1964 os Objetos Cinéticos, um desdobramento dos cinecromáticos, mostrando o mecanismo interno de funcionamento e suprimindo a projeção de luz. O rigor matemático é uma constante em sua obra, atuando como importante recurso de ordenação do espaço. É considerado internacionalmente um dos pioneiros da arte cinética. Abraham Palatnik é consagrado pioneiro, o primeiro que explorou as conquistas tecnológicas na criação de vanguarda brasileira, tornando as máquinas aptas a gerarem obras de arte. Ver – https://www.escritoriodearte.com/artista/abraham-palatnik/
O Centro Regional de Escoteiros do Assu foi fundado pelo Prof. Antônio Juvenal Guerra, em 1934. Já na Administração João Marcolino de Vasconcelos, organizou-se a JAZZ FLOR DE LIZ com modernos instrumentos, tendo o maestro Cristóvão como instrutor, por volta de 1950.

In, Assu/Gente/Natureza/História, 1995, de Celso da Silveira,

                     Pelo Dia da Criança. Fernando Caldas (editor deste blog) com 2 aninhos de idade, Assu, 1957.

ASSU ANTIGO

Jeep de propriedade de Eloi Fonseca. Praça Getúlio Vargas. Observe que ao lado da árvore e por trás existia (na praça) um viveiro onde se criava diversas espécies de pássaros. A foto é do ano de 1966, penso eu!
 


"VELHOS TEMPOS... BELOS DIAS"


Não há teto para saúde e educação e oposição deveria ler texto da PEC, diz Temer

DE: Estadão

De São Paulo e Porto Alegre



O presidente Michel Temer voltou a defender a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) 241, que institui um limite ao crescimento dos gastos públicos e passou por seu primeiro teste na noite desta quinta-feira, 6, ao ter seu texto base aprovado por 23 votos a favor e 7 contra na Comissão Especial da Câmara que analisou a matéria.

Em entrevista à Rádio Gaúcha, na manhã desta sexta-feira (7), Temer disse que a oposição deveria ler o texto da PEC antes de criticá-la.
"O teto (dos gastos) é de natureza global. O que será estabelecido é um teto geral. Não significa que existe um teto para saúde, para educação, para cultura. Saúde e educação continuarão sendo prestigiadas", falou. O presidente acrescentou que o orçamento para 2017, que já foi elaborado levando em conta a aprovação do teto, prevê um aumento da destinação de recursos tanto para saúde como para educação, com relação a 2016.

Temer disse que a oposição deveria perceber que a medida não é uma questão de governo, mas sim uma questão de Estado. "Precisamos recuperar o Estado agora para que em 2018 quem estiver aqui (na Presidência) possa receber um Brasil mais tranquilo, inclusive do ponto de vista fiscal", afirmou. Segundo ele, a PEC do Teto vai gerar investimentos e, consequentemente, empregos.

Desoneração

Falando ainda sobre o ajuste fiscal, Temer afirmou que o governo não fará nenhuma desoneração beneficiando determinados setores da economia. Ele aproveitou para reiterar que, neste momento, não trabalha com a possibilidade de elevar tributos. "Nesses últimos quatro meses não se falou mais de CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira), como se falou por um bom período. Não vamos pensar em tributos", disse.

O presidente afirmou ainda que o governo "está prestigiando" o Bolsa Família, apesar de ser um programa da gestão anterior. "Não temos nenhum preconceito com isso, o que é bom deve continuar, mas revalorizado. Estamos revalorizando o Bolsa Família", comentou. "Estamos governando para o País, para os mais pobres e para toda a sociedade."

Popularidade

Assim como já havia declarado na quinta-feira (6), Temer disse que "não está preocupado com popularidade". Na entrevista à Rádio Gaúcha, ele comentou a pesquisa CNI/Ibope que mostrou rejeição de 39% de seu governo.

"Recebo com a maior tranquilidade. Qualquer pesquisa agora não é reveladora da totalidade do governo", disse, lembrando que ele ficou quatro meses como interino, o que gerou limitações. "Já fizemos muitas coisas que antes não se faziam, principalmente numa conjugação muito grande de esforços com o Legislativo", falou.

