quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

O SURF NO RIO GRANDE DO NORTE – O INÍCIO

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Aspectos da História do Surf no Mundo, no Brasil e no Rio Grande do Norte e Como Foi o Primeiro Campeonato de Surf em Terras Potiguares

Rostand Medeiros – Escritor e membro do IHGRN 

O surf é um dos mais antigos esportes praticados no planeta, onde a arte de vencer as ondas com material flutuante é uma mistura do esforço atlético e da total compreensão da beleza e do poder da natureza. Surf é também um dos poucos esportes que criou a sua própria cultura e estilo de vida.
 
A origem do surf é incerta. Para alguns historiadores, a prática nasceu há cerca de quatro mil anos entre moradores da atual costa do Peru, que, para pescar, deslizavam sobre as ondas em canoas de junco. Mas muitos discordam desta teoria, afirmando que não há provas de que os antigos peruanos ficassem de pé nas embarcações. E menos ainda de que fizessem manobras por diversão – a alma do esporte.
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Fonte – http://www.surfingforlife.com/history.html
Para muitos cientistas a origem do surf está na Polinésia Ocidental, quando o ato de montar ondas com uma tábua de madeira originou-se há mais de três mil anos. Os primeiros surfistas foram pescadores que descobriram que deslizar sobre as ondas era um método eficiente de chegar à costa com suas capturas. Eventualmente está sobre estas ondas passou gradativamente de ser apenas parte do trabalho de sobrevivência, para ser um passatempo. Esta mudança revolucionou o que compreendemos hoje como surf.
Não há registro exato de quando o surf tornou-se um esporte. Sabe-se que durante o século XV, reis, rainhas e outras pessoas das Ilhas Sandwich se destacaram no esporte denominado “he’enalu”, ou onda de deslizamento, no velho idioma havaiano. “He’e” significa mudar de uma forma sólida para uma forma líquida e “nalu” refere-se ao movimento de uma onda.
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Encontro dos havaianos com o capitão ingles James Cook e sua tripulação – Fonte – herbkanehawaii.com
Os primeiros registros históricos da civilização europeia sobre o surf remontam ao século XVIII, quando os europeus e os polinésios fizeram o primeiro contato. Em 1779 o capitão e navegador inglês James Cook viajou pelo Oceano Pacífico. Em meio a suas navegações aportou na baía de Kealakekua, no Havaí, onde testemunhou competições sobre as ondas que faziam parte dos festivais de ano-novo, dedicados a Lono, deus da fertilidade e da fartura, do sol e da chuva.
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Fonte – https://longboardsurfearte.wordpress.com/2012/06/04/o-longboard-e-a-origem-do-surf/
No Taiti ele descreveu maravilhado como um nativo pegou ondas com sua canoa apenas por diversão: “Ao caminhar um dia onde nossas barracas foram erguidas, vi um homem remando em uma pequena canoa tão rapidamente e olhando ao redor com muita avidez. Ele sentou-se imóvel e foi levado ao mesmo ritmo que a onda. Seguiu até que desembarcou na praia, começou a esvaziar a canoa e foi em busca de outra onda. Eu não pude deixar de concluir que esse homem sentiu um prazer supremo enquanto ele era conduzido tão rápido e tão suavemente pelo mar”.

Quase o fim e o Renascimento

Os primeiros colonos polinésios a desembarcar no Havaí eram mais aptos a surfar e depois de algumas centenas de anos montando as ondas das ilhas surgiu a conhecida forma havaiana do esporte. Mas com a chegada de missionários cristãos às ilhas, a partir de 1820, o surf perdeu força. Os religiosos estavam determinados a pôr fim aos costumes pagãos, e enfrentar as ondas de pé e sem roupa estava no topo da lista – além de indecente, minava a produtividade. As pranchas foram transformadas em mesas e cadeiras, usadas nas escolas que ensinariam religião, “bons costumes” e escrita aos “selvagens”.
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Homens e mulheres surfando em desenho de Wallace Mackay, 1874 – Fonte – http://www.surfingforlife.com/history.html
Apesar do esforço dos missionários, o surf sobreviveu. Mais de um século depois, em 1907, um havaiano de ascendência irlandesa, George Freeth, levou o esporte para a Califórnia. Naquele tempo, as pranchas costumavam ser feitas de madeira maciça, tinham três metros de comprimento, pesavam 45 kg e não possuíam quilha, o que as tornava difíceis de manobrar.

