quinta-feira, 13 de agosto de 2020

 A NUTRITIVA COALHADA

Sou carne assada e cuscuz
Sou a gostosa coalhada,
Sou o leite da vaquinha
Sou a chuva abençoada,
Contente com relampejo
Sustança pro sertanejo
Na minha terra abastada.

Na Rural de Mossoró
Tinha 'A Hora da Coalhada',
No comando 'Seu Mané'
Audiência disparada,
Um programa sertanejo
Para o matuto um ensejo
Uma lembrança adubada.

Marcos Calaça é poeta matuto.

quarta-feira, 5 de agosto de 2020

Eu quero me esquecer, que não quero lembrar.
Um coração, se me oferecer,
Deve saber da vida, por sofrer,
Deve saber da vida, por chorar...

Caldas

segunda-feira, 3 de agosto de 2020


A Barragem Armando Ribeiro Gonçalves teve redução nas restrições do uso do seu manancial, aprovada pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), após verificação de disponibilidade hídrica e reunião com os usuários de água do reservatório. A partir deste próximo mês de agosto até julho do ano que vem os usos de água com outorga poderão ocorrer entre 25% e 100% do permitido na barragem, o que não ocorria desde 2012.

Segundo a ANA a maior oferta de água permitirá o aumento das atividades econômicas na região como agricultura, carcinicultura, indústria e abastecimento hídrico contribuindo para o desenvolvimento do Rio Grande do Norte num contexto de pós pandemia. O reservatório está com mais de 60% da sua capacidade máxima que 2,3 bilhões de metros cúbicos de água.
O potencial hídrico da Barragem Armando Ribeiro Gonçalves será aproveitado na geração de energia. Uma grande obra está em andamento e após a conclusão as válvulas dispersoras também conhecidas como véu de noiva só estarão em operação em casos excepcionais... https://assutododia.blogspot.com/
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domingo, 2 de agosto de 2020

ARTIGO – ALÍPIO TAVARES – POETA POPULAR

Poeta popular e violeiro Alípio Tavares de Souza, nasceu no dia 14/08/1913 no sitio Pau de Jucá município de Ipanguaçu.

Foi um dos mais espirituosos poeta da região. Radicou-se em Assu durante muitos anos e tornou-se famoso por sua verve espontânea. Seu livro de ABC, foi a literatura cordel, através da qual enriqueceu seu vocabulário de exímio repentista e cantador. Desde moço fez parelhas com célebre cantadores, entrando em pelejas sem temer o mote nem o companheiro.

Certo da foi chamado para cantar com Chico Melquíades em uma fazenda em Ipanguaçu.

A festa estava muito animada, viola em punho entre martelos e galopes, cantavam os grande repentistas quando lá pras tantas caiu uma lagartixa. Alípio saiu-se com esses versos:

Valha-me Nossa Senhora!
Caiu uma lagartixa,

Senhora dona da casa,

Pegue um pau, mate esta bicha

É carne que não se come,

É couro que não se espicha

Chico Melquíades, que não lhe ficava atrás em verve e ousadia, acrescentou com aplausos:

Caiu uma lagartixa,

Ligeira como uma flecha.

Subiu na perna da moça                                                           

A procura de uma brecha.

Alípio Tavares, foi um dos valores culturais que o Assu e região não se preocupou em valorizar. Coisa de cidades possuidoras de muitas potencialidades de quem tem muito e termina com pouco, muitas vezes sem nada.

Chico Torquato 

 


sexta-feira, 31 de julho de 2020

Maria Bethânia - "Sábado em Copacabana" (Ao Vivo) – Dentro Do Mar Tem Rio

SONETO

Por João Natanael de Macedo

Não te rias de mim! ah! não te rias
Ah! não te rias de quem verte o pranto!
Dá-me a beber em mórbido quebranto
De tua voz as doces sinfonias

Leva-me ao céu de eternas fantasias
Preso ao teu colo, sob denso encanto
De teus olhares, cheios de ardentias

Não te rias de mim! Deixa que o Fado
Creste-me n'alma a última esperança
Mate-me n'alma o sonho meu, dourado!

Não te rias de mim, de meu destino.
Não te rias assim, doce criança,
Que este teu riso é gélico, assassino!

quarta-feira, 29 de julho de 2020

MATOLENGO

 

Matolengo

O autor de caçadas

De tiros em antas, em onças em

garças...

