quarta-feira, 12 de novembro de 2014

BASTIDORES DO PODER, É O NOVO LIVRO DE JOÃO BATISTA MACHADO


João Batista Machado é potiguar do Assu. Na próxima terça´feira (18), ás 18 horas, no salão vip  da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras, é o lançamento do seu mais novo livro intitulado de "Bastidores do Poder - Memórias de Um Repórter Político". Machado é um dos mais respeitados jornalistas  políticos do Rio Grande do Norte. Autor de vários livros sobre os bastidores da política potiguar e nacional. Fica o registro.

Fernando Caldas
Vocês estão convidados à tarde de autógrafos que darei no dia 2 de dezembro, terça feira, a partir das 17 h, na sede da Academia Norte-rio-grandense de Letras, sito a Rua Mipibu, 443, bairro Petrópolis, Natal, quando disponibilizarei ao público a venda do meu mais novo livro Seis Faces de Encanto, uma coletânea com seis livros ( 4 já anteriormente publicados e 2 inéditos). Contos, crônicas, poesias, cordéis e causos integram essa obra. O livro marca meus 50 anos de vida e nesta tarde também estarei fazendo a Exposição Momento do Livro - 6 Anos de História.

Francisco Martina

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

DOIS NOVOS LANÇAMENTOS DA M.BOOKS

Fonte: http://tokdehistoria.com.br/ - Rostand Medeiros

CAPA
Segunda Guerra Mundial – BLITZKRIEG – O Plano Estratégico de Hitler para Conquistar a Europa
O lançamento da M.books deste mês conta a história do desenvolvimento do conceito Panzer e da construção e implementação do Corpo Panzer, de como os Panzer se tornaram a ponta de lança das máquinas militares mais eficientes do mundo e de como sobreveio a derrota final. Nesta obra, a guerra dos Panzer é vista pelos olhos daqueles que nela lutaram e puseram a mais mortal das armas nas mãos indignadas de Hitler. 
Baseada em velocidade, e surpresa a Blitzkrieg (literalmente “guerra relâmpago”) envolvia unidades de tanques leves, apoiadas por aeronaves e infantaria, abrindo caminhos através de linhas inimigas e rumando céleres para capturar objetivos antes que o inimigo tivesse tempo de reagrupar-se. Após o sucesso de tanques britânicos na Primeira Guerra Mundial, os Alemães decidiram que o futuro da guerra estava nos Panzerkampfwagen, ou carros de combates blindados, mais tarde conhecidos simplesmente, em alemão, como Panzer. 
Quando Hitler chegou ao poder, em 1933, viu rapidamente como essas formações Panzer poderiam invadir países e derrotar inimigos tradicionais da Alemanha, objetivando a construção do império europeu que o ditador tanto desejava. 
SOBRE O AUTORNIGEL CAWTHORNE: É um escritor inglês, editor e colaborador em aproximadamente 60 livros, em diversas áreas, incluindo história, política, artes, musica, engenharia, ciências e esportes. Tem colaborado e escritos artigos para mais de 150 jornais e revistas da Inglaterra e dos Estados Unidos, como The Guardian, Daily Telegraph, Daily Mail e The New York Times. Seus livros de história foram traduzidos para várias línguas e publicados em diversos países de todo o mundo.
FICHA – 
TÍTULO: Blitzkrieg SUBTÍTULO: O Plano Estratégico de Hitler para Conquistar a Europa – AUTOR: Nigel Cawthorne
TRADUTOR: Ricardo Souza – FORMATO: 17×24 cm – PÁGINAS 208 -PREÇO: 75,00
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A HISTÓRIA DA FILOSOFIA – Da Grécia Antiga aos Tempos Modernos 
O lançamento da M.books traça o pensamento filosófico ocidental desde seus primórdios até tempos atuais, com uma linguagem simples e acessível, para que o leitor possa aprender e desfrutar de novos conhecimentos. 
A Historia da Filosofia traça o pensamento na Filosofia Ocidental desde os gregos das Antiguidades aos tempos de hoje. Um relato acessível, fascinante e lindamente ilustrado das primeiras preocupações dos maiores pensadores do mundo, que explora os cinco principais ramos da Filosofia: Metafísica, Epistemologia, Lógica, Ética e Estética. 
Como objetivo de encontrar “a verdade que vale pra mim”, ajudou os homens a decidir como viver, como pensar sobre o mundo a sua volta, como relacionar com os outros. 
Na Filosofia, fazer perguntas é essencial. Quanto mais indecifráveis, mais atraentes elas são. Assim, A História da Filosofia apresenta com concisas explicações e um grande número de exemplos, as principais questões e tentativas de respostas colocadas pelos filósofos nos últimos 2500 anos.
SOBRE A AUTORA : ANNE ROONEYé uma autora em tempo integral que vive em Cambridge,Inglaterra. Ela é associada do Royal Literature Fund e membro da Royal Literature Society, Society of Authors,Scattered Authors Society e National Union of Jornalists. Concluiu o mestrado e depois o doutorado em Literatura Medieval na Trinity College, em Cambridge. Depois de lecionar inglês medieval por um tempo e literatura francesa nas Universidades de Cambridge e York, ela saiu para seguir carreira como escritora. Escreveu muitos livros sobre Ciências, Artes e Tecnologia.
FICHA – Páginas: 208, Formato: 17×24, Preço: 75,00
Books do Brasil Editora Ltda – Atendimento ao Cliente: 11 3645-0409 / 0410 – Fax: 11 3832-0335 Email: vendas@mbooks.com.br 
Visite nosso site: http://www.mbooks.com.br / Twitter: @mbooks_ / Facebook: facebook/mbookseditora

