segunda-feira, 25 de julho de 2022

DE UM ÁLBUM DE RETRATOS DE MEU PAI

Uma fotografia importante para a História do Rio Grande do Norte, de figuras de famílias tradicionais na terra Norte-rio-grandense e outros estados brasileiros: Montenegro e Lins Caldas. Ambas famílias chegaram na terra potiguar procedentes do Pernambuco. Nesta foto podemos conferir na linha do meio, da esquerda para direita: Os Assuenses pioneiros no Brasil chamados João Moacir de Medeiros – 1921-2008, (Moacir foi o fundador de uma das maiores empresas de publicidade do país, a JMM Publicidade, estabelecida na rua Almirante Barroso, Centro da capital carioca. E quem não se lembra da propaganda do Banco Nacional de Minas Gerais – do guarda-chuva que abria o JN, da TV Globo? Conta-se que a sigla JN, foi de sua iniciativa. Foi ele, dr. Medeiros, como era conhecido nos meios empresariais, o primeiro marqueteiro político do Brasil, fazendo a campanha, a convite do banqueiro e político Magalhães Pinto, de Celso Azevedo para prefeito de Belo Horizonte, em 1954) e o poeta e pensador João Lins Caldas (1888-1967) considerado por Antônio Bento, entre outros do mundo literário como o “pai da poesia moderna Brasileira”, pois em 1917, muito antes da Semana de Arte Moderna no Brasil, 1922, Caldas já escrevia versos brancos, emancipados dos grilhões da métrica, Era ele, Caldas, amigo íntimo de José Geraldo Viera, um dos maiores nomes do romance moderno brasileiro, que fez João Lins Caldas, seu amigo íntimo, personagem do seu segundo romance urbano intitulado Território Humano, 1936. Em 1946, Caldas alcança outra façanha, pois em 'Cartas A Minha Filha em Prantos' (outro livro de José Geraldo Vieira), afirma Vieira que João Lins Caldas é o seu verdadeiro personagem “Cássio Murtinho”.
 
Ainda na fotografia podemos conferir outras figuras: na linha de cima, da esquerda para direita: Nelson Borges Montenegro que foi prefeito de Ipanguaçu, e deputado estadual na década de setenta, Edmilson Lins Caldas (meu pai) que foi vereador em Ipanguaçu e agropecuarista, fundador de grandes cooperativas e maçonarias no estado potiguar (ele dizia que o segmento cooperativista era a saída para o desenvolvimento, para o progresso), Edgard Borges Montenegro, ?, e João Batista Borges Montenegro, ambos deputados estaduais, além de prefeito de Assu e de Afonso Bezerra, respectivamente, além de auxiliares do governo Cortez Pereira. Na linha de Baixo, da esquerda para direita: Paulo Macedo Montenegro que foi deputado estadual constituinte de 1988 (que por sinal além de primo, é meu compadre duplamente), sendo segundo secretária da Assembleia Legislativa/RN, seguido de irmãos e primos que também tem cada um deles, a sua história. 
 
Foto tirada na Lagoa da Ponta Grande, na Fazenda Itu/Picada, em 1960. Mais histórias a contar das figuras citadas, membros das famílias Montenegro, Lins Caldas, Sena, Wanderley, Varela Barca, Paes Barreto... (Moacir era da família Lins Caldas do Assu e Ipanguaçu, pelo lado de sua mãe Maria Francisca Lins Caldas de Medeiros, casada que fora com José Lúcio de Medeiros – Zé Medeiros. Ela, Maria Francisca, prima legitima e irmã de criação de meu avô paterno chamado Luiz Lucas Lins Caldas Neto). Fica o registro para a história do Vale do Açu.
 
(Fernando Caldas)
 
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terça-feira, 19 de julho de 2022

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Wagner Di Oliveira

Mais uma encomenda finalizada, mais uma santa ceia diferente e a liberdade de criar que tanto estimo.
Para idealiza-la usei outras duas obras que me serviram como inspiração para criar o criador, um poema de Fernando Pessoa, o menino Jesus e música de Wando, Jesus negro bonito dos olhos azuis do álbum Portal do Sol de 1976 (ano em que nasci). 
 
