segunda-feira, 26 de julho de 2021

"Não sou nem otimista, nem pessimista.
Os otimistas são ingênuos, e os pessimistas amargos. Sou um realista esperançoso. Sou um homem da esperança. Sei que é para um futuro muito longínquo. Sonho com o dia em que o sol de Deus vai espalhar justiça pelo mundo."
Ariano Suassuna
Pode ser uma imagem em preto e branco de 1 pessoa e ao ar livre

Machadinho, símbolo do jornalismo Potiguar

Por Ney Lopes

Já se disse, que o vencedor na vida é sempre amigo da paz, da boa convivência, da harmonia social.

O símbolo dessa frase foi a vida de João Batista Machado (Machadinho), 78, jornalista, recentemente falecido.

Convivi com ele como repórter nos anos 60.

Quando fui correspondente no RN da Folha de São Paulo (1966 a 1968), ele era do Globo.

Um amigo de longas caminhadas.

Ponto comum nos unia: a origem, na querida terra do Açu, conhecida como a “Atenas Norte-Rio-Grandense”, berço do meu pai.

É a segunda cidade mais antiga do Rio Grande do Norte.

Dr. Ezequiel Fonseca (prefeito do Açu na década de 1930, deputado estadual, presidente da Assembleia Legislativa do RN), editou livro, citando 36 poetas naturais de Açu ou, como diria Manuel Bandeira, “nascidos para a vida consciente na terra dos verdes carnaubais”.

A mãe de Machadinho, dona Letícia, era muito amiga da minha avó, Mafalda. Ambas açuenses. Lembro conversas constantes delas, recordando a poesia nativa. Citavam João Lins Caldas, Renato Caldas.

Algumas vezes ouvi de Machadinho depoimentos sobre a sua querida “terra natal”.

Ele citava episódio da história açuense, que desconhecia.

Foi a mítica “Guerra dos Bárbaros”, travada no Açu, entre os anos de 1687 e 1720, envolvendo os indígenas e os conquistadores da Coroa Portuguesa.

Os bastidores da política do RN estão descritos em inúmeros livros publicados por Machadinho, a quem em vida chamava de “Monsenhor”, pelo seu estilo sacerdotal de tratar os amigos.

Escreveu diversos livros, entre eles “Bastidores do poder – memórias de um repórter”, quando se limita a registrar fatos, preservando os personagens citados

Exerceu cargo de confiança em quatro governos: Tarcísio Maia, José Agripino, por dois mandatos, Radir Pereira e Vivaldo Costa.

Sempre foi grato a esses governadores.

Jamais assumiu posições radicais em relação à classe política. Mereceu o respeito de todos os partidos.

Era membro, por merecimento, da Academia Norte-rio-grandense de Letras, desde 2012.

Quando presidi o Parlamento Latino Americano, convidei Machadinho e Salésia, jornalista, sua esposa, para visitarem a instituição em SP.

Lembro, que ao conhecer a estrutura e relações do Parlatino com organismos globais (Parlamentos da América Latina e Caribe, Europeu, Assembleia Parlamentar Euro-Latino Americana, da China, Câmara de Comércio Brasil e Estados Unidos, Rússia (Duma), OEA, ONU, UNICEF, CEPAL, OMC, OMS. OIT, FAO), ele exclamou:

“Se eu escrever no RN, o que estou vendo e sabendo sobre a importância e posição internacional do Parlatino, dirão que estou mentindo, ou querendo lhe elogiar”.

Pedi-lhe que silenciasse, por conhecer a inveja que aquela minha posição já despertava em alguns e até me prejudicava.

Durante toda a sua existência, ostentou o perfil da sinceridade, bom caráter, erudição.

O seu exemplo perdurará na imprensa potiguar e nas letras do RN.

As sinceras condolências neste momento de dor, à sua esposa jornalista Salésia Dantas, os filhos: João Ricardo e Ana Flávia, demais familiares e amigos.

Honras celestiais para Machadinho

Ele merece!