Semana do bebê de Assú tem início nesta segunda-feira, 10



Assú estará mobilizado a partir desta segunda-feira (10) para viver a Semana do Bebê com o tema: Todos juntos pela primeira infância. No ano de 2014 o evento acontece no período de 10 a 13 de novembro. O evento mobiliza ao longo da semana diversas atividades educativas, recreativas e culturais e oficinas que envolveram toda a comunidade, em especial: estudantes, profissionais das áreas de saúde, e educação, assistentes sociais, servidores municipais além, é claro, pais, mães e crianças.

A Semana do Bebê é uma estratégia de mobilização social apoiada pelo UNICEF e tem como objetivo tornar o direito à sobrevivência e ao desenvolvimento de crianças de até 6 anos de idade prioridade na agenda dos municípios brasileiros.  

Os seis primeiros anos de vida são fundamentais para o desenvolvimento integral da criança. Nessa fase da vida, ela desenvolve grande parte do potencial cognitivo que terá quando adulto. Por isso, a atenção integral nessa faixa etária tem impacto decisivo nos processos de aprendizagem e de construção de relações sociais, fatores que influenciarão a vida afetiva, profissional e social.
Em Assú, o evento em favor da primeira infância é realizado pela Prefeitura Municipal, através da Comissão local do Selo Unicef (2013/2016) e da secretaria municipal de Saúde.

PROGRAMAÇÂO

Dia 10/11 (segunda-feira)

Abertura
Tema: Parto humanizado
- Apresentação do vídeo: Parto humanizado
- Roda de conversa: Carlos Ivan (médico obstetra) e Erlane Oliveira Nóbrega ( enfermeira obstetra)
Local: Cine Teatro Pedro Amorim, das 15h às 18h.

Dia 11/11 (terça-feira)

Atividades físicas, alimentação saudável e orientações
- Palestras com educador físico e equipe do NASF
Local: Academia da Saúde – rua 24 de Junho, das 16 às 18h.

Dia 12/11 (quarta-feira)

Palestra: Sexo, sexualidade, gravidez na adolescência e aborto
- Escola Municipal Monsenhor Júlio Alves Bezerra (Nova Esperança), às 15h
Equipe do CRAS II
- Escola Estadual Juscelino Kubitschek, ás 15h
Equipe do PSE e NASF

Dia 13/11 (quinta-feira)