Na pintura, entre imagens subliminares e símbolos, mostro uma santa ceia diferente, com pessoas diferentes, onde todos se respeitam e se ajudam como podem, todos colaboram com a ceia como podem. (o próprio gatinho não está roubando, ele está trazendo sua caça para mesa) a própria natureza comunga com todos.
 
A armação improvisada onde todos estão embaixo, está para além de templos e igrejas, porque os que precisam de Deus estão para além das religiões que nos separam e nos classificam.
 
Obrigado Victor Nascimento-Mendes pela encomenda, espero que tenha gostado, foi feito de coração.
 
 
Pode ser arte

SOLENIDADE DE POSSE DA DIRETORIA DO CENTRO CIVICO ESCOLAR IRMÃ TEREZINHA TAVARES DO EDUCANDÁRIO NOSSA SENHORA DAS VITÓRIAS (ENSN)

A cerimônia de posse dos integrantes do Centro Cívico Escolar Irmã Terezinha Tavares do Educandário Nossa Senhora das Vitórias (ENSV- ASSÚ/RN) , foi um evento digno da tradição e do conceito que tem a congregação educativa de cunho religioso que há quase 100 anos, tem sido o berço da formação das gerações do conhecimento e do saber na região.
 
Foi realmente uma solenidade que marcou a excelência de qualidade pela organização que é peculiar aos monitores encarregados do grande sucesso, obtido na noite, desta segunda feira (18). 
 
O brilhantismo do alunado ufanado de alegria pela satisfação do cerimonial era visto a olho nu. 
 
Todos os familiares participantes, deste maravilhoso exemplo de cidadania e civilidade, foi algo imensurável e contagiante com a comunidade escolar do ENSV, feliz pelo o êxito da promoção solene realizada.
 
Enfim, foi um evento que agradou 100% seus idealizadores e outros corresponsáveis!

segunda-feira, 18 de julho de 2022

 

A crônica do Adeus para Edvan Segundo Lopes ( Meuval)
Quero aqui expressar nosso sentimento de pesar pelo falecimento do amigo contemporâneo da Casa do Estudante Edvan Segundo Lopes, ex prefeito de Lajes , ex Sec. Estadual de Educação do RN, meu amigo MEUVAL.
Edvan era um dos peladeiros de todas as tardes na guadra de esportes José Benévolo da Casa do Estudante e por várias vezes me levou para a cidade de Lajes para jogar pela equipe local que disputava o matutão de futebol de campo entre os anos de 1971e 72.
Neste período fixamos amizade com muitos lajenses: José Bezerra (Maranhão) Cocó, Edson (Orelha) Babá, Chico Ivo e os craques locais Rouxinol e Júnior Loba!
Quero nesta simples crônica do adeus ao amigo "Meuval" - apresentar aos seus familiares, nossas condolências fúnebres e lamentar o infortúnio, deste letal infarto fulminante que prematuramente ceifou sua vida!
 
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sexta-feira, 15 de julho de 2022

Marcos Calaça


15/07: DIA DA TAPIOCA
 
Essa gostosa iguaria
Os indígenas inventaram,
Saborosa com café
Nordestinos aprovaram,
A gostosa tapioca
Da goma de mandioca
Sertanejos adotaram.
Tapioca recheada
Bocado de componente,
Tem sabor pra todo gosto
Com paladar diferente,
Amo a tradicional
A gustação natural
Do torrão da minha gente.
Lembro uma tapioqueira
Na minha Pedavelino,
Ela chamava Geni
Comprava quando menino,
Toda tarde a tradição
Lá na rua da Estação
Um gostinho campesino.
 
Marcos Calaça é poeta potiguar e confrade da Academia Norte-rio-grandense de Literatura de Cordel (ANLIC RN).
 
