domingo, 14 de fevereiro de 2021
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021
quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021
terça-feira, 9 de fevereiro de 2021
segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021
Não Perca Tempo Com Discussões Que Minam Os Seus Princípios E A Sua Essência
Talvez a maturidade chegue até nós, depois de anos de renúncia. Mas sempre há um momento em que percebemos que certo tipo de discussão não vale a pena. Quando tal coisa acontece, é melhor ficar em silêncio. Há ocasiões em que a gente compreende o quanto é inútil tentar explicar as coisas para quem as enxerga inexplicáveis. Ou explicáveis apenas em seu ponto de vista.
Mark Halperin (capa) é um escritor e jornalista especialista em discussões de resolução de conflitos na política, cujas teorias podem ser aplicada perfeitamente ao que acontece no dia a dia. Ele explica que as discussões mais complexas e aquecidas têm componente psicológico como se fosse “ameaça”, com a previsível sensação de que alguém quer minar os nossos princípios ou a nossa essência.
Muitas vezes a discussão é uma arte que dança à nossa frente com a leveza de pés de bailarina. Outras furiosa como uma dança grega. Poucos definem uma raiz lógica quando a conversa polemiza. O julgamento de um tema produz discórdia. As discussões, às vezes, são como a música desafinada ou uma rádio está fora de sintonia. E nem sempre o diálogo é harmonioso. E aí a discussão é cansativa.
Existem discussões que são batalhas perdidas. Você pode permanecer em silêncio, mas há coisas que deseja argumentar que nem necessitam de dizer.
Uma boa parte da psicologia e da filosofia nos ensinaram certas estratégias para enfrentar com sucesso em qualquer discussão . Bons argumentos, usando a heurística ou gestão emocional adequada seria definitivamente para alguns exemplos.
É preciso inteligência emocional e maturidade emocional para se entrar numa discussão
A maturidade emocional não depende de idade. Mas chegar a esse estágio é uma tarefa árdua para aplicar a maturidade no ponto onde é imprescindível o equilíbrio ao escolher a palavra e o tom certo de dizê-la. Respeitar o que o outro diz e racionalizar o que ouvimos. Muitas vezes é mais sensato o silêncio; virtude que vale ouro. Daí podemos avaliar os aspectos que merecem nossa atenção ou o distanciamento definitivo.
É possível, por exemplo, que o nosso relacionamento com alguém da família seja complicado pelos anos de convivência. Portanto, uma simples conversa é como cair sem paraquedas para o abismo do estresse. No entanto tudo pode mudar se aceitar as diferenças ou as idiossincrasias. Optamos pelo silêncio não é pelo receio de ser superado, mas de ser respeitado em nossa opinião, mesmo que silente.
Amadurecer é também uma forma que transmite confiança interna, adequada para compreender que certas pessoas e os seus argumentos não se constituem ameaça para nós. Não devemos nos assustar ou nos fazer irritados quanto alguém, diante de nós, grita com gestos nervosos.
5 maneiras de discutir com inteligência emocional
Nós já sabemos que existem discussões que nos farão perder a calma ou a boa energia que guardamos para aqueles momentos em que o improviso deve fluir. No entanto, nós também entendemos que a vida muda quase todos os dias para que possamos, pela pela cautela na discussão, coexistir em harmonia. No sentido principal de manter esse equilíbrio emocional para alcançar o que queremos em nosso trabalho. Até mesmo para concordar com nossos próprios filhos, usando, acima de tudo, a paciência e a tolerância quanto às suas crenças e convicções. Discussões sem as razões balanceadas com o coração produzem discórdia.
Aprender a ouvir é natural, mas ouvir é fundamental.
A arte de discutir sem efeitos colaterais requer não apenas uma estratégia inteligente, mas a gerência emocional adequada onde todos devem ser capazes de avançar e recuar no momento preciso, mesmo nos momentos e ambientes mais íntimos.
Convidamos você a considerar estas regras simples:
Uma das primeiras coisas que devemos considerar é que as discussões não devem, necessariamente, terminar tendo um vencedor. A gente perde quando pensa que venceu uma discussão. A arte de argumentar requer muita sabedoria. Principalmente, a de permitir que ambas as partes, durante o diálogo, cheguem a um ponto em comum.
