segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

O importante escritor brasileiro que foi “embranquecido” pela elite

 MARIA FERNANDA GARCIA HISTÓRIANOTÍCIAS

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Machado de Assis era afrodescendente e escreveu diversas obras com críticas à escravidão e à pobreza que atingia o povo negro. Mesmo assim, a elite de sua época fingia que ele era branco



Joaquim Maria Machado de Assis nasceu no Rio de Janeiro, em 21 de junho de 1839, e foi um importante escritor brasileiro, considerado por muitos críticos, estudiosos, escritores e leitores um dos maiores nomes da literatura do Brasil.

Escreveu obras de praticamente todos os gêneros literários, sendo poeta, romancista, cronista, dramaturgo, contista, folhetinista, jornalista e crítico literário.

Testemunhou a Abolição da escravatura e a mudança política no país quando a República substituiu o Império, além das mais diversas reviravoltas pelo mundo em finais do século XIX e início do XX, tendo sido grande comentador e relator dos eventos político-sociais de sua época.

Era filho de um pintor de paredes e de uma imigrante portuguesa que trabalhava como lavadeira. Ele e seu pai sofriam o preconceito da época por serem “mulatos” (termo usado na época para pardos). A escravidão só foi abolida 49 anos após o seu nascimento.

Ao completar 10 anos, Machado tornou-se órfão de mãe. Mudou-se com o pai para São Cristóvão, também no Rio de Janeiro, e logo o pai se casou novamente, com Maria Inês da Silva. Ela cuidou de Machado mesmo quando seu pai morreu algum tempo depois.

Machado de Assis teve aulas no mesmo prédio que a madrasta trabalhava como doceira, enquanto à noite estudava língua francesa com um padeiro imigrante.

Em 1854, publicou seu primeiro soneto, dedicado à ‘Ilustríssima Senhora D.P.J.A’, assinando como “J. M. M. Assis”, no Periódico dos Pobres.

No ano seguinte, passou a frequentar a livraria do jornalista e tipógrafo Francisco de Paula Brito. Paula Brito era um humanista e sua livraria, além de vender remédios, chás, fumo de rolo, porcas e parafusos, também servia como ponto de encontro.

Aos dezessete anos, Machado de Assis foi contratado como aprendiz de tipógrafo e revisor de imprensa na Imprensa Nacional, onde foi protegido e ajudado por Manuel Antônio de Almeida, que o incentivou a seguir a carreira literária.

Machado trabalhou na Imprensa Oficial de 1856 a 1858. No fim deste período, a convite do poeta Francisco Otaviano, passou a colaborar para o Correio Mercantil, importante jornal da época, escrevendo crônicas e revisando textos.

Em 12 de novembro de 1869, Machado de Assis casou-se com a portuguesa Carolina Augusta Xavier de Novais, a contragosto da família da noiva, por ele ser afrodescendente.

Machado de Assis só se tornou um escritor conhecido a partir de 1872, com a publicação do romance ‘Ressurreição’.

Ele foi fundador e eleito o primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras. O livro ‘Memórias Póstumas de Brás Cubas’, publicado em 1881, é considerado sua maior obra e uma das mais importantes em língua portuguesa.

Obras notáveis, como ‘Memorial de Aires’, a crônica ‘Bons Dias!’ (1888) e o conto ‘Pai Contra Mãe’ (1905) expõem explicitamente as críticas à escravidão. Esta última obra começa da seguinte forma: “A escravidão levou consigo ofícios e aparelhos […]”. Um destes ofícios e aparelhos a que Machado refere-se é o ferro que prendia o pescoço e os pés dos escravos e a máscara de folha-de-flandres. O conto é ainda uma análise de como o fim da escravidão levara estes aparelhos para a extinção, mas não levou a miséria e a pobreza.

