sexta-feira, 18 de agosto de 2017

quarta-feira, 16 de agosto de 2017

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Que época para se estar vivo! Seus feitos incríveis chegaram à primeira página, Fernando! Seus amigos sabiam qua você era capaz de fazer algumas coisas impressionantes, mas isso alcança um novo patamar. O mundo não é *grande o bastante para matérias assim sobre a sua vida. Sua personalidade contagiante e alma incansável são uma inspiração para todos.
Lembre-se de COMPARTILHAR sua primeira página agora mesmo!

sexta-feira, 11 de agosto de 2017

A imagem pode conter: flor e texto

DISCURSO DO PRÊMIO ECONOMISTA DO ANO 2016

DISCURSO ontem (10/08) em nome dos homenageados na solenidade do CORECON realizada na Assembleia Legislativa do RN. Grande abraço!

Joacir Rufino de Aquino
(Natal/RN, 10/08/2017)

Excelentíssimo Deputado Carlos Augusto Maia, propositor desta Sessão Solene, Ilmo presidente do CORECON/RN, Ricardo Valério, Deputada Larissa Rosado e demais Deputados, Magnífico Reitor da UERN, Dr. Pedro Fernandes, em nome do qual saúdo todos os presentes, bom dia!

É com grande orgulho que estou aqui para falar em nome dos meus colegas economistas Roberto Máximo, Sérgio Aragão, Vera Guedes, Joani Brito e Antônio de Lisboa Batista, tendo em vista a nossa alegria ao receber o PRÊMIO DESTAQUE ECONÔMICO DO ANO 2016 (nas modalidades Economista do Ano e Notáveis Conselheiros).

Eu e meus colegas laureados somos de lugares diversos da geografia estadual, mas temos alguns traços em comum que nos unem. O primeiro deles, refere-se a origem de nossa formação em Universidades públicas, destacando-se a Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) e a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), dois grandes patrimônios da população potiguar.

Nesse aspecto em particular, entendendo a importância da educação superior gratuita e de qualidade para nossa formação profissional, fico indignado com os ataques injustos desferidos recentemente contra nossa UERN. Como escrevi em artigo publicado na imprensa estadual há poucos meses, a nossa Universidade deve ser encarada não como um custo monetário, mas, sim, como um valioso instrumento de desenvolvimento, compreensão, que, felizmente, parece ser compartilhada pela maioria dos parlamentares dessa casa.

O segundo traço que nos aproxima está associado a luta cotidiana de cada um de nós para enaltecer a profissão de Economista nos diferentes ramos de atividade que atuamos, seja na Docência e na pesquisa acadêmica, seja na gestão empresarial, seja no planejamento e consultoria de negócios, seja na administração governamental e outras áreas afins.

Um terceiro traço que nos liga é o sentimento de gratidão ao CORECON-RN e a todos os colegas de profissão espalhados nos vários recantos do território potiguar, que apoiaram os nossos nomes para o recebimento dessa honraria em reconhecimento pelo trabalho que temos desenvolvido.

Diga-se de passagem que o voto que recebemos no inovador processo democrático aberto pela atual gestão do CORECON/RN, é, acima de tudo, uma atitude de confiança. Isso porque somos conhecedores que existem outros profissionais filiados ao Conselho que também são dignos de honraria e, com justeza, serão devidamente lembrados no momento oportuno.

Finalmente, um quarto traço que nos aproxima – a mim, ao Roberto, ao Dr. Sergio, a Vera, a Joani e a meu ex-professor e estimado amigo Lisboa Batista, é a perspectiva do otimismo a partir do planejamento técnico de longo prazo.

Sabemos que o Brasil e o Rio Grande do Norte atravessam um período de crise e incerteza. Mesmo assim acreditamos que o nosso estado apresenta grandes potencialidades econômicas, que vão muito além da Grande Natal, que podem funcionar como trunfos para gerar riqueza, emprego e qualidade de vida para os habitantes do solo norte-rio-grandense. Tais potenciais, contudo, só poderão ser despertados com ações governamentais bem planejadas.
  
Para tanto, como ensinou o ilustre economista nordestino Celso Furtado, é preciso conhecimento crítico sobre a socioeconomia regional, algo que tem sido produzido anualmente por professores e estudantes nos Cursos de Economia de Assú, Mossoró, Natal e Pau dos Ferros, necessitando apenas ser melhor aproveitado pelos agentes do poder público (Prefeituras e governo estadual) para guiar sua ação de forma mais racional e eficiente.

Aliás, peço licença aos meus colegas para lembrar, que essa era uma das grandes bandeiras do meu saudoso Mestre Arivaldo Torreão Diniz e também da nossa querida professora/Economista Joseney Rodrigues de Queiroz Dantas, do Campus de Pau dos Ferros/UERN, os quais nos deixaram precocemente e dedicaram a maior parte de suas vidas ao estudo dos caminhos para superar o subdesenvolvimento regional sem nunca abdicarem do sonho da construção de um futuro melhor para o nosso povo.

Para concluir, gostaria de agradecer em meu nome e em nome dos demais homenageados, aos nossos familiares, aos amigos, aos nossos Mestres, ao CORECON-RN, aos nossos estudantes, aos colegas de trabalho e a todos os profissionais de Economia potiguares pelo apoio e consideração. Dedicamos esse Prêmio à Vcs.

Muito obrigado!!

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segunda-feira, 7 de agosto de 2017

"Assu dará um salto no desenvolvimento científico, social e econômico", comenta Fábio Faria

Internet mais veloz chegará ao município com o projeto Infovia Potiguar
O deputado federal Fábio Faria (PSD) comemora o resultado da audiência no Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, onde foram assegurados R$ 15 milhões para a implantação do projeto Infovia Potiguar no interior do Rio Grande do Norte, incluindo municípios como Assu. "A chegada de internet de alta velocidade vai melhorar a comunicação, o acesso à informação e ao conhecimento. Assu dará um salto no desenvolvimento científico, social e econômico", comenta.
Para Fábio Faria, o projeto trará um grande avanço principalmente para a educação no interior potiguar, pois vai modernizar e interligar instituições de ensino, beneficiando alunos, professores e pesquisadores. "Esta é uma iniciativa bastante oportuna diante de um futuro cada vez mais dominado pelas tecnologias de informação e comunicação", diz.
Para a rede ser efetivada, deve ser firmada uma parceria com uma das instituições de ensino de Assu, como a UERN, que ficará responsável pela operação e manutenção da rede local. A internet de alta velocidade chegará ao município por meio da infraestrutura já existente da Chesf, onde será instalada, nas linhas de transmissão, uma rede de fibra óptica. Está previsto o fornecimento de 100 gigabytes por segundo, o que representa mil vezes a velocidade máxima da rede móvel (4G).

domingo, 6 de agosto de 2017

Ritinha e Zeca dançando Curió do Bico Doce Gonzaga Blantez

 
Cartão postal com vista para a praça da Jangada, praia de Areia Preta.

