sábado, 14 de junho de 2025

E o amor?

O amor somente é verdadeiro

Se for o amor pelo amor,

Arrebatador.


(Fernando Caldas)

sexta-feira, 6 de junho de 2025



Imagem da Web

FESTEJOS JUNINOS NO ASSU
O calendário das festas católicas é marcado por diversas comemorações de dias de santos. Na tradição brasileira uma das mais festivas são as comemorações de São João. Esse ciclo passou a ser conhecido como Festas Juninas, englobando as reverências aos principais santos homenageados no mês de junho: dia 13 Santo Antonio, dia 24 São João e dia 29 São Pedro e São Paulo.
A origem destas festividades remonta um tempo muito antigo, anterior ao surgimento da era cristã e, portanto, do catolicismo.
De acordo com Sir James George Frazer, em seu livro O Ramo de Ouro, o mês de junho, tempo do solstício de verão na Europa, Oriente Médio e norte da África, ensejou inúmeras expressões rituais de invocação de fertilidade, para promover o crescimento da vegetação, fartura nas colheitas, trazer chuvas.
Quando os portugueses iniciaram o empreendimento colonial no Brasil, a partir de 1.500, as festas de São João eram o centro das comemorações de junho. Alguns cronistas contam que os jesuítas acendiam as fogueiras e tochas em junho, provocando grande atração sobre os indígenas.
Pode-se observar, portanto, que ocorreu certa coincidência entre os propósitos católicos de atrair os índios ao convívio missionário catequético e as práticas rituais indígenas, simbolizadas pelas fogueiras de São João.
Essa época coincide com a realização dos rituais mais importantes para os povos que aqui cultivam as colheitas e preparação dos novos plantios. Os roçados velhos, ainda estão em pleno vigor, repletos de mandioca, inhame, batata doce, abóboras, abacaxis; a colheita de milho e feijões ainda encontra-se em período de consumo.
Uma série ritual, no período, inclui um conjunto variado de festas que congregam as comunidades em danças, cantos, rezas e muita fartura de comida. Deve-se agradecer a abundância, reforçar os laços de parentesco, reverenciar as divindades aliadas e rezar forte para que os espíritos malignos não impeçam a fertilidade.
Nestas festas, até bem pouco tempo, antes da febre dos grandes grupos musicais, era comum a integração de grupos familiares. Essa confraternização familiar era alicerçada pela prática do compadrio, momento em que eram ampliados os laços entre vizinhos, patrões e empregados. Havia duas maneiras através das quais as pessoas adultas ou jovens tornavam-se compadres e comadres, padrinhos e madrinhas: uma era, e ainda é através do batismo; a outra, através da fogueira nas festas de São João. Até o século dezenove, até mesmo os escravos podiam ser apadrinhados pelos senhores de terra.
No nordeste brasileiro os festejos juninos ocorrem nas comunidades rurais, nas ruas, nos bairros, nas cidades, nas paróquias, transformando-se na festa mais importante do ano. Estas comemorações acabaram por atrair turistas prontos para participarem das efervescentes festas matutas.
Assu é a cidade do Nordeste pioneira do São João enquanto Padroeiro. Há 299 anos a Igreja realiza novenas e os paroquianos participam dos festejos sociais (cada época a seu modo) para comemorar o período junino.
Em 1720 com a chegada do Padre Manoel de Mesquita e Silva o Assu começou a realizar os primeiros trabalhos de evangelização, implantando o hábito religioso ligado à religião Católica Apostólica Romana. Os primeiros atos religiosos ocorreram sob as sombras de frondosas árvores.
Depois de seis anos foi criada uma Casa de Oração na Ribeira do Assu, tendo como Padroeiro São João Batista. A Freguesia foi a segunda da então Capitania do Rio Grande e a quinta do Brasil. O Precursor do Messias, João Batista, foi pela primeira vez no Brasil, escolhido oficialmente, como Padroeiro de uma comunidade.
No decorrer destes duzentos e oitenta e nove anos o povo assuense tem mantido esta tradição com muita religiosidade, cultuando neste período a fé, devoção e confraternização. O social acontece em reunião de vizinhos, amigos e familiares para agradecerem por mais um ano de graças e pedem proteção para o ano vindouro. A fogueira é o símbolo maior deste período, tendo sido sempre a maior simbologia destas manifestações.
Por esta razão, por Assu não comemorar somente os Festejos Juninos (estilo único no mundo) e sim vivenciar a festa do seu padroeiro, ininterruptamente há quase três séculos, podemos dizer que o nosso São João, no sentido restrito das manifestações religiosas interligadas as sociais é o Mais Antigo São João do Mundo.
(Ivan Pinheiro)
Imagem da Web

quarta-feira, 4 de junho de 2025

Desenho um círculo com os braços.