Lá vai Matolengo

O livro que leva

Das selvas, dos bosques

Das matas espessas

Lagoas nas bordas

Tem bichos nas bordas...

Tem amplas caçadas

 

Meu Deus, Matolengo...

Amigos que teve

Piratas de livros

Piratas de cousas

Que cousa...

 

Ouvi Matolengo

Seu gosto é desgosto

Seu modo é de fardo

Que fardo o seu corpo.

 

Eu sei do seu corpo

Que o bom Matolengo

Disperso nas águas

Disperso nas matas

É folha com o vento...

 

Lá vai Matolengo...

um verso nas folhas

Um verso nas rochas

Estrofes nas nuvens

Estrofes nas pedras

Seu canto não pára...

Dispara...

 

Um canto na treva

Um trilo

Sigilo...

É ele quem leva

O fardo espingarda...

 

Parado

Tranquilo

A face de pedra

Caminho de rochas

E tochas

Pesadas

As mãos desvairadas

Que abraçam nas rochas.

 

Ouvi Matolengo

Sombrio, cansado

Fardado de rochas

Fardado de pedras

Passando os extremos...

 

Matolengo...

Se roça nas pedras

Se roça as escarpas

Os astros que roça...

 

 

 João Lins Caldas)

 


BELA ESTRELA DE VÊNUS

Bela estrela de Vênus fez tua face que fosses,
Pois o véu ainda esconde Diana clara e doce,
E até perto das tílias, junto ao pé da colina,
Luz meu passo secreto na tua trilha divina.
Não no intento noturno por milgalha furtiva,
Ou a viajantes levar onde a morte os cativa.
É o amor: vou trovar sobre mútuos ardores,
Uma ninfa adorada, uma flor entre as flores.
Como em meio aos fogos, entre quem Diana impera,
Brilham puros os teus, a ornar noite e esfera.

André Shénier, poeta francês (1762-1794)

André Chénier – Wikipédia, a enciclopédia livre

terça-feira, 28 de julho de 2020

AO CORAÇÃO QUE SOFRE

Por Olavo Bilac, o príncipe dos poetas brasileiros

Ao coração que sofre, separado
Do teu, no exílio em que a chorar me vejo,
Não basta o afeto simples e sagrado
Com que das desventuras me protejo.

Não me basta saber que sou amado,
Nem só desejo o teu amor: desejo
Ter nos braços teu corpo delicado,
Ter na boca a doçura de teu beijo.

E as justas ambições que me consomem
Não me envergonham: pois maior baixeza
Não há que a terra pelo céu trocar;

E mais eleva o coração de um homem
Ser de homem sempre e, na maior pureza,
Ficar na terra e humanamente amar.

segunda-feira, 27 de julho de 2020

LEMBRANDO IVANILTON GALHARDO


Ivanilton, além de médico neurologista formado pela UFRN, era também compositor, escritor, seresteiro da velha guarda, “médico de cérebro e poeta de coração”. Ele teve uma vida recheada de valores e princípios.
Ivanilton se não foi médico da primeira turma, foi um dos primeiros médicos neurologistas formados por aquela universidade. É autor, salvo engano, do livro sob o título ‘Propedêutica Neurológica Essencial’.
Lembro-me dele, Doutor Ivanilton ou simplesmente Ivanilton, quando médico de profissão, atendendo no seu consultoria que ficava num prédio de primeiro andar, esquina da rua Princesa Isabel com a João Pessoa, Cidade Alta, bairro de centro da capital potiguar. Isso nos idos de sessenta. Naquele tempo, fui por ele consultado quando eu era ainda adolescente e depois na minha vida adulta. Por sinal, Ivanilton era sobrinho de minha avô paterna pelo lado da família Fernandes de Queiroz, do alto oeste do Rio Grande do Norte. Portanto, é Ivanilton, meu primo em segundo grau com muito orgulho.
A escritora Leide Câmara em seu livro intitulado Dicionário da Música do Rio Grande do Norte, 2001, pag. 253, depõe que Ivanilton Galhardo “revelou-se compositor em 1983, quando a música Vagando nos teus olhos, em parceria com Duarte de Carvalho, foi gravada por Wigder Valle, no LP Música Universitária. Em 1998, como cantor, gravou a mesma música no CD coletânea MPB-Médico Popular Brasileiro.”
Por fim, revendo os guardados de minha avó, encontro a fotografia de formatura dele, Ivanilton, um pouco gasta pelo tempo, conforme abaixo.
Fica, portanto, um pouco da vida e obra daquele renomado médico, professor, que se dizia apaixonado pela neurologia, chamado Ivanilton Galhardo que, por Ironia do destino fora vítima aos 73 anos de idade, de Acidente Vascular Cerebral.
Fernando Caldas