Da Califórnia, a partir dos anos 1950, o esporte conquistou o planeta – com o empurrão de Hollywood e filmes como Maldosamente Ingênua (1959), com a atriz Sandra Dee.

Na tela, corpos bronzeados disseminavam a cultura da praia, associada a hedonismo, diversão e liberdade.

No Brasil o Surf Começou no Improviso 
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Thomas Ernest Rittscher Júnior, o pioneiro do surfe brasileiro – Fonte – http://www.avisoesporte.com.br/2011/11/surf-morre-aos-94-anos-de-idade-o.html
Para alguns a ideia de surfar com algo flutuante sobre as ondas no Brasil pode ter começado desde os tempos pré-Cabralinos. Teria sido com os indígenas e suas canoas escavadas de um único tronco de árvore, que poderiam ter voltado surfando após suas pescas no mar. Mas isso é até agora pura especulação.

De certo mesmo temos a história de um garoto nascido em 1917 na cidade de Nova York, Estados Unidos, cuja família se mudou para Santos em 1930.

Seu nome era Thomas Ernest Rittscher Júnior e consta que ele surfou com sua “tábua havaiana” na Praia do Gonzaga, quando tinha apenas 16 anos de idade. Thomas Rittscher construiu sua prancha baseado em um esquema da revista americana Popular Mechanics. A primeira prancha do Brasil pesava entre 50 e 60 kg e tinha quase quatro metros de comprimento.

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Thomas e Margot Rittscher em Santos, anos 30. Foto: arquivo pessoal família Rittscher – Fonte – http://supclub.waves.com.br/sup-video-homenagem-a-thomas-rittscher/
Ao avistarem as manobras de Rittscher nas praias do litoral sul, a população de Santos se espantou, acreditando que o pioneiro do surfe conseguia andar sobre as ondas. Rittscher é considerado o primeiro homem a surfar uma onda no Brasil e sua irmã Margott, que acompanhava o irmão nas aventuras, é considerada a primeira mulher a surfar no país.

A partir dos anos 1940, no Arpoador, Rio de Janeiro, o esporte começou a se popularizar, primeiro entre os praticantes de pesca submarina. Na década seguinte, quando virava moda mundial, ficou popular entre garotos da American School of Rio de Janeiro (Escola Americana do Rio de Janeiro), que na época ficava no bairro do Leblon.
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1959 – Jorge Paulo Lemann, de sunga escura, com amigos na Praia do Arpoador, Rio – Fonte – http://revistatrip.uol.com.br/trip/lemann-broders
Em 1952, um grupo de cariocas, liderado por Paulo Preguiça, Jorge Paulo Lemann (atualmente tido como o homem mais rico do Brasil) e Irency Beltrão começaram a descer as ondas na praia de Copacabana com pranchas de madeirite e o esporte começou a popularizar-se. Já as primeiras pranchas de fibra de vidro, importadas dos Estados Unidos, só chegaram ao Brasil em 1964, mas a maioria das pranchas continuavam a ser improvisadas, sendo confeccionadas de madeirite, ou isopor revestido com sacos de sisal.

A prancha que se denominava de isopor era feita de poliestireno expandido (EPS), material descoberto em 1949, nos laboratórios da empresa alemã BASF e que ficou mais conhecido no Brasil pela marca comercial “Isopor” (depois surgiu outra marca chamada “Isonor”). Foram pranchas que marcaram época, sendo muitas vezes as primeiras pranchas de muita gente por aí, mas que normalmente quebravam na primeira onda mais forte.
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Meninas competindo no Rio. Foto do acervo de Irencyr Beltrão, extraída do livro de Alex Gutenberg: “HISTÓRIA DO SURF NO BRASIL – 50 ANOS DE AVENTURA” 1989, Editora Azul. Uma produção da REVISTA FLUIR.
A primeira fábrica de pranchas de surf mais bem elaboradas no país era a carioca São Conrado Surfboard, que inaugurou suas atividades em 1965.

