segunda-feira, 15 de maio de 2017

MULHER NUA - Gilka Machado (1893-1980)

Alma de pomba - corpo de serpente,
enche de adejos e rastejos
teu ambiente,
caiam em torno a ti pedras ou flores
de uma contemplativa multidão:
de lisonjeiros e de malfeitores
cheias as sendas da existência estão.
 
Toda de risos tua boca enfeita
quando te surja um ser sincero, irmão;
e sejas sempre pura, espelhante e perfeita,
na verdade da tua imperfeição.
Musa satânica e divina
ó minha Musa sobrenatural,
em cujas emoções, igualmente, culmina
à indução do Bem, a tentação do Mal!
Em teus meneios lânguidos ou lestos
expõe ao Mundo que te espia
que assim como há na Dança a poesia dos gestos,
há nos versos a dança da Poesia.
 
Dança para esse gozo,
o grande gozo maternal da Terra,
que te fez sem igual,
e, envaidecida,
em seu amor te encerra,
amando em ti a sua própria vida,
sua vida carnal e espiritual.
Torce e destorce o ser flexuoso
ó Musa emocional!
 
Maneja os versos de maneira tal
que eles fiquem pelos séculos dispersos,
com os ritmos da existência universal.
E a dançar, a dançar,
num delicioso sacrifício,
patenteia a nudez desse teu ser ante o sereno altar
do deus que te domina.
 
Que importa a injúria hostil de quem te não compreenda?
dança, porém, não como a Salomé da lenda,
a lírica assassina: dança de um modo vivificador;
dança de todo nua,
mas que seja a nudez sensual da dança tua
a imortalização do teu glorioso Amor!

domingo, 14 de maio de 2017

A CANÇÃO DO CEGO

Pela vontade divina.
Tive a sina
de nascer na escuridão,
mas, se deus que eu não nego,
fez-me cego,
paz-me em sol no coração.

Quando ouço a tua fala,
que me embala,
que me faz em deus pensar,
sinto n'alma a claridade
da saudade
de uma noite de luar...

Si pelas mãos tu me levas,
eu nas trevas,
mais feliz do que os ateus
tendo a fé, que é a luz mais calma,
dentro d'alma
vejo a ti e vejo a Deus.

Esta noite, com o meu pranto,
roguei tanto
a piedade de Jesus
que depois de um sono brando,
vi, sonhando,
todo o céu, cheio de luz.

Catulo Da Paixão Cearense

 

sábado, 13 de maio de 2017

Av Sachet - 1939
André Madureira
·
Cartão Postal com vista parcial da então Av Sachet em fins da década de 1930.
Foi até 6 de maio de 1944 que a principal avenida desse bairro teve como patrono, Sachet, o inseparável mecânico do Pax de Augusto Severo. Nessa data, o então prefeito da capital, o dr José Varela, sanciona um decreto que modificava para Duque de Caxias a antiga Av Sachet. Houve um período em que, em homenagem a educadora, escritora e poetisa potiguar, Nisia Floresta Brasileira Augusta, essa avenida também se chamou "Nisia Floresta". Essa modificação no nome veio no final dos anos 20.
Cerca de 10 anos depois, em 23 de outubro de 1936, durante as comemorações ao dia do aviador, o dr. Luiz da Câmara Cascudo, ao pé do monumento de Augusto Severo, solicita ao prefeito da capital que voltasse a denominar-se Sachet a avenida ligada a praça Augusto Severo. A intensão era de deixar junto da praça Augusto Severo a avenida Sachet, "...não desunir quem a morte juntara", na frase do escritor.


Fotógrafo: Antonio Berbér
Ano: 1939

quinta-feira, 11 de maio de 2017

Mãe… São três letras apenas
As desse nome bendito:
Também o Céu tem três letras…
E nelas cabe o infinito.
Para louvar nossa mãe,
Todo o bem que se disse
Nunca há de ser tão grande
Como o bem que ela nos quer…
Palavra tão pequenina,
Bem sabem os lábios meus
Que és do tamanho do Céu
E apenas menor que Deus!

Mario Quintana

terça-feira, 9 de maio de 2017

Cartões postais onde aparece a Fortaleza dos Reis Magos.
As duas imagens mostram a Fortaleza separadas em cerca de 40 anos.
- Em cima, na imagem mais antiga, a autoria é do fotógrafo mossoroense João de Miranda Galvão.
Foto feita em cerca de 1922.


