sábado, 11 de março de 2017

DISCURSO POR OCASIÃO DOS 90 ANOS DO EDUCANDÁRIO NOSSA SENHORA DAS VITÓRIAS, EM SESSÃO MAGNA REALIZADA EM ASSU, NA CÂMARA DE VEREADORES, PELA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE.

Povo todos, louvai ao Senhor,
Nações todas, dai-lhe glória, porque forte
É o seu amor para conosco e a fidelidade
Do Senhor dura para sempre.
Bendito o que vem em do Senhor (Sal – 117, Ver – 1 ,2 e 26)
Exmo. Sr. George Montenegro Soares – Deputado Estadual e Presidente da mesa
Exmo. Sr. Gustavo Montenegro Soares – Prefeito Municipal do Assu
Exma. Sra. Sandra Regina Meireles Holanda Alves – Vice- prefeita Municipal Do Assu
Exma. Sra. Rizza Maria Macedo Montenegro Lira – Secretaria Executiva de Assistência Social
Exma. Sra. Shirley Pinto Albano - Secretaria Municipal de Educação
Revma. Ir. Magna Lira Rodrigues – Conselheira Provincial e Representante do Governo da Província Nossa Senhora das Neves do Norte do Brasil/NB
Revma. Ir. Maricelia Almeida de Farias – M.D. Diretora do Educandário Nossa Senhora das Vitórias
Revma. Ir. Maria de Fátima Pereira Silva – Superiora da Comunidade Religiosa do Educandário Nossa Senhora das Vitórias
Revma. Ir. Maria Miquelina de Medeiros – Ex-diretora, através de quem cumprimento as demais irmãs Filhas do Amor Divino aqui presentes
Prezados ex-professores, professores, ex-alunos, alunos e servidores técnico-administrativos do Educandário Nossa Senhora das Vitórias
Educadoras e Educadores presentes
Minhas Senhoras e Meus Senhores
[...] torna-se verdade o que disse a nossa Senhora Madre de feliz memória, quando pedi para ser admitida na Congregação; disse-me com um olhar amplo e pensativo; ”A senhora, Ir. Maria Teresina, irá empreender muitas viagens no serviço da Congregação”. (Transcrito do Livro A Peregrina do Retorno – Ir. Vilma Lúcia)
Este é definitivamente, um momento especial de alegria e júbilos para nossa Assu, nosso estado, nossa região, e porque não dizer do nordeste, quiçá do Brasil.
Para falar sobre os 90 anos do Educandário Nossa Senhora das Vitórias em Assu, precisamos viajar no tempo, e no futuro. Comecemos pela região da Baviera, Edling, Alemanha, em 1 de Janeiro de 1833, quando então nascia a pequena Francisca. Aos 35 anos de idade fundava a Congregação das Filhas do Amor Divino, passando a se chamar de Madre Maria Francisca Lechner. A sua visão fraterna, sempre disponível ao próximo, transformou-se em ação, quando outras irmãs se uniram a boa Madre, a fim de conquistarem, através de seu ideal, o mundo. A caminhada, rumo ao Brasil, começou em 1912, com Ir. Teresina. Em 1913, a Madre Ignácia, recebe do Rio Grande do Sul, uma carta manifestando alegria e gratidão com que seriam recebidos os serviços da Congregação, naquela região. Ampliando as possibilidades, em 1919, a Ir. Teresina Werner e Ir. Constatina Rech foram designadas pela Madre Geral Ignácia, assumiu a missão em Graz, na Áustria, para coletas a fim de viabilizar à viagem ao Brasil. Finalmente, em 19 de Abril de 1920, o navio que as trazia(Ir. Teresina Werner, Ir. Constatina Rech e companheiras. Sendo uma dessas, seria mais tarde chamada Ir. Berchmana Hardegg, professora de pintura), atracou nosso solo pátrio, no Porto de Santos em São Paulo; vindo a se estabelecerem a 19 de Julho de 1920, em Serro Azul, hoje Cerro Lardo, no estado do Rio Grande do Sul. E paralelamente, a esses preparativos das irmãs para virem para o Brasil, no ano de 1922, em Assu, homens ilustres de nossa terra, se reuniram para construir uma escola que fosse pautada nos princípios cristãos e de efêmera qualidade. Para alegria do nosso povo e de nossa cidade, a 9 de Março de 1927, precisamente as 9 horas da manhã, era inaugurado o nosso amado e eterno Educandário Nossa Senhora das Vitórias, com a presença de cinco irmãs estrangeiras( Ir. Digna Taudes – Assistente, organista e professora de bordado essa retornou Rio Grande do Sul, vindo a falecer em 8 de Abril de 1966, naquela cidade; Ir. Jaromira Ondra – primeira diretora e superiora do Educandário Nossa Senhora das Vitórias – também retornou ao Rio Grande do Sul e faleceu em 28 de Dezembro de 1968, também naquela região; Ir. Mercedes Foutan – professora do curso primário- vindo esta a sair da Congregação; Ir. Volkmara – cuidava do gado e da cozinha, diretora da Escola São José, permanecendo por mais tempo aqui e passando seus últimos dias em Palmeira dos Índios/Al, cuja irmã foi vitima de um ataque de abelhas, quando estas atacavam um bezerro, no intuito de defender o animal, ela veio a falecer de um ataque cardíaco no próprio no local, muito embora foi realizado seu desejo de morrer entre os animais; Madre Alberta Garimberti – professora de Francês e pintura, falecida em Natal/RN) e da tão sublime interprete e encarregada de difundir o Amor Divino pelo mundo, a ir. Teresina Werner, uma vez que as irmãs que aqui chegaram não falavam português e em Assu não existia ninguém que falasse alemão.
Ouso dizer, que Madre Francisca Lechner, em 1981, teve uma visão de futuro, quando por ocasião da admissão de Ir. Teresina, tenha profetizado o nosso destino, dizendo-lhe: ”A senhora, Ir. Maria Teresina, irá empreender muitas viagens no serviço da Congregação”.
Falo em alegria, falo em desafio, falo para lembrar o que foi, o que é, de onde vieram e por onde passaram essas destemidas, determinadas e abnegadas irmãs que fizeram aqui seu marco na educação desse templo de glórias.
Nada fácil, tudo muito difícil, pois estas irmãs empreenderam viagens com dinheiro de coletas, pouca comida e o espírito tomado pela esperança e da graça de Deus, em busca do “ansiado campo de missão, como denominava o Brasil, a boa Ir.Teresina Werner.
Ao longo desses 90 anos, grandes conquistas e dificuldades, essas irmãs enfrentaram, mas nunca fraquejaram, nunca desanimaram, sempre avançando, oferecendo o amor de Deus em nossa vida.
Assim, podemos dizer com toda tranquilidade que o Educandário Nossa Senhora das Vitórias é a face visível e transparente do Amor de Deus neste torrão abençoado.
Com os olhos marejados pela emoção de quem vê a própria história passar diante de nossos olhos, fizemos nesses últimos meses, eu e meu filho, de 13 anos de idade, viagens a todos os colégios em buscar de fatos, documentos (chamado por elas de crônica) e fotos com o direito de justificar nosso orgulho de ter sido educado por essas irmãs. Seguimos os passos daquelas que um dia passaram aqui e deixaram sua marca no mundo do conhecimento, que será traduzido em um livro a ser lançado em abril vindouro, por meu filho, Pedro Otávio, pela ocasião das comemorações desse ano jubilar. Demonstrando que o amor que tenho pelo colégio, contagiou também meu filho.
Não estamos velhos, estamos jovens e queremos agradecer pelo trabalho que esse templo, chamado de Educandário Nossa Senhora das Vitórias vem desbravando o conhecimento pelo espaço humano.
Entrei no colégio ainda criança, e deste então guardo em meu coração cada dia vivido ali, naquela casa educadora de tamanho teor cristão. Não podemos falar do colégio sem se lembrar de Me. Cristina, Ir. Josefina, Ir. Margarida, Ir. Teresinha, Ir. Salésia(autora do Hino do Jubileu Ouro), Ir. Leonia(idealizadora da Bandeira Oficial do Educandário Nossa Senhora das Vitórias), Ir. Consolata, Ir. Maria Soares, Ir. Angelina Simonetti( Autora do Hino Oficial do Educandário Nossa Senhora das Vitórias), Ir. Zélia Batista, Ir. Fátima Costa, Ir. Letícia, Ir. Anísia, da nossa incansável mestra Ir. Ernestina e tantas outras que abnegadamente contribuíram para a nossa formação.
90 anos passados, e na terra dos carnaubais, na terra de São João Batista e da Beata Lindalva, somos testemunhas que esse colégio eterniza em nossas vidas os bons ensinamentos, a ética e a qualidade de sermos mais humanos. Assim como o Álamo, por ocasião desse jubileu, o ENSV oferece uma copa densa de luz que floresce e cada vez aumenta.
A essa alagoana, de coração alçado no Amor Divino, Irmã Maricelia Almeida de Farias, nossa imensa gratidão, pelo grande zelo de mãe para com nosso colégio, assumindo com esplendoroso garbo um faixada neoclássica, tendo Nossa Senhora das Vitórias no alto para guiar e conduzir na luz da verdade.
Obrigado, Me. Francisca Lechner, Ir. Teresina Werner, ex-professores, ex-diretoras e colegas.
Encerro essa homenagem com meu reconhecimento a esta honrada instituição educadora, com as palavras da imorredoura Madre Cristina Wlastinic: “Toda terra é pátria para quem é forte.” (Luiz Vaz de Camões)
Espero, como ex-aluno, honrar a todos que acreditaram e acreditam no Educandário Nossa Senhora das Vitórias.
Obrigado! 

