segunda-feira, 14 de junho de 2010

VIAJANDO O SERTÃO (VI)





"Igrejas e Arte Religiosa"



"(...) A mania da remodelação, para pior, ataca os nervos de muita gente bem intencionada. Creio firmemente que, na futura reforma dos Seminários brasileiros, reforma com as luzes dum Dom Xavier de Matos, seria indispensável a cadeira de Arte Religiosa Brasileira para ensinar aos nossos párocos um mais profundo amor pelos monumentos legados pelas gerações desaparecidas. Sirva de exemplo o altar da Igreja de Serra Negra, em madeira talhada, simples e emocionante prova de fé, quebrado, inutilizado, destruído, para ser substituído por um altar de tijolo ou cimento, sem significação, e história." (p.24)
"Durante o séc. XIX quase todas as Igrejas foram ‘remodeladas’, raspados seus frontispícios venerados, riscadas em sua fisionomia própria e coberta de cal e enfeites, de acordo com a inteligência do tempo. Ninguém lembrou a necessidade de conservar a fachada tal como estava e fazer adaptações interiores, respeitando os altares quando dignos de mantença. Igreja é prova de Fé e esta não se abala. Mesmo assim, com a devastação, ainda possuímos alguns documentos curiosos que atestam a revivência do barroco durante fins do séc. XVIII e XIX." (p.25)
"De todos os templos que visitei no Estado (nos 35 municípios que conheço) quase todos são incaracterísticos e já não podem ser apontados como estilos. São testemunhas de várias tarefas de consertos onde as mais estranhas mãos desviaram de seu trilho a espírito arquitetural daquelas capelas seculares." (p.25)
"As Igrejas outras, Açú, Ceará – Mirim, Moçoró, Caicó, não têm história em suas paredes, vinte vezes alteradas. Tanto podiam estar no nordeste brasileiro como na Austrália. Nada têm de nós porque as despojaram de suas heranças de cem anos." (p.26)
"Onde podemos ver a sobrevivência do barroco e a justiça dos que o dizem ter sido o verdadeiro estilo religioso brasileiro, é nos portões dos Cemitérios que escaparam à fúria modernizadora dos estetas." (p.26)
"Um outro ponto melancólico é a substituição dos Santos de madeira pelos Santos de gesso e de massa, bonitos e róseos com uma lindeza extra-humano." (p.26)
"(...) Deixaram o destronado orago num altar lateral enquanto o novo assumia o posto de honra no altar-mor. O Povo, habituado com o primeiro, continua obstinadamente, a recorrer ao conhecido padroeiro, dando-lhe orações e pagando promessas." (p.26-27)
"(...) Um trabalho de madeira é sempre um esforço pessoal, direto, próprio. Fique feio ou deslumbrante, o caso é que é um produto da inteligência humana, sem o auxílio da máquina polidora. Um trabalho de gesso, cartão ou massa, sempre bonito, é sempre o resultado frio da máquina, produto igual, monótono em sua beleza, sem calor da mão humana, rude ou apta, mas sincera." (p.27)
[Termina a crônica afirmando]
"Se os Santos de madeira são impróprios para o Culto ao menos conservemo-los como objetos de Arte, Arte primitiva, tosca, iniciante, mas Arte fiel a si mesma." (p.27)

Luiz da Cãmara Cascudo

VIAJANDO O SERTÃO (VI)


