quarta-feira, 13 de maio de 2015

10 BENEFÍCIOS DO VINHO PARA A SAÚDE

10 benefícios do vinho para a saúde
São muitos os mitos e as verdades que surgem a respeito do vinho. Descubra 10 benefícios reais do vinho para a saúde!
Vinho ajuda a circulação sanguínea, isso é fato. Vinho não engorda... Não tão fato assim. Tem gente que supervaloriza, quase como se fosse um remédio, e até usa essa desculpa para beber cada vez mais. Na contramão, há quem abomine, quase sempre se utilizando da desculpa de o vinho ter mais álcool do que qualquer cerveja.
Que a verdade seja dita, vinho é uma bebida alcoólica, e como tal tem seus riscos. Mas também traz muitos benefícios à saúde (quando consumido da maneira e na quantidade correta). Não fique mais na dúvida. Listamos 10 bons motivos para você continuar a beber aquela taça nossa de cada dia!

1. Um escudo natural

Um escudo natural, é isso o que o vinho faz no organismo. Segundo pesquisas da Sociedade Europeia de Cardiologia, basta uma taça diária para diminuir em pelo menos 11% o risco de infecção por bactérias que causa uma série de doenças, como úlceras, gastrites, infecções e muitos tipos de câncer. Isso sem falar que o vinho é o único que não afeta o sistema imune!
Isso só para começar a listinha... Está bom ou quer mais?

2. Boa nova para os ossos e veias: adeus dorzinhas, adeus varizes

Cansado daquelas dorzinhas nas “juntas”? Cansada de desentupir as veias todos os anos? Duas taças de vinho tinto por dia, eis a solução. De acordo com estudos de universidades americanas e suecas, beber moderadamente, principalmente em idades mais maduras (a partir dos 40), fortalece os ossos, veias e artérias, prevenindo muitos problemas que podem surgir no futuro (como osteoporose e varizes).

3. Grávidas à vista

Muitos casais talvez nunca tiveram este problema, mas às vezes, engravidar não é assim tão simples. Isso se deve a uma série de características do organismo feminino que podem fazer uma gravidez demorar até um ou dois anos para chegar. Do mesmo jeito que não se sabe por que isso acontece, o Centro de Ciência Epidemiológica Dinamarquês, após um levantamento enorme, constatou que beber vinho regularmente diminuiu quase um terço do tempo de espera entre 30 mil mulheres estudadas.
4. Engorda ou não engorda?
Talvez o ponto mais polêmico de todos... Afinal, vinho engorda ou não? A resposta pode parecer triste, mas engorda, sim. Mas também, tudo na vida engorda, só água e chá verde que não (e olhe lá!).
Mas fique tranquilo, há mais pontos positivos do que negativos nisso tudo. Dentre todas as bebidas alcoólicas, o vinho é que tem menos calorias, se bebido moderadamente, claro. E considerando a dosagem. Por exemplo, se comparar um copo de cerveja com a mesma quantidade de vinho, o vinho será mais calórico. Isto porque o teor alcoólico dele é mais alto. Por outro lado, se comparar a mesma dosagem de vinho e destilado, o destilado será mais calórico.
Além disso, é a bebida que menos se transforma em gorduras localizadas – aquela “barriguinha de chope” não é perigo. Um estudo dos epidemiologistas da University of Buffalo relata que os que haviam consumido vinho nos últimos 30 dias, apresentavam menor tamanho abdominal. E para fechar com chave de ouro, o teor alcoólico do vinho – nem tão baixo quanto o de uma cerveja, nem tão alto quanto dos destilados – encoraja o corpo a queimar calorias por até 90 minutos depois de beber!
O que engorda no vinho é, na verdade, o açúcar que não se transforma em álcool durante a fermentação (chamado de açúcar residual). Os vinhos de sobremesa, é claro, saem em disparada quando o assunto é esse tal açúcar, seguido pelos espumantes Moscatel. Ah, isso sem falar nos espumantes demi-sec e doux, que são mais açucarados que os brut, extra-brut e nature.
Apesar disso, alguns vinhos secos também entram na lista - White Zinfandel, Riesling, Merlot, Malbec, Cabernet Sauvignon e Carménère - isso porque produzem mais açúcar e álcool. Por outro lado, Sauvignon Blanc, Gros Manseng e Pinot Noir vêm para, literalmente, equilibrar a balança!

5. Calma, menino

Sabe quando a gente junta um monte de coisa, fica irritado e do nada explode? Não precisa de calmante nem maracujá, o vinho pode melhorar sua qualidade de vida.
Segundo a escola de medicina da Universidade de Boston, beber com moderação leva a resultados melhores em testes de habilidade, emoção, mobilidade (olha só que interessante) capacidade de entender na meia-idade... Seria isso paciência?

6. Calce os tênis de atleta

resveratrol, a famosa substância saudável dos taninos, é a “whey protein” do coração, além de trazer um benefício a mais à pessoas com tendência a ter diabetes. Experimentos de laboratório da Universidade de Alberta, no Canadá, descobriram que duas taças de vinho por dia aumentam o colesterol bom e diminuem o ruim. Mas não basta beber e esperar suas glórias – para o efeito funcionar, é preciso se mexer, caminhar e fazer exercícios.
Mas, como o antioxidante faz tudo isso? Ele pode diminuir os níveis de açúcar no sangue e reduzir a pressão arterial. Mas a recomendação é aquela de sempre: duas taças por dia, nada mais, senão outros problemas piores podem surgir.

7. Não está enxergando?

Pois é, a idade vem chegando, e algumas coisas vão indo. A visão é uma delas. Começamos a usar óculos, apertar os olhos, ler de longe... Mas dá para fazer as marcas da idade chegarem um pouco mais tarde. De acordo com estudos do Departamento de Oftalmologia da Universidade de Udine, o vinho é a única (a única!) bebida capaz disso. Beber moderadamente por anos deixa mais lenta a degeneração da retina e ainda previne os riscos de cegueira.

8. Guarde na memória

Não se lembra da data de casamento, mas lembra direitinho o nome, safra e uva daquele vinho que adorou há anos atrás? Isso tem explicação. O vinho ajuda a preservar a memória mesmo na terceira idade. De acordo com o setor médico da Universidade do Arizona, isso acontece porque o vinho previne o sangue de coagular e reduz a inflamação dos vasos, ambos relacionados ao declínio de memória.