- Em baixo, na imagem mais recente, é de autoria de Jaeci Galvão.
Foto feita no inicio dos anos 1960 após restauração da Fortaleza.
Foi nessa restauração que a edificação perdeu parte de seu frontão superior.

segunda-feira, 8 de maio de 2017

POEMA QUASE DESONESTO PARA UMA NOIVA


POEMA QUASE DESONESTO PARA UMA NOIVA 

Dentro daquela noite buliçosa,
você passou por mim como uma estrela,
das que rasgam o céu cheias de pressa,
passam correndo, mas deixando o rastro.
E me disseram, lá mesmo na festa
que você já é noiva. Que tem isso?
Há tantas noivas que não são honestas ...

Vá ver seu noivo, antes de mim, de tudo,
Dê-lhe a sua alma e dê-lhe o corpo, até.
Encha·lhe os dedos de carícias virgens
e seja dele as vezes que quiser.
Depois, venha me ver. Na última noite.
Quando seu corpo inda estiver saudável.
Há de encontrar aberta a minha porta,
que não se fecha, desde aquela festa.
Estou deitado, à espera dos seus passos...
(Ah! queira Deus você não seja honesta!...)

                                                        (BW)
De:
http://bwmemoria.blogspot.com.br/

O amor é o caminho do céu.

João Lins Caldas, pensador potiguar

quinta-feira, 4 de maio de 2017

A noite abraça o vazio da alma,
emoções não ultrapassadas.
que a cada dia adormecem em mim.
Ausência , saudade que rasga a pele.

✽❣────❀ღ 🎀 ✿────•✤❥

Cristina Costa










quarta-feira, 3 de maio de 2017

Por reformas, Temer negocia manter imposto sindical e aposentadoria integral de servidores públicos

Congresso em Foco     

Governo permitiria cobrança obrigatório do tributo por mais cinco anos como objetivo de garantir apoio nas votação das reformas trabalhista e previdenciária. Servidores admitidos até 2003 ficariam fora da idade mínima exigida para aposentadoria integral
O governo está disposto a ceder às entidades que representam as carreiras de Estado e aos sindicatos de categorias de trabalhadores do setor privado para conseguir aprovar as reformas na Previdência e nas leis trabalhistas que tramitam no Congresso. Para garantir os votos dos deputados ligados às centrais de trabalhadores, os líderes governistas na Câmara negociam a manutenção do Imposto Sindical por mais cinco anos.
Em troca dos votos dos parlamentares eleitos com o apoio das corporações do setor público, o governo estuda a manutenção da aposentadoria integral para quem ingressou no serviço público antes de 2003 sem o cumprimento da idade mínima.
A prorrogação da cobrança do Imposto Sindical por cinco anos foi proposta aos líderes governistas pelo deputado Paulo Pereira da Silva (SP), fundador da Força Sindical e principal dirigente do Solidariedade. Com 14 deputados, a legenda é contra, tanto à reforma trabalhista, já aprovada na Câmara, quanto às mudanças nas regras da Previdência. A Força Sindical lidera categorias importantes como a os metalúrgicos de São Paulo.
Fator Paulinho
Por influência de Paulinho da Força, os parlamentares do Solidariedade poderiam votar a favor da reforma previdenciária na Câmara se os senadores mantiverem o Imposto Sindical por cinco anos. O tributo foi extinto no projeto de reforma trabalhista aprovado pelos deputados há duas semanas e em discussão pelos senadores que poder alterar o texto antes de virar lei.
Formado pelo equivalente a um dia de serviço de cada trabalhador dos setores público e privado, o tributo serve para financiar a estrutura sindical, inclusive dos empresários, como confederações patronais e centrais operárias. Em 2016 o Imposto Sindical arrecadado foi de  R$ 3,5 bilhões. O dinheiro é distribuído a entidades patronais e sindicais em valores proporcionais ao tamanho de cada setor patronal ou de trabalhadores.
Para convencer a bancada do Solidariedade a votar a favor da reforma previdenciária, o deputado Paulinho da Força (SP) sugeriu ao presidente Michel Temer que a idade mínima para as aposentadorias de homens seja de 62 anos e de mulheres 58 anos. O relator da emenda na Câmara, Arthur Maia (PPS-BA), definiu no seu texto idade mínima de 65 anos para homens e 55 anos para mulheres das cidades. Para trabalhadores rurais a idade mínima prevista é de cinco anos menos para quem requerer o benefício nos próximos 10 anos.
Servidores
Os líderes governistas na Câmara, o ministro de Relações Institucionais do governo, Antônio Imbassahy, e o relator Artur Maia negociam com entidades que representam servidores públicos das carreiras de Estado a manutenção do direito à aposentadoria integral para quem foi admitido até 2003, mesmo antes da idade mínima de 65 anos (homens) e 60 anos (mulheres). No caso dos policiais, o relator Arthur Maia manteve a mesma idade mínima atual de 55 anos.
As aposentadorias integrais para quem entrou no serviço público antes de 2003 está prevista na legislação. Mas a emenda de reforma previdenciária prevê que o servidor dos três poderes trabalhe até atingir a idade mínima de 65 anos (homens) ou 60 anos (mulheres) para ter direito ao benefício igual ao último salário da ativa. O governo e seus líderes no Congresso acreditam que com estas modificações deputados e senadores que hoje resistem às mudanças propostas possam votar a favor das alterações nas outras regras para as aposentadorias.