Machado de Assis era considerado pela elite carioca como um homem branco, pois na época seria uma ofensa chamá-lo de mulato. Um trecho de carta escrita por Joaquim Nabuco a José Veríssimo, após a morte de Machado de Assis, revela o preconceito mascarado:

“ Mulato, ele foi de fato, um grego da melhor época. Eu não teria chamado Machado de Assis de mulato e penso que lhe doeria mais do que essa síntese. (…) O Machado para mim era um branco e creio que por tal se tornava”(…)

Machado de Assis morreu em 29 de setembro de 1908. O escrivão Olimpio da Silva Pereira escreveu “homem branco” em seu atestado de óbito.

Fontes: Wikipédia, BBC News Brasil e Geledés.

De: https://observatorio3setor.org.br/

Carnaval 2023 em Assu - Banda Grafith no trio

 Belos Poemas Que Viraram Músicas – Fanatismo.

Da série “Belos Poemas Que Viraram Música” o destaque de hoje é Fanatismo, soneto da poetisa portuguesa Florbela Espanca. O poema foi musicado por Fagner e gravado no disco Traduzir-se de 1981.

Fanatismo é um soneto (dois quartetos e dois tercetos) publicado pela primeira vez no “Livro de Sóror Saudade”, uma coletânea de 36 sonetos, editado em janeiro de 1923, cuja primeira edição de 200 livros esgotou-se rapidamente.

 O poema foge, um pouco, dos argumentos melancólicos da maioria das suas poesias, embora também se perceba componentes de dor e sofrimento. Desta vez, a poetisa optou por escancarar todo o seu amor e lirismo.

A paixão, nesta poesia, é levada ao extremo ("[...] Podem voar mundos, morrer astros, Que tu és como Deus: princípio e fim”), justificando, plenamente, o título. O amor de Florbela, em fanatismo é arrebatador. É tratado de forma hiperbólica, possessiva e, ao mesmo tempo, submissa, resultado, talvez, da eterna procura de um amado (“[...] a mesma história tantas vezes lida [...]”). 

Desde jovem, Florbela já dava sinais de onde iria buscar suas inspirações: as coisas da alma e seus conflitos internos, decorrência de uma vida marcada por desilusões, decepções e tragédias pessoais, temas que foram transportados de forma comovente para suas obras. Sua mãe, Mariana Toscana, não podia ter filhos. Florbela e Apeles, seu irmão mais novo, embora criados por Mariana Toscana, são frutos do relacionamento extraconjugal do pai, João Maria Espanca, com Antônia da Conceição Lobo. 

Florbela de Alma Conceição Espanca, (1894-1930), nasceu em Vila Viçosa e faleceu tragicamente em Matosinhos - Portugal: cometeu suicídio ainda jovem, no dia do seu aniversário, 8 de dezembro. A trajetória da, talvez, maior sonetista de Portugal não foi comum: sua mãe de criação morreu jovem aos 29 anos. O irmão querido, Apeles, faleceu em um trágico desastre de avião. A curta vida da escritora, ainda foi marcada por vários casamentos desfeitos. 

Tantos acontecimentos em tão pouco tempo de vida, aliado a um estilo literário único e comportamento não usual para a época, transformaram a poetisa portuguesa em um verdadeiro mito, chegando a se tornar símbolo de movimentos feministas. 

Na verdade, Florbela era poetisa de extremada sensibilidade, jovem triste que falava da dor e do amor sem economia na criatividade dos versos. Ser poeta, para Florbela, “é ser mais alto, é ser maior dos que os homens...” como ela deixa claro no soneto “Ser Poeta”.

Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e Além Dor!

É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!

É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!

E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!

Já o autor da música, o cantor e compositor Fagner, é um mestre em musicar poemas. A grande maioria das belas poesias musicadas pelo cearense se tornou grande sucesso. Já passaram pelo seu violão, por exemplo, poemas da lavra de Cecília Meireles, Patativa do Assaré, Ferreira Gullar, dentre outros grandes nomes. Um dos Posts desta série, por sinal, remete a outra poesia musicada por Fagner: o poema “Traduzir-se” de Ferreira Gullar (acesse aqui).