Roberto Dias de Oliveira – Ex-aluno e Ex-professor

Curso de Direito da Ufersa obtém nota máxima no Enade e fica entre os melhores do Brasil


Alunos da turma de Direito da Ufersa que obtiveram a nota máxima no Enade / Foto cedida

O curso de Direito da Ufersa não para de conquistar reconhecimento em nível nacional. Dessa vez os alunos do curso obtiveram a nota máxima no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes, o Enade, entre todas as instituições brasileiras que oferecem o bacharelado em Direito.

O resultado foi liberado nesta quinta, 09 de março. Pelos dados, todos os 29 alunos de Direito da Ufersa que fizeram o Exame em 2015 obtiveram a nota máxima, ou seja, todos ficaram com 10 na avaliação final. O excelente resultado deixou o curso da Ufersa com Nota 5, sem arredondamento (as notas dos cursos variam de 1 a 5). Esse é um feito raríssimo nas instituições de ensino superior do país. Segundo dados do INEP, apenas 1,2% dos cursos de graduação do Brasil atingiram a nota máxima no último Enade e entre esses cursos está o de Direito da Universidade do Semi-Árido.

Professor José Albenes Bezerra Júnior, coordenador do curso de Direito da Ufersa

Esse ótimo resultado consolida cada vez mais o curso de Direito da Ufersa no cenário nacional, principalmente se levar em consideração que a média dos cursos de Direito no Brasil não chega a 3. A Ufersa está no caminho inverso dessa crise e caminha para um nível de excelência poucas vezes observado no Nordeste e no Brasil.