"Igrejas e Arte Religiosa"
"(...) A mania da remodelação, para pior, ataca os nervos de muita gente bem intencionada. Creio firmemente que, na futura reforma dos Seminários brasileiros, reforma com as luzes dum Dom Xavier de Matos, seria indispensável a cadeira de Arte Religiosa Brasileira para ensinar aos nossos párocos um mais profundo amor pelos monumentos legados pelas gerações desaparecidas. Sirva de exemplo o altar da Igreja de Serra Negra, em madeira talhada, simples e emocionante prova de fé, quebrado, inutilizado, destruído, para ser substituído por um altar de tijolo ou cimento, sem significação, e história." (p.24)
"Durante o séc. XIX quase todas as Igrejas foram ‘remodeladas’, raspados seus frontispícios venerados, riscadas em sua fisionomia própria e coberta de cal e enfeites, de acordo com a inteligência do tempo. Ninguém lembrou a necessidade de conservar a fachada tal como estava e fazer adaptações interiores, respeitando os altares quando dignos de mantença. Igreja é prova de Fé e esta não se abala. Mesmo assim, com a devastação, ainda possuímos alguns documentos curiosos que atestam a revivência do barroco durante fins do séc. XVIII e XIX." (p.25)
"De todos os templos que visitei no Estado (nos 35 municípios que conheço) quase todos são incaracterísticos e já não podem ser apontados como estilos. São testemunhas de várias tarefas de consertos onde as mais estranhas mãos desviaram de seu trilho a espírito arquitetural daquelas capelas seculares." (p.25)
"As Igrejas outras, Açú, Ceará – Mirim, Moçoró, Caicó, não têm história em suas paredes, vinte vezes alteradas. Tanto podiam estar no nordeste brasileiro como na Austrália. Nada têm de nós porque as despojaram de suas heranças de cem anos." (p.26)
"Onde podemos ver a sobrevivência do barroco e a justiça dos que o dizem ter sido o verdadeiro estilo religioso brasileiro, é nos portões dos Cemitérios que escaparam à fúria modernizadora dos estetas." (p.26)
"Um outro ponto melancólico é a substituição dos Santos de madeira pelos Santos de gesso e de massa, bonitos e róseos com uma lindeza extra-humano." (p.26)
"(...) Deixaram o destronado orago num altar lateral enquanto o novo assumia o posto de honra no altar-mor. O Povo, habituado com o primeiro, continua obstinadamente, a recorrer ao conhecido padroeiro, dando-lhe orações e pagando promessas." (p.26-27)
"(...) Um trabalho de madeira é sempre um esforço pessoal, direto, próprio. Fique feio ou deslumbrante, o caso é que é um produto da inteligência humana, sem o auxílio da máquina polidora. Um trabalho de gesso, cartão ou massa, sempre bonito, é sempre o resultado frio da máquina, produto igual, monótono em sua beleza, sem calor da mão humana, rude ou apta, mas sincera." (p.27)
[Termina a crônica afirmando]
"Se os Santos de madeira são impróprios para o Culto ao menos conservemo-los como objetos de Arte, Arte primitiva, tosca, iniciante, mas Arte fiel a si mesma." (p.27)

Cãmara Cascudo

domingo, 13 de junho de 2010

SONHO DE ESTRELA

Era noite. A via-láctea cintilava, nua...
Larga nuvem, semelhante a um véu
Sobre um rosto de noiva - a cabeça tua -
Mal deixava transparecer o azul do céu.
Entre súbitos desmaios aparecia a lua,
Formosa, beijando as areias do escarcéu...
Mas, ah! Novo encanto novo se acentua...
Ao se recordar, talvez, do rosto lindo teu,
Disse, em sonho, uma mimosa estrela:
"Vem, único meteoro que do mundo resta
Brilhar sobre este azul... " E acenava a ela,
Então, apontando a esfera calma e bela,
Os anjos levaram-na para o céu, em festa,
Só porque um instante se lembrava dela.

João Lins Caldas

sábado, 12 de junho de 2010

DINHEIRO NA MÃO DE SABIDO

Jessé Freie antes de ser senador da República foi deputado federal pelo Rio grande do Norte. Na eleição que disputou o cargo de deputado, teve o  apoio de uma forte liderança do Vale do Açu que por questão de respeito não vou citar o se nome. Pois bem, naquele tempo das "vacas gordas" (idos de cinqüenta ou sessenta) quando o povo era encurralado para votar, conta-se que aquele líder político teria recebido de Jessé uma quantia de tres milhões de cruzeiros (moeda da época) para as custas de campanha ou melhor dizendo, para compra de votos. O fato é que ninguém dos seus eleitores recebeu quantia nenhuma. Foi o bastante para um poeta da rua, glosar:

Foi muito tolo Zezé
Não esperar um descarte
E nem receber a parte
Dos tres milhões de Jessé:
Agindo de boa fé
Não pensou na traição,
Ouça esse sábio refrão
(Aliás já conhecido)
Dinheiro na mão de sabido,
Pobre não ver um tostão.