Encerramento
Palestras                                                                           
- Cuidados com recém-nascido quanto à higienização do coto umbilical, banhos, massagem de cólicas, introdução da alimentação do 1º ano de vida – Franklin Firmino (médico pediatra);
- Saúde bucal para gestantes e o bebê – Maria Nalvanir Soares (técnica de saúde bucal).
Oficina manual: artesanato com biscuit e traçado de fitas em toalhas
Local: Cine Teatro Pedro Amorim, das 15h às 17h.
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Assessoria de Projetos Especiais (Sec. de Governo)
Prefeitura Municipal do Assú/RN
Alderi Dantas  (84) 9419 2427



domingo, 9 de novembro de 2014



Se não puderes ser um pinheiro, no topo de uma colina,
Sê um arbusto no vale mas sê
O melhor arbusto à margem do regato.
Sê um ramo, se não puderes ser uma árvore.
Se não puderes ser um ramo, sê um pouco de relva
E dá alegria a algum caminho.

Se não puderes ser uma estrada,
Sê apenas uma senda,
Se não puderes ser o Sol, sê uma estrela.
Não é pelo tamanho que terás êxito ou fracasso...
Mas sê o melhor no que quer que sejas.

Pablo Neruda





Quanto fui, quanto não fui, tudo isso sou.Quanto quero, quanto não quero, tudo isso me forma.Quanto amei ou deixei de amar é a mesma saudade em mim."
______ Álvaro de Campos

Ponte de Sonhos

Trabalhei, sem revolta nem cansaços
No infecundo amargor da solitude
As dores - embalei-as nos meus braços,
Como alguém que embalasse a juventude ...
Acendi luzes, desdobrando espaços
Aos olhos sem bondade ou sem virtude;
Consolei mágoas, tédios e fracassos
E fiz, a todos, todo o bem que pude!
Que o sonho deite bênçãos de ramagens
E névoas soltas de distância e ausência
Na minha alma, que nunca foi feliz.
Escondendo-me as tácitas voragens
De males que me deram, sem consciência
Pelos míseros bens que sempre fiz ... 

_______ Cecília Meireles
"Oração da Noite", em "Nunca Mais e Poemas dos Poemas"

sábado, 8 de novembro de 2014

Meu Deus, que felicidade!
Considero-me feliz,
pois vivo da caridade
das caridades que fiz.
Renato Caldas

A HISTÓRIA DO CANGACEIRO SERIDOENSE

CHICO JARARACA, ex-cabra de Antonio Silvino
CHICO JARARACA, ex-cabra de Antonio Silvino