Isso somente pode ser obtido da seguinte forma:
1 – Ouvir. Depois, ouvir e escutar. Pois ouvir não é o mesmo que escutar. Nenhum diálogo será eficaz se não somos capazes de aplicar uma “escuta” adequada e empática.
2 – Sabedoria no uso das palavras. Somente a sabedoria é suficiente para compreender a perspectiva da outra pessoa. Não apenas a sabedoria dos livros, mas da experiência de vida. É algo que requer um grande esforço e vontade própria. Para compreender a mensagem e a visão particular de quem nós conversamos, a sabedoria é essencial.
3 – Devemos evitar a atitude defensiva. O corpo fala. Por isso não devemos cruzar os braços, baixar os olhos e, gesticular em demasia. Principalmente quando os gestos estão desconectados das palavras. Ao contrário, poucos gestos, voz ponderada com raciocínio claro e a cabeça sempre levantada e o olhar firme na linha horizontal.
4 – Auto Controle. É essencial para uma gestão adequada das nossas emoções . Devemos controlar acima de tudo os inimigos da raiva ou da fúria e da ironia. Elas são bombas do tempo que gostam de estar presente nas discussões. E nos levam à derrota de nossos lógica.
5 – Confiança. Ela é importante para que consigamos expressar nossa ideia com clareza. No momento da réplica devemos usar termos assim: “Eu entendo”, “Isso pode ser verdade”, “É possível…”. A confiança dos argumentos é a porta da firmeza para a compreensão dos nossos argumentos.
ohn Keats - poeta romântico inglês
ohn Keats - poeta romântico inglês
John Keats, by William Hilton, after Joseph Severn (c. 1822) © National Portrait Gallery, London |
John Keats, by J. Severn |
:: Poemas de John Keats. [tradução, introdução e notas Péricles Eugênio da Silva Ramos]. São Paulo: Editora Art, 1985.
:: John Keats – nas invisíveis asas da poesia. [tradução Alberto Marsicano e John Milton]. São Paulo: Iluminuras, 2002.
:: Byron e Keats - entreversos. [tradução Augusto de Campos]. Campinas SP: Editora UNICAMP, 2009, 189p.
:: Ode sobre a melancolia e outros poemas. John Keats. [organização e tradução Pericles Eugênio da Silva Ramos]. São Paulo: Editora Hedra, 2010, 154p.
Antologias e seleções
:: Linguaviagem. [tradução Augusto de Campos]. São Paulo: Companhia das Letras, 1987.
John Keats listening to the Nightingale on Hampstead Heath c1845 by Joseph Severn. |
No túmulo de Keats, erigido no velho Cemitério Protestante de Roma pelos seus amigos Joseph Severn e John Brown, não figurou o nome do poeta. Em seu lugar fizeram eles inscrever, sob uma lira grega com metade das cordas postas, desenhada por Severn, o epitáfio escolhido por Keats, precedido das palavras de Brow. Ali se lê:
Mas o nome do “jovem poeta inglês” não foi esquecido e ficou também escrito – e nobremente – na fluida memória dos humanos ineternos. Para nós, os demais, a um século e meio de distância, o rouxinol e a uma grega já se converteram em personae ou picturae do próprio poeta. Como a “ave imortal”, sua poesia não parece ter nascido para a morte, e como a urna, “amiga do homem”, ela não cessa de nos transmitir o seu motto perpétuo de beleza e verdade.
ODE SOBRE UMA URNA GREGA
I
Inviolada noiva de quietude e paz,
Filha do tempo lento e da muda harmonia,
Silvestre historiadora que em silêncio dás
Uma lição floral mais doce que a poesia:
Que lenda flor-franjada envolve tua imagem
De homens ou divindades, para sempre errantes.
Na Arcádia a percorrer o vale extenso e ermo?
Que deuses ou mortais? Que virgens vacilantes?
Que louca fuga? Que perseguição sem termo?
Que flautas ou tambores? Que êxtase selvagem?