O presidente repetiu que se chegar ao fim de seu governo, em 2018, com 4% ou 5% de avaliação positiva, mas tiver gerado emprego aos 12 milhões de brasileiros que estão desempregados atualmente, estará satisfeito.
Trovinhas de Renato Caldas para Edna Lúcia:

De: Edna Lúcia
 

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

No dia 31.12.50, o n. 34 da revista Atualidade trazia o Programa de Visita do Governador recém-diplomado, do RN, Dr. Jerônimo Dix-Sept Rosado Maia. Ele chegaria às 9 horas, recebido em Lagoa do Mato por uma comissão. Saudado depois pelo prefeito, pelo advogado Expedito Silveira e estudante Terezinha Sá Leitão; desfile de escolas municipais, almoço no palacete do deputado Pedro Amorim, com discurso de Francisco; partida de futebol entre o Centro Esportivo Assuense e Macaíba Futebol Clube; sessão no Grupo Escolar, falando o prefeito Edgard Montenegro, professora Maria olímpia Neves de Oliveira e estudante João de Oliveira Fonseca; Reveillon e saudação do Ano Novo pelo jornalista Urbano Brandão. Transmissão da VOZ DO MUNICÌPIO e animação da Banda de Música do Centro Regional de Escoteiros do Assu. Na comissão, o prefeito, o criador Fernando Tavares e o Sr. Arcelino Costa Leitão.

In, Assu/Gente/Natureza/História, de Celso da Silveira.
A imagem pode conter: atividades ao ar livre
Junior Elias
Rua do Céu, praia de Pipa - RN
 
Governo do Estado do Rio Grande do Norte
Nota à população norte-rio-grandense
O Rio Grande do Norte, a exemplo dos outros estados brasileiros, sofre os efeitos da maior crise financeira já enfrentada p...elo país.

As finanças do Estado são compostas pela arrecadação própria e por repasses do Governo Federal. De janeiro de 2015 a setembro de 2016 o Rio Grande do Norte já deixou de receber R$ 980 milhões previstos nos orçamentos para os dois anos. Somente em transferências federais, a frustração chega a R$ 691 milhões em relação à previsão orçamentária. Além disso, as receitas dos royalties do petróleo apresentaram redução em mais de 61% em comparação a 2014.

Destes recursos, o Governo do Estado repassa obrigatoriamente, todos os meses, o dinheiro para a manutenção dos poderes Legislativo, Judiciário, do Ministério Público e do Tribunal de Contas. No mês de setembro, esse valor somou R$ 126,5 milhões.

O Executivo age em diversas frentes para contornar a situação: renegocia contratos, reduz drasticamente despesas de custeio, realizou auditoria na folha e censo do servidor corrigindo possíveis distorções e trabalha com uma máquina mais enxuta e mais eficiente. Encaminhou projeto à Assembleia para vender ativos imóveis do Estado e tem realizado ações para crescer a arrecadação estadual.

O governador Robinson Faria está coordenando as negociações com o Governo Federal para garantir compensações financeiras diante das perdas milionárias que prejudicam pelo menos 20 dos 26 estados da federação. A expectativa é que o RN receba recursos federais para reequilibrar as finanças.
Apesar dos esforços na redução de despesas em todas as áreas e de um controle mais rigoroso na aplicação dos recursos, a crise ainda impede o pagamento em dia dos compromissos com os servidores.

O RN tem hoje 103.866 servidores entre ativos, inativos e pensionistas, que geram uma folha salarial em torno de R$ 420 milhões. Os cargos comissionados representam apenas 0.5% dessa folha, o segundo menor percentual do país.

Para garantir a total transparência, foram instituídas, pela primeira vez, reuniões periódicas com um fórum de servidores para, junto deles, deliberar sobre o calendário de pagamento.

O atraso na folha do servidor não é uma escolha do Governo. A prioridade do governador Robinson Faria é honrar o compromisso com o servidor. Para isso, não tem medido esforços para diminuir os impactos negativos da crise que afeta os estados ao mesmo tempo em que busca caminhos para amenizar, de maneira mais rápida, essa grave situação.