Postado por Fernando Caldas

INSPETOR CABRAL HOMENAGEADO PELA CÂMARA MUNICIPAL DE NATAL

Conforme o blog havia antecipado a informação Inspetor Cabral é cidadão Natalense 
Em solenidade nesta quinta-feira (10), a Câmara Municipal de Natal entregou os títulos de cidadãos natalenses ao inspetor rodoviário Roberto Luiz Bezerra Cabral, assessor de comunicação da Polícia Rodoviária Federal, e ao pastor Jutay Menezes, por propositura do vereador Francisco de Assis (PSB).
Roberto Luiz Bezerra Cabral, natural de Carnaubais-RN, é mais conhecido como Inspetor Cabral e reside há décadas na capital, tendo exercido um trabalho considerado bastante relevante para o trânsito do Estado: levar informações a sociedade sobre o que acontece nas rodovias do RN.
O fato é noticia no blog de Assis.


 Escrito por juscelinofranca às 07h03

sexta-feira, 11 de junho de 2010

PENSAMENTO FILOSÓFICO

A gaiola da vida tem muitos pássaros. Às vezes carrega pássaros mortos. E cantos fúnebres nos vagões dos pássaros.

João Lins Caldas, poeta potiguar do Açu

DISCURSO DO PREFEITO

Venâncio Zacarias foi líder salineiro e prefeito de Macau-RN, nos idos de sessenta. Quando chefe daquele importante município do litoral potiguar, convidou o governador Dinarte Mariz para inaugurar algumas obras na cidade macauense. Ao inaugurar a Cadeia Pública, emocionado, concluindo o seu discurso, saiu-se com essa: "Governador, a cadeia está inaugurada, sinta-se em casa". - Sorte do velho Dinarte que o discurso era de improviso.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

CORRENDO ATRÁS DE VOCÊ CAPOTEI MEU CORAÇÃO

"Sobrei mesmo pra valer nas curvas da suas pernas! Tive fraturas internas correndo atrás de você. Foi demais meu desprazer nessa estrada da paixão; eu parei na colisão, num rochedo de vontade que na veloz ansiedade capotei meu coração."
Autor: Luiz Francisco Xavier (Dedé).
Fonte: Livro Trovas e Trovoadas. Ed. Bagaço, 1996.

INTEGRALISMO NA REGIÃO DO AÇU

A corrente política denominada Integralismo, surgida em 1930, teve grande movimentação no Vale do Açu (Várzea do Açu). Foi onde surgiu a primeira guerrilha camponesa marxista no Brasil. A guerrilha começou em 1934 sem causar, portanto, grandes conseqüências em razão da inferência do coronelismo.

Em tempo: Reparando a História. O soldado Luiz Gonszga natural de Ipanguaçu, município do Vale do Açu, tinha como apelido Doidinho. Ele ficou registrado na História do Rio Grande do Norte como herói, por ter defendido o Quartel da Polícia Militar (então instalado onde hoje é a Casa dos Estudantes, na praça comandante Lins Caldas), na rebelião de 1935. Sobre Luiz Gonzaga há quem diga o contrário: "quando comemoravam a vitória sobre os comunistas em 1935, então surgiu o tal soldado Luiz Gonzaga".

Fernando Caldas

PREFEITURA DO ASSÚ ABRIRÁ AGENDA DE CURSOS DE FRUTICULTURA PRÓXIMA SEMANA

A partir da próxima semana a Prefeitura do Assú abrirá a agenda de cursos na área de fruticultura. A programação será realizada por intermédio do Centro de Referência em Assistência Social (Cras), localizado na avenida Senador João Câmara. De acordo com o secretário de Articulação Comunitária, Reci de Oliveira, o curso é oferecido gratuitamente.
"A vinda deste curso no âmbito da fruticultura atendeu uma demanda da cidade e região e faz parte de recomendação do prefeito Ivan Júnior de proporcionar capacitação à mão de obra local de modo a torná-la efetivamente competitiva para o mercado de trabalho", disse o secretário.
Podem se inscrever pessoas a partir de 18 anos de idade, trabalhadores sem ocupação e cadastrados no Sistema Nacional de Emprego (Sine). Fazem parte do alcance do curso todos os beneficiários das demais políticas públicas de trabalho e renda e também contemplados pelas ações de primeiro emprego e que estão recebendo o seguro-desemprego.
A inscrição é feita por meio da apresentação da Carteira Profissional, cédula de identidade, título de eleitor, CPF, comprovante de renda familiar e comprovante de residência. "É importante enfatizar que a inscrição é totalmente grátis", disse o secretário municipal de Articulação Comunitária.
O curso é dividido em módulos: Cultivo de Árvores Frutíferas; Cultivo de Espécies Frutíferas - Manga, Banana e Caju; Cultivo de Espécies Frutíferas Terrestres - Melão e Melancia; e Cultivo de Trepadeiras Frutíferas - Maracujá. Além do Sine, são parceiros na realização do curso o Núcleo de Desenvolvimento Social (NDS); Plano Nacional de Qualificação (PNQ); Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT); e o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
Reci Oliveira destacou que pôde percorrer algumas comunidades em companhia de técnicos do NDS, aos quais caberá ministrar o curso, com o objetivo de sensibilizar os representantes comunitários a participarem da iniciativa.