Uma curiosidade: em Fanatismo, ao final da música, o compositor acrescentou trechos de Meu Querido, Meu Velho, Meu Amigo, música que Roberto Carlos fez para o pai, uma licença poética para homenagear o Rei. O disco Traduzir-se foi gravado na Espanha por sugestão de Joan Manuel Serrat. Sobre a inclusão de Fanatismo no disco o cantor declarou:

“[...] é um disco que marcou demais. Até hoje o pessoal do mundo do disco fala dele [...] foi disco de ouro, lançado no mundo inteiro. [...] Este disco tinha uma idéia fechada, onde coube o 'Fanatismo' porque, na época, eu tinha que ter uma música em português.

A gravadora não entendeu e eu sabia que 'Años' iria tocar (música em espanhol que teve a participação de Mercedes Sosa), como aconteceu. Me pediram para gravar uma música só comigo cantando em português. Foi onde conheci o trabalho da Florbela Espanca, o Fausto me deu um livro lá em Portugal na volta desta viagem da Espanha. Fiz estas músicas, cheguei aqui e gravei. Deu para acoplar ainda no disco. Mas também foi uma música feita com a influência das coisas da região, veio no clima, não se afastou muito da idéia deste disco''
. (*)
(*) trechos de entrevista publicada em Http://www.nordesteweb.com/not01_0304/ne_not_20040305d.htm

Clique no marcador "Belos poemas que viraram músicas", à direita, para ver outros post sobre poemas musicados.  

Fanatismo

Minh’alma, de sonhar-te, anda perdida
Meus olhos andam cegos de te ver !
Não és sequer a razão do meu viver,
Pois que tu és já toda a minha vida !

Não vejo nada assim enlouquecida ...
Passo no mundo, meu Amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida !

"Tudo no mundo é frágil, tudo passa ..."
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim !

E, olhos postos em ti, digo de rastros :
"Ah ! Podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus : Princípio e Fim ! ..."

Livro de Soror Saudade (1923)

Fonte:http://www.drzem.com.br/

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2023

João Felipe da Trindade

De Fábio Arruda recebo notícias do testamento de um neto do mártir de Uruaçu Antônio Vilela Cid. Na época do massacre Pedro Vilela Cid estava fora do Rio Grande do Norte.


De Fábio Arruda recebo notícias do testamento de um neto do mártir de Uruaçu Antônio Vilela Cid. Na época do massacre Pedro Vilela Cid estava fora do Rio Grande do Norte.



VOLÚPIA

Eu fui perturbar teu sono. Despertar a carne da tua mocidade.
Desgrenhar teu cabelo, dar febre ao teu sangue.
Perdoa, pela minha mocidade.
O lençol revolvido
O travesseiro molhado...
Se houve a tua a tremer, a minha cama na noite não soube também o que era ter sono.

(Caldas, poeta potiguar)





quarta-feira, 15 de fevereiro de 2023

 


 


 "PORTUGUÊS" É O ÚNICO IDIOMA EM QUE SE PODE ESCREVER UM TEXTO SÓ COM A LETRA "P".