Por Leonel Rocha

terça-feira, 2 de maio de 2017

A palavra mais bonita: Lealdade ... ofereça-a!
A palavra mais egoísta: Eu ... evite-a!
A palavra mais satisfatória: Nós ... use-a!
A palavra mais venenosa: inveja ... destrua-a!
A palavra mais usada: Amor... valorize-o!
A palavra mais prazerosa: Sorriso ... mantenha-o!
As palavras que mais prejudicam: Mentiras ... ignore-as!
A palavra mais difícil: Humildade ... seja-o!
A palavra que mais destrói: Mágoa ... perdoe!
A palavra mais poderosa: Conhecimento ... busque-o!
As palavras mais essenciais: Confiança em Deus...Acredite.


Ricardo Domingues

A arte de amar é a mesma de ser poeta.

Cecília Meireles

Em quais pontos a reforma da Previdência mexe com servidores. E em quais deixa tudo como está

BSPF     -     

Texto em discussão na Câmara define idade mínima obrigatória para funcionários públicos e pode impor transição dura para quem assumiu cargo antes de 2003. Policiais e professores conseguiram manter regimes especiais e militares ficaram de fora.
Quando anunciou sua intenção em reformar a Previdência, em julho de 2016, o presidente Michel Temer cogitava criar um regime único de aposentadorias, que englobasse os servidores públicos e os trabalhadores do regime geral, vinculados ao INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).
 A iniciativa chamou a atenção de quem defendia um tratamento equilibrado do governo em relação aos dois universos: quem trabalha no setor público e quem trabalha para a iniciativa privada. À época, o Palácio do Planalto havia acabado de apoiar a aprovação de reajustes para diversas categorias do funcionalismo, ao custo de R$ 69 bilhões até 2018, em plena recessão e alta do desemprego — e  uma semana depois de defender o congelamento dos gastos públicos por 20 anos.
 A proposta de emenda à Constituição para reformar a Previdência foi enviada em dezembro de 2016 à Câmara com algumas regras na direção de unificar a aposentadoria dos servidores com os dos trabalhadores vinculados ao INSS. A principal delas é o estabelecimento de uma mesma idade mínima obrigatória de aposentadoria para os dois sistemas — na versão atual do texto, de 65 anos para homens e 62 anos para mulheres.
Ao longo de cinco meses de tramitação, algumas mudanças propostas sobre o regime de aposentadoria dos servidores foram suavizadas e outras, endurecidas. O texto deve ser votado em uma comissão especial da Câmara até o dia 3 de maio. Depois segue para o plenário da Casa, e ainda precisará ser votado pelo Senado.
Veja em que aspectos o texto da reforma da Previdência em discussão na Câmara mexe nas aposentadorias dos servidores e em quais ele não altera as regras.
Regra dura para servidores mais antigos 
Servidores que ingressaram no serviço público antes de 2003 tinham direito a dois benefícios na hora de se aposentar: integralidade (benefício igual ao valor do último salário) e paridade (benefício reajustado nos mesmos percentuais dos aumentos salariais concedidos ao pessoal da ativa). O relator da reforma da Previdência, deputado Arthur Maia (PPS-BA), propõe que esses servidores sejam obrigados a se aposentar pela idade mínima de 65 anos para homens e 62 para mulheres caso queiram manter o direito à integralidade e à paridade. A implementação da regra seria imediata, sem período de transição. A pressão dos servidores contrários a essa medida é grande e há chances de ela ser excluída do texto.
Aumento da idade mínima para todos 