(Do jornal O Mossoroense, 10.6.2010)

ZPEs CRIAM NOVA OPORTUNIDADE DE DESENVOLVIMENTO

Com os dois projetos de Zonas de Processamento de Exportação (ZPE) aprovados, o Rio Grande do Norte terá novas oportunidade para atrair empresas. Após receber a assinatura do presidente, as prefeituras das duas cidades onde estarão localizadas as ZPEs, Assu e Macaíba, podem iniciar a busca por empresas que tenham interesse em se instalar nos locais.

A sanção do presidente às duas áreas vinha sendo aguardada por políticos e empresários do Rio Grande do Norte, que consideram a iniciativa como o início de um novo cenário econômico para o Estado, estimando que as modificações deverão começar a serem sentidas em cerca de dois anos. A ZPE é uma área de livre comércio, na qual as empresas produzem e exportam 80% dos seus produtos, com isenção de trIbutos.


Tribuna do Norte, 9.6.2010

quarta-feira, 9 de junho de 2010

CARNAUBAENSE RECEBE TITULO DE CIDADÃO NATALENSE


Amanhã em solenidade extraordinária na Cãmara Municipal  de Natal, o inspetor rodoviário, Roberto Luiz Bezerra Cabral, ocupante da assesoria de comunicação do orgão federal, estará recebendo a partir das 18.00 horas, título de cidadania por relevantes serviços prestados a sociedade.
O titulo de cidadão foi um reconhecimento do vereador Francisco de Assis- mais identificado como Bispo, devido suas atividades evangélicas, sendo subscrita ainda por mais sete vereadores do parlamento natalense.
O inspetor Cabral com comunicação dinâmica e responsabilidade profissional, é um dos quadros de destaque da Policia Rodoviária  Federal em nosso estado.
O blog em nome de todos os familiares, amigos e conterrâneos, antecipa parabéns ao inspetor pela bela conquista.

Do Blog de Aluízio Lacerda

 Escrito por juscelinofranca às 18h02

DE WALTER LEITÃO

"Bodinho" Corsino é uma figura de minha estima e admiração. Quando funcionário da Prefeitura Municipal do Açu, freqüentava acompanhado de Carmelito motorista daquela edilidade, a boite Chão de Estrelas daquela terra açuense. Isso no começo dos anos setenta. Era prefeito o espirituoso Walter Leitão. Pois bem, a esposa de Bodinho chamada Zefinho, enciumada foi até ao gabinete do prefeito denunciar: "Seu" Walter, Bodinho junto com Carmelito vão todas as noites pro Cabaré Chão de Estrelas, no carro da prefeitura. Walter, também frequentador daquela casa noturna, saiu em defesa daqueles dois antigos funcionários, externando: "Aqueles filhos da puta nunca que me chamou". 

(Em tempo: Informações de Janete Corsino, filha de Bodinho).

Fernando Caldas Fanfa

UMA CONVOCAÇÃO A DEBATE SOBRE QUESTIONAMENTOS DOS DESTINOS DO VALE DO AÇU


"O Vale do Açu se define a partir de onde o rio deixa de ser Piranhas e passa a ser rio Açu, abrangendo, inclusive, a Várzea que se inicia a partir da Garganta do Estreito, onde se aproximam mais os tabuleiros laterais do seu rio. A Várzea é o que se propõe apresentar após a cidade do Açu. Tanto assim é que os açuenses, a postos na cidade, tomam como referência, para citar a Várzea, a direção do curso do rio e apontam nessa direção quando dizem: foi para a Várzea.