PODEMOS PARTIR?
Pedro Paulo Pereira Pinto, pequeno pintor português, pintava portas, paredes, portais. Porém, pediu para parar porque preferiu pintar panfletos. Partindo para Piracicaba, pintou prateleiras para poder progredir. Posteriormente, partiu para Pirapora. Pernoitando, prosseguiu para Paranavaí, pois pretendia praticar pinturas para pessoas pobres. Porém, pouco praticou, porque Padre Paulo pediu para pintar panelas, porém posteriormente pintou pratos para poder pagar promessas.
.
Pálido, porém perseverante, preferiu partir para Portugal para pedir permissão para papai para permanecer praticando pinturas, preferindo, portanto, Paris. Partindo para Paris, passou pelos Pirineus, pois pretendia pintá-los. Pareciam plácidos, porém, pesaroso, percebeu penhascos pedregosos, preferindo pintá-los parcialmente, pois perigosas pedras pareciam precipitar-se principalmente pelo Pico, porque pastores passavam pelas picadas para pedirem pousada, provocando provavelmente pequenas perfurações, pois, pelo passo percorriam, permanentemente, possantes potrancas. Pisando Paris, pediu permissão para pintar palácios pomposos, procurando pontos pitorescos, pois, para pintar pobreza, precisaria percorrer pontos perigosos, pestilentos, perniciosos, preferindo Pedro Paulo precaver-se. Profundas privações passou Pedro Paulo. Pensava poder prosseguir pintando, porém, pretas previsões passavam pelo pensamento, provocando profundos pesares, principalmente por pretender partir prontamente para Portugal. Povo previdente! Pensava Pedro Paulo… "Preciso partir para Portugal porque pedem para prestigiar patrícios, pintando principais portos portugueses".
.
Passando pela principal praça parisiense, partindo para Portugal, pediu para pintar pequenos pássaros pretos. Pintou, prostrou perante políticos, populares, pobres, pedintes. - "Paris! Paris!" Proferiu Pedro Paulo. -"Parto, porém penso pintá-la permanentemente, pois pretendo progredir".
Pisando Portugal, Pedro Paulo procurou pelos pais, porém, Papai Procópio partira para Província. Pedindo provisões, partiu prontamente, pois precisava pedir permissão para Papai Procópio para prosseguir praticando pinturas. Profundamente pálido, perfez percurso percorrido pelo pai. Pedindo permissão, penetrou pelo portão principal. Porém, Papai Procópio puxando-o pelo pescoço proferiu: -Pediste permissão para praticar pintura, porém, praticando, pintas pior. Primo Pinduca pintou perfeitamente prima Petúnia. Porque pintas porcarias? -Papai, proferiu Pedro Paulo, pinto porque permitiste, porém preferindo, poderei procurar profissão própria para poder provar perseverança, pois pretendo permanecer por Portugal. Pegando Pedro Paulo pelo pulso, penetrou pelo patamar, procurando pelos pertences, partiu prontamente, pois pretendia pôr Pedro Paulo para praticar profissão perfeita: pedreiro! Passando pela ponte precisaram pescar para poderem prosseguir peregrinando. Primeiro, pegaram peixes pequenos, porém, passando pouco prazo, pegaram pacus, piaparas, pirarucus. Partindo pela picada próxima, pois pretendiam pernoitar pertinho, para procurar primo Péricles primeiro.
Todas as reações:
5

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2023

HINO DO SESQUICENTENÁRIO DO ASSU 

Música : Franciso Elion Caldas Nobre ( Chico Elion)
Letra: Maria Aldenita de Sá Leitão Fonseca de Souza

Obrigado Assu pelas paisagens,
pelos feitos heróicos de outrora,
pelo verde que brota nas margens,
do teu rio ao romper da aurora.

Ao terceiro milênio confiante,
levarás em teus ombros a glória,
de ser pátria das letras vibrante,
com o teu nome gravado na história.

O petróleo da terra jorrando,
o algodão lembra paz de oração,
carnaúba poesia inspirando,
terra de frutos para exportação.

As estrelas mais resplandecentes,
no teu céu brilham mais com fulgor,
são as rimas tão doces e ardentes,
dos poetas falando de amor.

Nesta data brilhante e festiva,
bem marcada no teu calendário,
com teus filhos de voz sempre altiva,
parabéns pelo SESQUICENTENÁRIO.

ASSU minha terra, meu berço,
minha ODE, minha canção,
ASSU de todo um povo,
um pedaço do meu coração.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2023

 Assu - Um Pedaço de Céu Dentro do Mundo.

O artista plástico, aqui da nossa cidade do Assu/RN, a terra dos poetas, a Athenas Norteriograndese, o Sr. Gilvan Lopes, merece todas as nossas homenagens e aplausos, pela sua genialidade, na arte de retratar os nossos vultos históricos, através dos pincéis. Nessa pintura, ele mostra bem a sua genialidade, quando, numa cena lúdica e memorável, ele retrata dois dos maiores poetas do Brasil, que são eles: O João Lins Caldas e o Renato Caldas. E, para fazer uma homenagem aos três, eu fiz essa poesia, que transcrevo a seguir:

João Lins e Renato Caldas
Tirando dois dedos de prosa
Numa pintura famosa
Numa esquina do Assu.
O saudoso Bispo Xandú
Juntou-se a São João Batista
E abençoou os dois artistas
Nesse encontro magistral
Jesus por ser divinal
Pôs nas mãos do pintor
Gilvan Lopes, o mentor
Dessa cena genial.