Hoje, servidores podem se aposentar por tempo de contribuição (aos 60 anos de idade e 35 de contribuição para homens e 55 anos de idade e 30 de contribuição para mulheres), se tiverem no mínimo 10 anos de serviço público. Eles também podem se aposentar por idade, com 65 anos para homens e 60 para mulheres, com no mínimo 10 anos de serviço público. A proposta em discussão acaba com a aposentadoria por tempo de contribuição e exige a idade mínima de 65 anos para homens e 62 para mulheres que desejam se aposentar — as mesmas idades que serão exigidas no regime geral do INSS.
Limites a quem acumula aposentadoria e pensão
 Hoje é permitido o acúmulo de pensão com aposentadorias. Uma aposentada servidora, por exemplo, que tenha sido casada com um servidor público já falecido, acumula sua aposentadoria e a pensão relativa ao seu marido. Se o texto for aprovado, o acúmulo será permitido somente até o valor de dois salários mínimos — R$ 1.874, em valores atuais.
Policiais conseguiram reduzir idade mínima
 No atual sistema, não há idade mínima exigida para um policial se aposentar. Homens têm direito ao benefício pelo valor integral após 30 anos de contribuição e 20 anos de atividade e as mulheres, 25 anos de contribuição e 15 anos de atividade. O texto fixa a idade mínima de 55 anos para se aposentar. A versão inicial da reforma pretendia equiparar a idade mínima dos policiais aos dos demais servidores e trabalhadores — nos termos atuais, 65 anos para homens e 62 para mulheres —, mas o relator concordou em suavizar a exigência.
Professores terão idade mínima de 60 anos 
Professores da educação básica têm hoje direito a aposentadoria especial, por idade ou por tempo de contribuição. Na aposentadoria por idade, homens podem requisitá-la aos 55 anos e as mulheres, aos 50. Na por tempo de contribuição, homens podem fazê-lo após 30 anos de atividade e as mulheres, 25. O texto acaba com a modalidade por tempo de contribuição e estabelece a idade mínima de 60 anos para se aposentar, com pelo menos 25 anos de contribuição, para ambos os sexos. Essa regra vale tanto para os professores do setor público como para os do setor privado.
Servidores estaduais e municipais serão afetados depois
 As regras do texto da reforma da Previdência não afetarão imediatamente os servidores estaduais e os servidores municipais filiados a regimes públicos de aposentadoria, o que compreende cerca de 5 milhões de pessoas. Em algumas cidades, os servidores são vinculados ao INSS — são cerca de 1,5 milhão nesse regime. A proposta em discussão na Câmara estabelece que os Estados e municípios terão seis meses, após o início da vigência da emenda constitucional — se aprovada —, para reformar seus respectivos regimes de Previdência. Os Estados e municípios que não reformarem seus sistemas públicos de Previdência no prazo de seis meses serão automaticamente submetidos às regras do texto aprovado pelo Congresso.
Militares não entraram na reforma
 A Previdência dos militares das Forças Armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica) faz parte do regime próprio dos servidores da União, mas tem outras regras. Diferentemente dos trabalhadores vinculados ao INSS e dos servidores públicos civis, os militares não têm parte do seu salário recolhido para o sistema de Previdência. A União paga integralmente a aposentadoria de quem trabalhou no Exército, na Marinha e na Aeronáutica, como se fosse uma despesa de pessoal. Eles contribuem somente para garantir parte do pagamento de pensões a que seus familiares têm direito. Os militares começam a receber aposentadoria quando entram para a reserva, após 30 anos de contribuição. Não há idade mínima. Inicialmente, o governo cogitou incluir os militares na reforma, mas recuou após pressão das Forças Armadas e do ministro da Defesa, Raul Jungmann. Agora, a promessa do Palácio do Planalto é enviar uma proposta com novas regras para as aposentadorias dos militares após a aprovação da reforma da Previdência.