9. O remédio do dia seguinte

Quem gosta de vinho, gosta de comida, é fato. Quem gosta de comida, pelo menos uma vez na vida já sofreu com uma intoxicação alimentar, isso também é fato. A cura? Tomar sopinha, comer arroz com legumes, muita água... Tudo isso por muitos dias. Uma coisa que os médicos deveriam recomendar também é uma taça de vinho por dia – segundo um estudo da Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica Porto, ela praticamente mata a bactéria responsável pela intoxicação e deixa muito mais rápida a recuperação.

10. Aumenta o desejo e a satisfação sexual

Uma pesquisa publicada no The Journal of Sexual Medicine, realizada com 800 mulheres italianas, concluiu que quem consome duas taças de vinho por dia, apresenta aumento no nível de desejo e satisfação sexual. Isto acontece porque os compostos do vinho tinto aumentam o fluxo de sangue em áreas específicas do corpo.

Um ponto ruim...

Nem tudo é tão bom assim. Homens, sinto lhes dizer, mas ao mesmo tempo em que as substâncias do vinho dilatam e fortalecem os vasos sanguíneos, o que faz muito bem para a nossa circulação, quem sofre são os vasos, digamos, mais íntimos. Acontece que o sangue não precisa fazer uma pressão tão grande quanto normalmente, e isso resulta em menos ereção e performance sexual...
É, pessoal, mais um bom motivo para não “chapar o coco” e sair fazendo o que não devia para depois culpar a bebida – na hora H, pode ser que não funcione.

Mas a maior parte é boa, não é?

Agora que você já sabe o que é fato e o que é balela, não precisa mais ter medo de vinho nenhum. Mas lembre-se: tudo o que é exagerado é ruim, então beba com moderação!
Por Rafa dos Santos
http://sonoma.com.br/

ABOLIÇÃO DOS ESCRAVOS NO ASSU

Hoje, 13 de Maio, é o dia da Abolição dos Escravos. O livro intitulado de A História da Escravatura no Assu, editado em 1885 e reeditado (edição fac-similar) pela editora Sebo Vermelho Edições, de Natal, conta "a história da abolição no Assu", Rio Grande do Norte, bem como determina as datas e a ordem dos acontecimentos históricos, relativos a escravos africanos e da "Áurea Lei que aboliu a escravidão".
(Fernando Caldas na sua plaquete sobre o título Assu, Grande, 1995, depõe que a Campanha Abolicionista na terra assuens fora feita com muita euforia. Criaram a Libertadora Assuense, a 13 de Maio de 1883 que, em 24 de Junho de 1885 obteve vitória, libertando os escravos existentes naquele município).
Nas páginas do livro A História da Abolição no Assu está registrado que o Assu fora um dos primeiros municípios brasileiros depois de Mossoró/RN, cidade a oeste de Assu distante 72Km, a abolir os escravos existentes naquele município potiguar, em 24 de junho de 1885. Senão vejamos nas imagens postadas abaixo:
Fernando Caldas



terça-feira, 12 de maio de 2015

segunda-feira, 11 de maio de 2015

Quase 13 mil pessoas visitaram o Parque da Cidade no mês de abril


by vivernatal

Foto: Alex Régis
Caminhando ou por meio de bicicleta e carro, quase 13 mil pessoas visitaram o Parque da Cidade Dom Nivaldo somente no mês de abril, seja para a prática de exercícios, para o lazer ou para estudar. O número exato é 12.715 e 7.131 deles entraram na Unidade de Conservação do município de Natal pela portaria do bairro de Cidade Nova por onde passam diariamente 237,7 pessoas. Pela portaria da Av. prefeito Omar O´Grady, no bairro de Candelária, entraram outras 5.584 pessoas no último mês, sendo 186,13 diariamente. Juntas, as duas portarias receberam 423,83 visitantes, por dia, em abril.
Somados todos os números, o Parque da Cidade recebeu, de janeiro a abril deste ano, 59.603 pessoas, uma média de 496,69 visitantes diários. A previsão anual de visitas se coloca em 178.809 pessoas até o fim do ano de 2015. “São vários os fatores, além da beleza arquitetônica, que atraem as pessoas ao Parque da Cidade Dom Nivaldo Monte”, justifica Carlos da Hora, gestor da Unidade. E complementa: “Temos uma brisa e pôr-do-sol maravilhosos; nossa equipe é treinada para bem receber quem sai de sua casa para passear aqui; Temos um zelo muito grande pela conservação e limpeza do lugar, o que chama a atenção das pessoas; Temos a única biblioteca do estado que abre todos os dias ininterruptamente, sem contar os atrativos que montamos para que todos saiam satisfeitos daqui”, argumenta o gestor.
O Parque da Cidade Dom Nivaldo Monte tem recebido um grande número de eventos de empresas privadas e da Prefeitura de Natal, além dos agendamentos feitos pelas escolas públicas e particulares e diversas instituições do estado. A biblioteca, por funcionar diariamente, das 8h às 18h, e pela tranquilidade do local, é utilizada também por estudantes “concurseiros” e de escolas e faculdades. Estudantes como Ícaro Carvalho, Mário Sérgio e João Victor, que cursam engenharia Civil na UnP, utilizam a biblioteca e seus livros para pesquisar sobre o Parque da Cidade e a sua arquitetura. “O professor pediu um trabalho sobre uma obra arquitetônica da cidade e nós escolhemos o Parque da Cidade. Eu sou de Pau dos Ferros e sempre que passo por aqui, sinto vontade de entrar e essa foi a oportunidade”, revela Ícaro Carvalho.
Fonte: Assecom

domingo, 10 de maio de 2015

Vinho Carlota Joaquina Tinto 

Descrição do Produto

Vinho Carlota Joaquina Tinto
Caracteristicas: Carlota Joaquina foi infanta da Espanha, princesa do Brasil e rainha de Portugal por seu casamento com Dom João VI. Ficou conhecida como a Megera de Queluz, mas acabou por ser a portuguesa que mais antecipou a moralidade sem preconceitos. Elaborado com Castelão, Aragonês e Trincadeira esse vinho possui agradáveis notas de frutas vermelhas, paladar harmonioso e textura sedosa.

RELEMBRANDO DIRETAS JÁ


Concentração pública na praça Gentil Ferreira, bairro Alecrim, Natal/RN. Fotografia do ex-governador/RN, Geraldo Melo.

sábado, 9 de maio de 2015

CÂNDIO CAMBÃO

                                              Imagem do blog.