Autor – Rostand Medeiros 
A região do Seridó Potiguar nunca foi pródiga na formação de cangaceiros, nem ocorreram surtos sérios deste fenômeno de banditismo social. Contudo, existiram alguns cangaceiros originários desta região, basicamente ligados ao bando de Antônio Silvino. Um deles foi Gitirana, cujo nome real era Bento Gomes de Lira. Nascido em Catolé do Rocha em 1889, entrou no bando de Silvino aos 18 anos de idade, permanecendo nas correrias pelo sertão até 1910. Segundo o pesquisador Adauto Guerra Filho, autor do livro “O Seridó na memória de seu povo”, Gitirana faleceu em 1978, sem ter concedido nenhuma entrevista sobre o assunto, pois não gostava de falar de sua passagem pelo cangaço. Apenas declamou versos sobre o seu ex-chefe e suas lutas. Aparentemente Gitirana viu muita coisa interessante no período que esteve no bando, mas calou-se e praticamente se encontra esquecido para aqueles que se debruçam sobre este tema.
Diferentemente foi o caso de Francisco Nicácio da Silva, nascido em 9 de dezembro de 1893, na Fazenda Coelho, atualmente município de São Fernando, Rio Grande do Norte. Nicácio vivia com seus pais e quatro irmãos uma infância aparentemente tranquila, caçando nas terras das Fazendas Coelho e na vizinha Saboeiro, nas imediações dos riachos da Roça e da Pitombeira. Um dia foi mordido por uma jararaca, passando a ser conhecido pelo apelido que o tornaria conhecido no cangaço; Chico Jararaca.
A propriedade Coelho pertencia a Joaquim Saldanha, conhecido como Quincas Saldanha, rico fazendeiro que tinha Catolé do Rocha como sua área de atuação política. Quincas Saldanha era um chefe político de atitudes violentas e prepotentes, possuindo numeroso bando de “cabras” a sua disposição e prontos a cumprir suas ordens.
Controvérsias  
Como sua família era “gente” de Quincas Saldanha, seguindo a risca as ordens do chefe, não é difícil de compreender a razão de Chico Jararaca fazer parte de um grupo de sete “cabras” que seu patrão levou para Serra Negra do Norte, no Rio Grande do Norte, para colocar este pessoal ao grupo de Silvino.
Aqui abro um parêntese na história de Chico Jararaca para apontar ao leitor a dificuldade de se levantar uma história baseada, na sua totalidade, em entrevistas orais. Os pesquisadores Carlos Lyra e Adauto Guerra Filho, que entrevistaram o ex-cangaceiro em diferentes anos das décadas de 70 e 80 do século passado, não são coincidentes nas informações básicas.
Um assunto controverso é a data de nascimento de Nicácio, bem como o período em que Chico Jararaca entrou e participou do bando de Silvino. Entre os dois pesquisadores existe uma diferença de dez anos sobre a data de nascimento do cangaceiro seridoense.
Sobre a entrada do mesmo no cangaço, Carlos Lyra indica, através do depoimento prestado em 1972 pelo ex-cangaceiro, que o mesmo permaneceu nas hostes de Antônio Silvino dois anos, de 1911 a 1913. Já Adauto Guerra aponta, através de entrevista concedida por Chico Jararaca em junho de 1982, que ele teria pertencido ao bando por quatro anos, de 1909 a 1913.
Saber quando e em qual período Chico Jararaca entrou no bando é difícil. Acredito que neste aspecto Carlos Lyra obteve mais sorte, devido ao fato do próprio Chico Jararaca ter lhe fornecido uma data, 30 de maio de 1911.
Sem adentrar mais nesta questão, mesmo com controvérsias, é possível traçar um relato da vida de Chico Jararaca.
Junto com Antônio Silvino
Sua entrada no cangaço deu-se quando o mesmo tinha entre 18 e 26 anos.
Antonio Silvino
Antonio Silvino
Quando Quincas Saldanha forneceu seus homens para Antônio Silvino, o chefe quadrilheiro buscava reforçar seu grupo para ajudar um parente de nome Manoel Godê. Este seria irmão de Antão Godê, nome de guerra de Idelfonso Godê de Vasconcelos. Estes irmãos eram parentes de Silvino, homens valentes ao extremo e que buscavam apoio para atacar um grupo de inimigos comuns na região da Serra da Colônia, em Afogados da Ingazeira, Pernambuco. Este local era especial para Antônio Silvino, pois no sopé desta serra existe a Fazenda Colônia, local de seu nascimento.