Mais equilíbrio, com alguns privilégios mantidos
 O economista Pedro Nery, consultor legislativo do Senado e especialista em Previdência, afirmou ao Nexo que o texto da reforma da Previdência tem alguns pontos que trazem maior equilíbrio entre o sistema de aposentadoria dos servidores e o do INSS. Um deles é o aumento da idade mínima exigida para servidores se aposentarem, equiparando-a com a do regime geral. “Hoje vivemos uma situação paradoxal em que uma servidora pode se aposentar bem antes que sua empregada”, diz. Ele elogia a iniciativa do relator da reforma da Previdência de exigir que os servidores que ingressaram no poder público até 2003 tenham que se aposentar pela idade mínima de 65 anos para homens e 62 para mulheres caso queiram manter o direito ao benefício integral e à paridade. Contudo, Nery afirma que a reforma erra ao não atingir os servidores que já se aposentaram com o que ele chama de “privilégios” e ganham, hoje, benefícios incompatíveis com o valor que contribuíram para o sistema.
“Permanece um pensamento conservador em relação a quem ‘já chegou a outra margem do rio’: o aumento da contribuição dos inativos e o fim da paridade não estão no radar, e afetariam um grupo que foi pesadamente subsidiado pelo contribuinte, além de ajudarem na crise dos Estados” Pedro Nery Economista e consultor legislativo do Senado.
Desigualdade entre os regimes 
Diversos indicadores apontam assimetrias entre os sistemas de aposentadoria dos servidores públicos e o do INSS. Os pesquisadores Marcelo Medeiros e Pedro Ferreira de Souza, do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), órgão vinculado ao governo federal , realizaram um estudo sobre a concentração de renda nos regimes de aposentadoria, com dados de 2008 e 2009, para elaborar um índice de Gini — que mede a desigualdade de renda — em cada um deles. Esse índice vai de 0 a 1 — quando mais próximo de 1, mais desigual. Na época, o índice de Gini geral da renda do trabalho do país era de 0,563. Segundo cálculo dos pesquisadores, reportado pelo jornal “Valor”, o índice de Gini no sistema do INSS era de 0,474 — ou seja, menos desigual que o índice geral do país, atuando como redutor da concentração de renda.
Já o índice do sistema de previdência dos servidores da União era de 0,822 — reforçava, e muito, a desigualdade do país ao dar aposentadorias de valor muito alto para alguns e benefícios reduzidos para muitos outros. O valor do déficit por benefício — na prática, quanto a União tem de “pagar” para cobrir o rombo — também varia muito entre os sistemas. Em 2015, o regime geral, do INSS, registrou déficit de R$ 85,8 bilhões, para 28,3 milhões de benefícios (aposentadorias e pensões).
Para cada benefício, a União teve que adicionar R$ 3 mil no ano para fechar a conta. No sistema dos servidores públicos da União, o déficit no mesmo ano foi de R$ 35,5 bilhões, para 683 mil benefícios. Ou seja, a União pagou R$ 52 mil extras para cada benefício no ano, com o objetivo de fechar a conta do sistema. A situação é pior no regime dos militares. O buraco foi de R$ 88 mil por benefício em 2015 — resultado do déficit de R$ 32,5 bilhões no ano para 370 mil aposentadorias e pensões.