COSTUMES ALIMENTARES DO SERTÃO POTIGUAR NO SÉCULO XVIII – Luís da Câmara Cascudo

LUDOVICUS - INSTITUTO CÂMARA CASCUDO·QUARTA-FEIRA, 8 DE JULHO DE 2020

Fundava-se, sobre base do tradicionalismo patriarcal, a sociedade norte-rio-grandense, no trabalho da pecuária e agricultura. O plano de roças de mandioca garantia a farinha indispensável à alimentação histórica. A ribeira do Apodi, na última década do século XVIII (1791-93, a grande seca, “Seca Grande” como ficou conhecida), produzia 56.640 alqueires de farinha nas freguesias do Apodi, Portalegre e Pau dos Ferros. O rebanho bovino é que se desenvolvia normalmente, criando-se, desde longos anos, a indústria das carnes secas em Mossoró e Açu, tornando-se famosos os portos das “Oficinas de Carne”, ou simplesmente Oficinas, à margem do mesmo rio. Somente em 1788 é que o Capitão General de Pernambuco, D. Tomás José de Melo, proibiu a promissora indústria, permitindo-a apenas do Aracati para o norte. Decorrentemente a carne seca ficou conhecida como “carne do Ceará” em data posterior à tão desassisada medida de administração às avessas. A abundância do gado, explicação poderosa da obstinação holandesa em fixar-se no Rio Grande, era uma consequência dos pastos bons nas zonas de criação. Já em julho e novembro de 1686 o Governador de Pernambuco avisava ao Rei ter recebido avisos do Capitão-Mor do Rio Grande informando-o da presença de um navio “de grande força” e um patacho de piratas no litoral norte-rio-grandense, saqueando barcos e que “lançava gente em terra a fazer Carnes e aguadas”.

O contrato do estanco do sal, alvará de 7 de dezembro de 1758, permitia aos proprietários de salinas o uso do produto, mas não a exportação. Multa e perda da embarcação carregadora. Só em 1808 recomeçaria a produção regular e venda para o sul.

A alimentação era a carne, assada ou cozida, com farinha, farófia ou pirão. Verduras, hortaliças, quase desconhecidas. Usavam os “cheiros”, cominho, coentro, alho, como no “Velho da Horta” de Gil Vicente. O milho dava o cuscuz, comum e mais raro o cuscuz de mandioca. O de milho nos viera do Oriente pela mão do português e do negro africano que o tivera do árabe. As vacas-de-leite garantiam o queijo e especialmente o prato secular e milenar, a coalhada, de universal uso. O sertanejo não bebia leite. Comia-o, com farinha, com jerimum (abóbora), com batata, com milho cozido, o mungunzá. No ciclo de São João há a comida-de-milho, canjica, pamonha, bolo, canjicão, com leite de coco, este em anos do século XIX. O açúcar branco não era fácil. Comprava-se e guardava-se para adoçar remédios lambedores (xaropes) e chás medicamentosos. Como o mel de abelha para o indígena, a rapadura era o “doce” para o sertanejo. O próprio nome de “açúcar” era pouco usado. Dizia-se:- “quer mais doce? Sirva-se do doce!” na acepção do adoçante que era rapadura raspada para os pobres. Ainda em 1910 havia esse clima no sertão norte-rio-grandense.

Ovelhas, marrã de ovelha, constituíam prato precioso, cozido, assado, a buchada, tripas e mais vísceras, cozidas em fogo lento, noite inteira, com pirão de farinha ferventado na gordura do próprio animal. Até meados do século XVIII não encontro alusão aos caprinos. O carneiro, nunca recusado, foi acepipe conhecido e Henry Koster encontrava-o menos saboroso que o da Inglaterra. Manoel Rodrigues de Melo e Hélio Galvão mostraram sua popularidade na alimentação normal.

