terça-feira, 24 de dezembro de 2019

"Deixo minha visão ao homem que jamais viu o amanhecer....
Deixo minha visão ao homem que jamais viu o amanhecer nos braços da mulher amada. Deixo meu coração à mulher que vive exclusivamente para fazer o coração de seu filho feliz. Deixo meus rins às pessoas que tiveram seus sonhos interrompidos, mas que ainda os cultivam. Deixo meu pulmão ao adolescente que quer gritar ao mundo mais uma vez ‘eu te amo'. Deixo meu fígado para aqueles que não tinham esperança na recuperação. Deixo ossos, pele, cada tecido meu, à criança que ainda não descobriu o que é viver por inteiro. Deixo a você o meu exemplo. Deixo à minha família o desejo de ser um doador. Deixo para a vida, enfim, um recado: nós vencemos! Seja um doador de órgãos."
AOS OLHOS DELE

Não acredito em nada. As minhas crenças
Voaram como voa a pomba mansa,
Pelo azul do ar. E assim fugiram o
As minhas doces crenças de criança.


Fiquei então sem fé; e a toda gente
Eu digo sempre, embora magoada:
Não acredito em Deus e a Virgem Santa
É uma ilusão apenas e mais nada!

Mas avisto os teus olhos, meu amor,
Duma luz suavíssima de dor...
E grito então ao ver esses dois céus:

Eu creio, sim, eu creio na Virgem Santa
Que criou esse brilho que m'encanta!
Eu creio, sim, creio, eu creio em Deus!

(Florbela Espanca)

segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

QUATRO SONETOS DE VIRGÍNIA VITORINO

DESPEITO


Digo o que noutro tempo não diria:
Foi tudo um grande sonho enganador...
Nego o passado, e juro que este amor
Só existiu na tua fantasia...


Sinto a volúpia da mentira! A dor
Não transparece. Nego... Que alegria!
Fiz crer ao mundo inteiro, por magia,
Que és de todos os homens o pior...


Nunca me entonteceu esse sorriso...
E, vê lá tu, se tanto for preciso,
Nego também as cartas que escrevi!

Quero humilhar-te, enfim... Mas não entendo
Porque me exalto e choro e te defendo,
Se alguém, a não ser eu, diz mal de ti...


ORGULHO


És orgulhoso e altivo, também eu...
Nem sei bem qual de nós o será mais...
As nossas duas forças são rivais:
Se é grande o teu poder, maior é o meu...


Tão alto anda esse orgulho!... Toca o céu.
Nem eu quebro, nem tu. Somos iguais.
Cremo-nos inimigos... Como tais,
Nenhum de nós ainda se rendeu...


Ontem, quando nos vimos, frente a frente,
Fingiste bem esse ar indiferente,
E eu, desdenhosa, ri sem descorar...

Mas, que lágrimas devo àquele riso,
E quanto, quanto esforço foi preciso,
Para, na tua frente, não chorar...


TRISTEZA


Nos dias de tristeza, quando alguém
Nos pergunta, baixinho, o que é que temos,
Às vezes, nem sequer nós respondemos:
Faz-nos mal a pergunta, em vez de bem.


Nos dias dolorosos e supremos,
Sabe-se lá donde a tristeza vem?!...
Calamo-nos. Pedimos que ninguém
Pergunte pelo mal de que sofremos...


Mas, quem é livre de contradições?!
Quem pode ler em nossos corações?!...
Ó mistério, que em toda parte existes...

Pois, haverá desgosto mais profundo
Do que este de não se ter alguém no mundo
Que nos pergunte por que estamos tristes?!


RENÚNCIA


Fui nova, mas fui triste... Só eu sei
Como passou por mim a mocidade...
Cantar era o dever da minha idade,
Devia ter cantado e não cantei...


Fui bela... Fui amada e desprezei...
Não quis beber o filtro da ansiedade.
Amar era o destino, a claridade...
Devia ter amado e não amei...


Ai de mim!... Nem saudades, nem desejos...
Nem cinzas mortas... Nem calor de beijos...
Eu nada soube, eu nada quis prender...


E o que me resta?! Uma amargura infinda...
Ver que é, para morrer, tão cedo ainda...
E que é tão tarde já, para viver!...

Por Vivianne Caldas
No palanque fazem a festa
Embaixo os jovens homenageiam
Com faixas representam a história
De um povo
Dos primeiros povos
Da ilha entre dois rios
Da grande Ipanguaçu

Os jovens, embaixo, representam as famílias
Felizes por trazerem os laços da história da grande ilha
E uma família não é citada, quando um jovem
Abaixo traz na faixa, o nome da família Caldas.
Família que tem história
Marca desde dos primórdios deste chão
Família donas de terra, de escritores
Poetas e tradição
Família que esqueceu de ser dita no palanque da gestão
Família que doou terras para órgãos públicos
Família de Renato Caldas,
João Lins Caldas e Elisa Ribeiro de Oliveira
Família de nome e sobrenome
Que deste torrão ninguém apaga
E que nos escritos da região
É tão homenageada
Que fez de Açu
A terra dos poetas
Por meio de Renato Caldas.
Escrevo neste poema,
Uma pequena homenagem
A família de escritores, poetas
E doutores
Que ajudou a construir esta cidade.

domingo, 22 de dezembro de 2019

VIDA CANSADA

Cansado.
Pergunto quem me cansou.
- A vida.
Pergunto quem me descansará.
- A vida, a vida.
Tudo é a vida, vida cansada.

(Caldas)

Eu a gemer,
Eu feito dor,
Não meu amor,
Eu só a ver
Meu dissabor...

Mas há quem o chame de meu amor.

(João Lins Caldas

quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

A alma da mulher está no beijo.

(Vargas Vila, poeta colombiano)

 

A casa da festa perdeu, cansada, a sua alegria.
Eu sou a casa da festa.
Eu sou a festa cansada, alegria.

A voz tumultuária do homem teve a sua agressividade diante do destino
Mas parou, era a voz do homem.
Ele, o outro, era o destino.

(João Lins Caldas)

O NOSSO LIVRO “LUGARES DE MEMÓRIA” ENTRE OS MAIS VENDIDOS NA UFRN


E a experiência?  A experiência se consegue a proporção que os dias se passam! (Fernando Caldas).