O vocábulo AÇU é de origem tupi-guarani que significa... e que deu nome ao município, à sua sede, ao Vale que se conhece a partir de onde o rio deixa de ser Piranhas, à Várzea, a parte baixa do Vale, chamada Baixo Açu, compreendida a partir da Garganta do Estreito o litoral, onde as águas se despejam no Oceano Atlântico.
Posteriormente, com a oficialização da toponímia que se consagrou nos registros oficiais, a grafia do município passou a ser usada com dois SS e acentuada – Assú, o que não obriga os desdobramentos geográficos da região a comungarem com a nova apresentação. Assim, Vale do Açu, Rio Açu, Baixo Açu, Várzea do Açu e decorrências não têm a obrigatoriedade de acompanhar a grafia que é exclusividade toponímica da sede do município.
Caso idêntico ocorre com a denominação do estado da Bahia. Escreve-se com h, porém deixando à parte a Baía de Todos os Santos, a Baía de São Salvador, que dão nome ao acidente geográfico onde se supõe haverem aportados os descobridores, no século XVI e que permanecem com a grafia original – BAÍA.
Esses argumentos não são digeridos por Ronaldo da Fonseca Soares, que merece o nosso respeito, desde que é um dos pouquíssimos conterrâneos vivos preocupados com a pesquisa histórica do nosso passado e empenhados no projeto do nosso futuro.

Assim, pretendemos iniciar um debate, nos termos em que a estudiosa de nossa região – Nazira Vargas – chamou, com muita propriedade, O CLAMOR DOS BERADEIROS, sobre o fracasso das nossas potencialidades que estamos deixando desfilar à beira do abismo, sem questionamento, por incompetência, por espera de milagres celestiais ou por acharmos que O TREM NÃO É NOSSO, DEIXA VIRAR.
Sem pretendermos ser os donos da verdade, desprezando opiniões e argumentos mais sólidos – quem sabe? – queremos convocar a população, os estudiosos, os conterrâneos e interessados daqui ou d’além para um enfrentamento parlamentar em que sejam levados em consideração os saberes e o amor por um pedaço de chão que está à beira do abismo e que fatalmente despenhará se não houver quem acione o alarme.

Convivemos com muitas famílias e comunidades inteiras em que a população se auto-sustentava com as potencialidades oferecidas, naturalmente, e disponíveis à exploração. O regime era o mesmo, a cultura não era diferente. Apenas o progresso, a civilização foram surgindo e, de um certo modo, sem se anunciarem para uma tentativa de seguimento. O que não deve haver sido diferente nas outras regiões.

O atraso era maior, admitamos, porém se disponibilizavam potenciais que dispensavam os tratores, as perfuratrizes, a tecnologia que afastaram tudo quanto se pudesse ser explorado sem agravamento das posses consagradas, dos latifúndios, e da propriedade que não era de muitos.
Sempre houve os mais pobres e os mais abastados. Havia, entretanto, um bicho que se chamava confiança mútua bem distanciada da ganância. Os proprietários rurais dividiam as suas terras para exploração, em parceria, com seus moradores e com os vizinhos. Com isso, os proprietários mantinham o seu status social ou dominante, sem a ganância do poder, e os trabalhadores, por si, sem inveja, tinham a mesa farta, apesar da vocação eminentemente voltada para a exploração da agricultura, que não deixava de ser um trabalho penoso, porém digno e recompensado no final das colheitas. E os trabalhadores, agregados ou moradores, armazenavam, para a manutenção no período das chuvas que esperavam, paióis de feijão, de milho, de batata doce, além da possibilidade de terem para oferecer, no comércio demandante, uma arroba de algodão, de cera de carnaúba, um terreiro de galinhas, um garrote, ou um “capado” para a reposição de uma “muda de roupa” dos familiares. Não deixava de ser uma vida de pobre, porém tinha a dignidade e a nobreza da adquirência com “o suor do próprio rosto”.

A população da Várzea do Açu era, nos períodos da estiagem, economicamente, dependente do que lhe proporcionavam, as salinas de Macau e de Areia Branca, que acolheu, durante muito tempo, a mão de obra ativa disponível, garantindo emprego e, a partir da criação da Previdência Social, aposentadoria e assistência, com que ainda não contavam nos serviços da agricultura.