Essa praça, inaugurada juntamente com o calçamento da avenida, o trampolim e a baloustrada, fez parte do projeto de urbanização ocorrido na praia de Areia Preta. Foi entregue à população em 4 de janeiro de 1956.

Essas pedras, em frente a praça da Jangada, foi palco de um triste acidente ocorrido no fim da tarde do dia 9 de agosto de 1965.

Nesse desastre, ocorrido com um avião da FAB, perderam a vida dois jovens oficiais aviadores, bastante ligados à sociedade.

Um dos mortos era o Capitão Adolfo Peixoto de Melo, casado com Srª Ana Madalena, filha do Vice-cônsul da Espanha em Natal.

O outro era o Tenente Carlos Schmidt Filho.

Dos três tripulantes da aeronave, apenas o Sargento José Otacilio Santana conseguiu salvar-se.

Em treinamento de rotina comandado pelo capitão Peixoto, o avião de instrução da FAB, um B-26 e de referência 5151, de repente sofreu pane nos motores. O capitão procura então fazer uma aterrissagem forçada em Ponta Negra, mas, verificando a impossibilidade de descer nessa praia, segue em direção a praia do Meio. Infelizmente a aeronave só consegue chegar até Areia Preta, bem defronte a praça da Jangada.

Minutos antes de cair próximo a essa grande quantidade de pedras, a Base Aérea acompanhou pelo rádio os gritos do Capitão Peixoto e do Tenente Schmidt, que pediam desesperadamente socorro à torre de controle.

O capitão Peixoto e o tenente Schmidt, comandantes dessa aeronave, pertenciam ao 5º Grupamento de Aviação e tinham sido recentemente premiados com o troféu de segurança de voo pelo Governo dos Estados Unidos.

Exatamente às 15:55 da tarde o capitão Peixoto avisou pelo rádio que o avião estava em pane. Sem explicar qual era o problema, informou que ia tentar um pouso de emergência na beira da praia de Areia Preta.

Dois minutos depois foi o primeiro a avisar dramaticamente: "Estamos prestes a concluir nosso último voo. Impossível o pouso. Tudo leva a crer que chegamos ao fim".

No minuto final o avião bateu contra a água, voltou novamente e em seguida desapareceu.

O único sobrevivente, o sargento José Santana, operador de voo, ao sentir o desastre iminente, abriu a porta do avião e jogou-se ao mar. Pouco depois era recolhido por pescadores que se encontravam nas proximidades.

Antes de seguir para o Cemitério do Alecrim, os corpos dos dois oficiais, encontrados entre as pedras na manhã do dia 12, foram velados em meio a grande multidão na capela da Base Aérea de Natal. Um guarda de oficiais e sargentos foi formada no local, enquanto aviões sobrevoavam a capela.

Hoje, um dos espectadores sobreviventes daquela época, o único que poderia narrar com precisão todo o ocorrido naquele fim de tarde, é o há muitos anos solitário e já nonagenário coqueiro da extinta praça da Jangada.

Fotógrafo: Jaeci Galvão
Ano: Por volta de 1960
Por Manoel Cavalcante

O amor, que dizem que é cego,
Em toda sua pronúncia,
Consigo traz a renúncia

De amar sem ligar pra o ego.
Você se entrega e eu me entrego
Tudo vai favorecer
Mas ambos têm que saber
E ninguém assim estranhe:
Pra que um relacionamento ganhe
Os dois vão ter que perder.



 

sábado, 5 de agosto de 2017

Passagem das Horas

Trago dentro do meu coração,
Como num cofre que se não pode fechar de cheio,
Todos os lugares onde estive,
Todos os portos a que cheguei,
Todas as paisagens que vi através de janelas ou vigias,
Ou de tombadilhos, sonhando,
E tudo isso, que é tanto, é pouco para o que eu quero.

A entrada de Singapura, manhã subindo, cor verde,
O coral das Maldivas em passagem cálida,
Macau à uma hora da noite... Acordo de repente
Yat-iô--ô-ô-ô-ô-ô-ô-ô-ô ... Ghi-...
E aquilo soa-me do fundo de uma outra realidade
A estatura norte-africana quase de Zanzibar ao sol
Dar-es-Salaam (a saída é difícil)...
Majunga, Nossi-Bé, verduras de Madagascar...
Tempestades em torno ao Guardaful...
E o Cabo da Boa Esperança nítido ao sol da madrugada...
E a Cidade do Cabo com a Montanha da Mesa ao fundo...

Viajei por mais terras do que aquelas em que toquei...
Vi mais paisagens do que aquelas em que pus os olhos...
Experimentei mais sensações do que todas as sensações que senti,
Porque, por mais que sentisse, sempre me faltou que sentir
E a vida sempre me doeu, sempre foi pouco, e eu infeliz.

A certos momentos do dia recordo tudo isto e apavoro-me,
Penso em que é que me ficará desta vida aos bocados, deste auge,
Desta estrada às curvas, deste automóvel à beira da estrada, deste aviso,
Desta turbulência tranqüila de sensações desencontradas,
Desta transfusão, desta insubsistência, desta convergência iriada,
Deste desassossego no fundo de todos os cálices,
Desta angústia no fundo de todos os prazeres,
Desta saciedade antecipada na asa de todas as chávenas,
Deste jogo de cartas fastiento entre o Cabo da Boa Esperança e as Canárias.

Não sei se a vida é pouco ou demais para mim.
Não sei se sinto de mais ou de menos, não sei
Se me falta escrúpulo espiritual, ponto-de-apoio na inteligência,
Consangüinidade com o mistério das coisas, choque
Aos contatos, sangue sob golpes, estremeção aos ruídos,
Ou se há outra significação para isto mais cômoda e feliz.