À memória de:

Luiz de Galdino

Zé Piolho

Camila Olegário Freire

Absalão Pinheiro Maia

Manoel Antônio da Fonseca

Joaninha de Pipiu

Varzeanos antológicos que respeitavam a pureza e a liberdade do linguajar sem preconceitos, mantendo, apesar da censura, um clima que aceitava o vocabulário do beradeiro tal como se apresentasse.

O autor

APRESENTAÇÃO

O cantador - é bom deixar bem claro - não é cantor, aquele que apenas canta, chamado de intérprete. Há conotações e peculiaridades próprias que identificam o CANTADOR, que, além de cantar, faz de improviso os versos com que trabalha. Canta, compõe, cria e produz. Quando aparece nas recomendações gramaticais, cantador é adjetivo: O pássaro cantador, o carro-de-bois cantador, etc. No caso de poeta repentista, violeiro, se diz CANTADOR e se usa como substantivo - o cantador. É o poeta da viola, o repentista, uma arte que só se concilia com o cantador. E são cantadores todos os poetas violeiros, improvisadores, repentistas, produzidos por este Nordeste que, através deles, viu nascer e morrer cantando as dores e as alegrias suas e de seu povo.

Encontramos em Guerra Junqueiro, um dos mais nobres poetas portugueses, contemporâneo de Camões, no prefácio que fez a um trabalho de um de seus confrades, intitulado O Cantador de Setúbal - uma referência que glorifica esse profissional. Ele diz: "Que título augusto, que nome ideal para um vivente - O Cantador! Que nome ideal para um destino! Cantar o riso, o beijo, o olhar, a dor e a lágrima. Como eu te invejo, cantador!"

Em Orlando Tejo, autor de Zé Limeira - O Poeta do Absurdo, vemos o que constitui a glorificação do poeta improvisador: "Os cantadores constituem imensa legião de homens que cantam, sonham, sofrem e brincam de viver no mundo, pescando estrelas, caçando ilusões, plantando tardes, colhendo manhãs, levando a sua mensagem sutil e profunda, tímida e vigorosa, ao povo ávido de poesia que os ouve embevecido".

Perpetuaram-se, na literatura do Nordeste, como cantadores, nomes que honram a nossa cultura, cantando e escrevendo, como: Fabião das Queimadas, Romano da Mãe Dágua, os irmãos Dimas, Otacílio e Lourival Batista, Zé Pretinho do Piauí, Cego Aderaldo, Oliveira de Panelas, Manoel Calixto, Eliseu Ventania, Chico Traíra, os irmãos João, José e Sebastião Zacarias, Alípio Tavares, José Alves Sobrinho, Inácio da Catingueira, Severino Ferreira, Zé Limeira, Cândio Cambão, e tantos que o tempo levou, mas deixaram sucessores que honram a sua memória. E estão ainda por aí: Ivanildo Vilanova, Antônio Francisco, Crispiniano Neto, Antônio Sobrinho, Joaci Zacarias, Alípio Tavares Filho, Paulo Varela, os mais próximos de nós, e uma legião de outros que transmitem literatura tradicional, consagram a nossa cultura e dão ao Nordeste brasileiro a sua roupagem para acesso aos centros culturais, às academias hoje existentes no Brasil e alhures. Está aí Antônio Francisco, membro da Academia Brasileira de Literatura de Cordel, com muita honra para o Rio Grande do Norte e para o Nordeste brasileiro.

E o ritmo, o estilo não é um só. Há os tipos de conjunto de versos, nomeados de acordo com a técnica, o ritmo, o diapasão, o tema, o número de versos, o número de sílabas, que têm padrões, características e melodias próprias, porém tudo sem fugir ao referencial que é CANTORIA e seus artistas são CANTADORES. Cantador ou cantoria se refere exclusivamente ao produtor e ao produto da improvisação em versos rimados, cantados sob diversas formas: desafios, chamados pelejas, como a do Cego Aderaldo com Zé Pretinho do Piauí, Riachão com o Diabo, na cidade de Açu, epopéias históricas, trágicas ou cômicas, como Os Doze Pares de França; romances e amores locais ou de outros horizontes, como a história do Pavão Misterioso; e uma antologia de louvações ou de críticas ao cotidiano. São apresentados, geralmente, em duplas de cantadores ou em unidades isoladas, que se esmeram no ritmo, na rima, na métrica e no palavreado, um linguajar próprio, tudo dentro dos padrões da cultura local.

O tipo de versos, de acordo com a formação e a melodia é que identificam o sistema que pode ser baião, martelo, galope, quadrão, sextilha, sete-linhas, mourão, mourão-em-sete, você cai, mourão voltado, quadrão em oito, quadrão em dez, quadrão à beira mar, martelo alagoano, gabinete, toada alagoana, oitava rebatida, nove palavras por seis, gemedeira, galope à beira-mar, martelo agalopado e glosa. São as principais formas como se apresenta a cantoria no Nordeste, onde nasceu, e se espalhou hoje pelo Brasil inteiro.

Manoel Bandeira, o grande autor de VOU-ME EMBORA PRA PASÁRGADA, certa vez, em Pernambuco, depois de ouvir um festival em que se apresentavam, dentre outros não menos famosos, Dimas e Otacílio Batista, confessou, contrito, a sua incompetência, diante daqueles gênios, e publicou, em 1937:

"Vi cantar Dimas Batista,
Otacílio, seu irmão.
Quer a rima fosse em inha,
Quer a rima fosse em ão,
Caíam rimas do céu,
Saltavam rimas do chão.
Tudo muito bem medido
No galope do sertão.
Saí dali convencido
Que não sou poeta não".

CÂNDIO CAMBÃO - Irreverente, porém poeta

Quem conhece a literatura hoje chamada de cordel sabe que os versos não se limitam a quadras, a sextilhas, ou a alguns outros padrões isolados da poesia universal. O Cantador, como é chamado o poeta repentista, pode fazer seus versos de acordo com as circunstâncias e exigências do momento. O seu universo se restringe ao Nordeste brasileiro. Antigamente, quando se falava em versos ou estilo alexandrino, não havia dúvida. Tratava-se do soneto - aquele poema inconfundível, de 14 versos, alinhados em dois quartetos e dois tercetos. Ainda hoje, quando se fala em trova, todos sabemos que são estrofes de quatro versos, de sete sílabas cada verso e todos os quatro com rimas do primeiro com o terceiro e do segundo com o quarto.