Ney Lopes é jornalista, ex-deputado federal e advogado

http://blogcarlossantos.com.br/machadinho-simbolo-do.../ 

 

Postado por Aluizio Lacerda 

Nós o lembraremos


Dorian Gray*


(Para João Lins Caldas)


1 Na verdade que pode fazer o justo senão ser palavra e semente neste chão árido?
2 Que os anjos guardem os teus ombros e entre mil o arco de tua lira cante.
3 Pois os que tu conheces já ouviram as tuas palavras e muitos não a entenderam.
4 Mas o teu reino e tua verdade jamais passarão.
5 E caminharás firme com os teus olhos molhados, tua barba hirsuta, repartindo o pão e o mel entre os teus
6 porque a tua enorme humanidade estenderá sempre a mão para tocar á mão de alguém;
7 Para pedir perdão a quem ama e dizer que os seus mortos vivos nunca apodreceram.
8 E abrirá caminhos como os rios sobre a terra;
9 E não nos pedirá nada além do que nos dá e ama.

(O Poti, de Natal, edição de 30 de março de 1958)

*Dorian Gray (Caldas), pintor e poeta potiguar

domingo, 25 de julho de 2021

Quanto mais avançamos na vida, mais nos convencemos de duas verdades… – Bernardo Soares (Fernando Pessoa)

 Por Revista Prosa Verso e Arte

https://www.revistaprosaversoearte.com/

 -

 Literatura

Fernando Pessoa

Quanto mais avançamos na vida, mais nos convencemos de duas verdades que todavia se contradizem. A primeira é de que, perante a realidade da vida, soam pálidas todas as ficções da literatura e da arte. Dão, é certo, um prazer mais nobre que os da vida; porém são como os sonhos, em que sentimos sentimentos que na vida se não sentem, e se conjugam formas que na vida se não encontram; são contudo sonhos, de que se acorda, que não constituem memórias nem saudades, com que vivamos depois uma segunda vida.

A segunda é de que, sendo desejo de toda alma nobre o percorrer a vida por inteiro, ter experiência de todas as coisas, de todos os lugares e de todos os sentimentos vividos, e sendo isto impossível, a vida só subjectivamente pode ser vivida por inteiro, só negada pode ser vivida na sua substância total.

Estas duas verdades são irredutíveis uma à outra. O sábio abster-se-á de as querer conjugar, e abster-se-á também de repudiar uma ou outra. Terá contudo que seguir uma, saudoso da que não segue; ou repudiar ambas, erguendo-se acima de si mesmo em um nirvana próprio.

Feliz quem não exige da vida mais do que ela espontaneamente lhe dá, guiando-se pelo instinto dos gatos, que buscam o sol quando há sol, e quando não há sol o calor, onde quer que esteja. Feliz quem abdica da sua personalidade pela imaginação, e se deleita na contemplação das vidas alheias, vivendo, não todas as impressões, mas o espectáculo externo de todas as impressões alheiam. Feliz, por fim, esse que abdica de tudo, e a quem, porque abdicou de tudo, nada pode ser tirado nem diminuído.

O campónio, o leitor de novelas, o puro asceta — estes três são os felizes da vida, porque são estes três que abdicam da personalidade — um porque vive do instinto, que é impessoal, outro porque vive da imaginação que é esquecimento, o terceiro porque não vive, e, não tendo morrido, dorme.

Nada me satisfaz, nada me consola, tudo — quer haja sido, quer não — me sacia. Não quero ter a alma e não quero abdicar dela. Desejo o que não desejo e abdico do que não tenho. Não posso ser nada nem tudo: sou a ponte de passagem entre o que não tenho e o que não quero.

.
s.d.
Livro do Desassossego por Bernardo Soares. Vol.II. Fernando Pessoa. (Recolha e transcrição dos textos de Maria Aliete Galhoz e Teresa Sobral Cunha. Prefácio e Organização de Jacinto do Prado Coelho.) Lisboa: Ática, 1982. – 420.

“Fase confessional”, segundo António Quadros (org.) in Livro do Desassossego, por Bernardo Soares, Vol II. Fernando Pessoa. Mem Martins: Europa-América, 1986.