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Pode ser uma imagem de cão, flor e texto que diz "Rosa @Ca Casa "Animais são anjos disfarçados mandados à Terra por Deus para mostrar ao homem o que é fidelidade." Arthur da Távola"

quinta-feira, 14 de julho de 2022

 Pode ser uma imagem de texto que diz "Quando a vida te dá alguém especial, não se pergunte quanto tempo vai durar mas aproveite cada momento sem pensar no amanhã. @jhoneRemidf SLO"

 Pode ser uma imagem de 1 pessoa e texto que diz "Programa Papo de 重 Política 18:00h H 15/07 tê PRÉ-CANDIDATO PUTADO 104 FM"

O FINADO MANOEL

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O lendário Valdetário Carneiro também teve seu dia mais descontraído quando acabou contribuindo para os Causos de Caraúbas.
 
Ia ele na sua pick up possante na zona rural de Apodi, quando já próximo da cidade, um senhor, meio alquebrado pelos anos, acenou pedindo carona. Valdetário prontamente atendeu o pedido, abriu a porta e facilitou a entrada do passageiro. Já aboletado e no conforto do ar condicionado o senhor começou a puxar conversa:
 
“ O senhor vai pro Apodí?” “Vou sim”, respondeu Valdetário. “Vou tratar de negócios no Banco”. Aí o carona por gratidão resolveu dar uma de conselheiro: “ O senhor tenha cuidado. Se vai tirar dinheiro no Banco e andando nesse carrão, aqui por essas bandas, há muita gente perigosa por aí. Tem um tal de Valdetário Carneiro de muita fama na região que pode ser um grande risco, principalmente pra quem é de fora.”
 
Valdetário riu da situação e até agradeceu: “Obrigado, eu vou ficar atento”. Em seguida devolveu a pergunta: “E o senhor não tem medo de estar sozinho nessa beira de estrada? E se de repente lhe aparece o tal do Valdetário Carneiro?” . “Ele que venha” completou o carona com aquela valentia de quem se sente em confortável distância do perigo. E ainda acrescentou “ Um homem nasceu pra outro”.
 
Chegados ao destino, o carona já ia descendo quando resolveu fazer mais uma pergunta em meio aos agradecimentos: “Obrigado por tudo senhor. Vá com Deus. Mas como é mesmo o seu nome?” Com toda naturalidade Valdetário respondeu: “Eu sou Valdetário Carneiro. E o senhor , como se chama?”
Branco como um capucho de algodão, suando por todos os poros, com as pernas trêmulas e a voz embargada, o carona mal conseguiu balbuciar: “Eu sou o finado Manoel”.
 
                                      

segunda-feira, 11 de julho de 2022

Choro as dores de quem não pode
e não consegue conter esta revolta.
Sufoco os gritos na garganta
e sinto as palavras a fragmentarem-se dentro de mim.
A transformarem-se
talvez noutra matéria, talvez mais livres.
Como águias a planarem,
sem terem limitações, sem idade.
Como se o mundo de repente
se tornasse mais leve e mais justo, como se deixassem de ter corpo e, de repente,
tivessem todas as possibilidades do céu.
Ilusões que levam à revolta.
E clamo, não um clamor sem sentido
mas de dor que corrói como ácido.
Mais como um apelo à consciência
de quem poder me ouvir.
Não se pode conviver nem compactuar com esta insensatez.
Com esta anarquia , de mentes tardias e vazias
que não têm memória.
Assim atiro frases em volta,
cega de angústia e de revolta.
 
Cristina Costa, poetisa portuguesa
 
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De uma poeta amargurado:
 
Na vida não fui feliz
Só vivi desilusão
Nunca tive uma paixão
Assim o destino quis
Cortesã ou meretriz
De mim nunca foi afim
Vivi minha vida assim
Sem prazer e sem candura
Deus quando fez a ventura
Só não se lembrou de mim...
 