CÂNDIO CAMBÃO, nunca se soube se teve, de batismo ou de registro, outro nome ou sobrenome. Também nunca foi obrigado a exibir documento de identidade. Sua identidade era a viola que representava o grande poeta repentista da Várzea do Açu. Era um tipo especial. Apresentava-se nas funções com uma viola maltratada, porém super afinada. Vestia um paletó, que não tinha mais cor original, mas que, pelas dobras de baixo da gola dava a impressão de haver sido branco. Estava sempre de pés descalços.

Abraçava carinhosamente a sua viola, com veemente apreço, por quem demonstrava raríssima e incondicional afeição. Impunha-se pela personalidade, pela altivez de seus versos, mesmo irreverentes; pela liberalidade de sua poesia; pela intimidade com a população; pela auto-suficiência dos temas e dos motes que glosava num improviso sem titubeios; enfim era um beradeiro autêntico, um poeta sem fronteiras e sem preocupações com os estilos ou com a censura.

Nas memoráveis cantorias que estrelou, sozinho ou acompanhado, tinha por hábito abrir os trabalhos com estes versos:

Eu aqui me chamo Cândio
Por apelido Cambão,
Moradô no Logradô,
Manicípo do Alemão
Se não tem com que me pague
Eu recebo inté feijão.

Sabe-se que tinha dois filhos. Um, chamado Pascoal que às vezes aparecia cantando com ele e um outro, chamado Juvenal, que vivia de fazer recados, e de entregar encomendas a troco de um pão doce que recebia como recompensa. Quando era solicitado para uma empreitada dessas, perguntava ao empreiteiro como queria que fosse: de avião, de motocicleta, de caminhão ou de cavalo. Conforme a preferência do mandante, ele saía de Porto do Mangue para a Redonda, uma distância aproximada de 20 quilômetros, exibindo a posição do transporte em que imaginava estar viajando. Se fosse de avião, ele iria de "asas abertas" desde a origem até o destino. Às vezes, o dono da encomenda perguntava a viajantes que o encontravam no percurso e recebia informações de que o haviam encontrado na mesma posição usada ao iniciar a jornada.

Andarilho, nômade, sem origem e sem destino, pernoitando onde lhe permitissem arranchar-se, Cândio Cambão, tendo por companhia apenas a sua viola, aceitava desafios e convites para cantorias, sem preferência de temas que podiam ser história, geografia, política, religião, as asperezas e as ternuras do varzeano, enrolava tudo no seu linguajar. Às vezes, até debates conhecidos por PELEJAS, em que se discutiam em versos rimados e metrificados, discorrendo sobre a conduta, os atributos e o currículo pessoal, em que os desaforos de parte a parte tinha a preferência da platéia.

Não costumava ser chamado duas vezes para cantar na mesma residência, vez que os padrões de sua linguagem não se conciliavam com as exigências e com os conceitos de moral das famílias da várzea do Açu. A ele pouco interessava se fosse acolhido até o final da função ou se fosse expulso pelos donos da casa. Alguns varzeanos, porém, como Manoel Antônio da Fonseca, faziam questão de reunir familiares e vizinhos que convidava para um festival de poesia, estrelado por Cândio Cambão. Dava imensas risadas e incentivava os assistentes a aplaudir o vate, o gênio, o poeta e seus versos esplendorosos. Quem não concordasse que saísse.

Certa vez, no Guaxinim, uma praia perto de Logradouro e de Porto do Mangue, era época de eleição e os candidatos contrataram o tabelião de Pendências, Absalão Pinheiro Maia, para fazer, de uma só vez, 25 casamentos naquele lugarejo. Reuniram-se, no Grupo Escolar, os noivos, os convidados, as testemunhas, os parentes e os curiosos, sob a liderança de Joaquim Maria, um funcionário graduado da salina Matarazzo, que mantinha considerável liderança no povoado. Presentes também os candidatos, Dr. Limeira, a vereador, no município de Macau, e Dr. Gerôncio Queiroz, a deputado estadual. Não se falava ainda em compra de votos, corrupção eleitoral, nem coisa parecida. O pecado desses eventos com finalidade de angariar sufrágios, se chamava "voto de cabresto" que não era tão grave como querem mostrar os "puristas" de hoje. Não se anulava eleição nem se cassava mandato. O negócio corria mais frouxo.

E os cinqüenta noivos reunidos, seus parentes e os habitantes da comunidade se comprometiam a votar, e votavam mesmo, com os candidatos que patrocinavam eventos dessa natureza.

Dentre os 25 pares de noivos ali reunidos, estava Manteiga, um cidadão que na sua mocidade havia sofrido um castigo de "castração no cepo", por questões de enxerimento com a filha dum fazendeiro, na Várzea do Açu. Como não se perdoavam pecados dessa natureza, a pena imposta ao inditoso Manteiga foi a mutilação de seus testículos no macete, uma cirurgia em que se punham os ovos do condenado sobre um toro de madeira e, com outro, se batia até inutilizar os órgãos reprodutores do infeliz. Assim mesmo. Sem qualquer anestesia, Não há necessidades de se nomear os verdugos de Manteiga, pois em qualquer esquina do universo varzeano se conhece a história e se sabe quais foram os seus autores. É só assobiar.

No ato de celebração das bodas, tomando conhecimento de que dentre os nubentes se encontrava Manteiga, o antológico Absalão chamou-o pelo nome, mandou levantar-se e perguntou à noiva :

- Mulher, tu vais casar com Manteiga, mesmo sabendo que ele foi capado?

Não houve necessidade da resposta da noiva que, se foi dada, não foi ouvida, em virtude da estrondosa gargalhada da platéia. Mesmo assim, não deixou Manteiga de se casar. Só que, acabada a solenidade, por obra e graça de Joaquim Maria, apareceu no recinto, com sua inseparável viola, o poeta da região que não fazia falta em ajuntamentos comunitários. Para abrilhantar a consumação das bodas, foram os presentes convidados a tomar umas talagadas na bodega de Zé de Joaninha, ali na praia, para o que não poderia faltar Cândio Cambão, o mais afamado repentista, o cantador mais liberal, de improvisos mais coerentes com a linguagem dos beradeiros, com os costumes e com os padrões de vida de toda a ribeira do Açu, até as margens do Oceano Atlântico, ou para além se tivessem como divulgar. Que não precisava de concorrente, de companheiro ou de colega para fazer brilhar os seus versos, os seus temas, as suas rimas, os seus galopes, tudo ao sabor da população que o assimilava, embora fosse censurado nas casas de família, onde os costumes, os hábitos, a moral não se conciliavam com a liberalidade irreverente do artista que não se apresentava uma segunda vez, dada a prosaica e peculiar qualidade de seu linguajar e de suas rimas.