O grupo de jovens do Rio Grande do Norte seguiu para o lugar “Santo Agostinho”, nas proximidades da Serra da Colônia. Os inimigos dos Godê, que Chico Jararaca denomina apenas de “negos” ou “mulatos”, eram protegidos do coronel Desidério Ramos, homem poderoso em Afogados da Ingazeira. Em 3 de janeiro de 1897, Desidério matou, juntamente com outros capangas, o pai de Antônio Silvino, Pedro Baptista Rufino de Almeida, conhecido como “Batistão”.
Ao chegar à região, Chico Jararaca descobriu que o grupo dos “mulatos” tinha 33 homens em armas, enquanto o grupo de Silvino e dos Godê apenas 16 “cabras”.
Logo ocorreram tiroteios entre os grupos no lugar “Jasmim” e em outros locais. Mas este trabalho, tão próximo à morte, não estava nos planos do jovem Nicácio. Decidido a deixar o bando, Chico Jararaca avisou a Antônio Silvino sua intenção de voltar para o Seridó. O problema é que o jovem cangaceiro não sabia o caminho de retorno, tinha medo de cair “no oco do mundo” e o jeito foi ficar no bando, na “vida do rifle”.
Silvino após sua captura em 1914
Silvino após sua captura em 1914
Chico Jararaca estava em uma ocasião participando de uma tocaia, junto com o chefe Antão Godê, quando avistam a figura do inimigo “Bem-te-vi”, que vinha por uma várzea galopando em um cavalo baixo. “Bem-te-vi” era um combatente já veterano em outras lutas e não se alterou quando Godê ordenou ao comandado mandar bala no inimigo. Chico tremeu diante da tranqüilidade do seu oponente, ele atirou várias vezes, mas o inimigo não foi atingido, não reagiu e ainda tirou o chapéu de couro e disse corajosamente “-Vão lá para casa que vocês almoçam bala, jantam bala, e se há bala, dormem com a bala na mão”.
Combate na Atual Santa Maria do Cambucá, Pernambuco
Quando entrou no cangaço, junto com o pessoal de Quincas Saldanha, fazia parte do grupo Estevam, Cassimiro, Peitada, Joaquim Cigano, Neco Domingo, Mané Barão e Mané Pequeno. No bando de Silvino conheceu Serrote, Pau Reverso, Zé Pedro, Manuel Pequeno, Severino, Girondo, Gavião, Biano, Salvino, Bacurau, Manoel e Antão Godê. Para Chico Jararaca todos eram valentes por igual, mas os Godê se sobressaíam. Já o negro Serrote era extremamente perverso, gostava de buscar os soldados da polícia feridos e sangrá-los cruelmente. Entretanto, na hora da defesa, todos participavam.
Jornal do Recife, Sexta Feira, 19 de julho de 1912
Jornal do Recife, Sexta Feira, 19 de julho de 1912
O combate que mais fortemente permaneceu na memória de Chico Jararaca foi o realizado em 1912, contra a vila de Santa Maria (atual Santa Maria do Cambucá, Pernambuco).
O bando com 22 cangaceiros dormira em Vertentes, próximo a Taquaritinga do Norte, onde pretendia ir a Santa Maria para ajustar umas contas com o tenente-coronel José Braz Pereira de Lucena, conhecido como coronel Zé Braz, que desdenhara dos pedidos de dinheiro do chefe quadrilheiro e ainda respondia desaforadamente as ameaças de Antônio Silvino. Este soubera também que o coronel acolhera em sua casa uma volante da polícia pernambucana, comandada pelo capitão João Nunes e isto tornara o coronel Zé Braz seu inimigo.
A vila se localizava em uma área baixa, de onde os cangaceiros contemplavam a urbe e sua feira semanal. Neste momento se aproxima do bando um velhinho que voltava da feira, Silvino ordena que o mesmo retorne a vila e avise ao coronel Zé Braz que o bando vai entrar. O velho desce para vila, os cangaceiros observam quando ele se encontra com o coronel e retorna para onde está o bando. Zé Braz e o sargento Georgino mandaram avisar que por lá eles não passariam.
O povo se assusta com a movimentação, Chico Jararaca afirma que Antônio Silvino só ordenou o inicio dos disparos depois que o povo da feira houvesse deixado a praça pública. Outros autores afirmam que os cangaceiros não esperaram por nada e nem por ninguém. Entraram na feira distribuindo chicotadas no povo, atirando para o alto, derrubando bancas e barracas. A feira acaba e o tiroteio começa.
Santa Maria do Cambucá hoje - Fonte - santamariacambuca.blogspot.com
Santa Maria do Cambucá hoje – Fonte –santamariacambuca.blogspot.com
Para o ex-cangaceiro, os homens do coronel Zé Braz atiraram primeiro, depois a resposta do bando de Silvino foi “empurrar o dedo” nos defensores. O tiroteio teria durado quatro horas para Chico Jararaca, para outros pesquisadores a resistência durou pouco mais de uma, ou no máximo duas horas, e acabou pelo fato do grupo de defensores de Santa Maria haver esgotado sua munição.