As sobremesas apreciadas eram banana cozida, batata assada, doce de banana, rapadura com farinha, também o chouriço, espécie de morcela portuguesa. Ainda alcancei o prestígio da farinha com açúcar para os meninos do meu tempo. Finalizava-se a refeição bebendo o caldo da carne.

Os ovos quentes eram impopulares. Ovo cozido, farinha de ovos com carne assada era prato antiquíssimo. Beber ovo cru só o faria timbu. Os peixes eram cozidos ou assados. Raramente havia técnicas para outras maneiras. Os molhos eram desconhecidos. O leite de coco tornou-se indispensável, mas é vitória do século XIX para o sertão.

Galinhas seriam comida clássica das parturientes, a canja simples e a galinha cozida, com arroz de forno. Galinha assada era prato de festa. O guiné, angola, pintado, tido por “carregado” era parcimoniosamente consumido. Os perus apareceram no interior muito depois. Eram comuns no litoral. Gostava-se mais das peruas, cevadas em casa, com milho cozido, empurrado a dedo na goela.

Herdeiro do indígena, o sertanejo amava todas as peças de caça, veados, pacas, emas, nambus, asa-branca, tijuaçu, preá, mocó, tatus, muitas repugnando aos moradores do litoral, especialmente aos praieiros. Em compensação, os caranguejos, lagostas, lagostins davam náuseas aos sertanejos e eram saboreados pelos praianos, “gente que come aranha caranguejeira”, como dizia, arrepiado feito porco espinho, meu tio Francisco José Fernandes Pimenta, olhando em Natal uma travessa de goiamuns rescendentes.

As comidas comuns correspondiam às “comidas de campo”, levados pelos vaqueiros nos pequeninos alforjes de couro como provisão para os longos dias de perseguição aos bois marruás ou touros fugitivos. Era a paçoca, carne pisada a pilão, com farinha, comida com rapadura ou banana. Delícia. Era o “comboieiro” carne assada, cortada miudinha e misturada com farinha. Diziam-na “comboieiro”, porque era o prato mais fácil de fazer quando os longos “comboios”, carregados de algodão, descendo para as cidades e vilas, arranchavam-se à sombra das oiticicas. Água, conduzia-se na “borracha”, saco de couro, que a tornava fria e límpida. Era nome vindo de português. Os indígenas amazônicos faziam-na com a seringa e daí denominar-se “borracha” ao látex da seringueira. As velhas e legítimas “borrachas” (“Botas” em Espanha e França) eram de couro.

Fiéis a dez mil anos de sabor, os sertanejos eram amigos do tutano, batendo os ossos, sorvendo-o devagar, puro ou misturado com farinha. Tutano dá força porque é a essência do animal. Pensavam assim todos os povos primitivos do mundo. E o gosto continua.

Para beber, o raro vinho tinto, a meladinha ou cachimbo, aguardente com mel de abelha, insubstituível para “fechar o corpo aos calores e friagens”.

Os ricos tinham sempre vinho do Porto, vinho espanhol de Málaga, servidos aos cálices. Fumava-se cachimbo, mascava-se uma folha de tabaco, usava-se mecha no nariz ou sorvia-se o rapé, torrado. O cigarro é depois da Guerra do Paraguai. O charuto apareceu no século XIX. E raro. Quando o Padre Francisco de Brito Guerra, então deputado-geral em 1833, voltou do Rio de Janeiro para o Caicó, trouxe charutos e ofereceu-os a dois amigos velhos, correligionários seguros. Acabaram de almoçar e o Padre retirou-se um instante. Quando regressou viu os amigos verdes e nauseados. Tinham comido os charutos, julgando-os sobremesa habitual na Corte.


Fonte: “História do Rio Grande do Norte” / Luís da Câmara Cascudo – Natal: Fundação José Augusto/Rio de Janeiro: Achiamé, 1984.