Em 15 de julho deste mesmo ano foi fundada a primeira entidade de surf brasileira – a Associação de Surf do Rio de Janeiro. Esta organizou o primeiro campeonato em outubro daquele ano. No entanto, o surf só seria reconhecido como esporte pelo Conselho Nacional de Desportos em 1988. 

E em Natal, como a coisa rolou?

Pesquisando nos jornais antigos, através de uma interessante reportagem produzida por Ricardo Rosado Holanda, com fotos de Joab Fabrício, e publicada em 25 de maio de 1975 (página 24) no extinto dominical natalense “O Poti”, observamos que a rapaziada da cidade já praticava surf com as antológicas pranchas de isopor. Ainda segundo Ricardo Rosado o pessoal local dominava as ondas deslizados deitados nas pranchinhas.
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Foi quando em janeiro de 1974 um surfista, cujo nome não ficou registrado nesta reportagem, surfou na cidade com uma clássica longboard, um tipo de prancha alongada, que na década de 1960 fez sucesso entre os surfistas californianos. O desconhecido praticante do antigo esporte criado no Oceano Pacifico parece que chamou atenção da rapaziada local por deslizar nas ondas em pé e provavelmente ele deu o “start” de algo que já estava latente nas praias potiguares.

Mas existe uma dúvida nisso tudo – Ou o desenvolvimento do surf foi bem rápido em praias potiguares? Ou o pessoal local já praticava surf com materiais flutuantes de melhor qualidade do que as frágeis pranchinhas de isopor, antes mesmo da apresentação do surfista desconhecido com seu pranchão na Praia dos Artistas?
Comento isso porque dois surfistas natalenses participaram do II Campeonato Pernambucano de Surf, na Praia de Porto de Galinhas e que aconteceu nos dias 29 e 30 de março de 1974. Eles eram Fabiano e Lamartine e competiram respectivamente nas categorias Júnior e Sênior. O evento era bem organizado e chegou a ser patrocinado pela Rede Globo e os dois surfistas saídos do Rio Grande do Norte conseguiram os sextos lugares em suas respectivas categorias, competindo contra 60 surfistas de Pernambuco e de todo país. Eu entendo que isso foi uma grande mostra da capacidade destes dois surfistas potiguares, pelo fato do esporte ser ainda tão incipiente e com poucos praticantes nas praias do Rio Grande do Norte (Ver Diário de Natal, edição de 4 de abril de 1975, sexta feira, página 10). 



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Já Ricardo Rosado apontou na sua reportagem de 1975 que cerca de 30 a 35 surfistas entubavam ondas nas Praias dos Artistas, Areia Preta, Ponta Negra e na idílica Baía Formosa, a 98 km de Natal e que na época era extremamente preservada na sua natureza.

Nesta matéria os surfistas considerados “feras” foram Luruca, Ronaldo, Barata, Fabiano, Albino, Sérgio, Hugo, Chico Adolfo, Seu Braz e “mais 30 adeptos”. O repórter apontou claramente que estes surfistas eram filhos de famílias tradicionais e abonadas da cidade. E certamente muitos deles eram de famílias com bom lastro financeiro, até porque nessa época o preço médio das pranchas de surf variavam de 1.500 a 3.000 cruzeiros. Com 2.800 cruzeiros em 1975 o Governo do Estado do Rio Grande do Norte pagava o salário mensal de um dentista. Já 3.000 cruzeiros dava para efetuar uma gorda entrada no pagamento do financiamento de um Fusca 1.300 em Marpas Veículos, ou pagar o valor do aluguel mensal de uma luxuosa casa de quatro quartos no bairro de Petrópolis, até hoje um dos mais valorizados de Natal.