Com o fim da resistência, familiares de Zé Braz pediram garantias ao seu parente, que foram concedidas e ele foi obrigado a explicar as razões de ter admitido a volante em sua casa. Satisfeito com a explicação, Silvino exigiu três contos de réis pela vida do coronel (jornal da época fala em um conto de réis), que foi pago.
Sargento Alvino, promovido a alferes após a captura de Antonio Silvino
Sargento Alvino, promovido a alferes após a captura de Antonio Silvino
Chico Jararaca nada comenta sobre o saque e a total destruição do comércio de José Alvino Correia de Queiroz, que teve tudo que possuía roubado e queimado. Este comerciante sentou praça na polícia de Pernambuco, conseguindo o posto de sargento e passa a perseguir Antonio Silvino. Quando este foi um capturado, em 28 de novembro de 1914, na propriedade Lagoa da Laje, em Taquaritinga, Pernambuco, José Alvino só não matou o chefe bandoleiro por insistente ordem do tenente Theophanes Ferraz Torres.
Memórias Controversas
Chico Jararaca possuía um rifle Winchester, calibre 44 e normalmente transportava 600 cartuchos. Ele comentou que não faltava munição ao bando, onde Silvino adquiria o material através dos fazendeiros amigos. Entretanto nunca declinou o nome destas pessoas.
Silvino, de roupa escura no centro da foto, após sua captura
Silvino, de roupa escura no centro da foto, após sua captura
Uma afirmação controversa dada pelo ex-cangaceiro foi que em 1912, em uma oportunidade que o bando retornava para Afogados de Ingazeira e descansou nas proximidades de Vila Bela (atual Serra Talhada), Chico Jararaca afirmou que “conheceu Lampião”. O encontro se deu na casa do velho José Ferreira, pai do futuro “Rei do Cangaço”, sendo um momento de muita alegria, pois, segundo Chico Jararaca, “Antônio Silvino era primo da mãe de Lampião”. Na ocasião deste encontro, Chico Jararaca viu Virgulino Ferreira da Silva quando este retornava de uma viagem como almocreve, o futuro chefe cangaceiro teria entre 12 e 16 anos.
O oficial Theophanes Ferraz Torres, comandante da volante que capturou Silvino. Valente e destemido, seria um grande perseguidor de Lampião.
O oficial Theophanes Ferraz Torres, comandante da volante que capturou Silvino. Valente e destemido, seria um grande perseguidor de Lampião.
Segundo o depoimento de Chico Jararaca, ele já tinha ouvido muito falar na intrigante história do “cangaceiro que comeu sal”, que vivia sendo narrada pelos cantadores de viola que declamavam as valentias do chefe Silvino pelo sertão afora. Ele afirmou que não foi testemunha deste fato, mas acreditava que esta história havia ocorrido de verdade. Em uma ocasião o grupo chegou à casa de uma mulher muito pobre, ela se encontrava só e seu pai estava em um roçado a três quilômetros de distância. O chefe quadrilheiro a tranquilizou, lhe deu garantias de vida e ordenou que matasse uma galinha para saciar a fome do grupo de cangaceiros. No medo, a mulher esqueceu de colocar sal. Após degustarem a alimentação insossa, o chefe pagou a senhora e quando saiam da casa, perguntou ao grupo o que acharam da comida e a cabroeira respondeu que estava boa. Silvino repetiu a pergunta três vezes e em todas as ocasiões à resposta foi idêntica. Contudo, na última vez, um dos rapazes comentou que “estava boa, mas um pouco insossa”, nisto o chefe alterou o semblante e disse ameaçadoramente “por causa disso, o companheiro vai comer um litro de sal”, mas a ameaça não se concretizou. Provavelmente Silvino desejava chamar a atenção dos seus “cabras” com esta incerta história.
Deixando o Bando
Para Chico, Antônio Silvino era um homem muito bom, tratava todos bem no bando, não obrigava ninguém ficar ao seu lado e detestava quem bebia cachaça.
Antônio Silvino e Lampião eram muito diferentes nas suas maneiras de praticarem o cangaço, mas compartilhavam o mesmo ódio em relação à polícia, aos rastejadores e aos delatores.