Se Zé Limeira, descoberto por Orlando Tejo, lá na Paraíba, foi considerado o Poeta do Absurdo, por tiradas dessa natureza, não era favor nenhum nomear Cândio Cambão O ABSURDO DOS POETAS.

Naquele dia memorável, o tema era o casamento de Manteiga. Acomodaram Cândio Cambão num canto do alpendre, abriram-se as garrafas e tome versos. E tome cachaça. Sem companheiro que não lhe fazia falta, Seu Cândio, trajado tipicamente: chapéu de palha de abas não muito pequenas, calça de mescla azul bem surrada, camisa de peito aberto e paletó igualmente meio envelhecido pelo uso e pela falta de sabão e de quaradô, sem calçados nos pés, desde que não era comum esse uso nas areias da praia, começou e seu vozeirão passou a ser ouvido além da costa, das ondas e dos manguezais, mais ou menos assim:

Eu aqui me chamo Cândio,
Por Apelido Cambão,
Nascido no Logradô,
Manicípio de Alemão
Manteiga casou capado,
Só milagre de eleição.
Já vi milagre de santo,
De Padre Ciço Romão
Mas casá home capado
Na véspa de eleição,
Ou é astuça do demo
Ou coisa de Absalão.
Já vi a Mãe-de-Pantanha
Revirá o meu sertão,
Preto Ruívo de noite
Mascarar um barbatão.
Mas casá home capado,
Só milagre de São João.
Já vi coisa nesse mundo
De cortar meu coração,
Vi couro de lobisome,
Rasto de alma no chão.
Só não tinha visto ainda
Home casá sem cunhão.
Valei-me meu São Francisco
Ou Padre Ciço Romão.
Se me fartá um dos dois
Me serve Frei Damião.
Como vai tirá cabaço
Home qui não tem cunhão?
Ao noivo amigo Manteiga
Eu dou um conselho assim.
Em dia de casamento
Não se pensa em coisa ruim.
Se não tem mastro pra vela
Dê um cheiro no xinim.

Saudando os noivos, na hora da saída, Seu Cândio, em voz alta, disse:

Viva a noiva, viva o noivo
E o seu acumpanhamento,
Viva a boceta da noiva
De noite com o pau dento.

E prosseguia nesse diapasão. Não há necessidade de dizer que a platéia se embriagava mais com os versos do poeta do que com a bebida patrocinada pelos candidatos. Essas bodas foram mais comentadas, na Várzea de Açu e na ribeira de Macau, do que aquelas outras de Caná de que o vate também não se descuida e aborda através de referências ao Novo Testamento.

Embora a sua fidelidade aos padrões de linguagem usados na região, hajam sido mais para os ranchos das salinas, os cortes de palha, os terreiros nas noites de festa de Santa Luzia, do que nos alpendres familiares, Cândio Cambão não deixava de ser convidado para algumas casas de família, cujos chefes aceitavam os padrões de linguagem exibidos, vez que eram os mesmos do cotidiano e da vida dos varzeanos. O resto era falsa moral. Seu Manoel Antônio da Fonseca, já nosso conhecido, mantinha, afastado da casa onde morava com os familiares, um alpendre de um armazém desocupado, que reservava para as apresentações de Cândio Cambão, transformadas em verdadeiros festivais de rimas e de poesia que embalavam as noites e quebrava a rotina da comunidade. Convidava os amigos e quem quisesse assistir, levando ou não os seus familiares. E quase morria de rir com os improvisos, com a maestria das rimas, com a métrica impecável dos versos e especialmente com o padrão de linguagem que não considerava falta de respeito, mas coerência, intimidade com um vocabulário que a hipocrisia batizava de imoral. E nem por isso, Seu Manoel Fonseca deixou de produzir uma das mais nobres e castas famílias que ainda honra a sua procedência.

Os "fracos de espírito", os preconceituosos têm medo do tipo de linguagem de Cândio Cambão, de Zé Limeira, de Moysés Sesyom ou Jorge Amado e chamam de imoral. Por isso são desaconselhados a ler, não apenas este, mas diversos e célebres tratados da literatura universal, como:

- Zé Limeira, o Poeta do Absurdo, de Orlando Tejo;
- Eu conheci Sesyom, de Francisco Amorim;
- Os Capitães da Areia e quase toda a obra de Jorge Amado, ainda não superado, no Brasil, que triunfou na mídia universal com a clarividência de seus relatos, descrevendo, em linguagem nua e crua, as ações de seus personagens;

- Michaut e sua História da Comédia Romana;

- William Falkner, Prêmio Nobel de Literatura que publicou Réquiem para uma Prostituta, Santuário, Enquanto Agonizo e outros trabalhos que o celebrizaram, mesmo considerados, pela fraqueza dos preconceituosos, absurdos e até imorais para a sua época.

Existia, na época, em Porto do Mangue, um comerciante chamado João Abreu, de origem paraibana. Entendia de tudo um pouco, vez que era dado à leitura de tudo quanto fosse escrito que passasse por suas mãos. Há colaboradores deste trabalho que afirmam haver Seu Cândio aprendido alguns lances de história e de geografia, nas conversas mantidas com Seu João Abreu, quando, sem ter o que fazer, sentava-se à calçada da bodega e ficava ouvindo leituras e informações que Seu João divulgava com prazer. Gostava dos versos de Seu Cândio e o acolhia em sua bodega para cantar sem qualquer tipo de censura. E fiava seus produtos aos conhecidos, inclusive a Cândio Cambão que, certa vez, sem ter esperança de faturar qualquer trocado que lhe cortasse a corda do pescoço, apelou para João Abreu, oferecendo-lhe versos como aval de uma cuia de farinha que pagaria depois. Obtendo a concordância do comerciante, Cândio Cambão, que já conduzia afinada a sua viola, mandou a seguinte glosa.

Este é Seu João Abreu
Home de ação e de paz,
Apaga fogo com gás,
Sabe onde Jesus se perdeu..
É como o errante judeu
Parente e mulher sem ter
Dá o cu não tem pra quê,
Empresta grana a ladrão
Vende farinha a Cambão
Pra nunca mais receber.