II
A música seduz. Mas ainda é mais cara
Se não se ouve. Dai-nos, flautas, vosso tom;
Não para o ouvido. Dai-nos a canção mais rara,
O supremo saber da música sem som:
Jovem cantor, não há como parar a dança,
A flor não murcha, a árvore não se desnuda;
Amante afoito, se o teu beijo não alcança
A amada meta, não sou eu quem te lamente:
Se não chegas ao fim, ela também não muda,
É sempre jovem e a amarás eternamente.
III
Ah! folhagem feliz que nunca perde a cor
Das folhas e não teme a fuga da estação;
Ah! feliz melodista, pródigo cantor
Capaz de renovar para sempre a canção;
Ah! amor feliz! Mais que feliz! Feliz amante!
Para sempre a querer fruir, em pleno hausto,
Para sempre a estuar de vida palpitante,
Acima da paixão humana e sua lida
Que deixa o coração desconsolado e exausto,
A fronte incendiada e língua ressequida.
IV
Quem são esses chegando para o sacrifício?
Para que verde altar o sacerdote impele
A rês a caminhar para o solene ofício,
De grinalda vestida a cetinosa pele?
Que aldeia à beira-mar ou junto da nascente
Ou no alto da colina foi despovoar
Nesta manhã de sol a piedosa gente?
Ah, pobre aldeia, só silêncio agora existe
Em tuas ruas, e ninguém virá contar
Por que razão estás abandonada e triste.
V
Ática forma! Altivo porte! em tua trama
Homens de mármore e mulheres emolduras
Como galhos de floresta e palmilhada grama:
Tu, forma silenciosa, a mente nos torturas
Tal como a eternidade: Fria Pastoral!
Quando a idade apagar toda a atual grandeza,
Tu ficarás, em meio às dores dos demais,
Amiga, a redizer o dístico imortal:
"A beleza é a verdade, a verdade a beleza"
— É tudo o que há para saber, e nada mais.
ODE ON A GRECIAN URN
I
Thou still unravish'd bride of quietness,
Thou foster-child of silence and slow time,
Sylvan historian, who canst thus express
A flowery tale more sweetly than our rhyme:
What leaf-fring'd legend haunts about thy shape
Of deities or mortals, or of both,
In Tempe or the dales of Arcady?
What men or gods are these? What maidens loth?
What mad pursuit? What struggle to escape?
What pipes and timbrels? What wild ecstasy?
II
Heard melodies are sweet, but those unheard
Are sweeter; therefore, ye soft pipes, play on;
Not to the sensual ear, but, more endear'd,
Pipe to the spirit ditties of no tone:
Fair youth, beneath the trees, thou canst not leave
Thy song, nor ever can those trees be bare;
Bold Lover, never, never canst thou kiss,
Though winning near the goal yet, do not grieve;
She cannot fade, though thou hast not thy bliss,
For ever wilt thou love, and she be fair!
III
Ah, happy, happy boughs! that cannot shed
Your leaves, nor ever bid the Spring adieu;
And, happy melodist, unwearied,
For ever piping songs for ever new;
More happy love! more happy, happy love!
For ever warm and still to be enjoy'd,
For ever panting, and for ever young;
All breathing human passion far above,
That leaves a heart high-sorrowful and cloy'd,
A burning forehead, and a parching tongue.
IV
Who are these coming to the sacrifice?
To what green altar, O mysterious priest,
Lead'st thou that heifer lowing at the skies,
And all her silken flanks with garlands drest?
What little town by river or sea shore,
Or mountain-built with peaceful citadel,
Is emptied of this folk, this pious morn?
And, little town, thy streets for evermore
Will silent be; and not a soul to tell
Why thou art desolate, can e'er return.
V
O Attic shape! Fair attitude! with brede
Of marble men and maidens overwrought,
With forest branches and the trodden weed;
Thou, silent form, dost tease us out of thought
As doth eternity: Cold Pastoral!
When old age shall this generation waste,
Thou shalt remain, in midst of other woe
Than ours, a friend to man, to whom thou say'st,
"Beauty is truth, truth beauty,—that is all
Ye know on earth, and all ye need to know.