segunda-feira, 1 de maio de 2017

O SAL NO RIO GRANDE DO NORTE

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Fonte http://naesquinadobrasil.blogspot.com.br/
Fonte http://naesquinadobrasil.blogspot.com.br/
O sal foi um dos primeiros produtos a ser explorado comercialmente no Rio Grande do Norte. A exploração normal e extensiva das salinas de Mossoró, litoral de Areia Branca, Açu e Macau data de 1802. Mas o conhecimento de jazidas espontâneas na região já era conhecida desde o início da colonização.
A primeira referência que se tem sobre sal no Rio Grande do Norte, encontra-se registrado no documento que Jerônimo d’Albuquerque escreveu a seus filhos Antônio e Matias em 20 de agosto de 1605, onde fala de salinas formadas espontaneamente a aproximadamente 40 léguas ao norte, o que corresponde hoje as salinas de Macau. Desse fato, voltamos a ter notícias quando consultamos o “Alto de repartição das terras” feito em Natal em fevereiro de 1614, onde está escrito que Jerônimo de Albuquerque dera aos filhos Antônio e Matias, em 20 de agosto de 1605, umas salinas que estariam a quarenta léguas para o norte (aproximadamente 240 km), mas que nunca foram cultivadas nem feitas benfeitorias.
Salinas na década de 1920
Salinas na década de 1920
Em 1627, frei Vicente do Salvador registrou a colonização Norte-rio-grandense. Notou que “as salinas onde naturalmente se coalha o sal em tanta quantidade que se podem carregar grandes embarcações”.
Outro registro que encontramos nos velhos livros de história fala que em janeiro de 1644, alguns Tapuias, de volta do Outeiro da Cruz (Maranhão), onde tinham estado em combate, entraram nas salinas de Mossoró e degolaram alguns trabalhadores que ali se encontravam.
Em 1808 os salineiros da região foram beneficiados, quando o rei de Portugal, D. João VI, impossibilitado de receber carregamentos de sal de Portugal, assinou a carta régia que liberava de quaisquer imposições a extração do sal favorecendo, sobremaneira, o comércio interno.
Tradicional catavento para extração de sal na década de 1920
Tradicional catavento para extração de sal na década de 1920
Em 1844/45, setenta e oito barcos carregaram em Macau 59.895 alqueires de sal. No entanto, embora o sal extraído no Rio Grande do Norte fosse superior pela sua qualidade intrínseca, perdia essa qualidade pela rudeza como era produzido, de modo que nos anos seguintes perdia mercado para o sal europeu que era mais barato e melhor preparado. Um dos fatores que onerava o preço do sal produzido no Rio Grande do Norte era a dificuldade no transporte por causa do assoreamento das barras dos rios Mossoró e Açu.
Em 1886 é criado um imposto protecionista para tributar o sal estrangeiro. Dessa forma, o sal produzido no Rio Grande do Norte passa a ser competitivo, e isso impulsiona decisivamente o desenvolvimento da nossa indústria salineira.
No período de 1941/45, houve uma retração na extração do sal, motivada pela diminuição da navegação de cabotagem durante a Segunda Guerra Mundial. Apesar disso, o sal continuou sendo o principal produto comercializado por Mossoró e região, sofrendo oscilações que não comprometeram o mercado de forma mais acentuada.
Os municípios do Rio Grande do Norte produtores de sal são os seguintes: Galinhos, Guamaré, Macau, Areia Branca, Grossos e Mossoró.
Barco tradicional utilizado no transporte de sal
Barco tradicional utilizado no transporte de sal
Depois de toda essa explicação, o leitor poderia perguntar: como Mossoró está entre os municípios produtores de sal se não fica no litoral? Para responder a essa pergunta, temos que dá outras explicações: o clima predominante em Mossoró é semiárido quente, com temperatura oscilando entre 24o e 35o centígrados, temperatura essa que dura a maior parte do ano. O ar apresenta baixo teor de umidade, elevada evaporação, apresentando uma média de 2.850mm. As precipitações ocorrem ao redor de 450 mm anuais e a evaporação líquida é de 2.400, sendo que a intensidade de irradiação solar varia entre 120 e 320 horas/mês, com ventos que apresentam velocidade média entre 3,8 e 4,4 m/s. Junto a isso temos ainda um solo impermeável, o que assegura condições ideais para a cristalização e colheita do sal, com um grau de pureza que atin ge até 98 Baumé (Graus de Baumé é uma escala hidrométrica criada pelo farmacêutico francês Antoine Baumé em 1768 para medição de densidade de líquidos.).
Local de extração de sal
Local de extração de sal
E onde estão localizadas as salinas? Poderia perguntar ainda o atencioso leitor. As salinas de Mossoró estão localizadas na várzea estuarina dos rios Mossoró e do Carmo. Essa várzea é inundada, ora pelas águas do mar, ora pelas águas das enchentes dos rios, que quando cessam as chuvas formam salinas naturais, onde o relevo é plano e baixo, estreitando-se para o litoral, onde a água do mar chega a alcançar até 35 Km do litoral. Essa série de fenômenos naturais é que faz com que Mossoró possa figurar entre os municípios produtores de sal do Rio Grande do Norte.
Fonte do texto – http://salnautico.com.br/historia.php
Fotos – Coleção do proprietário do Blog Tok de História

MORREU PIMENTEL – UMA RESERVA MORAL DO ASSU

Faleceu no domingo, dia 30 de abril de 2017, em Natal, Francisco Pimentel Filho – uma das reservas morais do Assu. Foi um cidadão que, por décadas, se entregou de corpo e alma para que a atividade do extrativismo da cera de carnaúba pudesse ser a principal economia da região. 