Seja o que for, era melhor não ter nascido,
Porque, de tão interessante que é a todos os momentos,
A vida chega a doer, a enjoar, a cortar, a roçar, a ranger,
A dar vontade de dar gritos, de dar pulos, de ficar no chão, de sair
Para fora de todas as casas, de todas as lógicas e de todas as sacadas,
E ir ser selvagem para a morte entre árvores e esquecimentos,
Entre tombos, e perigos e ausência de amanhãs,
E tudo isto devia ser qualquer outra coisa mais parecida com o que eu penso,
Com o que eu penso ou sinto, que eu nem sei qual é, ó vida.

Cruzo os braços sobre a mesa, ponho a cabeça sobre os braços,
É preciso querer chorar, mas não sei ir buscar as lágrimas...
Por mais que me esforce por ter uma grande pena de mim, não choro,
Tenho a alma rachada sob o indicador curvo que lhe toca...
Que há de ser de mim? Que há de ser de mim?

Correram o bobo a chicote do palácio, sem razão,
Fizeram o mendigo levantar-se do degrau onde caíra.
Bateram na criança abandonada e tiraram-lhe o pão das mãos.
Oh mágoa imensa do mundo, o que falta é agir...
Tão decadente, tão decadente, tão decadente...
Só estou bem quando ouço música, e nem então.
Jardins do século dezoito antes de 89,
Onde estais vós, que eu quero chorar de qualquer maneira?

Como um bálsamo que não consola senão pela idéia de que é um bálsamo,
A tarde de hoje e de todos os dias pouco a pouco, monótona, cai.

Acenderam as luzes, cai a noite, a vida substitui-se.
Seja de que maneira for, é preciso continuar a viver.
Arde-me a alma como se fosse uma mão, fisicamente.
Estou no caminho de todos e esbarram comigo.
Minha quinta na província,
Haver menos que um comboio, uma diligência e a decisão de partir entre mim e ti.
Assim fico, fico... Eu sou o que sempre quer partir,
E fica sempre, fica sempre, fica sempre,
Até à morte fica, mesmo que parta, fica, fica, fica...

Torna-me humano, ó noite, torna-me fraterno e solícito.
Só humanitariamente é que se pode viver.
Só amando os homens, as ações, a banalidade dos trabalhos,
Só assim - ai de mim! -, só assim se pode viver.
Só assim, o noite, e eu nunca poderei ser assim!

Vi todas as coisas, e maravilhei-me de tudo,
Mas tudo ou sobrou ou foi pouco - não sei qual - e eu sofri.
Vivi todas as emoções, todos os pensamentos, todos os gestos,
E fiquei tão triste como se tivesse querido vivê-los e não conseguisse.
Amei e odiei como toda gente,
Mas para toda a gente isso foi normal e instintivo,
E para mim foi sempre a exceção, o choque, a válvula, o espasmo.

Vem, ó noite, e apaga-me, vem e afoga-me em ti.
Ó carinhosa do Além, senhora do luto infinito,
Mágoa externa na Terra, choro silencioso do Mundo.
Mãe suave e antiga das emoções sem gesto,
Irmã mais velha, virgem e triste, das idéias sem nexo,
Noiva esperando sempre os nossos propósitos incompletos,
A direção constantemente abandonada do nosso destino,
A nossa incerteza pagã sem alegria,
A nossa fraqueza cristã sem fé,
O nosso budismo inerte, sem amor pelas coisas nem êxtases,
A nossa febre, a nossa palidez, a nossa impaciência de fracos,
A nossa vida, o mãe, a nossa perdida vida...

Não sei sentir, não sei ser humano, conviver
De dentro da alma triste com os homens meus irmãos na terra.
Não sei ser útil mesmo sentindo, ser prático, ser quotidiano, nítido,
Ter um lugar na vida, ter um destino entre os homens,
Ter uma obra, uma força, uma vontade, uma horta,
Unia razão para descansar, uma necessidade de me distrair,
Uma cousa vinda diretamente da natureza para mim.

Por isso sê para mim materna, ó noite tranqüila...
Tu, que tiras o mundo ao mundo, tu que és a paz,
Tu que não existes, que és só a ausência da luz,
Tu que não és uma coisa, rim lugar, uma essência, uma vida,
Penélope da teia, amanhã desfeita, da tua escuridão,
Circe irreal dos febris, dos angustiados sem causa,
Vem para mim, ó noite, estende para mim as mãos,
E sê frescor e alívio, o noite, sobre a minha fronte...
'Tu, cuja vinda é tão suave que parece um afastamento,
Cujo fluxo e refluxo de treva, quando a lua bafeja,
Tem ondas de carinho morto, frio de mares de sonho,
Brisas de paisagens supostas para a nossa angústia excessiva...
Tu, palidamente, tu, flébil, tu, liquidamente,
Aroma de morte entre flores, hálito de febre sobre margens,
Tu, rainha, tu, castelã, tu, dona pálida, vem...

Sentir tudo de todas as maneiras,
Viver tudo de todos os lados,
Ser a mesma coisa de todos os modos possíveis ao mesmo tempo,
Realizar em si toda a humanidade de todos os momentos
Num só momento difuso, profuso, completo e longínquo.

Eu quero ser sempre aquilo com quem simpatizo,
Eu torno-me sempre, mais tarde ou mais cedo,
Aquilo com quem simpatizo, seja uma pedra ou uma ânsia,
Seja uma flor ou uma idéia abstrata,
Seja uma multidão ou um modo de compreender Deus.
E eu simpatizo com tudo, vivo de tudo em tudo.
São-me simpáticos os homens superiores porque são superiores,
E são-me simpáticos os homens inferiores porque são superiores também,
Porque ser inferior é diferente de ser superior,
E por isso é uma superioridade a certos momentos de visão.
Simpatizo com alguns homens pelas suas qualidades de caráter,
E simpatizo com outros pela sua falta dessas qualidades,
E com outros ainda simpatizo por simpatizar com eles,
E há momentos absolutamente orgânicos em que esses são todos os homens.
Sim, como sou rei absoluto na minha simpatia,
Basta que ela exista para que tenha razão de ser.
Estreito ao meu peito arfante, num abraço comovido,
(No mesmo abraço comovido)
O homem que dá a camisa ao pobre que desconhece,
O soldado que morre pela pátria sem saber o que é pátria,
E o matricida, o fratricida, o incestuoso, o violador de crianças,
O ladrão de estradas, o salteador dos mares,
O gatuno de carteiras, a sombra que espera nas vielas —
Todos são a minha amante predileta pelo menos um momento na vida.