- John Keats, em "Byron e Keats - entreversos". [tradução Augusto de Campos]. Campinas SP: Editora UNICAMP, 2009.
§
ODE A UM ROUXINOL
I
Meu peito dói; um sono insano sobre mim
Pesa, como se eu me tivesse intoxicado
De ópio ou veneno que eu sorvesse até o fim,
Há um só minuto, e após no Letes me abismado:
Não é porque eu aspire ao dom de tua sorte,
É do excesso de ser que aspiro em tua paz –
Quando, Dríade leve-alada em meio à flora,
Do harmonioso recorte
Das verdes árvores e sombras estivais,
Lanças ao ar a tua dádiva sonora.
II
Ah! um gole de vinho refrescado longamente
Na solidão do solo muito além do chão,
Sabendo a flor, a seiva verde e a relva quente,
Dança e Provença e sol queimando na canção!
Ah! uma taça de luz do Sul, plena e solar,
Da fonte de Hipocrene enrubescida e pura,
Com bolhas de rubis à beira rebordada
Nos lábios a brilhar,
Para eu saciar a sede até chegar ao nada
E contigo fugir para a floresta escura.
III
Fugir e dissolver-me, enfim, para esquecer
O que das folhas não aprenderás jamais:
A febre, o desengano e a pena de viver
Aqui, onde os mortais lamentam os mortais;
Onde o tremor move os cabelos já sem cor
E o jovem pálido e espectral se vê finar,
Onde pensar é já uma antevisão sombria
Da olhipesada dor,
Onde o Belo não pode erguer a luz do olhar
E o Amor estremecer por ele mais que um dia.
IV
Adeus! Adeus! Eu sigo em breve a tua via,
Não em carro de Baco e guarda de leopardos,
Antes, nas asas invisíveis da Poesia,
Vencendo a hesitação da mente e os seus retardos;
Já estou contigo! suave é a noite linda,
Logo a Rainha-Lua sobe ao trono e luz
Com a legião de suas Fadas estelares,
Mas aqui não há luz,
Salvo a que o céu por entre as brisas brinda
Em meio à sombra verde e ao musgo dos lugares.
V
Não posso ver as flores a meus pés se abrindo,
Nem o suave olor que desce das ramagens,
Mas no escuro odoroso eu sinto defluindo
Cada aroma que incensa as árvores selvagens,
A impregnar a grama e o bosque verde-gaio,
O alvo espinheiro e a madressilva dos pastores,
Violetas a viver sua breve estação;
E a princesa de maio,
A rosa-almíscar orvalhada de licores
Ao múrmuro zumbir das moscas do verão.
VI
Às escuras escuto; em mais de um dia adverso
Me enamorei, de meio-amor, da Morte calma,
Pedi-lhe docemente em meditado verso
Que dissolvesse no ar meu corpo e minha alma.
Agora, mais que nunca, é válido morrer,
Cessar, à meia-noite, sem nenhum ruído,
Enquanto exalas pelo ar tua alma plena
No êxtase do ser!
Teu som, enfim, se apagaria em meu ouvido
Para o teu réquiem transmudado em relva amena.
VII
Tu não nasceste para a morte, ave imortal!
Não te pisaram pés de ávidas gerações;
A voz que ouço cantar neste momento é igual
À que outrora encantou príncipes e aldeões:
Talvez a mesma voz com que foi consolado
O coração de Rute, quando, em meio ao pranto,
Ela colhia em terra alheia o alheio trigo;
Quem sabe o mesmo canto
Que abriu janelas encantandas ao perigo
Dos mares maus, em longes solos, desolado.
VIII
Desolado! a palavra soa como um dobre,
Tangendo-me de ti de volta à solidão!
Adeus! A fantasia é véu que não encobre
Tanto como se diz, duende da ilusão.
Adeus! Adeus! Teu salmo agora tristemente
Vai-se perder no campo, e além, no rio silente,
Nas faldas da montanha, até ser sepultado
Sob o vale deserto:
Foi só uma visão ou um sonho acordado?
A música se foi – durmo ou estou desperto?