O coordenador do curso, o professor José Albenes Júnior, ficou sem acreditar no resultado e comemorou bastante. “É com imensa satisfação e orgulho que recebo essa notícia. Os alunos da segunda turma do Curso de Direito da Ufersa (Habilitados à época para o Enade) obtiveram um ótimo desempenho. Representaram de forma brilhante o curso. Parabenizo a todos que fazem o Curso de Direito UFERSA: Docentes, técnicos e, principalmente, nossos discentes. Esse é o resultado do compromisso, da dedicação e da competência. Depois dos excelentes resultados do exame da OAB, mostramos a todo país que é possível que um curso do interior do Rio Grande do Norte apresente excelente índices de qualidade e desempenho no ensino. E essa tem sido a escrita do Curso de Direito da Ufersa”, comentou agradecido Albenes.

Danillo Lima foi um dos alunos que fizeram o Enade. Na colação de grau, ele também foi o aluno laureado da turma. Na foto com o Reitor da Ufersa, o professor José de Arimatea de Matos, e com a Paraninfa das Turmas, a professora Zuleide Negreiros / Foto Eduardo Mendonça


Fonte: Site da UFERSA https://ufersa.edu.br/

FORA TEMER

 Geraldo Melo

(Artigo publicado pelo jornal TRIBUNA DO NORTE no dia 12 de março de 2017)
Tudo o que o PT, diretamente ou através dos seus porta-vozes e serviçais, propõe hoje ao pais é isto: fora Temer. Vamos conversar um pouco sobre esse assunto?
Com base nessa proposta petista, tiramos Temer e depois fazemos o quê?
Vamos apenas esperar que assuma o substituto que, não sendo do PT, sofrerá a mesma campanha: Fora o substituto. Se o substituto sair, vem outro, que também não será do PT. E então? Fora o Outro? E depois, fora o Substituto do Outro para que venha ainda a campanha exigindo Fora o Substituto do Substituto do Outro?
E para ajudar o Brasil, nada?
Essa brincadeira pode servir aos profissionais da militância política. Pode interessar a quem precisa da emoção das crises, reais ou inventadas, para procurar atrair multidões, ou apenas grupos, ou pelo menos grupelhos para o seu lado, ou simplesmente para se ocupar em alguma coisa.
Já vi esse filme. Quando o Presidente Collor foi derrubado, assumiu o Vice-Presidente, como agora. Collor foi substituído por Itamar Franco, assim como Dilma foi substituída por Michel Temer. Uns quarenta dias depois da posse definitiva de Itamar, eu me lembro de ter ido a Brasilia. Passando por baixo de uma daquelas pontes perto da Rodoviária, em tintas pretas, estava escrito: “Fora Itamar”. O pecado de Itamar: não era um “deles”.
E o Brasil? Ah... o Brasil, muitos problemas, dificuldades – isso é assunto muito chato. Não dá para sustentar uma conversa dessa turma.
Itamar ficou lá, presidiu o Brasil, e foi no seu governo que se criou a nova moeda do nosso país, o real, mudando radicalmente a economia nacional.
Agora temos novamente a mesma proposta. Fora Temer. Tira-se Temer e pronto. Por que? Porque não gostam daquele jeitão muito penteado dele, nem daquela sua forma de falar de antigamente, cheia e ênclises e mesóclises, sem a preocupação de que a cozinheira, ou a arrumadeira, ou o motorista entendam o que ele diz?
E para que é mesmo que ele seria tirado? Para nada. Não há proposta, não há ideia, não há nada. Acham que o Brasil aguenta.
É engraçado ver que a grande acusação a Temer é chamá-lo de “golpista”. Os que defendem essa tese não ligam a mínima para o fato de que o verdadeiro golpe seria tirar do poder um Presidente da República, qualquer um, sem que estejam presentes as hipóteses constitucionais que governam o assunto.
Uma das diferenças entre ditadura e democracia é que, na democracia, as regras estão escritas. A Constituição, boa ou ruim, é o estatuto do país. Nas ditaduras, as regras vão sendo feitas ou mudadas de acordo com a conveniência e a vontade do ditador. Onde há democracia, golpe é a ruptura do estatuto nacional.
Ninguém rompeu estatuto algum para que Michel Temer se tornasse titular da Presidência da República. Agora que ele é Presidente, até poderia sair do poder sem que a Constituição fosse ofendida: por morte, renúncia, doença que o inabilite, impeachment, decisão judicial.
E o que aconteceria então? Assumiria a Presidência o deputado Rodrigo Maia, Presidente da Câmara Federal. Ele teria trinta dias de prazo para promover uma eleição indireta, pelo Congresso Nacional, dos novos Presidente e Vice-Presidente do Brasil, já que isso ocorreria durante “os dois últimos anos do período presidencial”, como prevê o parágrafo primeiro do artigo 81 da Constituição Federal. Os eleitos pelo Congresso terminariam o mandato em curso, governando, portanto, até 31 de dezembro de 2018.
É para isso que lutam os que estão na rua gritando Fora Temer.

Do Facebook Geraldo Melo

quarta-feira, 8 de março de 2017

ASSU BICAMPEÃO


A seleção do Assu, futebol de salão (fultsal) fora bicampeão em 1966, no Palácio dos Esportes, de Natal. Na fotografia podemos conferir José Nazareno Tavares (Barão) como era mais conhecido,erguendo a taça, ladeado a sua esquerda por "Zé Boboca e a sua direita por Ari Gomes (ex vereador de Natal) ou "Ari de Chan" como era mais chamada em Assu. Me lembro de uma modinha que os assuenses cantavam naquele dia de festa, que diz assim: "Assu, bicampeão, do litoral até o sertão...".

Era técnico daquela seleção, Edson Queiroz que foi funcionário do Banco do Brasil, agência de Assu. Os jogadores daquela seleção, se não me falha a memória eram: Rui, Anchieta, Leleto, Mazinho, Dedé Lambioi, Maninho, Mauro e Agapito. Esses dois últimos eram de Fortaleza/CE. Fica esse registro importante para a história do fultebol assuense.