Seu Pimentel, como era conhecido, foi um homem de vivência regulada e comum. Na sua simplicidade, coberto pelo manto da honestidade sempre apoiado pela saudosa esposa Dona Eunice Fonseca Pimentel, conseguiu formar seus 11 filhos. Um vencedor! 

Nasceu em Assu, na comunidade de Lagoa das Bestas (atualmente comunidade de Bela Vista – Carnaubais), no dia 12 de fevereiro de 1921. 

Adorava ler. Dominava com facilidade a língua portuguesa, geografia e matemática.

Sua vida era sinônimo de trabalho. Ao completar a maioridade prestou serviço militar no II Batalhão de Carros de Combate – BCC, em Natal, em plena segunda guerra mundial. 

Retornando ao Assu trabalhou na empresa de Minervino Wanderley. Após o falecimento do patrão (Minervino), em 1950, pela sua dedicação e caráter exemplar foi convidado para ser sócio da empresa Carvalho & Cia

Enquanto isso cursou contabilidade no Colégio Nossa Senhora das Vitórias, tendo em 1956 recebido o diploma de contador. 

Durante décadas, a empresa Carvalho & Cia atuou como financiadora de pequenos agricultores para o corte do carnaubal, comprando as produções e transformando-as em “cera gorda” para depois exportá-las para a América do Norte.

Após o falecimento de Dona Eunice, os filhos conseguiram convencê-lo a morar em Natal... não foi fácil deixar a Terra dos Carnaubais – berço de toda sua prole. 

Pimentel pela naturalidade com que se empenhou em prol do desenvolvimento econômico da região do Assu, pela sua inteligência, caráter ilibado, exemplo de dignidade e respeito, enquanto esposo, pai, amigo e, acima de tudo, modelo de cidadão, era uma das reservas morais do Assu. 

O sepultamento se dará às 16 horas desta segunda-feira, 01 de maio – dia do trabalhador, no cemitério público Vicente de Paula - Novo Horizonte - Assu.

PASTORIL

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Pastoril de Dona Joaquina , de São Gonçalo do Amarante, Rio Grande do Norte - Foto de Isaias Carlos
Pastoril de Dona Joaquina , de São Gonçalo do Amarante, Rio Grande do Norte – Foto de Isaias Carlos – CLIQUE NA FOTO PARA AMPLIAR

Texto – Valdemar Valente
 
O Pastoril integra o ciclo das festas natalinas do Nordeste, particularmente, em Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Alagoas. É um dos quatro principais espetáculos populares nordestinos, sendo os outros o Bumba-meu-boi, Mamulengo e Fandango.

De tais espetáculos, participa o povo ativamente, com suas estimulantes interferências não se comportando apenas como passivo espectador, a exemplo do que acontece com os espetáculos eruditos. Muitas destas interferências, servindo de deixa para inteligentes e engraçadas improvisações, imprimindo ao espetáculo formas diferentes e inesperadas de movimento e animação.

A comunicação entre palco – geralmente um coreto – e platéia – esta, quase sempre ocupando grandes espaços abertos – entre personagens e espectadores, não se faz somente sob influência que a peça, por seu enredo e por sua interpretação, possa exercer sobre a assistência. Nem simplesmente – aqui admitindo teatro erudito bem educado – através dos aplausos convencionais, quase sempre sob forma de palmas. Palmas que às vezes revelam apenas educação ou incentivo.

No Pastoril, os espectadores, representados pelo povo, a comunicação com os personagens faz-se franca e informalmente, não só com palmas, mas com vaias e assobios, com dedos rasgando as bocas, piadas e ditos, apelidos e descomposturas.

pastoril-1_1
Fonte – http://www.folcloreolimpia.com.br
Tudo isto enriquece o espetáculo de novos elementos de atração, dando-lhes nova motivação, reativando-o, recriando-o pela substituição de elementos socialmente menos válidos, por outros mais atuantes e mais condizentes com o gosto e os interesses momentâneos da comunidade para a qual ele exibe. Deste modo, revitaliza-se o espetáculo, permanecendo sempre dinâmico e atualizado, alimentando no espírito do povo e no dos próprios personagens um conteúdo emocional que tem no imprevisto e no suspense sua principal tônica.