Beijo na boca todas as prostitutas,
Beijo sobre os olhos todos os souteneurs,
A minha passividade jaz aos pés de todos os assassinos
E a minha capa à espanhola esconde a retirada a todos os ladrões.
Tudo é a razão de ser da minha vida.

Cometi todos os crimes,
Vivi dentro de todos os crimes
(Eu próprio fui, não um nem o outro no vicio,
Mas o próprio vício-pessoa praticado entre eles,
E dessas são as horas mais arco-de-triunfo da minha vida).

Multipliquei-me, para me sentir,
Para me sentir, precisei sentir tudo,
Transbordei, não fiz senão extravasar-me,
Despi-me, entreguei-rne,
E há em cada canto da minha alma um altar a um deus diferente.

Os braços de todos os atletas apertaram-me subitamente feminino,
E eu só de pensar nisso desmaiei entre músculos supostos.

Foram dados na minha boca os beijos de todos os encontros,
Acenaram no meu coração os lenços de todas as despedidas,
Todos os chamamentos obscenos de gesto e olhares
Batem-me em cheio em todo o corpo com sede nos centros sexuais.
Fui todos os ascetas, todos os postos-de-parte, todos os como que esquecidos,
E todos os pederastas - absolutamente todos (não faltou nenhum).
Rendez-vous a vermelho e negro no fundo-inferno da minha alma!

(Freddie, eu chamava-te Baby, porque tu eras louro, branco e eu amava-te,
Quantas imperatrizes por reinar e princesas destronadas tu foste para mim!)
Mary, com quem eu lia Burns em dias tristes como sentir-se viver,
Mary, mal tu sabes quantos casais honestos, quantas famílias felizes,
Viveram em ti os meus olhos e o meu braço cingido e a minha consciência incerta,
A sua vida pacata, as suas casas suburbanas com jardim,
Os seus half-holidays inesperados...
Mary, eu sou infeliz...
Freddie, eu sou infeliz...
Oh, vós todos, todos vós, casuais, demorados,
Quantas vezes tereis pensado em pensar em mim, sem que o fósseis,
Ah, quão pouco eu fui no que sois, quão pouco, quão pouco —
Sim, e o que tenho eu sido, o meu subjetivo universo,
Ó meu sol, meu luar, minhas estrelas, meu momento,
Ó parte externa de mim perdida em labirintos de Deus!

Passa tudo, todas as coisas num desfile por mim dentro,
E todas as cidades do mundo, rumorejam-se dentro de mim ...
Meu coração tribunal, meu coração mercado,
Meu coração sala da Bolsa, meu coração balcão de Banco,
Meu coração rendez-vous de toda a humanidade,
Meu coração banco de jardim público, hospedaria,
Estalagem, calabouço número qualquer cousa
(Aqui estuvo el Manolo en vísperas de ir al patíbulo)
Meu coração clube, sala, platéia, capacho, guichet, portaló,
Ponte, cancela, excursão, marcha, viagem, leilão, feira, arraial,
Meu coração postigo,
Meu coração encomenda,
Meu coração carta, bagagem, satisfação, entrega,
Meu coração a margem, o lirrite, a súmula, o índice,
Eh-lá, eh-lá, eh-lá, bazar o meu coração.

Todos os amantes beijaram-se na minh'alma,
Todos os vadios dormiram um momento em cima de mim,
Todos os desprezados encostaram-se um momento ao meu ombro,
Atravessaram a rua, ao meu braço, todos os velhos e os doentes,
E houve um segredo que me disseram todos os assassinos.

(Aquela cujo sorriso sugere a paz que eu não tenho,
Em cujo baixar-de-olhos há uma paisagem da Holanda,
Com as cabeças femininas coiffées de lin
E todo o esforço quotidiano de um povo pacífico e limpo...
Aquela que é o anel deixado em cima da cômoda,
E a fita entalada com o fechar da gaveta,
Fita cor-de-rosa, não gosto da cor mas da fita entalada,
Assim como não gosto da vida, mas gosto de senti-la...

Dormir como um cão corrido no caminho, ao sol,
Definitivamente para todo o resto do Universo,
E que os carros me passem por cima.)

Fui para a cama com todos os sentimentos,
Fui souteneur de todas ás emoções,
Pagaram-me bebidas todos os acasos das sensações,
Troquei olhares com todos os motivos de agir,
Estive mão em mão com todos os impulsos para partir,
Febre imensa das horas!
Angústia da forja das emoções!
Raiva, espuma, a imensidão que não cabe no meu lenço,
A cadela a uivar de noite,
O tanque da quinta a passear à roda da minha insônia,
O bosque como foi à tarde, quando lá passeamos, a rosa,
A madeixa indiferente, o musgo, os pinheiros,
Toda a raiva de não conter isto tudo, de não deter isto tudo,
Ó fome abstrata das coisas, cio impotente dos momentos,
Orgia intelectual de sentir a vida!

Obter tudo por suficiência divina —
As vésperas, os consentimentos, os avisos,
As cousas belas da vida —
O talento, a virtude, a impunidade,
A tendência para acompanhar os outros a casa,
A situação de passageiro,
A conveniência em embarcar já para ter lugar,
E falta sempre uma coisa, um copo, uma brisa, urna frase,
E a vida dói quanto mais se goza e quanto mais se inventa.

Poder rir, rir, rir despejadamente,
Rir como um copo entornado,
Absolutamente doido só por sentir,
Absolutamente roto por me roçar contra as coisas,
Ferido na boca por morder coisas,
Com as unhas em sangue por me agarrar a coisas,
E depois dêem-me a cela que quiserem que eu me lembrarei da vida.

Sentir tudo de todas as maneiras,
Ter todas as opiniões,
Ser sincero contradizendo-se a cada minuto,
Desagradar a si próprio pela plena liberalidade de espírito,
E amar as coisas como Deus.

