quarta-feira, 17 de abril de 2024

SOBRE MAJOR MONTENEGRO QUE EU CONHECI E CONVIVI

 Assu Antigo


Nascido na Fazenda Itu, Povoação de Sacramento, atual e próspero município de Ipanguaçu, no dia 25 de setembro de 1894, Manoel de Melo Montenegro era filho do coronel Ovidio de Melo Montenegro e dona Amélia Caldas Montenegro. Menino ainda, aos sete anos de idade, teve o infortúnio de perder sua mãe, ficando aos cuidados de sua avó materna dona Marola Caldas.
Ovídio, seu pai, fora o primeiro tabelião do Assu. Na capital norte-rio-grandense Manoel estuda no Colégio Santo Antônio, e no Recife, estuda no Colégio Aires Gama. Não chegou a concluir os estudos. retorna ao seu Rio Grande do Norte e se casa com dona Cândida Borges Montenegro, natural de Mossoró. Dessa união, sete filhos, dezenas de netos, bisnetos.
Manoel de Melo Montenegro logo cedo ingressou na vida pública, a convite do chefe político de Santana do Matos, coronel Antonio de Carvalho e Souza, sendo eleito intendente de Santana do Matos, em 1922, mandato concluído em 1925. Naquele mesmo ano foi deputado estadual, reeleito em 1927 e, em 1930 fora deposto pela Revolução. É o Patriarca do município de Santana do Matos, elevando aquela então Vila de Santana a categoria de cidade. Foi, portanto, o primeiro prefeito daquele lugar.
Em 1945, já com o título de Major da Guarda Nacional da 21ª Brigada de Infantaria da Guarda Nacional, decreto de 17 de novembro de 1915, pelo Presidente da República dos Estados Unidos do Brasil Wenceslau Brás, dono da Lagoa da Ponta Grande e de léguas de terras ao seu redor, chefe político de prestígio, ajudou a eleger prefeitos, deputados, senadores, governadores (Aluízio Alves teve o seu apoio para se eleger deputado federal) e três dos seus filhos exerceram mandatos de prefeito, deputado estadual, da mesma forma netos exercem mandatos de prefeito e de deputado estadual. Contribuiu e apoiou o médico Pedro Amorim (seu cunhado, casado que fora com Maria Beatriz Amorim (Não sei se depois de casada Beatriz ainda usava o sobrenome Paes Barreto, do Pernambuco, uma das famílias mais antigas do Brasil), para prefeito do Assu e deputado estadual que chegou a ser presidente da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte (Constituinte de 1947/1951).
O Major Montenegro vendo que Sacramento já tinha toda estrutura que contemplava as exigências para sua emancipação, graças a ele próprio e José Lúcio de Medeiros (um dos benfeitores daquele lugar), o deputado Pedro Amorim, entre outros deputados e a população, libertaram Sacramento do município santanense, ganhando foros de cidade com a denominação Ipanguaçu, em 23 de dezembro de 1948. (Hoje, Ipanguaçu é conhecida como “A Terra Internacional da Banana”).
O gosto pela política, o Major Montenegro herdara dos seus antepassados, pois, seu avô Manoel de Melo Montenegro desde 1856, além de seu pai coronel Ovídio Montenegro, exerceram mandatos de deputado pela terra potiguar.
Por fim, Manoel de Melo Montenegro morreu aos 97 anos de idade, no dia do seu aniversário conforme profetizava e está enterrado no cemitério São João Batista, na cidade de Assu.
(Fernando Caldas)
TROVAS

i

Está cegando Renato 
pois, um objeto qualquer 
só conhece pelo tato 
principalmente mulher. 

II

uma andorinha assustada
por cima dos capítéis
pensa em dá uma cagada
na cabeça dos fiés.

Renato Caldas, poeta assuense

O POBRE

Por Francisco Macedo

Vida de pobre é um mutirão de dor, 
uma loucura e grande confusão, 
quando tem carne nunca tem feijão, 
se tem feijão, de carne nem a cor. 