Além do preço não podemos esquecer que neste período a maioria das pranchas eram fabricadas no Rio de Janeiro, normalmente por surfistas famosos e campeões, os “shapers”, como Mudinho, Toni, Missary e Rico, este último o famoso surfista carioca Rico Fontes de Souza. 
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Rico de Souza na década de 1970. Surfista carioca e referência na confecção de pranchas – Fonte http://acervo.oglobo.globo.com/
Do Rio também vinha a parafina para evitar escorregar da prancha (12 cruzeiros a caixa), roupa de neoprene para não sentir frio na água (700 cruzeiros a peça da marca Cobra Sub) e o par de rack para segurar as pranchas nos tetos dos veículos durante o transporte para as praias (400 cruzeiros).

Independente destas questões é interessante perceber que aqueles primeiros surfistas potiguares já possuíam dentro de suas mentes o principal aspecto da filosofia que impulsiona até hoje o surf pelo mundo afora – A integração com a natureza. Eles também já se organizavam para fundar um clube que unisse os praticantes do esporte em Natal. Sonhavam até mesmo com o apoio do Governo do Estado para a construção de um píer na Ponta do Morcego e holofotes para a prática noturna do esporte na Praia dos Artistas.

Mas a reportagem aponta que eles tinham em mente algo mais palpável para ser trabalhado em curto prazo – A realização de um campeonato de surf em Natal.


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Mas faltava um patrocinador para adquirir uma prancha para ser entregue como premiação principal.

O I Campeonato de Surf do Rio Grande do Norte

Para minha surpresa a ideia de ser realizado um campeonato de surf na capital potiguar atraiu favoravelmente uma parcela da sociedade potiguar para o evento. O campeonato foi efusiva e extensamente comentado na principal coluna social da cidade naqueles tempos, a do jornalista Paulo Macedo.
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A premiação do I Campeonato de Surf do Rio Grande do Norte em 1975.
Mesmo sendo um evento organizado por pessoas privadas, no caso Carlos Magno Campelo, Ronaldo Barreto e José Carlos, o patrocínio para a sua realização veio da empresa de divulgação de turismo do Rio Grande do Norte, a EMPROTURN, cujo presidente na época era Valério Mesquita (Ver Diário de Natal, edição de 29 de julho de 1975, terça feira, página 2).

O palco foi a Praia dos Artistas e ficou decidido que a data para a realização do campeonato seria nos dias 16 e 17 de agosto, sábado e domingo. As inscrições tinham o valor de 50 cruzeiros por surfista e não houve premiação em dinheiro, só em materiais, sendo que o primeiro colocado levaria uma prancha de surf novinha em folha da marca “Gledson”. Prometeram até mesmo juiz do Rio, mas isso ficou só na promessa.


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Com mais de 50 participantes inscritos eu acredito que quase todo mundo que praticava surf no Rio Grande do Norte caiu na água atrás da premiação, junto com surfistas vindos da Paraíba, Ceará, Pernambuco e até mesmo do Rio de Janeiro, pelo menos nominalmente.

Ficou acordado que o I Campeonato de Surf do Rio Grande do Norte teria cada uma de suas baterias classificatórias formada por cinco ou seis surfistas, com cerca de 30 minutos de duração e teriam início pela manhã e o encerramento previsto para as cinco da tarde. Os juízes eram de Pernambuco, do Ceará e um do Rio Grande do Norte.


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Segundo os jornais da época se inscreveram um total de 53 surfistas, oriundos de “todos os estados do Nordeste”, mas cinco destes não participaram. Entretanto os 48 surfistas restantes realizaram um campeonato muito disputado.