É importante que a população acompanhe de perto as finanças e as ações que estão sendo conduzidas. Com determinação, transparência e o apoio do povo potiguar sairemos desta situação fortalecidos e prontos para retomar o crescimento do Rio Grande do Norte.

Governo do Estado do RN

(Da linha do tempo;facebook de Maira Oliveira)

domingo, 9 de outubro de 2016

A VAQUEJADA ACABOU? VIVA A VAQUEJADA!

Contrariando a lógica brasileira, em pleno século 21, estamos evoluindo de barbárie para civilização. Sim, somos a vanguar...da do atraso, alguma dúvida?
O que dizer, por exemplo, do fato de ser o Brasil um dos últimos países do mundo a abolir a escravidão? Hum?
Como tudo que é ruim neste país dura uma eternidade, temos mais que comemorar o fim da vaquejada – e também do rodeio e das rinhas de pássaros e aves, se e quando houver.
Antes que seus ávidos organizadores se tornem beneficiários das chamadas leis de "incentivo à cultura"...
Alguém aí falou "cultura"? Ora essa, vaquejada nunca passou de atraso civilizatório. Uma vergonha alheia que já vai tarde. Muito tarde.

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Antônio Basílio e Nascimento de Castro vão funcionar no sistema de binário

06/10/2016 10:10


 














A partir desta segunda-feira (10), as avenidas Antônio Basílio e Nascimento de Castro passam a funcionar no sistema de binário, ou seja, operando em sentido único. A informação é da Secretaria de Mobilidade Urbana (STTU) de Natal. A Avenida Antônio Basílio passa a ter sentido único da Avenida Interventor Mário Câmara (Av. 6) até a Avenida Xavier da Silveira. Com isso, todas as duas pistas da avenida serão no sentido Dix-Sept Rosado/Nova Descoberta.

Já a Avenida Nascimento de Castro terá o sentido inverso: o sentido único começa na Avenida Xavier da Silveira e segue até a Avenida Interventor Mário Câmara (Av. 6). Ou seja, as duas pistas da avenida serão no sentido Nova Descoberta/Dix-Sept Rosado.

Segundo Walter Pedro da Silva, secretário ajunto de Trânsito do órgão, a intenção é dar mais fluidez na ligação das zonas Norte, Sul e Oeste. “Com o binário, o trânsito vai ficar mais equilibrado em ambas as vias. O motorista tem o hábito de andar sempre numa mesma avenida, deixando outras vias alternativas ociosas. A nossa intenção é equilibrar esse trânsito”, afirmou o secretário.

MUDANÇA NO TRANSPORTE
Com estas mudanças de sentido, linhas de ônibus urbanas e intermunicipais também sofrerão alterações. A linha urbana 40 (Planalto/Mãe Luíza) terá o itinerário modificado – no sentido Mãe Luíza – a partir da Rua dos Potiguares, entrando na Av. Amintas Barros, Rua dos Tororós, Av. Nascimento de Castro, Av. Interventor Mário Câmara (Av. 6) e volta ao itinerário já realizado. Já no sentido Planalto, o itinerário muda a partir da Av. Interventor Mário Câmara (Av. 6), entrando na Rua Intendente Teodósio Paiva, Av. Antônio Basílio, Rua dos Tororós, Av. Nascimento de Castro, Rua dos Potiguares e voltando ao itinerário que já realiza.

Por sua vez, a linha urbana 66 (Ponta Negra/Cidade da Esperança, via Bom Pastor) não muda de itinerário no sentido Bom Pastor. No sentido Ponta Negra, a mudança começa na Av. Interventor Mário Câmara (Av. 6), Av. Amintas Barros, Av. Prudente de Morais, Av. Lima e Silva, Av. Cel. Norton Chaves, Av. Rui Barbosa, Rua da Saudade e volta ao itinerário já realizado.

A linha urbana 68 (Alvorada IV/Petrópolis, via Alecrim) muda de itinerário apenas no sentido Hemonorte. Ela deixa de passar nas avs. Xavier da Silveira e Antônio Basílio, fazendo o giro de 360° na rotatória da Av. Bernardo Vieira e entrando na Av. Rui Barbosa – voltando ao itinerário que já realiza.