Quando faltavam as chuvas, nos períodos próprios de sua suspensão periódica, em que os trabalhadores se ocupavam da colheita, da produção do algodão e da cera da carnaúba, as salinas que esperavam o verão para a colheita do sal acumulado, abrigava toda a mão de obra ociosa da Várzea, sem limites de quantidade dos trabalhadores. Quem não tivesse ocupação na produção agrícola ocorrente nos meses de estio, tinha trabalho garantido nas salinas que, diferente da colheita da matéria prima e produção da cera de carnaúba, não dispensava os ofícios da população por falta de capacitação técnica.

A partir da década de 60, surgiu a mecanização das salinas e a consequente criação do Porto Ilha, de Areia Branca, que constituiu a maior tragédia social jamais enfrentada pelos trabalhadores da região, que passaram a contar apenas com a agricultura primária que ainda demorou um pouco a implantar tecnologia específica.

Era uma época em que já se falava em irrigação, atraída e aplicada na Várzea do Açu por D. Elizeu Mendes, bispo de Mossoró, através de projetos que conseguia viabilizar junto aos órgãos do governo, como o Plano de Valorização do Vale do Açu, porém pouco acreditados pelos ruralistas desde que eram precários os recursos e mínimos os beneficiários atendidos pelas poucas unidades das moto-bombas distribuídas. Mesmo assim, vale reconhecer que já se projetava um esforço da igreja no sentido de priorizar a humanização das ações religiosas.

Por maior que fosse o amparo da Previdência Social, com seus desdobramentos assistenciais, não era suficiente para superar as taxas crescentes de desemprego, até porque não eram todos os trabalhadores que dispunham de legalização documentária para ingressar pleitos de aposentadoria. E começaram a surgir pedintes e mendigos, uma população até então desconhecida na Várzea do Açu.

A morte de D. Eliseu acelerou o desânimo total dos varzeanos do Açu, dependentes que eram religiosa e assistencialmente da diocese de Mossoró. Não se falou mais em valorização do vale, em projetos de irrigação dos trabalhadores, em perfuração de poços nas pequenas propriedades, em enfrentamento racional da seca, em desenvolvimento de baixo para cima.

Essas atividades deixaram de ser próprias dos trabalhadores e passaram a ser exclusividade dos latifundiários e, posteriormente, das grandes empresas nacionais que tinham incentivos e recursos da SUDENE, como Maísa, São João, Finobrasa, Frunorte que, frustradas as suas intenções por incompetência técnica e administrativa, sem se desprezar o fator “honestidade”, algumas, quase todas, até incapazes de saldar seus compromissos financeiros, abandonaram alguns milhares de hectares equipados com tecnologia e equipamentos importados do primeiro mundo, que, sucateados, empobrecem e envergonham a região.

AS VAZANTES

O rio Açu não era perene como atualmente. Secava, mas deixava o seu leito disponível para exploração das “vazantes” que se constituíam num manancial de feijão, batata, melancia, jerimum, e mais o que se quisesse plantar. Havia os regimes de parceria, em que o proprietário cedia as suas terras aos moradores e vizinhos, no leito do rio ou fora dele, recebendo dos parceiros o que lhes coubesse no contrato, que eram geralmente de “meia ou de terça”. Assim, dependendo do acordo, que era verbal, o plantador pagava ao proprietário, um terço ou a metade das culturas que produzisse.
As vazantes se constituíam do processo de secagem das águas do leito to rio que não eram perenes como atualmente, porém a pouca umidade restante das enchentes passadas, associada à frescura do vento “nordeste”, uma brisa amena e fresca que ainda sopra do Atlântico, permitiam às terras do leito do rio seco, mesmo sem a frequência das chuvas, o resfriamento necessário ao processo de cultivo e produção das culturas que se desejassem produzir.
Será que, com a água permanente e a energia abundante de hoje, não se poderia tornar mais rica e mais farta a produção dessas culturas?


A MONOCULTURA

Tivemos, na região, algumas experiências, frustradas com a MONOCULTURA.
Podemos citar as não frustradas nem frustrantes, que não inibiam os trabalhadores de as consorciarem com as culturas de subsistência. A CARNAÚBA, por exemplo, que não era plantada nem cultivada – era nativa –, sempre deixava clareiras e grandes extensões para o plantio de milho, feijão, batata, macaxeira, fruteiras e hortaliças que garantiam o sustento e a sobrevivência da população, que, em tempos idos, comprava no mercado apenas o açúcar, o café e a farinha.