Eles ficaram divididos em oito baterias, com seis concorrentes cada uma. Dois concorrentes de cada bateria foram classificados no sábado, resultando dezesseis participantes para as baterias finais no domingo.
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Público presente na Praia dos Artistas para prestigiar o I Campeonato de Surf do Rio Grande do Norte de 1975
Duas baterias com cinco surfista e uma com seis concorrentes aproveitaram ao máximo as ondas da Praia dos Artistas no dia 17 de agosto e o campeão foi Ronaldo Barreto, de Natal e com apenas 17 anos de idade. Em segundo ficou Alfredo (de Fortaleza, Ceará), em terceiro Luruca (Natal), em quarto o classificado foi Capibaribe (Fortaleza), em quinto Amim (de Recife, Pernambuco) e em sexto Marquinho (do Rio de Janeiro, mas que morava em Natal).
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1975 – Ronaldo Barreto foi o campeão do I Campeonato de Surf do Rio Grande do Norte, aqui recebendo sua premiação de Valério Mesquita, o então presidente da EMPROTURN
Aquele primeiro campeonato potiguar de surf, realizado há quase 42 anos, foi considerado bem organizado e seguramente serviu como um grande marco para o desenvolvimento deste esporte na região. Segundo os jornais, já durante o evento os surfistas locais debatiam a criação de uma federação de surf no estado. Não demorou muito e rolou na Praia de Ponta Negra, em outubro daquele mesmo ano, o I Campeonato de Surf do Colégio Marista.
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Visão comum em Natal a partir de 1975
Aí a coisa não parou mais!

Hoje o surf potiguar é um dos esportes mais atuantes nas praias potiguares, com uma extensa história de sucesso e nomes que alcançam o circuito mundial deste esporte.

O Rio Grande do Norte tem representantes na elite do surf desde 1995, quando Aldemir Calunga começou a “dropar” as ondas pelo mundo. Depois, vieram Danilo Costa, Marcelo Nunes e Joca Júnior, que mantiveram a presença potiguar na elite.
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Os potiguares Jadson André e Ítalo Ferreira vão disputar a elite do Circuito Mundial de Surf em 2017 (Foto: Jocaff Souza/GloboEsporte.com)
E a saga continua firme e forte – Dos nove surfistas que vão representar o Brasil no Circuito Mundial de Surf em 2017, dois deles são potiguares – Jadson André, de Natal, e Itálo Ferreira, de Baía Formosa. A mesma bela praia que testemunhou o início do surf potiguar entre 1974 e 1975.

Fonte – http://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/acervo/surf-uma-historia-politica.phtml#.WJSEw4WcHIV
http://www.earj.com.br/history.html
http://iml.jou.ufl.edu/projects/spring04/britton/history.htm
http://jornalzonasulnatal.blogspot.com.br/2015/03/uma-onda-sem-fim.html
http://esporte.ig.com.br/maisesportes/surfe/morre-thomas-rittscher-o-primeiro-surfista-do-brasil/n1597382505205.html
https://www.wsj.com/articles/a-short-history-of-surfing-1439479278
http://www.future-surf.com/en/surf/historia/

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017


Andrea Ramalho Alves
SPOKFREVO, dia 23 de fevereiro, no Polo Petropolis - Abertura do Carnaval de Natal.
Cartão postal com vista de parte da então avenida Junqueira Ayres em por volta de 1915.
Detalhe para os lambrequins ainda enfeitando a fachada da residência do Cel Aureliano de Medeiros.
Fotógrafo: Não informado
Ano: Cerca de 1915

sábado, 4 de fevereiro de 2017

Registrando minha adolescência em Assu. Na fotografia: Fernando Caldas, editor deste blog (de chapéu), além de duas irmãs e um primo querido Carlos Antônio de Sá Leitão (na garupa). A foto fora tirada em 1970, era dia de vaquejada naquela terra assuense, 22 de julho daquele mesmo ano. Caramba, no dizer do carioca, há 47 anos atrás. É como diz minha mãe: o tempo voa.