ODE TO A NIGHTINGALE
I
My heart aches, and a drowsy numbness pains
My sense, as though of hemlock I had drunk,
Or emptied some dull opiate to the drains
One minute past, and Lethe-wards had sunk:
'Tis not through envy of thy happy lot,
But being too happy in thine happiness,—
That thou, light-winged Dryad of the trees
In some melodious plot
Of beechen green, and shadows numberless,
Singest of summer in full-throated ease.
II
O, for a draught of vintage! that hath been
Cool'd a long age in the deep-delved earth,
Tasting of Flora and the country green,
Dance, and Provençal song, and sunburnt mirth!
O for a beaker full of the warm South,
Full of the true, the blushful Hippocrene,
With beaded bubbles winking at the brim,
And purple-stained mouth;
That I might drink, and leave the world unseen,
And with thee fade away into the forest dim:
III
Fade far away, dissolve, and quite forget
What thou among the leaves hast never known,
The weariness, the fever, and the fret
Here, where men sit and hear each other groan;
Where palsy shakes a few, sad, last gray hairs,
Where youth grows pale, and spectre-thin, and dies;
Where but to think is to be full of sorrow
And leaden-eyed despairs,
Where Beauty cannot keep her lustrous eyes,
Or new Love pine at them beyond to-morrow.
IV
Away! away! for I will fly to thee,
Not charioted by Bacchus and his pards,
But on the viewless wings of Poesy,
Though the dull brain perplexes and retards:
Already with thee! tender is the night,
And haply the Queen-Moon is on her throne,
Cluster'd around by all her starry Fays;
But here there is no light,
Save what from heaven is with the breezes blown
Through verdurous glooms and winding mossy ways.
V
I cannot see what flowers are at my feet,
Nor what soft incense hangs upon the boughs,
But, in embalmed darkness, guess each sweet
Wherewith the seasonable month endows
The grass, the thicket, and the fruit-tree wild;
White hawthorn, and the pastoral eglantine;
Fast fading violets cover'd up in leaves;
And mid-May's eldest child,
The coming musk-rose, full of dewy wine,
The murmurous haunt of flies on summer eves.
VI
Darkling I listen; and, for many a time
I have been half in love with easeful Death,
Call'd him soft names in many a mused rhyme,
To take into the air my quiet breath;
Now more than ever seems it rich to die,
To cease upon the midnight with no pain,
While thou art pouring forth thy soul abroad
In such an ecstasy!
Still wouldst thou sing, and I have ears in vain—
To thy high requiem become a sod.
VII
Thou wast not born for death, immortal Bird!
No hungry generations tread thee down;
The voice I hear this passing night was heard
In ancient days by emperor and clown:
Perhaps the self-same song that found a path
Through the sad heart of Ruth, when, sick for home,
She stood in tears amid the alien corn;
The same that oft-times hath
Charm'd magic casements, opening on the foam
Of perilous seas, in faery lands forlorn.
VIII
Forlorn! the very word is like a bell
To toll me back from thee to my sole self!
Adieu! the fancy cannot cheat so well
As she is fam'd to do, deceiving elf.
Adieu! adieu! thy plaintive anthem fades
Past the near meadows, over the still stream,
Up the hill-side; and now 'tis buried deep
In the next valley-glades:
Was it a vision, or a waking dream?
Fled is that music:—Do I wake or sleep?
- John Keats, em "Byron e Keats - entreversos". [tradução Augusto de Campos]. Campinas SP: Editora UNICAMP, 2009.
§
ODE SOBRE A MELANCOLIA
I
Não! Não vás para o Letes, nem tristes raízes
Tortures para obter o vinho que te acena;
Nem no pálido rosto os beijos cicatrizes
Da beladona, que Prosérpina envenena.
Não faças teu rosário com amoras parcas,
Nem permitas que o escaravelho ou a falena
Sejam tua Psique, nem que o mocho do abandono
Partilhe dos mistérios do teu ser que pena,
Pois logo vem, de sombra em sombra, o lento sono
Para apagar da alma insana as negras marcas.