O ALGODÃO, outro exemplo de MONOCULTURA, embora plantado e cultivado em grande escala, não impedia o consórcio com outras culturas, mantendo racional a produção do algodão dos grandes proprietários, consorciado com as culturas necessárias à manutenção dos trabalhadores.e dos pequenos e médios agricultores. E porque não dizer dos grande proprietários.

A chegada das grandes empresas, com tecnologia, equipamentos, defensivos e adubos químicos de primeiro mundo, plantando melão, inibiu inibiu o regime de parceria, existente entre grandes e pequenos produtores, que, mesmo constituindo a grande massa da população dos vilarejos, neles residentes, passaram a ser marginalizados e afastados dos novos empreendimentos. É o caso ainda consumado na empresa DELMONTE, multinacional que explora mais de dez fazendas no Vale do Açu, produzindo banana, sem empregar os habitantes, vez que um trator, uma carroça e dois operários dão conta do serviço decem hectares do produto. E não criam oportunidades de participação da mão de obra ativa da região, que não conduz para a sua mesa, sequer uma palma de banana. Se quiser saboreá-la, vai comprar nos mercados as que são produzidas em Pernambuco.
E vemos nas porteiras que dão acesso ao município de Ipanguaçu, placas ostensivas, visivelmente mais humilhantes que empolgadoras, anunciando: CAPITAL NACIONAL DA BANANA.

E os trabalhadores, vivendo à margem desses empreendimentos, carregam a sua desdita, sem ocupação, esperando um dia ser aposentado, na velhice, quando seus braços perderem a atividade, ou quando um acidente ou incidente lhe proporcionarem a “felicidade” de uma invalidez que os levem prematuramente aos serviços de assistência previdenciária. Fora disso, são levados à mendicância ou aos postos de esmola das “bolsas” que produzem as legiões de inativos comprometidos com a obrigação de votar nos comandantes políticos, “pais da pobreza” que os arrebanham.

E não fica por aí, produzida apenas pela DELMONTE, a nefasta MONOCULTURA que enriquece as multinacionais e empobrecem os trabalhadores. A cana-de-açúcar ameaça invadir o que resta das áreas produtivas do Vale do Açu. Já se ouvem murmúrios nesse sentido. Multinacionais do gênero já crescem os olhos na fertilidade prodigiosa do Vale do Açu, que já conta com energia e água abundantes, os mais proeminentes valores da infra-estrutura desejada. Em se consolidando, será decretada a obrigação do exílio do restante dos moradores do Vale do Açu. Não haverá condição de se manterem sequer no local, pois, associadas as duas culturas – banana e cana-de-açúcar – decretarão a desertificação do populoso Vale.

O pior é que não se tem a quem apelar. Falta a vontade política das lideranças locais que se estão esvaziando. O Vale do Açu conviveu, em algumas legislaturas com 5 deputados na sua área eleitoral. Podemos citar: Edgar e Olavo Montenegro, Gerôncio Queiroz, depois seu irmão Geraldo, Ângelo Varela, Hélio Dantas e Floriano Bezerra que se alternaram. Atualmente, não tem um só. Alegam que isso ocorreu numa época em que a Assembléia Legislativa abrigava 36 componentes. Por isso, sobravam 5 para o nosso vale. É possível, porém desapareceu a proporcionalidade. Devia ter pelo menos um.
E as instâncias federais? Alguém haverá de perguntar. Os deputados federais e os senadores? Esses são como a Copa do Mundo de Futebol. Só aparecem para pedir votos. De quatro em quaro anos.

O pior é que fomos, durante muito tempo, acalentados pelos candidatos políticos, com as promessas da chegada de energia e de água para desenvolvermos as nossas potencialidades. Elas já chegaram há algumas décadas e estão aí desenvolvendo as grandes empresas estrangeiras. Os céus da região são ornamentados por uma imensa cadeia de fios, de postes, de lâmpadas que servem apenas para iluminar a nossa pobreza.

Onde não havia, foram escavados, construídos riachos e adutoras que cortam as propriedades, inclusive as dos pobres que veem a água correr sem a poderem utilizar para irrigação de suas culturas. Cadê os recursos?

Diante desses fatos, estamos convocando a população para um debate, sem restrição, em que se possam discutir e elevar esses questionamentos que deverá ser pacífico ou belicoso, porém eficaz e abrangente para ecoar nos altos escalões das esferas administrativas, até sermos ouvidos, inclusive noutras quebradas onde possam ressoar os ecos de nosso clamor, os infelizes, porém altruísticos BERADEIROS do Vale do Açu."