Fábio Gomes

sexta-feira, 8 de julho de 2022

João Lins Caldas na Revista Fon-Fon, Rio de Janeiro, 1924. Soneto intitulado Degraus adiante...



quinta-feira, 7 de julho de 2022

Almanaques de farmácia: uma época que deixou saudades

Imagem carregada                                          

Podem esquecer os almanaques do Professor Pardal, Zé Carioca, Luluzinha, Tio Patinhas, da Disney e isso e mais aquilo. Eles não chegam aos pés dos antológicos “Almanaques de Farmácia”. Reconheço que ao fazer essa afirmação, serei contestado pela geração teen posterior à minha, muito mais acostumada a ler os chamados almanaques contemporâneos. Pena que essa galera não nasceu na época de ouro dos antológicos almanaques do Biotônico Fontoura,  Elixir Nogueira, Saúde da Mulher, entre tantos outros. Eles eram distribuídos gratuitamente nas farmácias ou então como brindes para atrair a assinatura de grandes jornais.
Os almanaques de farmácia fizeram tanto sucesso, mas tanto sucesso, que mesmo décadas após o encerramento de suas publicações ainda continuam sendo comprados à ‘preço de ouro’ por colecionadores em alguns sebos.
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Nos anos 70 quando ainda era um ‘crianção’ não me cansava de ler esses almanaques. Recordo-me que todos os meses ia até a farmácia perto de casa ansioso por ‘agarrar’ o famoso folhetim. Com o passar do tempo, o farmacêutico muito amigo de meus pais, acabou, ele próprio, levando os almanaques até a minha casa, entregando-me à domicílio. Acho que ele via tanta empolgação em meus olhos de criança que acabou tomando essa decisão.
 
A partir daí ganhei ‘gosto pela coisa’ e comecei a colecionar os tais almanaques. Caramba! Tinha uma montanha deles! Se remorso pagasse imposto, certamente, hoje eu estaria pobre de ré. Certo dia, quando nem passava pela minha cabeça montar uma sala de leitura com uma estante onde colocaria as minhas obras preferidas, resolvi doar todos os almanaques para a biblioteca de uma entidade assistencial da minha cidade.
Naqueles tempos idos, à exemplo de hoje, era um leitor compulsivo (rs), mas não tinha o hábito de colecionar ou guardar o que lia. Quando acabava de devorar um livro, jogava-o num canto ou então doava para a biblioteca. E assim fiz com os meus estimados, amados e saudosos almanaques de farmácia. Putz! Que lambança. Por isso resolvi escrever um post sobre esses folhetins como forma de espiar o meu ‘grande pecado’. 
 

 
Fuçando na Rede, descobri uma tese muito interessante sobre o assunto: “Almanaques: História, Contribuições eEsquecimento”, escrita por Patrícia Trindade Trizotti. Segundo a autora, “o primeiro almanaque de farmácia lançado no Brasil foi o Pharol da Medicina, elaborado com o patrocínio da Drogaria Granado do Rio de Janeiro em 1887. A publicação pode ser considerada uma espécie de modelo para os seus sucessores. O Pharol da Medicina possuiu uma tiragem inicial de 100 mil exemplares e de 1913 a 1923, atingiu a cifra de 200 mil exemplares. Fato esse muito significativo para a história dos almanaques, sobretudo os de farmácia”.
 
De todos os almanaques do gênero, o mais famoso de todos foi o Almanaque Fontoura, principalmente pela sua associação com o escritor Monteiro Lobato. Este almanaque tinha por objetivo fazer a divulgação publicitária do Biotônico Fontoura, produto criado pelo farmacêutico brasileiro Cândido Fontoura. O folhetim era distribuído gratuitamente como brinde pelas farmácias do país. 
 
A curiosidade é que o almanaque era editado e ilustrado por Monteiro Lobato que acabou aceitando o convite  por ser muito amigo de Candido Fontoura. Pois é, nem preciso dizer que o Almanaque Fontoura esbanjava qualidade. Reza a lenda que o escritor de Taubaté sentia-se muito cansado quando Fontoura lhe indicou o medicamento e este imediatamente se sentiu mais animado, tornando-se um verdadeiro fã do Biotônico. Assim, acabou aceitando, prontamente, o pedido de seu amigo para editar o almanaque.
 