Fernando Caldas

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sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

NATAL COM NOMES PRA LÁ DE LOUCOS

Descobrimos que quando o assunto é criar nome de bloco de carnaval de rua a cidade de Natal com certeza sai na frente do resto do país. É cada um que se você não visse a foto não acreditaria que existe:

Troça do Zé Priquito

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Este é um bloco que na verdade se divide em dois. Um tradicionalmente mantido na praia da Redinha, e outro em na praia de Barra de Maxaranguape, ambas no litoral do Rio Grande do Norte. O primeiro, por ser o mais antigo, é conhecido por tradicionalmente arrastar multidões, e foi criado em homenagem ao próprio dono, o senhor Jose Bezerril Alves, muito conhecido como Seu Zé Priquito. Já o da Maxaranguape é do filho do Priquito, digo, do seu José, o Wellington Bezerril.

Bloco dos Lisos

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Estar liso em Natal significa estar sem dinheiro. Com os salários atrasados, servidores públicos de Natal criaram um bloco de carnaval chamado “Bloco dos Lisos”, que se concentrou em frente a Prefeitura da cidade.
Mais de 600 servidores caminharam pelas ruas da cidade portando instrumentos musicais, vestidos com roupas personalizadas e segurando faixas e cartazes, numa mistura de protesto e folia. Eita Brasilzão pra fazer carnaval até por causa de salário atrasado…

Os Cão

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Este é um bloco que sai todas as terças-feiras de Carnaval há mais de 50 anos na praia da Redinha, litoral Norte de Natal. É um clássico do carnaval Potiguar e também uma das invenções carnavalescas mais loucas já criadas. Isto porque seus foliões, independente do sexo e sem restrição de idade, usam como fantasias simplesmente: lama. Isto mesmo, eles se cobrem da lama do mangue do Rio Potengi. E a farra tem até um requinte histórico, já que o local deu origem à cidade de Natal.
Os adeptos deste “carnaval natural” começam desde cedo a se sujarem vestirem no mangue, até um ponto em que não é mais possível se reconhecer homem, mulher ou criança no meio de toda aquela lama negra. Imagina o que não deve rejuvenescer um dia de folia desses…

Ia + Fiquei

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O bloco começou quando um grupo de amigos, para dar uma alegria a mais ao carnaval de rua da praia de Ponta Negra, organizou uma “charanga” com instrumentos que lhes foram doados por um outro bloco carnavalesco, os Flagelados do Samba, de Apodi-RN.
O projeto foi ganhando adeptos, os amigos foram desistindo de ir para outros lugares e preferindo curtir o carnaval na própria rua, e o bloco tomou forma. Passou a receber apoios e patrocínios, e hoje conta com uma orquestra de frevo própria. Desde então, todos sábados de Zé Pereira, o IA+FIQUEI desfila pelas principais ruas do bairro, sempre com o incentivo de artistas, músicos e poetas potiguares, e arrasta todo mundo por onde passa.
Só queria saber a origem desse nome.

Poetas, Carecas, Bruxas e Lobisomens

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Este é um bloco que sai pelas ruas do bairro de Ponta Negra em Natal há 12 anos. Nele, gente de todas as idades e fantasiados como bem entender, acompanham uma folia composta por bonecos gigantes e bandas de frevo, num clima de nostalgia e tranquilidade típico dos antigos carnavais de rua. A praça onde acontece a concentração transborda de tanta gente.

Bloco do Seu Boga

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Diz a lenda que um promotor de eventos de Natal decidiu criar um bloco carnavelesco e deu a ele este lindo nome que se você procurar com cuidado no Google vai descobrir o que significa.
Hoje em dia o Bloco do Seu Boga sai pelas ruas da praia Redinha (litoral Norte de Natal). Existem também “irmãos” deste bloco no Ceará e no Maranhão.
Se você conhece algum bloco de carnaval com nome interessante e sabe sua origem manda pra gente pelo: contato@curiozzzo.com que nós publicaremos aqui.
Do Portal: https://curiozzzo.com

COMO FAZÍAMOS SEM… ESPELHO?