Tu e eu, numa esfera.
E no espaço deste círculo
com as mãos em concha
enleio-te pelo pescoço.
Esférico casulo fechado
incluso, só nosso.
Onde cabem todas as possibilidades
e todas as metamorfoses.
Onde o céu é o limite da nossa imaginação.
Este círculo perfeito
sem princípio nem fim
que começa e termina
para novamente recomeçar.
Sempre que com os meus braços
enlaço docemente o teu pescoço.
Enquadramento perfeito.
Se é que se pode encontrar perfeição
numa forma geométrica.
O ponto donde parte o círculo nunca é um fim
por isso, não me importa a perspectiva
o que me importa és sempre tu.


Cristina Costa, poetisa portuguesa


 

 Poema do Sol em Lua

Os poemas fugiram com a minha dor
rebelaram-se e gritaram :
-não queremos ser assim autobiográficos,
ter esse ar de desamparo
e um certo escárnio da visão de quem nos lê.
não...
queremos falar palavras suaves
brincar de eternidade
fecundar o vento com boas novas.
não...
nada de escuro breu e alardes
em ver corpos caírem
após a alma jurar plena comodidade
não...
nada desse lirismo dantesco
e febril de paixões pela lua
nada de rimas e métricas
feitas por um escritor solitário
guardaremos os seus motivos e mistérios
e assim seguiram encantados,
os poemas
rindo de mim e de meus problemas
e nessa hora descobri que estava
-completamente nua-
Adriane Lima




segunda-feira, 26 de maio de 2025

 A TIA

Por João Lins Caldas
A tia velhinha
Se eu tenho essa tia
Se viva ela mora
Se canta baixinho
Rendendo cantigas
Serzindo lembranças
As mãos enrugadas
A pele sem brilho
A tia distante
Seu ar de bondade
Carícia na boca
Carícia nos olhos
A tia lembrada
Terá na memória
Lembrando comigo
Que eu lembro com ela
O passo, o conselho
da irmã recordada.
(João Lins Caldas)



domingo, 18 de maio de 2025

 trágicos, saudade...

E vista em tudo a mesma negra aurora,

Tudo é um profundo caos - morto descora...

Olho em torno de mim a imensidade.

 

Para nascer, gemendo, fui gemido...

Meu verbo nunca foi na terra ouvido,

Minha voz nunca foi na Voz se vendo...

 

E, solitario, como a morte em tudo,

Fui cada vez mais frágil, mais mudo

E mais mudo, mais trágico, nascendo...


João Lins Caldas

 

quarta-feira, 14 de maio de 2025

Por João Lins Caldas (1888- 1967), poeta potiguar do Assu, Poema inédito e sem epigrafe, publicado na popular revista Fon-Fon, do Rio de Janeiro, em 1924. Esse poema, sem dúvida, mostra a grandeza do seu poetar. Vejamos:

Eu acendi o relâmpago do ódio.
A noite tem ladrões engurujados
E tem traidores
E tem invejosos
E tem morcegos
E tem corujas
Eu preciso com os seus relâmpagos queimar toda essa fauna da noite.
A noite tem ladrões engurujados
Eles são lemáticos e frios,
Desencantados
O encanto dos charcos mais sombrios,
A sombra de todos os malvados,
- Condenados,
As suas ânsias, os seus arrepios...
A noite tem, com a traição, a inveja, os invejosos...
São da noite
Todos esses negros partos monstruosos...
São da noite
Os ladrões, a traição, os invejosos...
Mas da noite
Luminosos
Os relâmpagos que hão de queimar também todos os invejosos...
Acendam-se todos os meus relâmpagos.
(Postado por Fernando Caldas)



A vida tem muitas perguntas, mas aqui uma única resposta: a vida vive-se.

Caldas, pensador potiguar de Assu
Certa vez, um sábio perguntou:
- qual o preço de um homem?
O discípulo respondeu:
- depende do tamanho de sua covardia.

E o amor? O amor somente é verdadeiro Se for o amor pelo amor, Arrebatador. (Fernando Caldas)