II
Mas se acaso o veneno da melancolia
Cair do céu, chuva de nuvens, que se espalha
Nas flores e as reflora ao som da chuva fria,
E apaga os verdes montes no abril da mortalha,
Purga, então, o amargor numa rosa da aurora
Ou no arco-íris entre o mar e o sal e a areia.
Ou numa imperial peônia globular;
Ou se em tua amante algum ressentimento aflora,
Toma-lhe as mãos e ouve o que a incendeia
E, olhos nos olhos, colhe o seu mais belo olhar.
III
A Beleza é seu lar; Beleza que se esvai;
A Alegria, com mãos e lábios sempre em fuga
Dizendo adeus; e o Amor que atrai e logo trai
E é já só fel em vez do mel que a abelha suga:
Sim, pois esse amorável Templo do prazer
Tem na Melancolia o seu nublado altar,
Só visível a quem com a língua sorver
A uva da Alegria, lânguida, no céu
Da boca; o travo da tristeza o irá encontrar
E entre as névoas da dor pousar mais um troféu.
ODE ON MELANCHOLY
I
No, no! go not to Lethe, neither twist
Wolf’s-bane, tight-rooted, for its poisonous wine;
Nor suffer thy pale forehead to be kiss`d
By nightshade, ruby grape of Proserpine;
Make not your rosary of yew-berries,
Nor let the beetle, nor the death-moth be
Your mournful Psyche, nor the downy owl
A partner in your sorrow’s mysteries;
For shade to shade will come too drowsily,
And drown the wakeful anguish of the soul.
II
But when the melancholy fit shall fall
Sudden from heaven like a weeping cloud,
That fosters the droop-headed flowers all,
And hides the green hill in an April shroud;
Then glut thy sorrow on a morning rose,
Or on the rainbow of the salt sand-wave,
Or on the wealth of globèd peonies;
Or if thy mistress some rich anger shows,
Emprison her soft hand, and let her rave,
And feed deep, deep upon her peerless eyes.
III
She dwells with Beauty—Beauty that must die;
And Joy, whose hand is ever at his lips
Bidding adieu; and aching Pleasure nigh,
Turning to poison while the bee-mouth sips:
Ay, in the very temple of Delight
Veil’d Melancholy has her sovran shrine,
Though seen of none save him whose strenuous tongue
Can burst Joy’s grape against his palate fine;
His soul shall taste the sadness of her might,
And be among her cloudy trophies hung.
- John Keats, em "Byron e Keats - entreversos". [tradução Augusto de Campos]. Campinas SP: Editora UNICAMP, 2009.
AO LER, PELA PRIMEIRA VEZ,
O HOMERO DE CHAPMAN
Vi reinos de ouro, vislumbrei na mais obscura
Face da terra impérios com diversa gente
E me acerquei também das ilhas do ocidente:
Que aos poetas brindou Apolo com brandura.
Sabia das legiões perdidas na lonjura
Dos tempos, de que outrora Homero foi regente;
Porém seu ar sereno eu o aspirei somente
Ouvindo Chapman, na versão altiva e pura:
Então me vi como quem capta o resplendor
De um novo astro no céu, em solidão tamanha
Como a do audaz Cortez, com olhos de condor,
Ante o Pacífico – seus homens numa estranha
Premonição a entreolhar-se, com temor –,
Silente, em Darién, do alto da montanha.
CHAPMAN'S HOMER
John Keats by Joseph Severn |
I
Estação de névoas e frutífera suavidade,
II
Quem não te viu em teu armazém?
III
Onde estão as canções da Primavera? Sim, onde estão?
TO AUTUMN
I
Season of mists and mellow fruitfulness,
II
Who hath not seen thee oft amid thy store?
III
Where are the songs of Spring? Ay, where are they?
§
Ele sustém eternos murmúreos
Nas praias desoladas, e com soberbas cristas
Inunda vinte mil cavernas, até que o sortilégio
De Hécate as deixe com seu velho e assombroso som.
Muitas vezes se encontra tão tranquilo,
Que até a menor das conchas permanece dias imóvel
Desde o desenlace dos ventos celestiais.