Compra uma “muda” de roupa todo ano 
e no sapato, tome meia-sola! 
No celular faz pose de gabola, 
mas pra ligar, está sem vez no plano… 

No “lotação” precisa paciência, 
arroto choco e tome flatulência, 
e, mesmo assim, com jeito vai levando… 

Sendo enxerido, segura a aparência, 
pose de rico, mas rei da inadimplência 
e vai em frente, as dores disfarçando.

terça-feira, 16 de abril de 2024

 Canção do Exílio, de Gonçalves Dias (análise do poema)

Márcia Fernandes
Revisão por Márcia Fernandes 
Professora licenciada em letras


A Canção do Exílio, que começa com os versos "Minha terra tem palmeiras, onde canta o Sabiá", foi publicado em 1857 no livro Primeiros Cantos.

É um dos poemas líricos mais conhecidos do poeta romântico brasileiro Gonçalves Dias:

"Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar — sozinho, à noite —
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá."

Análise do poema

Sem dúvida, a Canção do Exílio, de Gonçalves Dias, é um dos mais emblemáticos poemas da fase inicial do Romantismo.

Nele, o autor expressa o nacionalismo ufanista (patriotismo exagerado) por meio da exaltação da natureza.

Composto por cinco estrofes, sendo três quartetos e dois sextetos, o autor escreveu esse poema em julho de 1843, quando estava estudando Direito na Universidade de Coimbra, em Portugal. Assim, com saudades de seu país, sentia-se exilado.

Essa saudade fica bastante evidente na última estrofe, em que o poeta expressa o seu desejo de regressar:

"Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;".

Curioso notar que dois versos da Canção do Exílio são mencionados no Hino Nacional Brasileiro, composto em 1822: “Nossos bosques têm mais vida, Nossa vida, (no teu seio) mais amores”.

Intertextualidade com a Canção do Exílio

Muitos autores parodiaram ou parafrasearam a Canção do Exílio. Têm destaque as versões dos escritores modernistas Murilo Mendes, Oswald de Andrade e Carlos Drummond de Andrade.

A paródia é um gênero literário, geralmente de caráter crítico, humorístico ou irônico. Ela utiliza a intertextualidade com intuito de recriar um novo texto, com base num texto célebre já existente.

Exemplos de paródias da Canção do Exílio:

  • Canção do Exílio, de Murilo Mendes
  • Canto de Regresso à Pátria, de Oswald de Andrade

Da mesma maneira, a paráfrase é um tipo de intertextualidade que recria a ideia de um texto já existente, no entanto, utilizando outras palavras.

Exemplos de paródias da Canção do Exílio:

  • Nova Canção do Exílio, de Carlos Drummond de Andrade
  • Canção do Exílio, de Casimiro de Abreu

Canção do Exílio, de Murilo Mendes

"Minha terra tem macieiras da Califórnia
onde cantam gaturamos de Veneza.
Os poetas da minha terra
são pretos que vivem em torres de ametista,
os sargentos do exército são monistas, cubistas,
os filósofos são polacos vendendo a prestações.
A gente não pode dormir
com os oradores e os pernilongos.
Os sururus em família têm por testemunha a Gioconda.
Eu morro sufocado
em terra estrangeira.
Nossas flores são mais bonitas
nossas frutas mais gostosas
mas custam cem mil réis a dúzia.

Ai quem me dera chupar uma carambola de verdade
e ouvir um sabiá con certidão de idade!"

Canto de Regresso à Pátria, de Oswald de Andrade

"Minha terra tem palmares
Onde gorjeia o mar
Os passarinhos daqui
Não cantam como os de lá

Minha terra tem mais rosas
E quase tem mais amores
Minha terra tem mais ouro
Minha terra tem mais terra

Ouro terra amor e rosas
Eu quero tudo de lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que eu volte para lá

Não permita Deus que eu morra
Sem que volte pra São Paulo
Sem que veja a Rua 15
E o progresso de São Paulo."

Nova Canção do Exílio, de Carlos Drummond de Andrade

"Um sabiá na
palmeira, longe.

Estas aves cantam
um outro canto.
O céu cintila
sobre flores úmidas.
Vozes na mata,
e o maior amor.

Só, na noite,
seria feliz:
um sabiá,
na palmeira, longe.

Onde tudo é belo
e fantástico,
só, na noite,
seria feliz.
(Um sabiá na palmeira, longe.)

Ainda um grito de vida e
voltar
para onde tudo é belo
e fantástico:
a palmeira, o sabiá,
o longe."

Canção do Exílio, de Casimiro de Abreu

"Se eu tenho de morrer na flor dos anos
Meu Deus! não seja já;
Eu quero ouvir na laranjeira, à tarde,
Cantar o sabiá!