Imagem: Reprodução capa da obra “Arte e rituais do fazer, do servir e do comer no Rio Grande do Norte: uma homenagem a Câmara Cascudo” / Arthur Bosisio Junior (Coord.) – Rio de Janeiro: Senac Nacional, 2007.

quinta-feira, 23 de julho de 2020

Páginas Aleatórias

Um jovem encontra um senhor de idade e lhe pergunta:
- Se lembra de mim?
E o velho diz: - não.
Então o jovem diz que ele era aluno dele.
E o professor pergunta:
- O que você está fazendo, o que você faz para viver?
O jovem responde:
- Bem, eu me tornei professor.
- Ah, que bom, como eu? (disse o velho)
- Pois sim. Na verdade, eu me tornei professor porque você me inspirou a ser como você.
O velho, curioso, pergunta ao jovem que momento foi que o inspirou a ser professor.
E o jovem conta a seguinte história:
- Um dia, um amigo meu, também estudante, chegou com um relógio novo e bonito, e eu decidi que queria para mim e eu o roubei, tirei do bolso dele.
Logo depois, meu amigo notou o roubo e imediatamente reclamou ao nosso professor, que era você.
- Então, você parou a aula e disse:
“O relógio do seu parceiro foi roubado durante a aula hoje. Quem o roubou, devolva-o”.
- Eu não devolvi porque não queria fazê-lo.
- Então você fechou a porta e disse para todos nós levantarmos e iria vasculhar nossos bolsos até encontrarmos o relógio.
- Mas, nos disse para fechar os olhos, porque só procuraria se todos tivéssemos os olhos fechados. Então fizemos, e você foi de bolso em bolso, e quando chegou ao meu, encontrou o relógio e o pegou.
- Você continuou procurando os bolsos de todos e, quando terminou, você disse:
"Abram os olhos. Já temos o relógio."
- Você não me disse nada e nunca mencionou o episódio. Nunca disse quem foi quem roubou o relógio. - Naquele dia, você salvou minha dignidade para sempre.
- Foi o dia mais vergonhoso da minha vida. Mas também foi o dia em que minha dignidade foi salva de não me tornar ladrão, má pessoa, etc. Você nunca me disse nada e, mesmo que não tenha me repreendido ou chamado minha atenção para me dar uma lição de moral, recebi a mensagem claramente.
- E, graças a você, entendi que é isso que um verdadeiro educador deve fazer.
- Você se lembra desse episódio, professor?
E o professor responde:
- Lembro-me da situação, do relógio roubado, que procurava em todos, mas não lembro de você, porque também fechei os olhos enquanto procurava.
Esta é a essência do ensino: Se para corrigir você precisa humilhar; você não sabe ensinar.
[autoria desconhecida]
Se conseguiu ler deixe seu UP, obrigado pela atenção !!!

quarta-feira, 22 de julho de 2020

Ouvir estrelas
"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...
E conversamos toda a noite, enquanto
A via-láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"
E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas."
(Olavo Bilac)
EM DELÍRIO
Por que é que nós vivemos tão distantes,
Si estamos neste sonho todo incerto:
- Eu ao teu lado em pulsações vibrantes,
E tu, longe de mim, sempre tão perto?
E é isso como um lúgubre deserto
onde andem as chamas palpitantes
Deste amor, deste amor que vive aberto
para os teus cem mil beijos escaldantes!
Amo-te! E fui-te sempre à eterna esquiva...
Mata-me agora esta aflição tão viva
Que explode em mim, que no meu seio estua...
Que tu não sejas meu, pouco me importa...
Mas tira-me esta dor que me transporta
A este desejo eterno de ser tua!
Carolina Bertholo
___________em, revista Fon-Fon, Rio de Janeiro, 1924.
Ó vida! Os teus milagres nem
sempre são doçura, mas
não me dês tanto, tanto!
Não me dês tanto, tanto,
tanta amargura!

Caldas, poeta do Assu

segunda-feira, 20 de julho de 2020

Ditos populares

Dinheiro muito é riqueza
Dinheiro pouco é lizeira
Muita conversa é besteira
E se for pouca é singeleza
Tudo o que é bom tá beleza
Se num tá, é fuleiragem
Troço demais é bagagem
Se for pouquinho é “moqueca”
Muito disco é discoteca
Desgraça pouca é bobagem

Fábio Gomes

Que eu seja eternamente eterno louco e nunca deixe de sonhar na vida. (João Lins Caldas, pensador potiguar).