Fernando Caldas

terça-feira, 7 de março de 2017

15 ANOS DE CRIAÇÃO DA REVISTA PREÁ

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AUTOR – Tácito Costa
Jornalista
As coisas pedem para ser escritas. Insistem por caminhos variados. Eu não tenho outro jeito senão obedecer. No sábado (04/03), o poeta Oreny Júnior me enviou um WhatsApp. Queria saber se eu tinha determinados números da revista Preá para completar a coleção dele. Respondi-lhe que não. Fui doando e fiquei sem nenhuma. Ou melhor, tenho duas lançadas recentemente.
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Da esq. para a dir. Anchieta, Érico, eu e Gustavão pelas estradas do RN à procura de boas histórias para contar
No dia 20 de fevereiro, meu aniversário, o jornalista Gustavo Porpino me enviou uma foto em que aparecem eu, ele, Anchieta Xavier e Érico Alves. Eu era o editor da revista, Gustavo o subeditor e repórter, Anchieta o fotógrafo e Érico o motorista. Raríssimo registro da gente em ação.
No emaranhado de pessoas e grupos do Whats eu só vi a foto neste domingo (05/03). Vasculhando o aplicativo, dei com a mensagem de Gustavo. Entrei em contato com ele na hora para agradecer a lembrança e falamos sobre a revista.
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Pedi para ele escrever sobre a aventura que foi trabalhar na Preá, revista de cultura criada pelo então presidente da Fundação José Augusto, François Silvestre, em 2003. Foi mesmo uma aventura e tanto. Com uma equipe reduzida, recursos parcos e uma burocracia sinistra, era uma luta botar a revista na rua, primeiro trimestralmente e depois bimestralmente. Periodicidade cumprida religiosamente. Às vezes, milagrosamente.
Mas conseguíamos graças à determinação de François, que uma vez chegou a pagar do próprio bolso gasolina para abastecer o carro velho da Fundação José Augusto que nos levaria ao interior para reportagem. Cito apenas esse exemplo para mostrar que esse era o espírito da coisa. Fazíamos na marra mesmo e tinha muito amor envolvido no projeto.
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Eu não conhecia François, Gustavo ou Anchieta. Quer dizer, François não me era desconhecido. Uns anos antes eu tinha malhado um poema dele incluído em coletânea organizada por Manoel Onofre, numa coluna sobre livros na Tribuna do Norte.
Então, eu era o nome menos provável, pelo menos para mim, para fazer parte de uma equipe comandada por François. Não tanto pelo episódio do poema, mas por vir da gestão passada (Woden/Garibaldi), num contexto de forte disputa política.
E de fato, o nome para a Assessoria de Imprensa já estava escolhido pelo gabinete da governadora Wilma de Faria, tratava-se de uma colega que já tinha trabalhado com Wilma na prefeitura. No entanto, François conseguiu sustar a nomeação e me indicou. Somente depois tomei conhecimento que acumularia a Assessoria com a editoria da revista.
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Fomos à luta e fizemos uma revista que marcou época. Entrevistas com Fernando Morais, Ariano Suassuna, Nei Leandro, Antônio Francisco, Vingt-um Rosado, Glorinha Oliveira, ensaios fotográficos e capas de Giovanni Sérgio, Marcelus Bob, Henrique José, Anchieta Xavier. Reportagens sobre a cultura nos municípios e sobre figuras como Oswaldo Lamartine, Raimundo Soares de Brito, Roberto Furtado, Osório Almeida.
Foi uma bela aventura. Mas na foto citada acima, deveria aparecer mais gente. Como o próprio François e o diagramador Lúcio Masaaki, as meninas do Gabinete, Aninha, Dulcineide, Socorro, que cuidavam da distribuição, os colaboradores. O que quero ressaltar é que a revista foi resultado de um trabalho coletivo, todos imbuídos das melhores intenções e por isso deu tão certo.
Só tenho ótimas lembranças e saudades daquele tempo. Infelizmente, Érico, o motorista, para quem não tinha tempo ruim, muito ligado a Gustavo, faleceu há alguns anos.

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P.S – Esses 15 anos da REVISTA PREÁ merece muito ser comemorado. Em setembro de 2008 eu fiquei muito feliz com a aceitação por parte do pessoal da redação de um texto que criei sobre uma visita que realizei na Gruta dos Tapuias, na zona rural do município de Santana do Matos. A matéria saiu na edição de Outubro/Novembro do mesmo ano e certamente aquela publicação me deu muita vontade de continuar escrevendo sobre História. Consequentemente aquilo tudo muito me ajudou no desenvolvimento dos meus quatro livros e do nosso blog TOK DE HISTÓRIA. Parabenizo o jornalista Tácito Costa e sua equipe pela luta na criação deste valioso material, que vai servir no futuro para entender estes tempos complicados que estamos vivendo. Valeu mesmo!
Rostand Medeiros
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O COMPASSO DO MUNDO: TUDO SOBRE A MAÇONARIA

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Fonte – https://openclipart.org/download/245371/Freemasonry-Masonic-Masonry.svg