Meu Deus, eu sinto e tu bem vês que eu morro
Respirando este ar;
Faz que eu viva, Senhor! dá-me de novo
Os gozos do meu lar!

O país estrangeiro mais belezas
Do que a pátria não tem;
E este mundo não vale um só dos beijos
Tão doces duma mãe!

Dá-me os sítios gentis onde eu brincava
Lá na quadra infantil;
Dá que eu veja uma vez o céu da pátria,
O céu do meu Brasil!"

Gonçalves Dias e o Romantismo

Gonçalves Dias (1823-1864) foi poeta, professor, advogado, teatrólogo, etnólogo e jornalista maranhense da primeira fase do romantismo (1836-1852).

A principal característica desse período foi a busca de uma identidade nacional, expressa pelo binômio nacionalismo-indianismo.

O rompimento do Brasil com Portugal provocou a Independência do Brasil, que aconteceu em 1822.

Esse seria um momento determinante para o desenvolvimento de uma arte que focasse nos aspectos brasileiros.

Por isso, o nacionalismo e o ufanismo são as principais características dessa fase inicial, unidas ao tema do índio, eleito o herói nacional.

https://www.todamateria.com.br/

De Nino, o filósofo me-lancólico do Beco da Lama, molhando a arte de viver com goles de uísque: “A vaidade humana, às vezes, é perversa. Não liberta o vaidoso da própria maldição”.

(De: Cena Urbana, Vicente Serejo, Tribuna do Norte)

ERA ASSUENSE O PRIMEIRO SENADOR PELO RIO GRANDE DO NORTE

de: Assu Antigo



Padre Francisco de Brito Guerra nasceu em 18 de abril de 1777, na Fazenda Jatobá, Vila do Açu, Vila Nova da Princesa, atual Assu (a partir de 1845), onde estudou as primeiras letras com o padre Luiz Pimenta Santana. Era filho de Manuel da Anunciação Lira e Ana Filgueira de Jesus.
Está nas páginas da história que Brito Guerra foi o primeiro senador pelo Rio Grande do Norte. O seu mandato foi exercido entre 1837-1845, no Rio de Janeiro, ainda no tempo do Brasil Império quando aquela corte era denominada de Senado Vitalício ou Senado do Império, terceira e sexta legislatura. Antes, Guerra teria sido deputado a primeira Assembleia Legislativa Provincial, 1835-1837, que foi instalada à 2 de fevereiro de 1835, chegando a presidir aquele legislativo potiguar, além de suplente de deputado geral chegando a assumir entre 1831-1833, 1834-1837, quando foi escolhido para exercer o mandato de Senador do Império pelo Rio Grande do Norte, sendo empossado no dia 10 de julho de 1833.
Foi o primeiro norte-rio-grandense (assuense) a exercer a alta câmara do país, ou seja, o Senado do Império, hoje Senado Federal.
O escritor Francisco Amorim depõe que Brito Guerra, ao fazer o seu testamento em data de 2 de novembro e 1844, declarou ser natural da Freguesia do Assu. Já, o presidente da Província do Rio Grande Casimiro José de Morais Sarmento no documento Projeto de Lei número 124, de 16 de outubro de 1845, que elevou a Vila Nova da Princesa a categoria de Cidade, escreveu: Assu "Pátria do finado Senador Francisco de Brito Guerra?" É, portanto, Francisco de Brito Guerra, o primeiro senador pelo Rio Grande do Norte.
Por fim, Francisco de Brito Guerra e morrera em Caicó e está enterrado na igreja matriz de Nossa Senhora de Sant’Ana, daquele município seridoense, onde Padre Guerra vivera parte da sua vida. Pena que a Rua Brito Guerra onde hoje é avenida denominada Senador João Câmara, na cidade de Assu, teria sido tirada, se não me engano, em 1958.
Sobre a trajetória de Brito Guerra ainda tem muito a se contar e dizer!
Fernando Caldas

sexta-feira, 12 de abril de 2024

Fotografia tirada no São João do Assu, 2013. Na foto, da esquerda para direita: Fernando Caldas/Fanfa, Juscelino França, Betinho Rosado, Zé Maria e Carlinhos Bezerra. Os quatro ultimo já estão no andar de cima, brilhando lá no céu! Betinho Rosado foi deputado federal, secretário de governo. Encantou-se hoje,11, na sua cidade Mossoró.



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