Vós, cujos olhos se enchem de tormento e tédio,
Regozijai-os com a imensidão do mar;
Vós, cujos ouvidos estão atordoados pelo rude ruído
Ou enfastiados pela música melosa –
Sentai-vos na boca de uma velha caverna, e meditai
Até que escuteis, como se cantassem, as ninfas do mar!
ON THE SEA
It keeps eternal whisperings around
Desolate shores, and with its mighty swell
Gluts twice ten thousand Caverns, till the spell
Of Hecate leaves them their old shadowy sound.
Often ’tis in such gentle temper found,
That scarcely will the very smallest shell
Be moved for days from where it sometime fell.
When last the winds of Heaven were unbound.
Oh, ye! who have your eyeballs vexed and tired,
Feast them upon the wideness of the Sea;
Oh ye! whose ears are dinned with uproar rude,
Or fed too much with cloying melody –
Sit ye near some old Cavern’s Mouth and brood,
Until ye start, as if the sea nymphs quired!
- Keats, em "John Keats – nas invisíveis asas da poesia". [tradução Alberto Marsicano e John Milton]. São Paulo: Iluminuras, 2002.
§
SOBRE O GAFANHOTO E O GRILO
ON THE GRASSHOPPER AND CRICKET
BLADES, John. John Keats: The Poems. New York: Palgrave, 2002.
BORGES, Samantha. John Keats e Cecília Meireles: diferentes contextos, semelhantes aspirações. in: Darandina Revisteletrônica, v. 4, p. 1-15, 2011. Disponível no link. (acessado em 2.4.2016).
BOSCATTO, Eli. A efemeridade da vida na poesia de John Keats. in: Obvious, agosto 2012. Disponível no link. (acessado em 2.4.2016).
DICK, André. Byron e Keats por Augusto de Campos: entre a juventude e a longevidade. in: Cronópios, 13.9.2009. Disponível no link. (acessado em 3.4.2016).
FERNANDES, Auricélio Soares. "Darkling I Listen" - Romanticism in Keats and Poe. (Monografia Graduação em Letras). Universidade Estadual da Paraíba, UEPB, 2011.
FERNANDES, Auricélio Soares. Natureza e Melancolia - um estudo sobre 'Ode to a Nighingale' de John Keats. In: Anais - I Congresso Internacional de Literatura e Ecocrítica, 2012.
FERRARIA, Ana Margarida. As épicas breves de Keats e Pessoa. (Dissertação Mestrado em Teoria da Literatura). Universidade de Lisboa, Faculdade de Letras, 2011. Disponível no link - e link. (acessado em 3.4.2016).
GOMYDE, Monalisa Almeida Cesetti. Lendo como Mulher e escrevendo como Homem: uma investigação feminista sobre John Keats. (Monografia Graduação em Estudos Literários). Universidade Estadual de Campinas, UNICAMP, 2014.
John Keats, by J. Severn |
LAMAS, Berenice Sica. a poesia de John Keats, brilho de uma paixão. in: Vidráguas. Disponível no link. (acessado em 3.4.2016).
MANCELOS, João de.. O eco de uma canção distante: A voz de John Keats na lírica de Eugénio de Andrade. in: (Ex)Changing Voices, Expanding Boundaries. Coord. Carla Ferreira de Castro, e Luís Guerra. Évora: Universidade de Évora, 2009. p. 69-83. Disponível no link. (acessado em 3.4.2016).
MAVERICCO, Matheus. John Keats e Ferreira Gullar. in: matheusmavericco, 26.3.2014. Disponível no link. (acessado em 3.4.2016).
OLIVEIRA, Eliakim Ferreira. "A Verdade da Imaginação" na Poesia de John Keats. in: Letras Curtidas, setembro de 2010. Disponível no link. (acessado em 3.4.2016).
O'SHEA, José Roberto Basto. "Ode on a Grecian Urn" and GO DOWN, MOSES: an Intertextual Inquiry into John Keats and William Faulkner. 2ª ed., Fragmentos (Florianópolis), Florianópolis, v. 25, p. 85-102, 2005.
O'SHEA, José Roberto Basto. Ode on a Grecian Urn'and Go Down, Moses: An Intertextual Inquiry into John Keats and William Faulkner. Fragmentos, Florianópolis, v. 2, n.5, p. 49-70, 1993.