 
 
Lobato concordou ainda em emprestar um de seus famosos personagens para a divulgação do Biotônico, nascia assim, o Jeca Tatuzinho, baseado no Jeca Tatu que o autor criara na literatura. O Almanaque Fontoura divulgava o laboratório e pregava uma campanha contra a ancilostomose, popularmente conhecida por amarelão.
 
A primeira edição do Almanaque Fontoura que teve Monteiro Lobato à frente fez um estrondoso sucesso com os seus 50 mil exemplares iniciais ‘secando’ num piscar de olhos. Esta tiragem foi crescendo a ponto de entre as décadas de 1930 a 1970 terem sido distribuídos entre dois e meio a três milhões de almanaques. A edição trazia um conteúdo variado, como horóscopo, dias bons para a pesca (fases da lua), passatempos e  até histórias em quadrinhos que retratava o personagem Jeca Tatuzinho.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Lobato e o seu Jeca Tatuzinho abriram caminho para a consolidação do almanaque nos anos posteriores. Em 1982 sua tiragem foi de cem milhões de exemplares.
Com o passar dos anos novas sessões foram sendo criadas como dicas de saúde, receitas culinárias, cartas melodramáticas, piadas, curiosidades, santos do dia, conhecimentos gerais, etc.
 
Além do Biotônico Fontoura, outros produtos medicinais se valiam dos almanaques para a divulgação de seus produtos. Os laboratórios que produziam os fortificantes Sadol, Elixir Nogueira, Emulsão Scott e o tônico Capivarol se aproveitaram da mesma estratégia para divulgar os seus produtos. Enfim, os almanaques bombavam nas farmácias. Uma verdadeira febre, uma verdadeira loucura.
 
Galera, os ‘ditos cujos’ faziam tanto sucesso nas décadas de 30, 40, 50 e etc que acabaram invadindo os antigos consultórios médicos. Caraca!! O que que é isso!! Pois é galera, podem acreditar: muitos médicos distribuíam e recomendavam essas publicações aos seus pacientes. Eles recebiam os almanaques dos laboratórios juntamente com os fortificantes como brinde. Algo parecido com o esquema das tão propaladas amostras grátis, sabe? Ou será que você nunca ganhou ‘na faixa’ de seu médico um remedinho maneiro após uma consulta? Há muitos anos atrás, não tinha o remedinho maneiro, mas em contrapartida tinha o almanaque maneiro.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Conversando com um ex-dono de farmácia que me pediu para não revelar o seu nome, fiquei sabendo que em décadas passadas era uma briga de foice no escuro entre os laboratórios no que diz respeito a distribuição dos almanaques. Esse farmacêutico, hoje beirando os seus 80 anos revelou que os viajantes que distribuíam os almanaques juntamente com os fortificantes, tônicos ou elixires eram concorrentes acirrados e jamais se ‘cruzavam’ no estabelecimento comercial. – “Eles já sabiam o horário que cada um passava na farmácia para deixar os livretinhos”, revelou. Ele disse também que os almanaques não duravam um dia nos balcões. – “Barbaridade menino!! Aquilo era uma loucura! Tinha pessoas que ficavam esperando a farmácia abrir para pegar o ‘livrinho’!”
O ‘pega prá capá” sempre acontecia entre os almanaques do Biotônico Fontoura, Sadol e Capivarol que eram os chamados ‘bama-bam-bam’ do gênero. Com o passar dos anos, o tônico Capivarol deixou de ser fabricado e a briga pela preferência popular se restringiu aos dois pesos pesados: Fontoura e Sadol. Quanto aos outros almanaques: “Elixir Prata”, “Saúde da Mulher”, Bristol, etc, apesar do excelentes conteúdos, nunca foram páreo para os dois maiorais. Um dos poucos que chegou a fazer frente com Fontoura e Sadol foi o almanaque da Emulsão Scott. Lembram-se daquele xarope de óleo de fígado de bacalhau que no rótulo da embalagem havia um pescador segurando um bacalhau nas costas? Ecaaaaaaaaaa!!! Entonce, a publicação anual lançada em 1939 também era muito procurada na época, mas pouco tempo depois parou de circular.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Caramba quantas coisas engraçadas e ao mesmo tempo interessantes aprendi com os almanaques de farmácia. Fiquei sabendo, por exemplo, que os nossos olhos são sempre do mesmo tamanho, desde o nascimento, enquanto as orelhas e o nariz nunca param de crescer. Me surpreendi com as informações de que uma pessoa pisca os olhos aproximadamente 25 mil vezes por dia e que a língua é o músculo mais forte do ser humano.
 