Como a mais célebre sociedade secreta moldou a história dos últimos três séculos

AUTOR – Tiago Cordeiro
O primeiro presidente dos Estados Unidos, George Washington, era maçom. Depois dele, outros 16 líderes da nação mais poderosa do mundo também foram: a lista inclui John Edgar Hoover, diretor do FBI por 45 anos, e Harry Truman, o homem que autorizou o ataque com bombas atômicas sobre o Japão. Também fizeram parte da sociedade secreta dois políticos decisivos para a vitória aliada na Segunda Guerra Mundial, o presidente americano Franklin Delano Roosevelt e o primeiro-ministro britânico Winston Churchill. Eram maçons alguns dos mais importantes líderes da Revolução Francesa, como Jean-Paul Marat e La Fayette. O revolucionário italiano Giuseppe Garibaldi e os libertadores da América espanhola, o argentino José de San Martín e o venezuelano Simon Bolívar, também. O articulador da independência do Brasil, José Bonifácio de Andrada e Silva, pertencia à ordem, assim como o duque de Caxias e nosso primeiro presidente republicano, marechal Deodoro da Fonseca.
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Fonte – http://xn--jl-3sulen-z2a.de/freimaurer-in-der-neuen-zuercher-zeitung/
Por tudo isso, não é exagero afirmar que o mundo em que vivemos foi definido por essa sociedade secreta, que por três séculos vem reunindo a elite política e militar (e cultural) do Ocidente em rituais cheios de códigos misteriosos.
Mas o que é maçonaria? Existem várias versões para a criação da organização. A mais confiável remete à Idade Média, quando o controle do comércio era feito pelas guildas, corporações de ofício que reuniam artesãos do mesmo ramo e funcionavam como um antepassado dos sindicatos. Um dos grupos mais poderosos era o dos pedreiros (em inglês, masons). Que era um trabalho de alto status então, pois eram responsáveis pela engenharia e pela construção de castelos e catedrais. Pedreiros tinham acesso aos reis e ao clero e circulavam livremente entre os feudos. Apelidados de free masons (pedreiros livres), se reuniam nos canteiros de obras e trocavam segredos da profissão. Um dos documentos mais antigos sobre essas guildas é a carta de regulamentos de Londres, 1356. Na época, era só um conjunto de regras para pedreiros. 
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Fonte – https://www.star-of-africa.de/was-wissen-sie-%C3%BCber-freimaurerei/
Para se identificarem em locais públicos e evitarem o vazamento de suas conversas, criaram um sistema de gestos e códigos. Durante o Renascimento, os pedreiros livres ficaram na moda. Seus encontros passaram a acontecer em salões, chamados de lojas, que geralmente ficavam sobre bares e tavernas das grandes cidades, onde a conversa continuava depois. Intelectuais e membros da nobreza engrossaram a turma. Por influência deles, os debates passaram a abranger religião e filosofia. Em 24 de junho de 1717, numa reunião das quatro maiores lojas de Londres (então o maior centro maçom europeu), na taverna The Goose and Gridiron nasceu uma federação, a Grande Loja de Londres. Era o início oficial da maçonaria.
A Marselhesa
Em apenas três décadas, a organização já tinha se espalhado por toda a Europa ocidental e havia alcançado a Índia, a China e a América do Norte. Passou a ser conhecida, respeitada, mas, principalmente, temida. Não era para menos. Ficava difícil confiar em um grupo de homens ricos e poderosos, de diferentes áreas, que se reuniam a portas fechadas, usavam símbolos esquisitos (veja explicações ao longo da reportagem) e faziam juramentos de fidelidade à tal organização e ainda voto de silêncio. Também não ajudou muito o tanto de lendas que surgiu sobre a origem da maçonaria (em 1805, o historiador francês Charles Bernardin pesquisou 39 diferentes). Tinha para todos os gostos: alguns integrantes da ordem diziam que Noé era maçom, outros transformaram o rei Salomão ou os antigos egípcios em fundadores. Nem os templários escaparam (leia ao final). A Igreja Católica se incomodou tanto que, em 1738, divulgou uma bula papal atacando a ordem, que décadas depois foi perseguida pela Inquisição.
Mistérios revelados  Os principais símbolos da maçonaria
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Fonte – http://www.pnp900.de/freimaurerei.html
Compasso
Um dos instrumentos dos pedreiros. Representa a racionalidade científica. Por desenhar círculos perfeitos, também simboliza a busca pela perfeição moral

Esquadro
Outro instrumento da construção civil que lembra a capacidade transformadora do homem sobre a natureza. Seu ângulo reto é uma indicação para os homens de que eles devem ser honestos
Letra G
Vem de God, Deus em inglês. Os integrantes da fraternidade também o chamam de GAU, sigla para Grande Arquiteto do Universo
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Maçons ingleses – Fonte – http://www.freemasonrytoday.com/magazine
Olho
Geralmente representado dentro de um triângulo, tem o mesmo significado da letra G. É Deus, que tudo vê