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Quadro de 1632, quando o espelho era raridade | Crédito: Paulus Moreelse

No século 16, o objeto custava mais caro que obras de pintores renascentistas

Vinicius Rodrigues
Provavelmente você dá uma olhada no espelho antes de sair de casa. Dentro de um elevador de paredes espelhadas, é certo que aproveita para ajeitar a roupa ou o cabelo. As superfícies que refletem a luz são tão fáceis de ser encontradas no ambiente urbano que é difícil imaginar o quanto elas foram disputadas no passado.
Tudo indica que a primeira vez que o ser humano viu seu reflexo foi na água. Isso deve ter mudado em cerca de 3000 a.C., quando povos da atual região do Irã passaram a usar areia para polir metais e pedras. Esses espelhos refletiam apenas contornos e formas. Mas imagens não eram nítidas e o metal oxidava com facilidade, perdendo a função. 
Dessa forma, por quase toda a história, todo mundo tinha apenas uma vaga noção de como se parecia. Assim foi até o fim do século 13, quando, em Veneza, alguém teve a ideia de unir vidro e chapas de metal. “Os espelhos dessa época têm uma pequena camada metálica na parte posterior do vidro. Assim, a imagem ficava nítida, e o metal não oxidava por ser protegido pelo vidro”, diz Claudio Furukawa, pesquisador do Instituto de Física da USP. Esse já era o espelho como o conhecemos até hoje: o metal reflete e o vidro protege.
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Quadro do italiano Ticiano, mulher com um espelho, de 1514, Óleo sobre tela, 93 x 76 cm, Musée du Louvre, Paris.
Mas o espelho veneziano era um produto raro e caro. Chegavam a ser mais valiosos que navios de guerra ou pinturas de gênios como o renascentista italiano Rafael (1483-1520). A democratização do artigo começou em 1660, quando o rei da França Luís XIV (1638-1715) ordenou que um de seus ministros subornasse artesãos venezianos para obter o segredo deles. O resultado pode ser conferido na sala dos espelhos do palácio de Versalhes.
Com o advento da Revolução Industrial, o processo de fabricação ficou bem mais barato e o preço caiu. “Mesmo assim”, afirma o antropólogo da PUC-RJ José Carlos Rodrigues, “o espelho só se popularizou e entrou nas casas de todos a partir do século 20.” Só então nos tornamos familiares com nossa própria cara. 
Para registrar. A eletrificação do Vale do Açu em versos de autoria de Pereira Neto ("Seu" Pereira), então gerente do Banco do Brasil, agência de Assu. (antigo guardado de Fernando Caldas).


quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

FHC retribui gesto de Lula em momento difícil, e encontro comove a internet

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Do UOL, em São Paulo
  • Divulgação/Ricardo Stuckert
A imagem do abraço entre os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e Lula no hospital em que a ex-primeira dama Marisa teve morte cerebral comoveu as redes sociais
PRECISO ENTENDER A JUSTIÇA -- Não vou falar da minha própria história (coisa que pretendo fazer de outra forma e muito em breve). Por enquanto fico apenas com a dúvida seguinte: 
1. um juiz negou habeas-corpus a Eike Batista, que estava fora do Brasil, e voltou por conta própria para se apresentar quando soube da decretação de sua prisão preventiva. O juiz entendeu que ele é muito traquinas para ficar solto, mesmo que não tenha sido condenado, nem denunciado formalmente ainda;
2. outro juiz mandou que soltassem um indivíduo, cujo nome não sei, mas a quem as notícias se referem como "o número 2 do PCC", com uma penca de crimes de morte nas costas, processo já em curso, julgamento marcado para mais uns 30 dias. Essa "autoridade" recebeu ordem de soltura, para aguardar julgamento em casa.
Não estou dizendo que esse ou aquele juiz está certo ou errado. Eu até sei que tudo deve ser decidido caso a caso, com base no que consta nos autos e que cada processo é um universo em si, que não se comunica com outros, e que, como dizem os advogados, "o que não está nos autos não está no mundo" (às vezes).
Não estou, portanto, acusando. Estou apenas registrando a minha perplexidade e confessando a minha ignorância, pois não consigo entender.

De Nino, o filósofo me-lancólico do Beco da Lama, molhando a arte de viver com goles de uísque: “A vaidade humana, às vezes, é perversa. Não...