Eu, que sou mais irmão de uma árvore que de um operário,
Eu, que sinto mais a dor suposta do mar ao bater na praia
Que a dor real das crianças em quem batem
(Ah, como isto deve ser falso, pobres crianças em quem batem —
E por que é que as minhas sensações se revezam tão depressa?)
Eu, enfim, que sou um diálogo continuo,
Um falar-alto incompreensível, alta-noite na torre,
Quando os sinos oscilam vagamente sem que mão lhes toque
E faz pena saber que há vida que viver amanhã.
Eu, enfim, literalmente eu,
E eu metaforicamente também,
Eu, o poeta sensacionista, enviado do Acaso
As leis irrepreensíveis da Vida,
Eu, o fumador de cigarros por profissão adequada,
O indivíduo que fuma ópio, que toma absinto, mas que, enfim,
Prefere pensar em fumar ópio a fumá-lo
E acha mais seu olhar para o absinto a beber que bebê-lo...
Eu, este degenerado superior sem arquivos na alma,
Sem personalidade com valor declarado,
Eu, o investigador solene das coisas fúteis,
Que era capaz de ir viver na Sibéria só por embirrar com isso,
E que acho que não faz mal não ligar importâricia à pátria
Porquie não tenho raiz, como uma árvore, e portanto não tenho raiz
Eu, que tantas vezes me sinto tão real como uma metáfora,

Como uma frase escrita por um doente no livroda rapariga que encontrou no terraço,
Ou uma partida de xadrez no convés dum transatlântico,
Eu, a ama que empurra os perambulators em todos os jardins públicos,
Eu, o policia que a olha, parado para trás na álea,
Eu, a criança no carro, que acena à sua inconsciência lúcida com um coral com guizos.
Eu, a paisagem por detrás disto tudo, a paz citadina
Coada através das árvores do jardim público,
Eu, o que os espera a todos em casa,
Eu, o que eles encontram na rua,
Eu, o que eles não sabem de si próprios,
Eu, aquela coisa em que estás pensando e te marca esse sorriso,
Eu, o contraditório, o fictício, o aranzel, a espuma,
O cartaz posto agora, as ancas da francesa, o olhar do padre,
O largo onde se encontram as suas ruas e os chauffeurs dormem contra os carros,
A cicatriz do sargento mal encarado,
O sebo na gola do explicador doente que volta para casa,
A chávena que era por onde o pequenito que morreu bebia sempre,
E tem uma falha na asa (e tudo isto cabe num coração de mãe e enche-o)...
Eu, o ditado de francês da pequenita que mexe nas ligas,
Eu, os pés que se tocam por baixo do bridge sob o lustre,
Eu, a carta escondida, o calor do lenço, a sacada com a janela entreaberta,
O portão de serviço onde a criada fala com os desejos do primo,
O sacana do José que prometeu vir e não veio
E a gente tinha uma partida para lhe fazer...
Eu, tudo isto, e além disto o resto do mundo...
Tanta coisa, as portas que se abrem, e a razão por que elas se abrem,
E as coisas que já fizeram as mãos que abrem as portas...
Eu, a infelicidade-nata de todas as expressões,
A impossibilidade de exprimir todos os sentimentos,
Sem que haja uma lápida no cemitério para o irmão de ttido isto,
E o que parece não querer dizer nada sempre quer dizer qualquer cousa...
Sim, eu, o engenheiro naval que sou supersticioso como uma camponesa madrinha,
E uso monóculo para não parecer igual à idéia real que faço de mim,
Que levo às vezes três horas a vestir-me e nem por isso acho isso natural,
Mas acho-o metafísico e se me batem à porta zango-me,
Não tanto por me interromperem a gravata como por ficar sabendo que há a vida...
Sim, enfim, eu o destinatário das cartas lacradas,
O baú das iniciais gastas,
A entonação das vozes que nunca ouviremos mais -
Deus guarda isso tudo no Mistério, e às vezes sentimo-lo
E a vida pesa de repente e faz muito frio mais perto que o corpo.
A Brígida prima da minha tia,
O general em que elas falavam - general quando elas eram pequenas,
E a vida era guerra civil a todas as esquinas...
Vive le mélodrame oú Margot a pleuré!
Caem as folhas secas no chão irregularmente,
Mas o fato é que sempre é outono no outono,
E o inverno vem depois fatalmente,
há só um caminho para a vida, que é a vida...

Esse velho insignificante, mas que ainda conheceu os românticos,
Esse opúsculo político do tempo das revoluções constitucionais,
E a dor que tudo isso deixa, sem que se saiba a razão
Nem haja para chorar tudo mais razão que senti-lo.

Viro todos os dias todas as esquinas de todas as ruas,
E sempre que estou pensando numa coisa, estou pensando noutra.
Não me subordino senão por atavisnio,
E há sempre razões para emigrar para quem não está de cama.

Das serrasses de todos os cafés de todas as cidades
Acessíveis à imaginação
Reparo para a vida que passa, sigo-a sem me mexer,
Pertenço-lhe sem tirar um gesto da algibeira,
Nem tomar nota do que vi para depois fingir que o vi.

No automóvel amarelo a mulher definitiva de alguém passa,
Vou ao lado dela sem ela saber.
No trottoir imediato eles encontram-se por um acaso combinado,
Mas antes de o encontro deles lá estar já eu estava com eles lá.
Não há maneira de se esquivarem a encontrar-me,
Não há modo de eu não estar em toda a parte.
O meu privilégio é tudo
(Brevetée, Sans Garantie de Dieu, a minh'Alma).

Assisto a tudo e definitivamente.
Não há jóia para mulher que não seja comprada por mim e para mim,
Não há intenção de estar esperando que não seja minha de qualquer maneira,
Não há resultado de conversa que não seja meu por acaso,
Não há toque de sino em Lisboa há trinta anos, noite de S. Carlos há cinqüenta
Que não seja para mim por uma galantaria deposta.

Fui educado pela Imaginação,
Viajei pela mão dela sempre,
Amei, odiei, falei, pensei sempre por isso,
E todos os dias têm essa janela por diante,
E todas as horas parecem minhas dessa maneira.

Cavalgada explosiva, explodida, como uma bomba que rebenta,
Cavalgada rebentando para todos os lados ao mesmo tempo,
Cavalgada por cima do espaço, salto por cima do tempo,
Galga, cavalo eléctron-íon, sistema solar resumido
Por dentro da ação dos êmbolos, por fora do giro dos volantes.
Dentro dos êmbolos, tornado velocidade abstrata e louca,
Ajo a ferro e velocidade, vaivém, loucura, raiva contida,
Atado ao rasto de todos os volantes giro assombrosas horas,
E todo o universo range, estraleja e estropia-se em mim.