Triângulo
Refere-se ao lema liberdade, igualdade e fraternidade, às virtudes fé, esperança e caridade, e nascimento, vida e morte. Por isso, os maçons também fazem três pontos em suas assinaturas
Martelo
Pequeno, simboliza o trabalho dos pedreiros que inspiraram a fraternidade, e também a força material que muda o mundo. É usado pelo grão-mestre durante as cerimônias
Sol/Lua
Como o chão de mosaico preto e branco (veja no rodapé da reportagem), usado nas lojas, simboliza a dualidade entre bem e mal, espírito e corpo, luz e trevas.
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Templo maçônico da Filadélfia (EUA) construído em 1873 – Fonte – https://pamasonictemple.org/temple/
Além do sigilo, o que perturbava era a atitude sempre à frente de seu tempo. Setenta anos antes da Revolução Francesa, esses homens cultos e influentes já defendiam a liberdade, a igualdade e a fraternidade. Tratavam-se sem distinção e aceitavam todos os credos religiosos, uma atitude tremendamente avançada para a época. Os ateus, porém, eram barrados. Não formamos uma religião, mas somos um grupo de pessoas religiosas.
Nosso lema é fazer os homens bons ficarem melhores, diz o maçom paulistano Cassiano Rampazzo, advogado de 35 anos. Com ele concorda a historiadora mineira Françoise Jean de Oliveira, coautora do livro O Poder da Maçonaria. A maçonaria não é religião, não tem dogmas. É um grupo que defende a liberdade de consciência e o progresso. Isso não quer dizer que cada participante possa agir como bem entende. Ao entrar na ordem, o membro é instruído sobre a moral universal, um conjunto de virtudes obrigatórias, como bondade, lealdade, honra, honestidade, amizade, tranquilidade e obediência, diz Françoise.
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Membros de uma loja maçônica no oeste canadense em 1890 – Fonte – http://freemasonry.bcy.ca/textfiles/history.html
A falta de preconceito se restringia a diferenças políticas e religiosas. A fraternidade vetava analfabetos, deficientes e homens que não se sustentavam. As mulheres até hoje não são bem-vindas (com exceção da França).
Além disso, no passado como no presente, só entra na ordem quem for convidado e passar por uma avaliação rigorosa: nada de gente indiscreta, protagonistas de escândalos, bêbados, brigões e adúlteros notórios.
Ainda assim, para os aprovados, a maçonaria foi a primeira entidade a funcionar de acordo com os preceitos da democracia moderna. Eles estimulavam debates abertos, em que todos podiam participar, além das eleições livres e diretas. Nada disso estava na moda no século 18. E, muito por influência dos próprios maçons, tornou-se corriqueiro no século 21, afirma o historiador alemão Jan Snoek, professor da Universidade de Heidelberg e especialista no assunto.
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Grande ritual maçônico em Hamburgo, Alemanha – Fonte – http://www.abendblatt.de/hamburg/article109558266/1500-Freimaurer-bei-Ritual-im-Michel.html
Assim, nada mais natural que os líderes da Revolução Francesa de 1789 aderissem à maçonaria. Nos anos que antecederam a queda do Antigo Regime, os adeptos se multiplicaram. A influência foi tanta que uma canção composta e cantada na loja de Marselha foi batizada de A Marselhesa e transformada no hino do país. Nem todos os ideólogos da revolução foram maçons. Marat e La Fayette eram, Robespierre e Danton, não. Mas, entre os inimigos da monarquia, mesmo quem não participava da ordem tinha sido influenciado por suas ideias, afirma o historiador americano W. Kirk MacNulty, maçom há mais de 40 anos.