Nos começos, o auto natalino, que deve ter surgido na terceira década do século XIII, em Grecio, sua primeira apresentação teatral não passava do drama hierático do nascimento de Jesus, com bailados e cantos especiais, evocando a cena da Natividade.
 
Com o correr do tempo, os autos baseados na temática natalina se separam em duas direções: uns, seguindo a linha hierática, receberam o nome de Presépios ou Lapinha, outros, de Pastoris.

Em Pernambuco, o primeiro Presépio surgiu nos fins do século XVI, em cerimônia realizada, no Convento de São Francisco, em Olinda.Com as pastorinhas cantando loas, tomou o Presépio não só forma animada, mas dramática, ao lado da pura representação estática de gente e de bichos.

A dramatização do tema, agindo em função didática, permitiu fácil compreensão do episódio na Natividade. A cena para da, evocativa do nascimento de Jesus, movimenta-se, ganha vida, sai do seu mutismo, com a incorporação de recursos, não apenas visuais, também sonoros.

Pastoril Dona Joaquina - Foto de Isaias Carlos
Pastoril Dona Joaquina – Foto de Isaias Carlos
O Presépio, representado em conventos, igrejas ou casas de família, reunia mocinhas e meninas, cantando canções que lembram o nascimento de Cristo. As canções, obedecendo a uma seqüência de atos que se chamam jornadas, são entoadas com o maior respeito e ar piedoso pelas meninas e jovens de pastorinhas.

O Pastoril, embora não deixasse de evocar a Natividade, caracteriza-se pelo ar profano. Por certa licenciosidade e até pelo exagero pornográfico, como aconteceu nos Pastoris antigos do Recife.

As pastoras, na forma profana do auto natalino, eram geralmente mulheres de reputação duvidosa, sendo mesmo conhecidas prostitutas, usando roupas escandalosas para a época, caracterizadas pelos decotes arrojados, pondo à mostra os seios, e os vestidos curtíssimos, muito acima dos joelhos.

Do Pastoril faz parte uma figura curiosa: O Velho. Cabia ao Velho, com suas largas calças, seus paletós alambasados, seus folgadíssimos colarinhos, seus ditos, suas piadas, suas anedotas, suas canções obsenas, animar o espetáculo, mexendo com as pastoras, que formavam dois grupos, chamados de cordões: o cordão encarnado e o cordão azul. Também tirava o Velho pilhérias com os espectadores, inclusive, recebendo dinheiro para dar os famosos “bailes”, – descomposturas – em pessoas indicadas como alvo. “Bailes”, que, muitas vezes, terminavam, terminavam, nos pastoris antigos dos arrabaldes do Recife, em charivari, ao qual não faltava a presença de punhais e pistolas.


O Velho também se encarregava de comandar os “leilões”, ofertando rosas e cravos, que recebiam lances cada vez maiores, em benefícios das pastoras, que tinham seus afeiçoados e torcedores. Nos Presépios atuais, como nos Pastoris, encontram-se ainda os dois cordões. O Encarnado, no qual figuram a Mestra, a 1ª do Encarnado e a 2ª do Encarnado, e o Azul, com a Contra-Mestra, a 1ª do Azul e a 2ª do Azul.

Entre os dois cordões, como elemento neutro, moderando a exaltação dos torcedores e simpatizantes, baila a Diana, com seu vestido metade encarnado, metade azul.

Foram famosos no Recife, até começos da década de 30, os pastoris do Velho Bahu, que funcionava aos sábados, ora na Torre, ora na ilha do Leite, também, os dos velhos Catotas, Canela-de-Aço e Herotides.
Hoje, os pastoris desapareceram do Recife. Só nos arrabaldes mais distantes ou em algumas cidades do interior, eles são vistos. Mesmo assim, sem as características que marcavam os velhos pastoris do Recife, não deixando, no entanto, de cantar as jornadas do começo e do fim: a do Boa Noite e da despedida. O que vemos hoje são presépios ou lapinhas.

Presépio tradicional do Recife, exibindo-se em grande sítio do Zumbi, era dos irmãos Valença, infelizmente há vários anos sem funcionar.

Da solidão por Redação Tribuna do Norte  3 de abril de 2024     Vicente Serejo serejo@terra.com.br O ser humano, desde a caverna, tem medo d...