Senhor,  não  foi  de  Ti  que   veio  a  minha  infelicidade
Não  foi  de  Ti ,  Senhor.
Mesmo porque  Tu  que  não  poderias ter  força
Para  fazer  a  minha  infelicidade.
Tu,  Senhor,  a  força exclusiva,  perene, do  amor,
Tu  não  farias, Senhor 
Tu   não  poderias  fazer  a minha  infelicidade.

(João Lins Caldas)

 

Fotografia antiga da Praia da Redinha.


 


 Criatividade

Linda arte de rua





LIONS CLUBE DE AÇU

                          

O Lions Clube de Açu fora fundado no ano de 1967. Uma iniciativa de Osvaldo Oliveira Amorim, seu primeiro presidente. Foram seus primeiros membros, os senhores Osvaldo Oliveira Amorim, Inácio Bezerra de Gouveia, José Dias da Costa, Belidson Dias Bezerra, Padre Francisco Canindé dos Santos, José Caldas Soares Filgueira Filho, João Leônidas de Medeiros, Manoel Cabral da Fonseca, Padre João de Deus, Sebastião Alves Martins, Edmilson Lins Caldas, José Wanderley de Sá Leitão, João Batista, Pedro Cícero de Oliveira, Antônio Gutemberg de Souza, Gervásio Milla da Silva, Geraldo Dantas, Francisco Augusto Caldas de Amorim, José Germano Sobrinho.

Para registrar ainda, na noite de 4 de julho de 1969, na quadra de esportes do Instituto Padre Ibiapina, por ocasião da posse de Belidson Dias Bezerra na presidência do Lions, substituindo Osvaldo Amorim, o poeta Francisco Amorim, lançou uma plaquete intitulado Galeria do Lions, onde traça em forma de versos (soneto) o perfil de cada um dos lions fundadores, como por exemplo, o de Edmilson Lins Caldas. E escreveu Amorim:

Delgado corpo. Fala moderada.
Andar miúdo, vista penetrante,
Tem hoje a vida toda devotada
A uma causa nobre, edificante.

E, se a palavra tem como empenhada,
Cumpri-la não se esquece um só instante,
Tem uma forma boa, delicada
No modo de tratar seu semelhante.

No cooperativismo é forte esteio,
Um banco gerencia, sem receio,
Como um leão às portas de um Erário.

É modesto, cordato diligente,
Maneiroso, correto, inteligente.
Mas, não deixa de ser retardatário. 

(Fernando Caldas)

Nós os homens, Senhor, atropelados erramos na encruzilhada de todos os camihos.
E assim que nos defrontamos.
Os espinhos
As arvores de amargos ramos.
Assim, Senhor, que nos defrontamos
Nós os homens que errramos na encruzilhada de todos os descaminhos.
(Caldas, poeta potiguar do Assu)

sábado, 24 de julho de 2021

E quem é maior que Deus

Ninguém

Ninguém é maior do que Deus

Mas onde está Deus

Deus está em todos os cantos.


sexta-feira, 23 de julho de 2021

 