Ho-ho-ho-ho-ho!...
Cada vez mais depressa, cada vez mais com o espírito adiante do corpo
Adiante da própria idéia veloz do corpo projetado,
Com o espírito atrás adiante do corpo, sombra, chispa,
He-la-ho-ho ... Helahoho ...

Toda a energia é a mesma e toda a natureza é o mesmo...
A seiva da seiva das árvores é a mesma energia que mexe
As rodas da locomotiva, as rodas do elétrico, os volantes dos Diesel,
E um carro puxado a mulas ou a gasolina é puxado pela mesma coisa.

Raiva panteísta de sentir em mim formidandamente,
Com todos os meus sentidos em ebulição, com todos os meus poros em fumo,
Que tudo é uma só velocidade, uma só energia, uma só divina linha
De si para si, parada a ciciar violências de velocidade louca...
Ho ----

Ave, salve, viva a unidade veloz de tudo!
Ave, salve, viva a igualdade de tudo em seta!
Ave, salve, viva a grande máquina universo!
Ave, que sois o mesmo, árvores, máquinas, leis!
Ave, que sois o mesmo, vermes, êmbolos, idéias abstratas,
A mesma seiva vos enche, a mesma seiva vos torna,
A mesma coisa sois, e o resto é por fora e falso,
O resto, o estático resto que fica nos olhos que param,
Mas não nos meus nervos motor de explosão a óleos pesados ou leves,
Não nos meus nervos todas as máquinas, todos os sistemas de engrenagem,
Nos meus nervos locomotiva, carro elétrico, automóvel, debulhadora a vapor

Nos meus nervos máquina marítima, Diesel, semi-Diesel,
Campbell, Nos meus nervos instalação absoluta a vapor, a gás, a óleo e a eletricidade,
Máquina universal movida por correias de todos os momentos!

Todas as madrugadas são a madrugada e a vida.
Todas as auroras raiam no mesmo lugar:
Infinito...
Todas as alegrias de ave vêm da mesma garganta,
Todos os estremecimentos de folhas são da mesma árvore,
E todos os que se levantam cedo para ir trabalhar
Vão da mesma casa para a mesma fábrica por o mesmo caminho...
Rola, bola grande, formigueiro de consciências, terra,
Rola, auroreada, entardecida, a prumo sob sóis, noturna,
Rola no espaço abstrato, na noite mal iluminada realmente
Rola ...

Sinto na minha cabeça a velocidade de giro da terra,
E todos os países e todas as pessoas giram dentro de mim,
Centrífuga ânsia, raiva de ir por os ares até aos astros
Bate pancadas de encontro ao interior do meu crânio,
Põe-me alfinetes vendados por toda a consciência do meu corpo,
Faz-me levantar-me mil vezes e dirigir-me para Abstrato,
Para inencontrável, Ali sem restrições nenhumas,
A Meta invisível — todos os pontos onde eu não estou — e ao mesmo tempo ...

Ah, não estar parado nem a andar,
Não estar deitado nem de pé,
Nem acordado nem a dormir,
Nem aqui nem noutro ponto qualquer,
Resol,,,er a equação desta inquietação prolixa,
Saber onde estar para poder estar em toda a parte,
Saber onde deitar-me para estar passeando por todas as ruas ...

Ho-ho-ho-ho-ho-ho-ho

Cavalgada alada de mim por cima de todas as coisas,
Cavalgada estalada de mim por baixo de todas as coisas,
Cavalgada alada e estalada de mim por causa de todas as coisas ...

Hup-la por cima das árvores, hup-la por baixo dos tanques,
Hup-la contra as paredes, hup-la raspando nos troncos,
Hup-la no ar, hup-la no vento, hup-la, hup-la nas praias,
Numa velocidade crescente, insistente, violenta,
Hup-la hup-la hup-la hup-la ...

Cavalgada panteísta de mim por dentro de todas as coisas,
Cavalgada energética por dentro de todas as energias,
Cavalgada de mim por dentro do carvão que se queima, da lâmpada que arde,
Clarim claro da manhã ao fundo
Do semicírculo frio do horizonte,
Tênue clarim longínquo como bandeiras incertas
Desfraldadas para além de onde as cores são visíveis ...

Clarim trêmulo, poeira parada, onde a noite cessa,
Poeira de ouro parada no fundo da visibilidade ...

Carro que chia limpidamente, vapor que apita,
Guindaste que começa a girar no meu ouvido,
Tosse seca, nova do que sai de casa,
Leve arrepio matutino na alegria de viver,
Gargalhada súbita velada pela bruma exterior não sei como,
Costureira fadada para pior que a manhã que sente,
Operário tísico desfeito para feliz nesta hora
Inevitavelmente vital,
Em que o relevo das coisas é suave, certo e simpático,
Em que os muros são frescos ao contacto da mão, e as casas
Abrem aqu; e ali os olhos cortinados a branco...

Toda a madrugada é uma colina que oscila,
...................................................................... e caminha tudo
Para a hora cheia de luz em que as lojas baixam as pálpebras
E rumor tráfego carroça comboio eu sinto sol estruge

Vertigem do meio-dia emoldurada a vertigens —
Sol dos vértices e nos... da minha visão estriada,
Do rodopio parado da minha retentiva seca,
Do abrumado clarão fixo da minha consciência de viver.

Rumor tráfego carroça comboio carros eu sinto sol rua,
Aros caixotes trolley loja rua i,itrines saia olhos
Rapidamente calhas carroças caixotes rua atravessar rua
Passeio lojistas "perdão" rua
Rua a passear por mim a passear pela rua por mim
Tudo espelhos as lojas de cá dentro das lojas de lá
A velocidade dos carros ao contrário nos espelhos oblíquos das montras,
O chão no ar o sol por baixo dos pés rua regas flores no cesto rua
O meu passado rua estremece camion rua não me recordo rua

Eu de cabeça pra baixo no centro da minha consciência de mim
Rua sem poder encontrar uma sensação só de cada vez rua
Rua pra trás e pra diante debaixo dos meus pés
Rua em X em Y em Z por dentro dos meus braços
Rua pelo meu monóculo em círculos de cinematógrafo pequeno,
Caleidoscópio em curvas iriadas nítidas rua.
Bebedeira da rua e de sentir ver ouvir tudo ao mesmo tempo.
Bater das fontes de estar vindo para cá ao mesmo tempo que vou para lá.
Comboio parte-te de encontro ao resguardo da linha de desvio!
Vapor navega direito ao cais e racha-te contra ele!
Automóvel guiado pela loucura de todo o universo precipita-te
Por todos os precipícios abaixo
E choca-te, trz!, esfrangalha-te no fundo do meu coração!