Numa certa noite, Seu Cândio apareceu em Lagoa de Bestas, acompanhado de um filho, chamado Pascoal, já nosso conhecido, igualmente cantador, que foi apresentado à platéia e, embora fossem pai e filho, não estariam livres de se enfrentar em desafios de versos quentes, apimentados, em que predominassem os ataques pessoais, a linguagem habitualmente utilizada e o padrão de rimas livres, sem censura, e sem limites de conceito, de moral ou de outras "machavelices", como dizia Engrácia de Lula, lá no Alemão.

Depois de farto jantar, refogado com umas birinaites, acomodaram-se os poetas no alpendre de um prédio onde, durante o dia funcionava a escola local, e, sob o prestígio de numerosa e selecionada platéia, iniciarem o debate à boca da noite que se prolongou até o quebrar da barra, em que as gargalhadas e os aplausos ecoavam por entre as carnaubeiras e se perdiam por onde o sabão não lava.

Comentando os disparates do evento, alguns dos assistentes, no dia seguinte, repetiam, nas bodegas e nas estradas, versos assim:

Me chamo Cândio Cambão
Nágua doce e na maré,
Negro da barba de bode,
Pescoço de Jacaré,
Vou passar na tua casa
Vou comer tua mulé.

Respondendo, no mesmo diapasão, o filho cantou:

Deixe de cantar lorota
Que comigo ninguém pode,
Pescoço de jacaré,
Véio da barba de bode,
Vou cortar os teus cunhão,
Cuma é que você fode?

Cândio Cambão, de todos os naturais da Várzea do Açu, foi o que mais se identificou com os costumes, com as paisagens, com a linguagem dos beradeiros, vez que não conheceu outros horizontes. Nunca foi além das cidades de Açu e de Macau, os limites geográficos da várzea que percorria a pé, sem necessidade de outras referências a não ser a sua viola e a sua fama de cantador.

E, se gabando, glosava o seguinte mote:

Minha casa é meu chapéu,
Meu currico é a viola.
Fui falá cum a secretára
No tempo do impaludismo,
Sem entendê dos modismo,
Pra me impregá na malára.
A mulé de dura cara
Me pediu meio gabola:
- Documento, meu pachola?
Respondi no meu cordel:
- Minha casa é meu chapéu
Meu currico é a viola

E, quando era convidado a uma apresentação, sempre aceitava sem se fazer de rogado, consciente de seu talento e de seu poder de versejador, de glosador dos mais variados temas, enfim auto-suficiente como cantador e dono de uma linguagem, por alguns considerada imprópria, censurada, por outros, porém, digna de aplausos e de repetidos comentários nos diversos ajuntamentos comunitários e que hoje, apesar da censura da época, ilustram comentários e narrativas dos mais variados e ilustres autores.

Nos assistentes, havia sempre alguns que davam motes para ser glosados. E não faltava, dentre esses, uns mais inconvenientes que provocavam a irreverência do poeta, só pra ver a confusão. Seu Cândio tinha como lema não deixar pergunta sem resposta e mote sem glosar. Achava que o mote era um desafio a sua capacidade. Mais aguçado do que os outros, brincalhão e debochado, Parrudo, lá em Porto do Mangue, um dos assistentes, escolhia motes para provocar a censura, a confusão e o entusiasmo da maioria. Numa certa noite, deu ao cantador o seguinte mote:

O dono da casa é corno
E a dona foi feme minha.

Cândio Cambão que não deixava mote sem resposta, disparou:

Discurpe o dono da festa
Mas o mote eu vou rimá
Eu conheço o meu lugá
E sei inté quem não presta
Marco no couro da testa
Pra mostrá que a posse eu tinha
Ando uma légua todinha
Pra comê mulé no torno.
O dono da casa é corno
E a dona foi feme minha.

Outras vezes, era solicitado para louvar as moças da platéia e os versos pulavam como pipoca no tacho.

Morena dos ói azul
Dos beiço munto incarnado
Vou fazê o meu reinado.
Lá na cidade do Açu.
Vou comê o teu angu
Nem que precise casá
Mesmo assim eu vou botá
Teu retrato num espeio,
Vou fazê dos teus penteio
Uma corda de laçá.

Tinha, raras vezes, crises de decoro e fazia versos assim:

Na ponta daquele sítio
Tem quatro classe de gente
Qui só anda de magote:
Batata com Catapirra,
Cambão, Pandoca e Timote.
Duravam pouco essas crises.

Na praia de Pedra Grande, perto do Rosado, atual município de Porto do Mangue, cantava na casa de Antônio Carreiro, quando uma lagartixa caiu do teto no meio da sala e, apavorada com o burburinho que criou, correu subiu pelas pernas de uma moça que fez uma zoada medonha, pulando e gritando, sem se livrar da lagartixa que, quanto mais fechava mais prendia a bicha entre as pernas. Seu Cândio aproveitou o momento e o motivo e fez uns versos que terminavam assim:

A Lagatixa caiu
E levantou-se depressa,
Subiu nas pernas da moça.
Quanto mais ela pulava
Mais se escondia na brecha.

Os parentes e amigos da moça ficaram ressentidos e não aceitaram a referência. CândioO Cambão quis correr, mas era tarde. Acabou apanhando, dessa vez.

Cantando, doutra feita, na casa de um novato chamado Antero, recém chegado na Várzea e pouco conhecedor das pessoas, dos hábitos e da conduta de Cândio Cambão, aceitou a proposta de uma cantoria, para o que convidou os vizinhos e a comunidade. Lá para as tantas, já meio "chulado", Cândio Cambão começou a cantar loas aos presentes e se saiu com esta:

No dia qui eu amanheço
Cum três quente e dois queimando,
Cum o cabelo fumaçando,
Os amigo eu discunheço.
Pego do fim pro começo
Desprezo o qui Deus mi deu
Esqueço inté quem sou eu,

Mas vou lhe falá sincero:

Eu como o cu de Antero
E Antero num come o meu.

Foi suficiente para ser decretado o encerramento da cantoria e a expulsão do cantador.

Outra noite, não ficou bem esclarecido se na casa de Manoel Fonseca (hein, Tibúrcio? foi lá?), Cândio Cambão, desinibido, cantava assim:

Eu cantei no Juazeiro
Do Pade Ciço Romão
Me pagaro cum feijão,
Mas cantei um mês inteiro.
Me atraquei cum violeiro
Do cariri, do sertão,
Cantei martelo e quadrão
Cum um tá de Zé Limeiro
Deixei prenha num puteiro
A mulé de Lampião.
Inda sou bom nesse prato,
Me censure quem quisé,
Pra comê uma mulé
Corro, brigo, morro e mato
Topo quarqué desacato,
Enfrento inté bataião.
Eu faço qui nem Adão
Como Eva, a maçã, e a cobra.
Sou pau para toda obra
E tenho munta tesão.