Nas verdinhas
Além de divulgar ideias que atraíam a elite progressista de seu tempo, a maçonaria era também um espaço propício à conspiração política. Ao ingressar na ordem, os integrantes prometiam (e até hoje prometem) não divulgar seus segredos e nem mesmo revelar a nenhum profano (como são chamados os não iniciados) o que é dito nas reuniões.
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Trajes maçônicos – Fonte – al-prudens.de
As lojas maçônicas eram o lugar ideal para membros da elite de diferentes pensamentos políticos se encontrarem, diz o pesquisador Jesus Hortal, reitor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Além disso, quanto mais a maçonaria era acusada de ser um local de conspiração política, mais ela era procurada por conspiradores. A proteção das lojas ajudou a garantir o sucesso de um dos movimentos históricos mais influenciados pela organização: a independência americana, episódio que muitos historiadores chamam de revolução maçônica.
Grandes maçons – Algumas figuras centrais que se juntaram à ordem
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George Washington – Fonte – https://www.star-of-africa.de/was-wissen-sie-%C3%BCber-freimaurerei/
George Washington (1732-1799)
Juntou-se bem jovem, enquanto ainda era soldado do Exército britânico, em 1752. Ocupado com sua luta, nunca foi muito ativo. Recusou o cargo de Grande Mestre na Virgínia em 1777, para se dedicar à luta contra a dominação britânica. Deram o cargo mesmo assim, sem seu consentimento, em 1788. Washington gostava do programa iluminista dos maçons, e também do fato de, nos EUA, serem menos anticlericais que na Europa. 
Voltaire (1694-1778)
O filósofo iluminista atacava a monarquia francesa e defendia princípios maçons. Acabou sendo iniciado em uma loja de Paris em abril de 1778, só dois meses antes de morrer. Voltaire, que tinha 83 anos, entrou no local apoiado no braço do americano Benjamin Franklin.
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Johann Wolfgang von Goethe – Fonte – https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/0/0e/Goethe_%28Stieler_1828%29.jpg
Goethe (1749-1832)
O escritor e poeta alemão foi aceito em uma loja de Weimar em 1780. Escreveu vários poemas em homenagem à maçonaria. Os mais famosos são A Loja Maçônica e Symbolum (composto quando seu único filho, Auguste, foi iniciado).
Mozart (1756-1791)
O compositor austríaco entrou para a ordem em Viena, aos 28 anos. Compôs várias peças para serem executadas durante cerimônias maçônicas. Sua última ópera, A Flauta Mágica, tem tantas referências à ordem que Mozart foi acusado de revelar segredos maçons.
Gustave Eiffel (1832-1923)
Além de projetar a Torre Eiffel, em Paris, o engenheiro francês desenhou a Estátua da Liberdade, enviada como presente de comemoração dos 100 anos da independência americana . O projeto foi executado em parceria com o escultor Frederick Bartholdi (1834-1904), que também era maçom.
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Charles Lindbergh – Fonte – https://www.usnews.com/photos/famous-freemasons?slide=8
Charles Lindberg (1902-1974)
O aviador foi aceito por uma loja de Saint Louis em 1926. No ano seguinte, tornou-se o primeiro homem a fazer um voo solitário transatlântico sem escalas. Durante a viagem, ele teria levado consigo um distintivo com os símbolos da régua e do compasso.
Buzz Aldrin (1930)
O segundo homem a pisar na Lua em 1969, após Neil Armstrong, pertence a uma loja maçônica no Texas. Queria ter levado um anel maçom de seu avô para a Lua, mas o perdeu antes da viagem. Mas ninguém sabe se ele teria mesmo levado uma bandeira com símbolos da ordem para lá.
Benjamin Franklin, um dos grandes responsáveis pela criação dos Estados Unidos da América, era grão-mestre (o líder máximo na hierarquia) na Filadélfia e responsável pela publicação no país do livro Constituições, escrito pelo britânico James Anderson em 1723 e considerado a declaração de princípios da entidade. O líder dos rebeldes, George Washington, e o principal autor da Declaração de Independência, Thomas Jefferson, também eram membros ativos, assim como um terço dos 39 homens que aprovaram a primeira Constituição do país. Os três usaram seus contatos com as maçonarias de outras nações, em especial da Inglaterra, para garantir o sucesso da rebelião.
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Trajes maçônicos na Europa – Fonte – http://www.katholisches.info/2013/04/freimaurer-suchen-neuen-grosmeister-geht-es-logen-wirklich-nur-um-ethik-oder-auch-um-politik/
Há quem diga que a nota de 1 dólar, com seu olho solitário, é inteiramente marcada por símbolos maçons o olho, por exemplo, simbolizaria Deus (leia sobre os símbolos no decorrer da reportagem), coisa que os autores da cédula nunca confirmaram. Reza a lenda que George Washington teria vestido um avental da ordem durante a inauguração da capital, em 16 de julho de 1790, batizada em sua homenagem. Ele ainda teria orientado os engenheiros a encher a cidade de símbolos secretos da entidade. Por exemplo: algumas pessoas identificam o desenho de um compasso unindo a cúpula do Capitólio, a Casa Branca e o Memorial Thomas Jefferson.
Pelo mundo
No século 19, a maçonaria deu outras provas de sua capacidade de mudar a história. Por volta de 1810, um grupo de defensores da unificação italiana se reuniu com o nome de Carbonária. Inspirado nas estratégias e na hierarquia maçons, a sociedade secreta, que continuou atuante até 1848, tentava estimular uma rebelião espontânea dos trabalhadores, que implantariam os ideais liberais. Dois dos maiores heróis da construção da Itália unificada participaram desse grupo e depois foram aceitos pela maçonaria. Um deles, Giuseppe Mazzini (1805-1872), acabou rompendo com os maçons por acreditar que a ordem mais debatia que agia. Outro, Giuseppe Garibaldi (1807-1882), seria mais tarde condecorado o primeiro maçom do novo país.
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Giuseppe Garibaldi – Fonte – https://br.pinterest.com/pin/116038127878095348/
Depois de participar de um levante malsucedido em Gênova, Garibaldi fugiu para o Rio de Janeiro em 1835. Encontrou um grupo de carbonários exilados que mantinha contatos com a maçonaria brasileira. Através deles conheceu o maçom Bento Gonçalves, o líder da Revolução Farroupilha. Em 1840, Garibaldi instalou-se no Uruguai, onde se tornou oficialmente participante da sociedade secreta. Quando morreu, em seu país, deu nome a lojas no Uruguai, Brasil, França, Estados Unidos, Inglaterra e Itália. Nas décadas seguintes, os democratas italianos de esquerda, cujos integrantes cerrariam fileiras na maçonaria, se destacaram pela defesa do sufrágio universal, da educação gratuita de qualidade e da independência do Estado com relação à Igreja.
É fácil entender como Garibaldi se tornou maçom na América do Sul. Desde o começo do século 19, a ordem cresceu a ponto de ser fundamental para a independência dos países da região. Nos países de língua espanhola, um dos precursores do pensamento pela soberania foi o venezuelano Francisco de Miranda (1750-1816), que, depois de participar da Revolução Francesa, foi iniciado na maçonaria por George Washington. Miranda fundou uma loja em Londres, batizada de Gran Reunión Americana.
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Fonte – http://www.idea.de/gesellschaft/detail/ezw-die-freimaurer-in-deutschland-legen-zu-92634.html
Ali, atuou na formação de três libertadores da América: o chileno Bernardo O’Higgins (1778-1842), o venezuelano Simon Bolívar (1783-1830) e o argentino José de San Martín (1778-1850). Eles frequentavam a mesma loja, Latauro, com sede em Cádiz, Espanha, e filiais latino-americanas. Seus membros se denominavam cavaleiros da razão e previam a independência, o fim da escravidão e a proclamação de repúblicas. Estima-se que a iniciação de Bolívar tenha ocorrido na Europa, entre 1803 e 1806. San Martín, adepto desde 1808, fundou lojas no Chile, no Peru e na Argentina (que já abrigava casas maçônicas desde 1775). O’Higgins frequentava a de Mendoza.
Em terras brasileiras
A fraternidade existia em nosso país desde o início do século 19 e contava com confrades de altos cargos da colônia. Entre os maçons decisivos para a separação de Portugal estava José Bonifácio de Andrada e Silva (1763-1838). A ideia de conceder o título Defensor Perpétuo e Imperador do Brasil ao príncipe herdeiro da coroa portuguesa surgiu na própria Latauro, mesmo lugar que organizou as primeiras festas de rua pela independência, no Rio, em 12 de outubro de 1822.
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Fonte – http://robertomacom.blogspot.com.br/2015_02_01_archive.html
O envio de emissários às grandes províncias brasileiras para articulação da Independência foi organizado pelo Grande Oriente do Brasil, a federação maçônica nacional fundada em 17 de junho do mesmo ano, de onde José Bonifácio foi grão-mestre. Em 2 de agosto de 1822, o próprio dom Pedro I entrou para a entidade, sob o codinome Pedro Guatimozim, uma homenagem ao último rei asteca. Apenas três dias depois de iniciado, ele já tinha sido alçado a mestre. Mais dois meses e já era o grão-mestre do país. Passados apenas 17 dias da promoção, Pedro, já imperador, abandonou a fraternidade e proibiu suas atividades no Brasil. A melhor explicação dos especialistas para a atitude é a insatisfação do monarca com uma entidade onde a hierarquia era submetida a regras e podia ser questionada.
Em 1831, de volta legalmente à ativa, após a renúncia de dom Pedro e seu retorno a Portugal, a maçonaria brasileira se multiplicou. Em 1861, a ordem se mobilizou em apoio ao movimento abolicionista. No Ceará, lojas se reuniram para comprar e libertar escravos. Eusébio de Queiroz (1812-1868), que batizou a lei que proibia o tráfico de escravos, era maçom. O visconde do Rio Branco (1819-1880), abolicionista e chefe de Gabinete Ministerial entre 1871 e 1875, foi grão-mestre. Quando a Lei Áurea foi assinada pela princesa Isabel (1846-1921), em 1888, o presidente do Conselho de Ministros era o grão-mestre João Alfredo Correa de Oliveira (1835-1919). Das lojas também veio o apoio à mudança no regime de governo. Em 1889, a República foi proclamada pelo confrade marechal Deodoro da Fonseca (1827-1892), que formou um ministério só com maçons. Dos 12 chefes de Estado até 1930, oito eram maçons; dos 17 governadores de São Paulo durante a República Velha, 13 pertenciam à ordem.
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Fonte – http://www.mundodastribos.com/entenda-os-significados-dos-simbolos-maconicos.html
Caça aos bruxos