À moi, todos os objetos projéteis!
À moi, todos os objetos direções!
À moi, todos os objetos invisíveis de velozes!
Batam-me, trespassem-me, ultrapassem-me!
Sou eu que me bato, que me trespasso, que me ultrapasso!
A raiva de todos os ímpetos fecha em círculo-mim!

Hela-hoho comboio, automóvel, aeroplano minhas ânsias,
Velocidade entra por todas as idéias dentro,
Choca de encontro a todos os sonhos e parte-os,
Chamusca todos os ideais humanitários e úteis,
Atropela todos os sentimentos normais, decentes, concordantes,
Colhe no giro do teu volante vertiginoso e pesado
Os corpos de todas as filosofias, os tropos de todos os poemas,
Esfrangalha-os e fica só tu, volante abstrato nos ares,
Senhor supremo da hora européia, metálico a cio.
Vamos, que a cavalgada não tenha fim nem em Deus!
...............................................................
...............................................................
Dói-me a imaginação não sei como, mas é ela que dói,
Declina dentro de mim o sol no alto do céu.
Começa a tender a entardecer no azul e nos meus nervos.
Vamos ó cavalgada, quem mais me consegues tornar?
Eu que, veloz, voraz, comilão da energia abstrata,
Queria comer, beber, esfolar e arranhar o mundo,
Eu, que só me contentaria com calcar o universo aos pés,
Calcar, calcar, calcar até não sentir.
Eu, sinto que ficou fora do que imaginei tudo o que quis,
Que embora eu quisesse tudo, tudo me faltou.

Cavalgada desmantelada por cima de todos os cimos,
Cavalgada desarticulada por baixo de todos os poços,
Cavalgada vôo, cavalgada seta, cavalgada pensamento-relâmpago,
Cavalgada eu, cavalgada eu, cavalgada o universo — eu.
Helahoho-o-o-o-o-o-o-o ...

Meu ser elástico, mola, agulha, trepidação ...

Álvaro de Campos, in "Poemas"
Heterónimo de Fernando Pessoa

Gonzaga Blantez - CURIÓ DO BICO DOCE - A Força do Querer

sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Dispositivo Espião Permite Rastrear Seus Pertenses Através do Seu Smartphone

Novo dispositivo menor que uma moeda permite encontrar até mesmo seu carro através do seu smarthpone. Veja na matéria:

http://dicasdesobrevivencia.com


Atualizado em 2 de junho de 2017
Todos nós em algum momento passamos pela situação de colocar as chaves do carro ou de casa em algum lugar e simplesmente esquecê-las… E quando mais precisamos delas, não encontramos de jeito nenhum, muitas vezes elas estão num lugar que nunca pensaríamos em procurar. Ou ainda a situação de, na correria diária, estacionar o carro e depois não conseguir lembrar em qual vaga o carro ficou. Você não é o único que passou por essas situações. Sabendo desses problemas de nosso cotidiano, um novo dispositivo foi desenvolvido, possibilitando que você localize seus pertences imediatamente, desde suas chaves ou carteira até o seu carro! Tudo com ajuda de seu celular smartphone.

Que dispositivo é esse?

Esse dispositivo é o RastreR. Após ter feito muito sucesso na Europa e Estados Unidos devido ao seu tamanho e a sua confiabildade, o RastreR chegou agora no Brasil.

Como o RastreR funciona?

Usar o RastreR é bem simples. É só baixar o aplicativo gratuito (disponível para iPhone e para Android) e conectar o dispositivo seguindo as instruções. Uma vez conectado, você só precisa colocar o RastreR em seus pertences. Sua funcionalidade não se resume a apenas registrar a localização onde estava conectado, podendo ainda ser usado como alarme, tanto para evitar furtos como ajudar na busca de seus pertences.

Outras funcionalidades

De acordo com o fabricante, o RastreR é usado também por aquelas pessoas que vivem esquecendo onde deixaram a carteira, as chaves e até mesmo o celular. É também útil para encontrar a sua bagagem, bicicleta ou qualquer outro item pessoal. Para aqueles que possuem filhos ou também um animal de estimação, o RastreR também é uma forma eficiente de ser alertado caso eles resolvam se afastar muito de você.
Segundo instruções do fabricante, o RastreR não é apenas utilizado por pessoas que costumam perder chaves e carteira ou até mesmo celular, ele é usado ainda para evitar a perda de malas, bolsas e qualquer variedade de pertence.

Benefícios do RastreR:

  • Encontre seus pertences em segundos;
  • Alarme para encontrar até mesmo os itens mais escondidos;
  • O RastreR ainda o ajuda a encontrar seu celular, fazendo ele tocar, mesmo em modo silencioso
  • Sua bateria que dura em média 1 ano - você nunca precisará recarregar.

Testamos o Rastrer:

Ficamos curiosos com as funcionalidades do RastreR e resolvemos comprar 5 unidades para teste através do site oficial. Após alguns dias, recebemos o produto em uma embalagem de ótima qualidade. É incrível o quão leve e portátil o produto é, sendo bem prático colocá-lo em suas chaves ou carteira. Conectá-lo em nosso smartphone foi muito fácil, não levou sequer um minuto!

Resolvemos simular uma situação cotidiana de perder um pertence. Escondemos o produto em nosso escritório e não levamos mais que 10 segundos para encontrá-lo: a função busca emite um alarme bem alto, sendo impossível de perder os seus pertences. Esse alarme é um ótimo aliado em assaltos, pois o barulho atrai a atenção para o ladrão.

A precisão é outro fator positivo. Após estacionar o carro com o RastreR em uma rua no Rio de Janeiro, nos afastamos da região e procuramos o carro através do smartphone utilizando a função de localização. Ele estava exatamente no local mostrado pela aplicação!

Quanto Custa

Apesar de várias vantagens e funcionalidades, é fácil pensar que o Rastrer custa caro. Ficamos surpresos quando soubemos que a fabricante lançou o produto no Brasil por apenas R$129,90 (com possibilidade de parcelar até 6 vezes). Ainda tem uma promoção de lançamento, ao comprar 2 unidades do RastreR você leva 1 grátis!. Segundo o fabricante, essa oferta não deve durar muito, uma vez que o estoque é limitado.