Não se escusava de fazer seus versos sobre qualquer tema e se gabava de haver aprendido história, especialmente a sagrada. Vibrava quando lhe pediam para glosar motes do Novo Testamento, sobre o que discorria com relativa sabedoria adquirida em palestras com Seu João Abreu, um comerciante ali instalado, sem familiares, que lia muito e fazia questão de dividir com o poeta a cultura adquirida. E são a Cândio Cambão atribuídas, por colaboradores de fé, as seguintes produções:

Para ele, Jesus Cristo e os seus pares que citava eram seres humanos como ele, como os demais que conhecia. Usava sua irreverência sem problemas com heresia, com blasfêmia, com sacrilégio, que não constavam de seu vocabulário. E os personagens da história religiosa se apresentavam mais humanizados, sem a auréola de divindade, que ele exibia assim:

Jesus quando veio ao mundo
Foi na Barca de Noé,
Se casou cum Salomé,
Sobrinha de São Raimundo.
Correu o mundo e o fundo
Amuntado num jumento.
Fez um grande movimento,
Tocando uma concertina.
Se arranchou na Palestrina
Diz o Novo Testamento.
Não tendo mais qui fazê
Jesus foi pra Galiléia,
Armuçando na Judéia
Comeu siri cum dendê,
Depois passou a dizê
Suas missa em pé quebrado
Batizô improvisado
São João e Santo Expedito
Assim é que tá escrito
No testamento sagrado.
São José desconfiado
Da gravidez de Maria,
Mandô fazê na Bahia
Exame balanceado.
Não gostou do risultado
Que apareceu no momento
E já menos ciumento
Disse: deixa isso pra lá.
Assumiu sem recramá,
Diz o Novo Testamento
De barro Adão foi formado
E Eva duma costela,
Ele deitado mais ela
Fez o primeiro pecado.
E quando tava escanchado
Qui parecia um jumento,
Cum o pauzão todo dento,
Lembrou-se qui tava nu.
Deu-lhe uma câimbra no cu
Diz o Novo Testamento.
Se a história é verdadeira
E não me falha a memóra,
Adão não contou históra
Passou Eva na madeira
Numa grande bebedeira,
Sem esperá casamento
Tarado qui nem jumento,
Comeu maçã, cobra e tudo.
Quem duvidar fica mudo,
Diz o novo testamento.
Jesus curava ferida
De toda espécie da terra.
Desde a febre berra-berra
A espinhela caída
Ressuscitou e deu vida
A branco, preto e amarelo.
Curou até um sunguelo
Qui tinha mal de travage,
Só não curou a fogage
Qui deu no cu do guachelo.

Tinha também seus rasgos de patriotismo, de amor à terra. Não aceitava que ninguém destratasse as pessoas nem a localidade onde morava. O vigário de Açu, Mons. Júlio Alves Bezerra, se indignou, certa vez, com a negativa dos pescadores locais em contribuir com recursos para recuperação do telhado da capela. Os pescadores alegavam que todo o dinheiro arrecadado em Porto do Mangue, era levado para o Açu. O vigário, ameaçando, disse que o dinheiro dos pescadores, utilizado em bebedeira, jogo e prostituição, em vez de recuperar o telhado da capela, iria servir aos moradores para a compra de medicamento e luto para seus familiares, numa autêntica ameaça de tragédia e de praga rogada para cair sobre a localidade.. Realmente, em seguida a essa premonição, ocorreu a epidemia do impaludismo que matou a maioria dos habitantes do vilarejo..

Cândio Cambão, inconformado e sem outra forma de resistência, divulgou, numa cantoria, os seguintes versos:

Padre Júlio do Açu,
Se veste cumo urubu,
Pra benzer e excomungar
Anda com um ajudante,
De andar mei rebolante,
Seu fresco particular.

São poucos os varzeanos ainda existentes, admiradores da velocidade, da segurança e da espontaneidade das glosas de Cândio Cambão, aliadas a uma criatividade somente nos gênios identificada. Se fosse vivo ainda, poderíamos, com muita justiça, batizá-lo de Sabiá das Carnaubeiras

Não se enfadava. Estava sempre inspirado e, a troco de uma bicada de cana, em qualquer bodega, atendendo aos pedidos dos amigos mais curiosos e desafiadores de seu talento, rimava de improviso loas, críticas ou elogios. Tanto fazia louvar as qualidades quanto descrever os defeitos. Seguem algumas localizadas na memória dos admiradores, sem origem ou identificação:

Foi poucas vezes à cidade de Macau. Numa delas, lhe mostraram um rapaz alegre, desses que hoje chamam boiola, e Seu Cândio, sem gaguejar, emendou:

Os frescos de hoje em dia
Têm mania de Polu(*)
De coçar a própria tripa
Quando a coceira é no cu.


(*) Polu era um veado velho, seu conhecido.

E não lhe faltava inspiração. Estava pronto e fazia, de improviso, com ou sem censura, versos críticos ou elogiosos. Suas loas saíam bem rimadas, rigorosamente metrificadas, sem obediência a métodos, estilos, ética ou moral. As rimas lhe saltavam da mente, sobre qualquer assunto, sem obrigação de escolher outro linguajar que não fosse o seu habitual.

Vejo mocinhas bacana
Procurá lugá escuro
Com os noivo em toda festa
Agarrada no pau duro,
Diz arriando a calcinha:
- Bote essa porra todinha,
Encoste testa com testa.
Pressas mocinhas vadias
Que andam de corpo nu
Eu queria ter a pomba
Do tamanho de um muçu,
Pra empurrá na buceta
E sair atrás do cu.
Indo de Açu pra Macau
E de Macau para o Açu,
Eu tanto como buceta
Cumo também como cu.
Já diz um ditado nobre.
Toda roupa serve um nu.
Não, mas você de colete
E de gravata não cobre
A cabeça do cacete
Nem a regada do cu.
Eu gosto munto de vinho
Mas só me dão aguardente
Mesmo assim desce macia
Cumo pica em cu de gente.
Eu já fui e já vortei
E agora não vorto mais
Qui eu num sou coro de pica
Pra tá pra frente e pra trás.