Cara, tinha até informações sobre História! A história da bandeira do Brasil; quem foi Alexandre O Grande e algo que me marcou muito e até hoje não esqueço: a mítica história sobre o farol de Alexandria. Puxa vida! Quantas coisas tinham naqueles livrinhos miúdos!
 
Tenho certeza de que naquela época, muitos falsos letrados criticavam a chamada cultura de almanaque, afirmando que esse tipo de conhecimento não acrescentava nada na vida dos jovens, servindo apenas como canal para matar curiosidades bobas, mas algo eles jamais negaram: a importância dos almanaques na criação de hábitos sanitários, de saúde e higiene salutares nas pessoas.
 
 
Não importa o que as pessoas pensem dos antigos almanaques de farmácia; aprendi muito com eles e também me diverti além da conta. Pena que essa época passou. Com o tempo, os famosos e amados folhetins foram parando de circular, até encerrarem as suas atividades. Com o advento da internet que começou a deslanchar no Brasil à partir de 1995 e depois com a febre das redes sociais, os almanaques foram expirando... expirando, até darem o seu último suspiro. E agora, só restou a saudades.
Uma pena...

Do blog: https://www.livroseopiniao.com.br

João Lins Caldas em plena febre dos grandes Almanaques. Soneto publicado no Almanaque de Pernambuco:


 

terça-feira, 5 de julho de 2022

UM POEMA PREMONITÓRIO
 
DESPEDIDA DO PÁSSARO MORTO
 
Por José Gonçalves de Medeiros
 
O voo também é sensualidade
Estremeço e vibração de pássaro
Que possui e penetra o
espaço.
E era como se possuísse
e penetrasse a alma
do tempo.
Se eu morrer como
um pássaro
Deixo aos que me amaram,
aos que
me quiseram e me
gostaram, como eu
era, o meu sempre
displicente adeus.
Estou compreendendo
que se morrer num voo
antes de tocar a terra
do mundo, serei como
a pena do pássaro
ferido de morte.
Serei um pássaro de
fogo que vem do
céu para repousar
no seu ninho de areia.
Chorem, bebam, dancem,
riam, passeiem, pela
alma do amigo que
não foi pássaro mas
morreu como eles.
 
Nota: José Gonçalves de Medeiros era poeta potiguar de Acarí. Prevendo o seu futuro que viria a ser trágico, escreveu o poema datado de 27/6/1945. Gonçalves morreu voando numa aeronave, no final de uma manhã de 12 de julho de 1951, num trágico desastre aviatório do rio do Sal, Aracaju-SE, que vitimou também o governador da terra potiguar Dix-Sept Rosado, além de meus avós maternos Fernando Tavares e Maria Celeste Tavares, dentre outros da terra sergipana e pernambucana. Fica o registro.
 
Fernando Caldas

UM POUCO SOBRE MEUS ANTEPASSADOS

Meus bisavós chamados Manoel Cavalcante de Queiroz e Vigorvina Fontes Fernandes de Queiroz (Fotografias abaixo) nasceram na então Vila de Lu...