(Chagas Matias)










GLOSA

O poeta assuense Chagas Matias que o igualmente poeta chamado "Macaíba" certa vez numa bebedeira nas barracas do Rio Açu, ao olhar aquelas garotas deitadas só de biquine nas areias, se bronzeando, recebera o mote de um amigo que glosou assim, Macaíba:

Mote

TANTO TABACO NO RIO
E EU COM O NARIZ ENTUPIDO

Glosa

Ninguém aquece o meu frio,
Ninguém mata o meu desejo,
E meio desesperado vejo,
TANTO TABACO NO RIO.
Um homem sendo vadio,
Fica logo enfurecido.
Eu mesmo já dei gemido
Que estou me sentindo fraco
De olhar tanto tabaco
E EU COM O NARIZ ENTUPIDO.

domingo, 5 de fevereiro de 2023

Capitão Manoel Varella Barca, lá do Assú (I)

João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)

Professor da UFRN, membro do IHGRN e do INRG
Nas minhas pesquisas genealógicas, uma personagem sempre presente, na vida de Assú, foi sem dúvida o capitão Manoel Varella Barca. Entretanto, não encontrei, até agora, maiores referências sobre sua vida por parte de nossos escritores. Está esquecido pelos seus e pelos outros. Faleceu aos dez de setembro de 1850.
Pelos assentamentos de praça, vemos que passou a tenente em 3 de março de 1791 e a capitão em 18 de agosto do mesmo ano. Quando da invasão da Ilha de Manoel Gonçalves, por corsários ingleses, em 1818, foi o capitão Manoel Varella Barca quem recebeu a primeira informação do Comandante do Degredo da Ilha, Alexandre José Pereira.
Foi procurador e administrador das várias fazendas de Cristovão da Rocha Pitta, morador na Bahia, e da viúva Costa, da praça de Pernambuco.
No seu testamento, escreveu que era natural da Vila do Cabo, da Província de Pernambuco, filho de José Varella Barca e Dona Brites Paz Barreto, na época, já falecidos. Cita alguns irmãos, já falecidos, José, Rosa Josefa, Maria, Anna e Brites. Não fala sobre irmãos vivos.
Disse mais que foi casado três vezes. O primeiro casamento foi com Dona Luzia Florência da Silva, da qual teve quatro filhos, a saber: Manoel Varella, Maria Juliana, José Varela e Francisco Varella, todos falecidos; seu segundo casamento foi com Dona Francisca Ferreira Souto, da qual teve seis filhos, a saber: Domingos Varella, Manoel Varella, falecido, Rosa, Maria Beatriz, Maria Francisca, Francisca Ferreira Souto, já falecida; seu último casamento foi com Dona Bertholeza Cavalcanti Pessoa, da qual não teve filhos.
Dona Luzia Florência da Silva, primeira esposa do capitão Manoel Varella Barca, era filha do capitão João Ferreira da Silva e Brites Maria de Mello. Os quatro filhos desse casamento eram falecidos quando do testamento do capitão. Francisco e José morreram conforme o relato a seguir.
Em seu discurso pronunciado na abertura da segunda sessão da terceira legislatura da Assembleia Legislativa Provincial, do Rio Grande do Norte, do dia 7 de setembro de 1841, o vice-presidente da Província, coronel Estevão José Barboza de Moura, faz o seguinte relato: dia 13 de dezembro de 1840, se apresentou pelas nove horas da manhã no campo fronteiro à Matriz na qual tinha de celebrar-se o ato de eleição, um concurso de setenta pessoas, mais ou menos, armadas e capitaneadas pelo tenente da extinta segunda linha, José Varella Barca, e por seu irmão Francisco Varella Barca. Por aquela mesma hora teve de seguir para o lugar destinado o destacamento do Corpo Policial, que ali existe, e havia sido requerido pela autoridade competente para guardar e manter o sossego, na forma da lei; e quando passava este em pequena distância do grupo recebeu tiros de mosquetaria; à vista do que o seu digno comandante, o tenente de Polícia José Antonio de