Chico Jararaca afirmou, sem maiores detalhes, que durante o período que esteve com Antônio Silvino presenciou a realização de muitos casamentos, onde o comandante bandoleiro não deixava um “cabra safado”, que supostamente “buliu” com uma menina, sair incólume e não assumir as responsabilidades do matrimônio.
Outra declaração bem contraditória do ex-cangaceiro foi que em uma ocasião, quando Antônio Silvino esteve no Ceará, o grupo assistiu em Juazeiro a uma missa realizada pelo padre Cícero Romão Batista. Chico Jararaca afirmou que Antônio Silvino tinha ótimas relações com os padres José Cabral e Aristides, respectivamente párocos e chefes políticos de Gurinhém e Piancó, ambas as localidades na Paraíba.
Preso (2)
Mas a maré começaria a mudar para o bando. No dia 25 de dezembro de 1912, ocorria uma importante reunião em Recife, onde pela primeira vez seria efetivamente concretizada a união das polícias dos Estados do Rio Grande do Norte, Ceará, Paraíba e Pernambuco, para conjuntamente darem cabo de Antonio Silvino e seu bando.
Em 1913, como resultado desta nova iniciativa governamental, ocorreu uma forte perseguição ao grupo. Para Chico Jararaca, estas perseguições produziam fome e lhe mostrava a pouca perspectiva de continuar nesta vida. O cangaceiro seridoense pediu a Antônio Silvino para deixar o grupo. O chefe não criou problemas e em 1913 eles se viram pela última vez.
O Descanso do Antigo Cangaceiro
Chico Jararaca retornou para a fazenda Coelho e escondeu seus apetrechos do cangaço. Mas sua nova vida não seria tão fácil, pois teve que viver 48 dias escondidos da polícia na Serra da Forquilha, onde se deslocava até o Boqueirão de Porteiras, para se abrigar em uma caverna granítica com duas entradas.
00425
Houve até um encontro com a força volante do tenente Zacarias Neves, mas Chico conseguiu enganar o oficial e seus homens, passando por um simples caçador. O próprio oficial lhe ofereceu para sentar praça na polícia, mas o “caçador” recusou.
Após estes episódios, Chico Jararaca voltou a ser Francisco Nicácio da Silva, casou em 1917 com Rita Antonina da Silva, tiveram quatro filhos, mas a dura realidade das carências do sertão provocou a morte de todos os seus filhos.
Chico enviuvou em 1964, passando a viver numa casinha de barro, na mais franciscana condição, junto com outros parentes e amigos. Guardava na sua humilde vivenda retratos de Nossa Senhora da Conceição e de São Sebastião. Nunca se esqueceu de mandar rezar, em todo mês de janeiro, uma novena para o santo de devoção.
Preso (3)
Sua vida como cangaceiro lhe proporcionou algumas situações interessantes; ele teve oportunidade de conhecer vários lugares na Paraíba, Pernambuco, Alagoas e no Ceará, numa época onde muitos dos seus semelhantes mal tinham oportunidade de conhecer a fazenda vizinha e após o cangaço viveu apenas na fazenda Coelho. Conheceu poderosos do seu tempo, sentou-se à mesa de muitos que, de forma subserviente, atendiam seu chefe e morreu apoiado apenas por uma parca aposentadoria.
Os livros que adentram mais detalhadamente na vida de Antônio Silvino são pouco informativos sobre aventuras ligadas ao cangaceiro Chico Jararaca, o que mostra ter sido discreta sua passagem pelo bando, provavelmente rápida, sem maiores façanhas, a não ser acompanhar o chefe Silvino.
No seu depoimento a Carlos Lyra, Chico Jararaca se dizia um homem “que atirava muito mal”, “que correu muito” e por isto “nunca havia matado ninguém”. A Adauto Guerra ele mostrou uma cicatriz no peito, produzido por uma bala “varada” e sem rumo.
O que tornou Chico Jararaca conhecido foi sua comprovada condição de ter sido o último membro sobrevivente do bando de Antônio Silvino, além de sua abertura aos pesquisadores aqui mencionados e a outras entrevistas que ele participou, proporcionando aos que se debruçam sobre a história do cangaço, um melhor detalhamento sobre a realidade do cangaço de Antônio Silvino.
Francisco Nicácio da Silva, o Chico Jararaca, faleceu em 18 de dezembro de 1984, estando enterrado no cemitério São Vicente de Paulo, no bairro Paraíba, em Caicó.

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O INTELIGENTE E O SABIDO

Há duas categorias de pessoas que, sobretudo no Rio Grande do Norte, merecem um debruçamento maior, uma atenção mais atenta, um enfoque mais...