Por fim, as linhas intermunicipais 122 (Extremoz/Natal – Mirassol), 133 (São Gonçalo – Jardim das Flores/Natal – Mirassol) e 176 (São Gonçalo – Golandim/Natal – Mirassol) terão alteração de itinerário apenas na volta para suas cidades. Elas seguirão como de costume até a Av. Bernardo Vieira, onde entrarão na Av. Rui Barbosa, Av. Nascimento de Castro e Av. Interventor Mário Câmara (Av. 6); entrando a esquerda na Rua Intendente Teodósio Paiva e voltando ao itinerário já realizado.
Em caso de dúvidas, os cidadãos podem ligar para o Alô STTU – no telefone 156 – ou perguntar pelo Twitter oficial, o @156Natal.

Divulgação STTU

terça-feira, 4 de outubro de 2016

A FAMÍLIA SOARES DE MACÊDO E AS SUAS RAMIFICAÇÕES


Por GREGÓRIO CELSO MACÊDO

            A família Soares de Macêdo, como sobrenome genealogicamente composto, surgiu na Ilha Açoriana de São Miguel, Portugal, aos 03 de julho de 1677, com o casamento de Sebastião da Costa Macêdo e Maria Soares Dutra.

           No Nordeste brasileiro, no ano de 1816, um descendente de Sebastião e Maria Soares, chamado Pedro Soares de Macêdo, fez essa família se unir à família “Casa Grande’’ - apelido este de um grande tronco genealógico fixado em 1741 na Ribeira do Assu e presente no Rio Grande do Norte desde 1706.

FAMÍLIAS CASA GRANDE E CASA FORTE

       A freguesia de São João Batista da Ribeira do Assu já tinha pároco desde 1726.

O templo primitivo estava encravado numa propriedade rural particular chamada “Sítio do Icu”. Esta fazenda tinha as seguintes extremidades, respectivamente: de leste a oeste, o rio Piranhas-Açu e o ‘’senhorio do Piató’’; de norte a sul, o sítio Casa Forte e o atual bairro Farol (então parte integrante da Fazenda Poassá).

Em 1741, o capitão-mor José Ribeiro de Faria foi residir na povoação do Assu, tendo adquirido o referido ‘’Sítio do Icu’’. Além da esposa Joana Martins e da filha menor, Clara de Macêdo, acompanhavam-no as filhas Maria do Ó de Faria e Josefa Martins de Sá, com os seus respectivos esposos Jerônimo Cabral de Macêdo e Antônio Cabral de Macêdo, portugueses e irmãos entre si.

Clara de Macêdo faleceu celibatária. Doou a herança paterna, em 1774 e 1776, ao orago São João Batista: o dito “Sítio do Icu” - local onde depois surgiu a Vila Nova da Princesa e posteriormente a cidade do Assu.

 
Os descendentes de Jerônimo Cabral de Macêdo ficaram conhecidos como “Família Casa Grande”. Já os que provêm de Antônio Cabral de Macêdo, ganharam o cognome de “Família Casa Forte”. Assim, as proles dos genros de José Ribeiro de Faria, os irmãos Cabral, passaram a constituir dois ramos de uma mesma árvore.

 
Jerônimo Cabral de Macêdo e Maria do Ó de Faria tiveram onze filhos:

1.       Matias Cabral de Macêdo (que foi ordenado padre);

 
2.       Francisco Antônio de Macêdo;

3.        Manoel José de Faria (pai de Ana Francisca de Faria, casada com José Francisco de Faria Casuzô – antigos proprietários da Fazenda Estevão, zona rural do Assu);

4.       Jerônimo Cabral de Oliveira (proprietário da Fazenda Arraial – tendo uma filha casada com Gabriel Soares Raposo da Câmara e três filhos que se assinavam “Oliveira Cabral”, Matias Antônio, Antônio Matias e Francisco Antônio);

5.       Maria Francisca da Trindade (gêmea) – casada com o capitão-mor Antônio Correia de Araújo Furtado;

6.       Ana Quitéria de Macêdo (gêmea) - faleceu solteira;

7.       Izabel Rodrigues de Sant’Iago - faleceu solteira;

8.       Joana Maria da Conceição (segunda consorte de Luiz José de Araújo Picado);

9.       Margarida de Oliveira - faleceu solteira;

10.   Josefa Maria da Conceição (casada com Pedro Pereira da Costa – são os pais de Jerônimo Cabral Pereira de Macêdo, dentre outros filhos. Esse ramo constitui a família da Fazenda Morro);