Souza Caldas, mandou fazer também fogo contra o inimigo, que então reconheceu, repelindo assim a força, que o guerreava; de cuja luta, que durou por espaço de três quartos de hora, resultou morrer imediatamente o segundo chefe Francisco Varella, e ficar gravemente ferido em um perna o primeiro José Varella; serem baleados um sargento, e um guarda de Polícia, ambos gravemente, uma mulher que chegava à sua porta na ocasião do fogo, e alguns outros do inimigo, ao número de dez ou doze, os quais todos escaparam, menos o infeliz tenente José Varella, que faleceu de um mês de padecimentos.
Francisco Varella Barca foi representado no testamento pelos seus filhos: Manoel Varella Barca, casado; Pio Pierres Varella Barca, maior de 21 anos; Maria Senhorinha Varella Barca, casada com Antonio Barbalho Bezerra Junior; Senhorinha, casada com Luis Felis da Silva; Francisca, e mais Luzia Maria, Maria Josefa e José, menores.
José Varella Barca foi representado pelos seus filhos legitimados Maria Clara, casada com Manoel Tavares da Silva (no registro de casamento, em 1835, ela aparece como filha natural de Clara Francisca Bezerra); José, Manoel, Luzia e Maria, esses menores.
Maria Juliana, já falecida em 1835, era casada com Francisco de Souza Caldas, e foi  representada pelos filhos Manoel Lins Caldas, Francisco Lins Caldas e Tertuliano de Alustau Lins Caldas, todos casados; Luiz Lucas Lins Caldas, solteiro e maior de 21 anos; Maria Genoveva Lins Caldas casada com Felis Nobre de Medeiros; Luzia Leopoldina casada com Felis Francisco da Silva.
Em um assentamento de praça, consta que Manoel Varella Barca Junior, filho do capitão Manoel Varella Barca, era natural das várzeas do Apodi, idade de 20 anos, de altura 5p e 6p, cabelos pretos, olhos pardos, sentou praça em 23 de junho de 1806, solteiro e criador de gados.
Manoel Varella Barca Junior, o mais velho deles, era casado com Thereza de Jesus Xavier, filha de Francisco Xavier de Souza Junior e Dona Bernarda Dantas da Silveira. Esse casamento foi na capela da Utinga, em 30 de outubro de 1817. No testamento foi representado por seus filhos Francisco Xavier Varella Barca, nascido na Utinga, batizado em 20 de novembro de 1820, casado com Josefa Jovina Pimentel Varella Barca; Manoel Varella de Souza Barca; José Varella de Souza Barca (na época do inventário, preso na cadeia de Natal); e Luzia, nascida na Utinga, batizada em 29 de outubro de 1819, casada com João Gomes Freire.
Trecho de um debate na Câmara Federal entre José Moreira Brandão Castelo Branco e Amaro Carneiro Bezerra Cavalcanti

 



E os meus segredos
São segredos
Que não conto pra ninguém
Segredo é segredo


Quero-te. Vem. As carnes palpitantes
A forma tua onde a beleza mora...
És tu. Quero-te assim. Meu corpo implora
A graça que desce dos contornos...
Trêmulas as mãos e os lábios mornos.

João Lins Caldas


quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023

 

TALVEZ  
Talvez não ser,
é ser sem que tu sejas,
sem que vás cortando
o meio dia com uma
flor azul,
sem que caminhes mais tarde
pela névoa e pelos tijolos,
sem essa luz que levas na mão
que, talvez, outros não verão dourada,
que talvez ninguém
soube que crescia
como a origem vermelha da rosa,
sem que sejas, enfim,
sem que viesses brusca, incitante
conhecer a minha vida,
rajada de roseira,
trigo do vento,

E desde então, sou porque tu és
E desde então és
sou e somos…
E por amor
Serei… Serás…Seremos…

( Pablo Neruda )

 

De: FS

 Do face de  Fernando Caldas Somente no amor o homem está de joelhos; porque o amor é a única escravidão que não desonra. Vargas Vila, poeta...