A poesia atual de Maria do Carmo Barreto Campelo de Melo

 Do blog https://www.palavrasdosbrasileiros.com/



Maria do Carmo b. campelopor wikipédia



* Por Paulo Vasconcelos *
Escrevo por fora da palavra
circundo-a como uma ilha.
Tento abordá-la.
Chamo meu próprio nome e estremeço: tenho medo de mim
Que me descubro.
O nome me adere
Me exige 
(Sempre Poesia, Obras Completas, Maria do Carmo Campelo de Melo, 2009)
Sempre se falou da qualidade dos poetas pernambucanos, dentro das chamadas gerações poéticas brasileiras, (classificação que não me atrai muito). Entretanto, Maria do Carmo Campelo de Melo (1924-2008) não se coaduna a isso, nem acataria a designação. Ela está acima disso e equivocaria teóricos.  Sua poesia é de uma atualidade abismal e ela buscou uma escrita de tons existenciais, com o tônus de uma lírica aberta, sem formas clássicas, sendo assim uma palavra de força no território da poética moderna. Esquecida pelo mundo editorial brasileiro, o que é um atentado aos leitores de poesia, suas obras, quando em vida, tinham requinte de edição em todos os aspectos.
Ao lermos Maria do Carmo, sentimos os sabores próximos a um caqui duro de Orides Fontela, aos ventos de Cecília Meireles, os cheiros das terras de Clarice ou das rabanadas de Adélia Prado. Isso se dá no conteúdo. Quanto à forma, ela tem suas particularidades em que  adensando a força da palavra faz uma lírica franciscana – simples, mas exata.
Conheci a poeta num auditório, Recife, nos anos de 1980, em que falava para estudantes e eu não sabia de sua poesia; passei a ler e encantei-me com seu ruído ensurdecido, mas abalador de perguntas e constatações do sujeito na tessitura do viver.
Seu  verso – que me acudia com persistência – era:
 Quem me virá ao encontro/agora que sou EU – eu me escolhendo, eu me sabendo
com a lucidez dos anjos, eu questionando-me/entre o temor de ser e o de não-ser
eu me enlaçando e no projeto de ser me elaborando?/De que surdos gritos me componho
ou nítidos contornos me estruturo/em que pretérita – habito no futuro?
E assim recuo/E ambígua permaneço
Nas Vésperas de mim: não me inauguro.
(Retrato Abstrato, 1990)
Suas obras que de início me ocupei foram: Partitura sem Som (1983) e Retrato Abstrato(1990). Depois vieram as demais, que leio com encantamento maior. Ficou para sempre em meus ouvidos uma lírica que jamais me desacompanha, mesmo com a sua mudez de morte.
Maria do Carmo é um estampido, um pássaro fundo e está entre as mais importantes poetisas pernambucanas e brasileiras. Nasceu em Recife,1924, no bairro da Torre, mas voou para o Rio. Lá, manteve contato com Bandeira, Drummond e outros. Não demorou e logo retornou para cumprir a flechada de ser palavra em Recife, onde morreu em 2008.
Bacharel em Letras Clássicas e Licenciada em Didática de Letras Clássicas pela Faculdade de Filosofia do Recife – local que gerou outros poetas –, pós-graduou-se pela UFPE. Mantinha uma vida dinâmica no campo literário do Recife, atuando como palestrante, professora, gestora nas áreas de artes em geral.
Atuou como jornalista, mas seus gritos foram para o poema, em que soletra e deglute palavras com a maçaroca do sabor da língua em que plenificou sua garganta lírica.
Pertenceu à Academia Pernambucana de Letras, onde ocupou a cadeira nº 29, e, mesmo diante do institucional acadêmico, não se rendeu à simplicidade e seu traço poético simples e denso.
Saltear às vezes entre o religioso e o profano, mas se interligando de modo pleno, como que abjurando, não para as diferenças, seu olhar religioso católico não tornou-a piegas, ao contrário, criou uma liturgia lírica acima disto.
Sua obra é grande e compreende doze livros de poesia, afora outros de prosa. Se a persistência foi na poesia e na prosa, trafegou também pelo jornalismo, em que se descolou bem de sua textualidade.
Dentro de sua obra, alguns aspectos se cindem como elemento comum, o que,  ao meu ver, está em relação à inquirição do poeta ao existencial, à dramaturgia do dia a dia, do homem à procura de si e do outro, com o comedimento poético e linguístico exato, sua lírica tem um fluxo epifânico constante:
Solidões não se somam
bem sabes
apenas ficam lado a lado.
E outra vez diz ela:
Isso que vedes,/não sou Eu
só me antecede/me prepara/que vária e inconclusa
subsisto/e solitária assisto
às muitas mortes de mim.
Isso que vedes/não sou Eu.
…persiste a poeta:
Ambígua e indefinida
transbordo do meu nome:
ele não me contém