11.   Clara Maria do Nascimento (primeira esposa de Luiz José de Araújo Picado).
 
Antônio Cabral de Macêdo e Josefa Martins de Sá foram os pais de:

1.       João Martins de Sá (que pela descendência de quatro netas se fez ascendente dos Freire de Carvalho, Carvalho e Ferreira de Carvalho – troncos familiares do “Piató”);

2.       Manoel Antônio de Macêdo (ancestral da numerosa família Macêdo de Santana do Matos e adjacências);

3.       Ana Maria de Sant’Iago;

4.       Matias Cabral de Macêdo;

5.       Joana Quitéria;

6.       Maria Inácia;

7.       Margarida de Oliveira;

 
8.       Francisco Xavier de Macêdo, pai de Francisca Xavier de Macêdo, esposa de Gonçalo Lins Wanderley, sendo este filho de João de Souza Pimentel e Josefa Lins de Mendonça – de cujo casal originou-se grande parte da família Wanderley no Rio Grande do Norte. Unido-se aos Wanderely do Assu, consequentemente, uniram-se também aos Lins Caldas e Lins Pimentel;

O quinto rebento de Jerônimo Cabral de Macêdo, Maria Francisca da Trindade, casou-se, como já foi dito, com Antônio Correia de Araújo Furtado e tiveram três filhos: Antônia (casada com Domingos de Mello Montenegro, sem descendência); Maria do Ó de Faria (que contraiu núpcias com Luiz Francisco da Silva, filho de Simão da Silva e Bárbara da Silva) e o tenente-coronel José Correia de Araújo Furtado (casado com a prima Maria Joaquina, filha de Clara Maria do Nascimento e Luiz José de Araújo Picado). Este José Correia, neto de Jerônimo da “Casa Grande”, foi membro da Junta Governativa de 1822, no Rio Grande do Norte.

A última filha de Jerônimo Cabral de Macêdo, Clara Maria do Nascimento e seu já referido esposo Luiz José tiveram cinco filhos:

1.       Maria Joaquina de Araújo Furtado, esposa do primo José Correia de Araújo Furtado, acima aludidos;
 
2.       Ana Tereza Soares de Macêdo, esposa do português Pedro Soares de Macêdo, chegado ao Assu em 1812 (sobrinho-neto de Antônio Correia de Araújo Furtado), já mencionado.
 
3.       Jerônimo Cabral de Macêdo;
 
4.       João Luiz de Araújo Picado, casado com Ana Jacinta de Araújo Picado.
 
5.       Isabel Clara de Brito, que se casou com Antônio Maciel Pereira de Brito. Originaram o clã Maciel de Brito, com ramificações em Macau, Guamaré, Seridó e até fora do Estado. Hoje com interligações com os Hashimoto (Estado de São Paulo), Nunes da Silveira e outros mais.
 
OS DESCENDENTES DO PORTUGUÊS PEDRO SOARES DE MACÊDO

Do casal Pedro Soares de Macêdo e Ana Tereza Soares de Macêdo descendem, além dos Soares de Macêdo, os Soares de Araújo, Soares de Amorim, os Dantas, do Assu, (provenientes de Maria Leocádia, neta do casal e consorte de Antônio Dantas Correia de Medeiros), parte da família Sá Leitão – precisamente os descendentes do primeiro matrimônio de Joaquim de Sá Leitão, casado com uma neta do casal Pedro-Ana Tereza.

           Em razão dos matrimônios de Antônio Soares de Macêdo e João Soares de Macêdo Sobrinho, filho e neto de Pedro Soares, os Soares de Macêdo uniram-se aos Pereira Monteiro, Faria, Wanderley, Mariz (com raízes no sertão das Espinharas), Dantas Correia de Góis (da Serra do Teixeira, PB) e algumas outras famílias.