LULA AFIRMA QUE BASE ALIADA VENCERÁ AS ELEIÇÕES NO RIO GRANDE DO NORTE

Presidente chegou ontem à noite a Natal e, em conversa com aliados, demonstrou confiança na vitória de Iberê ou Carlos Eduardo.

Por Alisson Almeida
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva demonstrou confiança na vitória da sua base aliada nas eleições do Rio Grande do Norte. Ontem à noite, na recepção do Hotel Pestana (Via Costeira), onde está hospedado, o petista conversou com aliados e, sem tergiversar, disse: “Vamos vencer as eleições no Estado”.

Lula quis saber como estavam as candidaturas do governador Iberê Ferreira de Souza (PSB) e do ex-prefeito de Natal, Carlos Eduardo Alves (PDT). O presidente não demonstrou preocupação com a divisão no front governista e afirmou que, a despeito do favoritismo da senadora Rosalba Ciarlini (DEM), um dos dois aliados vencerá a sucessão potiguar.

Nesta manhã, o presidente toma café com Iberê e com a ex-governadora Wilma de Faria (PSB). O governador disse que iria conversar com o presidente sobre as “articulações políticas” com vistas às eleições, tendo em vista que o PT apoia a pré-candidatura do peessebista no RN.

Iberê enfrenta dificuldades para encontra alguém para a vaga de vice. O governador deseja que o PR indique seu companheiro de chapa, mas a vontade esbarra na aliança do partido do deputado federal João Maia com o PMDB do deputado federal Henrique Alves e com o PV da prefeita de Natal Micarla de Sousa.

Lula desembarcou ontem à noite, precisamente às 20h57, na Base Aérea de Natal, onde foi recebido pelo governador Iberê Ferreira de Souza, pela ex-governadora Wilma de Faria (PSB), pela prefeita de Natal Micarla de Sousa (PV), pelo deputado federal Henrique Eduardo Alves (PMDB) e pelo pré-candidato a senador Hugo Manso (PT).

Nesta quarta-feira (9), o presidente cumprirá agenda administrativa na cidade. A programação prevê a inauguração da UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Pajuçara (zona norte) pela manhã e a assinatura de alguns decretos.

O primeiro decreto autoriza o lançamento do edital de licitação para concessão do Aeroporto de São Gonçalo do Amarante. O segundo, cria as ZPE’s (Zonas de Processamento de Exportações) de Macaíba e do Vale do Açu – ambas aprovadas pelo Comitê Gestor das ZPE’s.

Além dos decretos, o presidente assinará um convênio entre o Governo do Estado e o Governo Federal, através do Ministério do Turismo, no valor de R$ 20 milhões para o saneamento básico do bairro San Vale, na zona sul de Natal.

Fonte: Nominuto

terça-feira, 8 de junho de 2010

ZPEs confirmadas

Postado por  | Bom Saber | 08-06-2010 às 11:02

A Chefe da Casa Civil Erenice Guerra acaba de confirmar a assinatura do Presidente Lula, sancionando a criação das ZPEs de Macaíba e Assu amanhã no Centro de Convenções.

FESTA DANÇANTE DA COLÔNIA AÇUENSE EM NATAL

Esquerda para direita: Fernando Caldas Fanfa, Josivan Lobato, Edmilson Caldas, Gelza Tavares Caldas e Maria das Graças )Dadadá Caldas). Clube do SESI, 5.10, sábado passado.

CAFÉ DA MANHÃ DA COLÔNIA AÇUENSE EM NATAL - IGREJA SÃO JOÃO

Esquerda para direita: O ex-vereador do Açu Fernando Caldas Fanfa e a senadora Rosalba Ciarline (DEM), pré-candidata ao governo do Rio Grande do Norte nas próximas eleições.

CONRATERNIZAÇÃO DA COLÔNIA AÇUENSE EM NATAL


Esquerda para direita: Edmilson Caldas, Gilzenor Sátiro de Souza e Fernando Caldas (organizador deste blog).

AÇU ANTIGO

Na época em que foi produzido esta fotografia, salvo engano, a praça atual Getúlio Vargas era denominada de praça da proclamação.

Fernando Caldas Fanfa

PELO DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA Se Guilherme de Almeida escreveu 'Raça', em 1925, uma obra literária “que tem como tema a gênese da na...