A partir de 1930, com a ascensão de Getúlio Vargas (1882-1954) ao poder, a maçonaria brasileira passou a ser estigmatizada. Os delírios do integralista Gustavo Barroso (1888-1959), de que a entidade unira-se ao judaísmo para controlar a humanidade, faziam sucesso. O mesmo surto ocorreu em outros países. Na União Soviética, Leon Trótski (1879-1940) denunciou um suposto complô maçom-judaico para dominar o planeta. Adolf Hitler (1889-1945), que dizia que a maçonaria era uma arma dos judeus, mandou fechar todas as lojas alemãs, prendeu líderes e, em 1937, organizou a Exposição Antimaçônica. Aberta em Munique pelo ministro da propaganda, Joseph Goebbels, a mostra reunia peças de lojas invadidas. Na Espanha, em 1940, o general Francisco Franco (1892-1975) proibiu a existência dos grupos e condenou seus membros a seis anos de prisão.
Nem só a perseguição fez organização perder poder. A maçonaria não se adaptou aos novos tempos, diz Françoise Souza. Ela foi poderosa enquanto era um local único de reunião de pessoas. Com a consolidação da sociedade civil, surgiram outros espaços associativos, como partidos, sindicatos e organizações não governamentais. Além disso, causas clássicas da maçonaria, como a liberdade religiosa, viraram direitos. Mas ainda existem locais onde a segurança e a valorização da liberdade de expressão são fundamentais. É o caso de Israel. Em Jerusalém, as lojas reúnem cristãos, judeus e muçulmanos, que conversam abertamente, trocam experiências e sabem que podem confiar uns nos outros, afirma o historiador Jan Snoek. Em lugares assim a maçonaria continua, como era em suas origens, uma organização inovadora.
Fundadores legendários  Estes seriam os primeiros maçons, segundo as lendas
Adão
Alguns integrantes da ordem defendem que Deus foi o primeiro maçom afinal (como um bom pedreiro) ele construiu o mundo inteiro em seis dias. Para outros, esse cargo cabe a Adão. Ao ser expulso do paraíso, ele teve de encontrar uma forma de construir abrigo. Seus ensinamentos teriam sido levados adiante por seu filho Caim.
Noé
De acordo com a Bíblia, depois de construir um barco e escapar do grande dilúvio com um casal de cada espécie animal, Noé precisou começar tudo do zero. Para alguns maçons, isso faz dele um pioneiro na arte da construção logo, um fundador da maçonaria.

Egípcios
Só mesmo grandes engenheiros seriam capazes de construir as pirâmides do Egito antigo. Por isso, não falta quem diga que entre os egípcios também estavam os primeiros maçons. Por essa versão, eles teriam criado ritos ocultos, os mesmos que teriam usado na construção da Grande Pirâmide de Quéops.
Hiram Abiff
Segundo a Bíblia, o rei Salomão teria contratado um outro rei, chamado Hiram Abiff, para ser o engenheiro-chefe de seu templo. De acordo com a maçonaria, Hiram foi morto por funcionários que queriam roubar os segredos de Salomão. Assim, Hiram acabou virando um mártir e também um exemplo de discrição.
Pitágoras
Além de fundador da Matemática como disciplina de estudos, o grego fundou a escola pitagórica, que tratava seus seguidores como uma irmandade sem superiores e seguia rígidos princípios religiosos e de comportamento. Assim, não é difícil entender a ligação que fizeram entre ele e a maçonaria.
Templários
Os sobreviventes da poderosa ordem, destruída em 1312 a mando do papa Clemente V, teriam continuado a se reunir em segredo até voltar a público em 1717, na forma da maçonaria. Algumas palavras em código dos maçons seriam inspiradas nas senhas usadas pelos templários.
SAIBA MAIS:
►A Maçonaria Símbolos, Segredos, Significado, W. Kirk MacNulty, Martins Fontes, 2007
►Arquivos Secretos do Vaticano e a Franco-Maçonaria, José Ferrer Benimeli, Madras, 2007
►O Poder da Maçonaria, Françoise Jean de Oliveira e Marco Morel, Nova Fronteira, 2008

UM POUCO SOBRE MEUS ANTEPASSADOS

Meus bisavós chamados Manoel Cavalcante de Queiroz e Vigorvina Fontes Fernandes de Queiroz (Fotografias abaixo) nasceram na então Vila de Lu...