Uma coisa é o fato em si. Outra o modo como ele é narrado e a maneira através da qual a história é contada. Os dois últimos movimentos se sobrepõem ao primeiro.

Fato: a Assembleia passa por um avanço histórico, um verdadeiro divisor de águas. Cortes de cargos foram anunciados e uma reestruturação virá. É inevitável. Mas está no jardim da infância quem pensa que a situação aberta pelo portal da transparência começou semana passada. Não há como, nesse sentido, não enxergar o desenrolar dos acontecimentos com bons olhos.

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Uso político: a questão é que, com a população clamando “por sangue”. aquele que tem mais força política e meios adequados consegue se salvar e incriminar, muitas vezes de modo injusto, quem quer que seja.
Exemplo 01: há um servidor ou cargo da AL que tem parentesco com alguém líder de um grupo político do interior, que está em disputa pela prefeitura da cidade. Ele trabalha regularmente, prestando seu expediente com zelo. Ainda assim, diante da guerra nas redes sociais, um oponente utiliza o nome do dito cujo, printa do portal e espalha na base do “só repassando” que filho ou parente de fulano de tal é fantasma na Assembleia. É isto que vem dando a tônica, por um lado, dos linchamentos morais empreendidos sorrateiramente nos grupos de whatsapp.

Exemplo 02: beltrano tem uma relação de ressentimento com jornalista X ou blogueiro Y. Ele usa o celular, com um aplicativo gratuito disponível na play store, e faz uma “arte” com frase maliciosa. Em outras situações, fotos em momentos de lazer de funcionários da casa são retiradas das redes pessoais do indivíduo e uma citação é anexada, dando a entender que no horário de expediente a pessoa estaria na praia ou em um restaurante.

“Denúncias” são nitidamente movimentadas por este jogo no qual pessoas estão sendo execradas em praça pública, sem qualquer direito à defesa e, portanto, de modo absolutamente injusto. Trabalhadores e profissionais competentes estão sendo engolidos por esta lógica de moer gente.

Quem for de fato enquadrado como “fantasma”, que pague. Só é bom desconfiar dos prints que estão circulando no whatsapp. Na verdade, você pode estar sendo instrumentalizado politicamente ou de modo igualmente torpe por mágoas menores contra terceiros.

Tais iniciativas estão generalizadas. Tanto é que não é incomum encontrar pelos corredores da Assembleia anônimos, fazendo gravações escondidas com o intuito de produzir agenda negativa contra oponentes políticos ou por mera morbidade pessoal. O clima é de apreensão na instituição.