Glosas

Já tive pica afiada
Mais dura do que macete,
Às vezes era um cacete
De quebrar castanha assada
Hoje não vale mais nada
Não há força que descole,
Se a boceta for um fole,
Eu empurro com o dedo.
Já fodi de fazer medo
Hoje tô de pica mole.
Já fudi uma tabaca
Cum mei palmo de pinguelo
Fiquei azul, amarelo,
Cum a catinga de suvaca.
Fazendo vez de macaca
Me encosntei num pé de muro.
Era uma noite de escuro.
Chegou uma mulé preta,
Fudi cu, fudi boceta
Inda saí de pau duro.

(*) Agradecendo a valiosíssima colaboração de Álvaro Fernandes Freire, Nelson Borges, José Lopes, Francisco Almeida, Tibúrcio Fonseca, o autor reconhece que não seria possível o resgate e o registro das facetas poéticas de Cândio Cambão, sem o incentivo e sem as informações aqui catalogadas.

CULTURA REGIONAL

CÂNDIO CAMBÃO

Resgate de Valores Culturais

GILBERTO FREIRE DE MELO

CULTURA REGIONAL

Postado por Falando de Saberes

(http://blogdofernandocaldas.blogspot.com.br/)


Natal é destaque na Rede Vida

A Cidade do Sol foi cenário para as gravações do programa "Rede Vida Visita". A diretora e apresentadora Claudia Tenório Carvalho Monteiro afirmou que o programa gravado no#DestinoDasEmoções com total apoio da SETUR - Natal e da TV Potiguar, irá ao ar no próximo sábado (09)as 21h30 e no domingo reprisa às 19h30.
O programa é transmitido em todo território nacional e mais 69 países. Parabéns a todos os envolvidos. Mais uma grande promoção para o destino Natal.
vivernatal


SETE CASAIS OCUPARAM VAGAS NO PODER LEGISLATIVO

ASSEMBLEIA 180 ANOS:

A vocação política familiar é algo costumeiro no país e no Rio Grande do Norte. No entanto, a transmissão de interesse dos deputados pela atividade parlamentar não está limitado somente aos filhos. Nos 180 anos da Assembleia Legislativa, sete casais já ocuparam vagas no Poder Legislativo.

Maria do Céu, a primeira deputada estadual no Rio Grande do Norte e a segunda no Brasil, eleita em 1935, com 12.058 votos, foi casada com o também ex-deputado Aristófanes Fernandes. Oposicionista ao governo de Getúlio Vargas, a parlamentar teve um curto mandato de dois anos, pois foi cassada em 1937, por discordância das ideias getulistas.

Somente 18 anos depois o Rio Grande do Norte pôde contar com a segunda mulher na bancada parlamentar do estado. Em 1955, Lindalva Torquato foi empossada deputada estadual. A parlamentar foi casada com José Fernandes de Melo, que também chegou a ocupar vaga na Assembleia Legislativa.

Entre os casais, a deputada estadual Mônica Dantas, eleita em 1967, foi a parlamentar com maior número de mandatos, somando quatro. Ela foi a única que exerceu a função junto ao marido. Ao todo, ela esteve durante oito anos dividindo bancada com o marido, o então deputado Seráfico Dantas, continuando no Poder Legislativo por mais dois mandatos após o companheiro deixar o Parlamento.

Nirinha Fernandes, mulher do atual deputado Raimundo Fernandes (PROS), também foi deputada. Eleita em 1995, quando o companheiro não disputou vaga no Legislativo Estadual. Na mesma Legislatura, assumiu a deputada Ivonete Dantas, mulher do ex-deputado estadual Dadá Costa.

Outro casal que ocupou vagas na Assembleia foi Sandra e Laíre Rosado. Na eleição de Laíre para deputado federal, Sandra passou a ocupar o posto na Assembleia.

Na atual Legislatura, a deputada Cristiane Dantas (PCdoB), eleita em 2014, ocupa vaga na Assembleia após a saída do marido, Fábio Dantas, eleito vice-governador do Rio Grande do Norte.

A história sobre o mandato das parlamentares e sobre todos os 180 anos da Assembleia Legislativa está exposta e documentada no Memorial do Legislativo Potiguar, que funciona de segunda a sexta, das 8h às 15h.

ALRN

sexta-feira, 8 de maio de 2015

Preparamos um roteiro de um dia para você aproveitar o Dia das Mães na Cidade do Sol


by vivernatal
O dia das mães está chegando e provavelmente você já pensou muito no que fazer para homenagear a sua mãe num dia tão especial. Para quem não quer se limitar a um almoço e um presente, preparamos um roteiro curto, mais muito gostoso para você fazer com a sua mãe nesta data tão especial. Acorde cedo, chame a família e curta um delicioso dia das mães na Cidade do Sol!
1- Pela manhã a melhor pedida é levar a mamãe para curtir a brisa do mar na Praia de Pirangi. Após um delicioso banho de mar, leve-a para conhecer o maior cajueiro do mundo, seguido de um passeio de barco e mergulho nos parrachos a bordo do Marina Badauê, um passeio que vai deixá-la encantada!Para almoçar a melhor pedida é o premiado restaurante Paçoca de Pilão.
maior cajueiro
Cajueiro de Pirangi - o maior do mundo.
O mergulho nos Parrachos de Pirangi vai encantar sua mãe.
O mergulho nos Parrachos de Pirangi vai encantar sua mãe.
2 - A tarde, que tal levar a mamãe as compras? A cidade está cheia de shoppings de artesanato, que vendem de tudo e todo tipo de tipologias potiguares a preços acessíveis. Tem objetos para decoração, tem roupas, calçados e comidas regionais de dar água na boca! Da praia de Ponta Negra até a Praia do Meio você encontra diversos presentinhos para a sua progenitora.
Sua mãe vai dispor de artesanatos de todos os tipos.
Sua mãe vai dispor de artesanatos de todos os tipos.
3 - Para finalizar, aproveite para ver o pôr do sol do alto do mirante do Parque da Cidade Dom Nivaldo Monte, uma das mais lindas vistas da Cidade do Sol.
Parque da Cidade Dom Nivaldo Monte
Parque da Cidade Dom Nivaldo Monte

De:  Assu Antigo E QUEM SE LEMBRA DA FORMAÇÃO DO GRUPO DOS 11, DO ASSU Era 1963, tempo efervescebte no Brasil, o presidente João Goulart (Ja...