ninguém é igual a toda mim.
(Sempre Poesia, 2009)
Há em Maria do Carmo algo de persistente dentro do seu “limite e deslimite”, como se a poesia a “dessufocasse”, ou melhor, o fazia para aliviar-se e nisto constitui sua poesia  renitente, o que nos confirma a própria:
Sou sempre poesia. Continuarei buscando uma linguagem própria através da qual possa cumprir a missão de poeta-decodificar a mensagem muda, o âmago e o labirinto do ser, recriando-o na medida em que o redefine…” (Sempre Poesia, 2009)
Entre os amigos, poetas e intelectuais pernambucanos, não tinha afetações da mulher poeta, nem vômitos intelectuais, dentro da sua grandeza de leitora e admiradora de tantos: Pablo Neruda, Virginia Wolf, Sergio Milliet e do persistente Rainer Maria Rilke.
Estudiosa da Semiótica, face ao campo das letras, tem um poema com o título Semiologia:
Só direi palavras essenciais/o amor é meu conhecimento,/transporei todas as demarcações;/e a sebe de teu jardim/tua armadura de carne.
(Sempre Poesia, Obras Completas 2009)
 Em outro poema, diz ela atraindo palavras para a dramática de ser, e aí se vê de perto o criar e a filosofia, quando a poeta, fincando sua pesquisa estético-poética, fuça o semiológico:
Só às cinco estarei completa./Até lá tento compor-me/e metamorfoses me refaço/Do sempre/e no agora/me elaboro/e nessa trama (em que me tecendo)/me sucedo me componho me transmudo me retraço? Até lá me sobreponho para /hora inaugural? /mas só às cinco estarei completa.
(Ser em Trânsito 1979)
A poetisa lança seu olhar sobre a filosofia, nas suas bases de formação da Faculdade de Filosofia, redizendo Heidegger, Bachelard (nos seus aforismos da Casa), ou, nessa escuta/escrita, como confirma Deleuze nas relações entre a linguagem e a Filosofia.
Confirmando o que se constata, afirmou o poeta Ângelo Monteiro, recifense, em prefácio a sua obra Música do Silêncio II:
A preocupação pela poética vem aliada, nela, a uma preocupação pelo fundamento de toda poética: a própria existencialidade, que anima e a justifica, da qual se nutre e vive Palavra.
(Música do Silêncio 1971)
Ana Flavia Campello de Mello, sua neta, num esforço único, conseguiu, há sete anos, em 2009, reunir suas obras em Sempre Poesia, em que reúne um vasto material sobre a autora com a totalidade de suas obras. Trabalho exaustivo, valeu sim, mas vale reeditar a poetisa com o rigor maior editorial que ela merece e com depoimentos de tantos poetas contemporâneos. A autora merece e nós, que a conhecíamos, pedimos.
*
Paulo Vasconcelos é mestre e doutor pela ECA-USP. Professor de Teoria Literária em universidades privadas e consultor editorial da área de Literatura, além de contista e poeta

quarta-feira, 21 de julho de 2021

 

9 min 
Compartilhado com Seus amigos
Amigos
Eu sinto que nasci para o pecado,
se é pecado, na Terra, amar o Amor;
anseios me atravessam, lado a lado,
numa ternura que não posso expor.
Filha de um louco amor desventurado,
trago nas veias lírico fervor,
e, se meus dias a abstinência hei dado,
amei como ninguém pode supor.
Fiz do silêncio meu constante brado,
e ao que quero costumo sempre opor
o que devo, no rumo que hei traçado.
Será maior meu gozo ou minha dor,
ante a alegria de não ter pecado
e a mágoa da renúncia deste amor?!…
(Gilka Machado (1893.1980), poeta carioca. Penso eu, uma das maiores vozes da poesia (de tema erótico) brasileira.
Pode ser uma imagem em preto e branco de uma ou mais pessoas
Claudio Caldas, Ojailton Canuto e 1 outra pessoa

PELO DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA Se Guilherme de Almeida escreveu 'Raça', em 1925, uma obra literária “que tem como tema a gênese da na...