          Apesar do elevado número de casamentos consanguíneos, a família Soares de Macêdo também fez interligações matrimoniais com os Melo Montenegro, da Silva Caldas, Fonsêca e Silva, Goes e Vasconcelos Borba, Medeiros, Oliveira, Bezerra de Araújo Cavalcanti, da Silva Chaves.
 
Enlaces fizeram surgir na gigantesca árvore ramos como: Caldas de Amorim, Amorim Joffily, Soares Wanderley, Macêdo Medeiros, Medeiros de Macêdo, Macêdo Montenegro, Soares Mariz, Fonsêca Soares, Amorim Macêdo, Macêdo Freire, Pitomba de Macêdo, Araújo Soares, Soares Maranhão, Melo Soares, Macêdo Caldas, Ribeiro de Macêdo, Paiva de Macêdo e tantos e tantos outros, nessa continuidade intensa e imensamente complexa que é expressão da própria vida humana sobre a terra.

Portanto, a família Soares de Macêdo, de origem lusitana, no RN é um ramo da família “Casa Grande”, com presença tricentenária nas terras potiguares.

 
Fazer referências aos Soares de Macêdo, quer seja enaltecendo-os, quer seja em desmerecimento, é referir-se inevitavelmente a todos as ramificações familiares aqui mencionadas e a algumas outras.

 
Famílias dotadas de perfeição? Não, evidentemente! Famílias semelhantes às demais: com virtudes e deméritos, acertos e deslizes, porém partícipes da construção inacabável, do Assu, do Rio Grande do Norte, e do Brasil. Que Deus conceda a mercê de podermos escrever a própria história sem ter a vil fraqueza de tentar, inutilmente, apagar a história das outras famílias.

REFERÊNCIAS:

MACÊDO, Antônio Soares de. Breve Notícia sobre a árvore genealógica da Família Casa Grande residente na cidade do Assú Estado do Rio Grande do Norte. Natal: Tipografia da Companhia Libro-Typographica Natalense, 1893. 2ª Ed.. Natal, Azymuth Sebo Cultural, 2007.

MACÊDO FILHO, Juvenal de. Família Macêdo no Rio Grande do Norte. Árvore Genealógica. Rio de Janeiro: Copyhouse Impressão Digital, 2013.

MACÊDO SOBRINHO, João Soares de. Manuscritos. Assu. (Arquivo particular do autor, 2016)

MACHADO, Carlos. Genealogias Carlos Machado (Manuscrito Genealógico).  Ponta Delgada: Biblioteca Pública e Arquivo Regional. Disponível em: <http://www.culturacores.azores.gov.pt>. Acesso em: 27 jul. 2013.

MEDEIROS FILHO, Olavo de. Ribeiras do Assu e Mossoró – Notas para a sua história. Mossoró: Fundação Guimarães Duque. Coleção Mossoroense. Série “C”, vl. 1360, 2003.

MEDEIROS FILHO, Olavo de. Velhas Famílias do Seridó. Brasília: Senado Federal, 1981.

MEDEIROS, José Augusto Bezerra de. Seridó. Brasília: Senado Federal, 1980.

WANDERLEY, Walter. Família Wanderley. Rio de Janeiro: Pogentti, 1966.

Do blog: https://povodoserido.blogspot.com.br
Anexins e Ditados:

Mulher, espingarda e relógio, não se empresta
a ninguém; Ninguém se fie em cachorro que fica na cozinha,
nem em mulher que passeia sozinha; Mula estrela, mulher
faceira e tubiba de aroeira, o diabo que queira; Quem quer bulir...
com a moça, bula com o pé e a bolsa; Quem apanha de mulher,
não se queixa ao delegado; Mulher de igreja, Deus nos proteja!;
Viúva rica, casada fica; Casa de mulher feia não precisa de tramela;
Mulher de janela, nem costura nem panela; Não há mulher sem
graça, nem festa sem cachaça; Cada uma em sua casa, o diabo não
tem o que fazer; Para quem ama, catinga de bode é cheiro; Sossego
de homem é mulher feia e cavalo capado.
 

(OTHONIEL MENEZES In "Sertão de Espinho e de Flor", Obra Reunida

Que eu seja eternamente eterno louco e nunca deixe de sonhar na vida. (João Lins Caldas, pensador potiguar).