Conclusão

Com tantas evidências de que funciona e o grande problema que o RastreR resolve, é difícil não recomendar o RastreR. Com tantas funcionalidades e um ótimo preço, o RastreR é um produto extremamente recomendado. Entramos em contato com o fabricante e conseguimos uma incrível promoção de lançamento, basta você clicar logo abaixo:

Promoção exclusiva para nossos leitores: Compre RastreR em 6x com até 75% de desconto!

quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Lembrando Rubem Alves, Suassuna e João Ubaldo

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Pedro Otávio

Hoje, "perambulando" pelas ruas de meu Assu, perto do fim da tarde, me detenho a essa paisagem. Vejo essa casa tão linda, onde um dia fora a sede da Pharmacia Amorim, hoje o seu sótão está assim. Atualmente, nela "faz morada" o aristocrático bar e ponto de encontro para amigos, Bar de "Nêgo" João.

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terça-feira, 1 de agosto de 2017

CALDAS, UM GRANDE POETA BRASILEIRO

 Por Fernando Caldas

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No dia 1º de agosto de 1888, há exatamente 129 anos, nascia em Goianinha, região agreste ao sul do litoral do Rio Grande do Norte, o menino que veio a se chamar João Lins Caldas. Seu pai também chamado João Lins Caldas explorava a agricultura em terra goianinhense, bem como chegou a ser nomeado interinamente Promotor Público da Comarca daquele importante município, e sua mãe Josefa Leopoldina Lins Caldas natural de Goianinha era de tradicional família (Torres Galvão).

Caldas viveu o sudeste do Brasil (Rio de Janeiro e Bauru-SP) entre 1912 a 1933, convivendo com grandes vultos das letras nacionais como, por exemplo, José Geraldo Vieira, considerado um dos precursores do romance moderno brasileiro.

Autor compulsivo, sem ter conseguido publicar-se, retorna em 1933 a cidade de Assu-RN, terra dos seus ancestrais paternos, onde antes teria vivido parte da sua infância e começo da juventude, para viver parte da sua vida adulta e morar com sua mãe e depois sozinho até morrer numa manhã de 19 de maio de 1967.

Em 1936, já estando em terra assuense é surpreendido por José Geraldo que o colocou como personagem principal, na segunda fase do seu romance urbano intitulado Território Humano, encarnado no personagem 'Cássio Murtinho'.

Outro fato importante que engrandece a sua trajetória ocorreu, salvo engano, na década de quarenta, pois o célebre poema de sua autoria sob o titulo “Minha dor na grande guerra” teria sido irradiado pela rádio britânica BBC, um feito que orgulhou o poeta e a terra potiguar.

Por fim, sobre o referenciado poema, depõe o poeta norte-rio-grandense João Celso Neto conforme transcrito adiante:

“Sempre soube que um de seus poemas fora lido na BBC de Londres, “A minha dor na grande guerra”. É causa de admiração constatar que aquele poeta, nos rincões perdidos do Nordeste, demonstrava sua cultura, como dizer que maior que a dor pela segunda grande guerra era a que sentia pelo fim que levara Chénier, guilhotinado pelos que ajudara a fazer a Revolução Francesa.”

Vejamos, para o nosso deleite, o referenciado poema:

“A minha não é, na grande guerra, a dor de todo o sangue que foi derramado.
Nem a das casas desmoronadas,
Nem a dos barcos perdidos
Nem dos bois, os campos talados,
Nem a do trigo,
Nem a dos ferros em sacrifícios sacrificados,
Cruzes ao chão, os cemitérios estilhaçados.
Nada, não.
A minha dor nas dores da grande guerra, não é,
na verdade, a dor de todo o sangue que foi derramado,
Nem a dos inocentes que foram imolados,
Nem a das virgens que foram violadas,
Nem a dos velhos,
Nem a dos moços,
Nem a da fome pelos estômagos enfraquecidos e depauperados,
Nem a dos afundados no mar,
Nem a dos que, estilhaçados, ainda para
Se despedaçarem na terra,
Nem a de todos os filhos,
Nem a de todas as mães,
Nem a de todas as noivas nos seus anseios e nas suas saudades,
Nem a da irmã para o irmão,
Nem a do amigo para o amigo,
Nada, não.
A minha dor nas dores da grande guerra, não é,
Verdadeiramente, a dor de todo o sangue que foi derramado.
Nem na sede, a das ressequidas gargantas cheias de febre,
Nem a do frio, sob as trincheiras,
Os homens para se verem tiritantes e desabrigados...
Nada, não.
Chénier decapitado pela maldade dos homens,
Pela inconsciência da maldade dos homens,
Pela inveja, no desvario todo de toda sua maldade,
E a ignomínia de sua avareza,
E a sua pobreza toda de espiritualidade,
Nada em nada da menor grandeza;
A minha dor nas dores da grande guerra é a
Dor dos cérebros que foram trucidados,
Dos Chénier que nada deram e que tudo sentiram para dar,
Daqueles que sentiam o mar,
Daqueles que sentiam a terra,
E que sentiam o céu, o céu para todo deles se desdobrar,
O céu que era neles tudo de todas as estrelas,
E que deles para se refletir como as estrelas se refletem para o mar.”

segunda-feira, 31 de julho de 2017

"MAS, O QUE VOCÊ FEZ, CHICO BRANCO?"

Francisco Gomes Ferreira - Chico Branco (75), na ultima sexta-feira (28-7)  tombou ferido de morte, na sua própria casa, a pauladas deferidas por um certo jovem frio e covarde. Chico era uma figura popularíssima e querida por todos da então pacata cidade de Assu. Era filho do vaqueiro chamado Henrique do Tejo que eu cheguei ainda a conhecê-lo. Tipo baixo, magro, andar ligeiro, gestos nervosos. Desde menino, Chico Branco começou a trabalhava de afazeres domésticos nas casas de famílias ilustres, moradores do largo da igreja matriz de São João Batista (Centro Histórico do Assu). Com a sua partida, o folclore do Assu fica mais pobre. Afinal, na qualidade de seu conterrâneo e amigo, quero deixar registrado nesta página, a minha indignação e revolta.

"Mas, o que você fez, Chico Branco?" Eu acredito que nada, dado o seu seu temperamento pacifico que lhe era peculiar.

Fernando Caldas

Fotografia de: Focoelho.

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