OS POETAS: John Keats - 1795-1821. Biografias (o sexto da seção).. Disponível no link. (acessado em 2.4.2016). in: Letras/UFRJ - {romantismo inglês - anotações de aula}. Disponível no link. (acessado em 2.4.2016).
PALUMBO, Patrícia. Borboletas, John Keats e Manoel de Barros. in: patriciapalumbo, 19.7.2010. Disponível no link. (acessado em 3.4.2016).
PIRES, Maria Laura Bettencourt. O conceito de alma na poesia romântica inglesa. in: Gaudium Sciendi, Número 6, Junho 2014. Disponível no link. (acessado em 3.4.2016).
REUTERS. "Brilho de uma Paixão" narra romance de poeta inglês John Keats. in: Cinema Uol, 24.6.2010. Disponível no link. (acessado em 3.4.2016).
SANTOS, Maria Irene Ramalho S.. A Hora do Poeta: o Hyperion de Keats na Mensagem de Pessoa. in: Separata da Revista da Universidade de Coimbra, vol. XXXVII - ano 1992, p. 389-399.
SCANDOLARA, Adriano. John Keats (1795 – 1821), em duas traduções. in: Escamandro, 16.9.2013. Disponível no link. (acessado em 3.4.2016).
SCHRAMM JR, Roberto Mário. Adonaïs à memória de John Keats, autor de Endimião, Hiperião, etc. Percy Bysshe Shelley. In-Traduções, Florianópolis, v. 5, n. 9, p. 137-176, jul./dez. 2013. Disponível no link. (acessado em 3.4.2016).
SÍNTESE BIOGRÁFICA. John Keats, a biografia do maior poeta romântico inglês. in: TioOda. Disponível no link. (acessado em 3.4.2016).
SUSSEKIND, MMaria Flora. Cortazar & Keats. Jornal do Brasil, idéias - RJ, p. 5 - 5, 10 maio 1997.
SUSSEKIND, Maria Flora. Keats, entre o eterno e o mortal. Jornal do Brasil, caderno b - Rio de Janeiro, 6 jul. 1985.
TAVARES, Enéias Farias. Ode ao Rouxinol de John Keats: Crítica e Tradução Literária. In: III Fórum Internacional de Ensino de Línguas Estrangeiras, 2004, Pelotas. Anais do III FILE, 2004. v. 1.
THOMAS, Henry; THOMAS, Dana Lee. Vidas de Grandes Poetas. (Living Biographies of Famous Poets).. [tradução Brenno Silveira]. Lisboa: Livros do Brasil, 1979.
VALENTE, Vinicius. John Keats e sua musa inspiradora. in: Saraiva conteúdo, 23.6.2010. Disponível no link. (acessado em 2.4.2016).
XAVIER, Diane. O feminino erótico encontrado na obra La Belle Dame Sans Merci do poeta romântico John Keats. in: XX Encontro de iniciação à pesquisa, Universidade de Fortaliza, 2014/ in: Academia.edu. Disponível no link. (acessado em 3.4.2016).
ZUNÁI. John Keats. in: Zunái - Revista de poesia e debates. Disponível no link. (acessado em 3.4.2016).
John Keats by Joseph Severn 1819. |
:: Gaveta do Ivo
:: Escamandro - John Keats
:: A Mágia da Poesia - John Keats
:: Biblioteca Digital Ciudad Seva - John Keats (em espanhol)
Em inglês
:: John Keats
:: John Keats | Academy of American Poets
:: John Keats: The Poetry Foundation
** Página atualizada em 3.4.2016.
Empresa comunica fim dos dromedários de Genipabu
por Jessyanne Bezerra - 16 de maio de 2024 - https://tribunadonorte.com.br/ Turistas na Praia de Genipabu. Fotos: Frankie Marcone O cená...
-
Uma Casa de Mercado Mercado Público (à direita) - Provavelmente anos vinte (a Praça foi construída em 1932) Pesquisando os alfarrábios da...
Extraordinários poemas de John Keats. Muito grato pela generosidade em publicar,
Responder