domingo, 5 de maio de 2013

Laura Alves, "Uma história e(m) cordel'

















Se Me Esqueceres

Quero que saibas
uma coisa.

Sabes como é:
se olho
a lua de cristal, o ramo vermelho
do lento outono à minha janela,
se toco
junto do lume
a impalpável cinza
ou o enrugado corpo da lenha,
tudo me leva para ti,
como se tudo o que existe,
aromas, luz, metais,
fosse pequenos barcos que navegam
até às tuas ilhas que me esperam.

Mas agora,
se pouco a pouco me deixas de amar
deixarei de te amar pouco a pouco.

Se de súbito
me esqueceres
não me procures,
porque já te terei esquecido.

Se julgas que é vasto e louco
o vento de bandeiras
que passa pela minha vida
e te resolves
a deixar-me na margem
do coração em que tenho raízes,
pensa
que nesse dia,
a essa hora
levantarei os braços
e as minhas raízes sairão
em busca de outra terra.

Porém
se todos os dias,
a toda a hora,
te sentes destinada a mim
com doçura implacável,
se todos os dias uma flor
uma flor te sobe aos lábios à minha procura,
ai meu amor, ai minha amada,
em mim todo esse fogo se repete,
em mim nada se apaga nem se esquece,
o meu amor alimenta-se do teu amor,
e enquanto viveres estará nos teus braços
sem sair dos meus.

Pablo Neruda

Fruta da caatinga é usada para fazer sorvete no RN


ANGICOS


Pêlo, fruta nativa do semiárido, é o diferencial em sorveteria de Angicos. 
Empresa 'Sertão gelado' aposta nos sabores nativos para atrair clientes.
Sorvete é feito a partir do fruto da palma (Foto: Eduardo Mendonça/Sebrae).
Quem mora ou visita a cidade de Angicos, no Sertão Potiguar, se não provou, certamente ouviu falar do pêlo, uma fruta nativa da caatinga comumente encontrada na região do semiárido. Exótica, a fruta é proveniente da palma, uma espécie de cacto que vem se transformando em matéria prima para a produção de sorvetes.

A ideia é de Kaline Cristine de Castro, dona da sorveteria 'Sertão Gelado'. A fábrica é uma das novas incubadas do Sebrae, apoiada pela Universidade Federal Rural do Semiárido (Ufersa).

“Temos como diferencial a inovação de sabores aproveitando as frutas da região”, disse Kaline. Além das frutas típicas da região, como manga, caju, umbu e abacaxi. O mais novo sabor é o sorvete da fruta do pêlo. “Iniciarmos por sugestão de um vizinho. Aceitei o desafio e quem degustou aprovou a novidade” comemorou a empresária. A sorveteria também testou outros sabores regionais como milho, tapioca e rapadura. Atualmente, a empresa tem uma produção mensal de 750 litros de sorvetes e 6.500 picolés de diversos sabores.
Kaline apostou em sorvetes exóticos como diferencial
(foto: Eduardo Mendonça/Sebrae).
A utilização do pêlo remete a uma tradição antiga dos moradores da cidade que tinham o hábito de consumir a fruta in natura com açúcar. “Quem é de Angicos conhece o pêlo e as muitas histórias envolvendo a fruta. Para reconhecer um angicano, basta olhar embaixo da língua para vê se tem pêlo, se tiver, não resta dúvida, é de Angicos”, brincou Kaline.

De sabor azedo, a fruta possui uma polpa carnuda que também pode ser utilizada na produção de geleias, mouses e recheios em caldas. O quilo chega a custar R$ 10. O preço alto é devido à dificuldade no beneficiamento. O fruto deve ser manipulado com cuidado uma vez que a sua casca possui muitos pontinhos cheios de minúsculos espinhos, os pelos, que penetram na pele. Para retirá-los se faz necessário o uso de uma pinça. Em toda a região Nordeste, a planta – palmatória ou palma forrageira – é utilizada como alimentação para os animais no período de seca. Em alguns estados, essa fruta é conhecida como figo da índia.

Empreendedorismo

O desejo de montar o próprio negócio motivou a empresária a entrar no ramo da produção de sorvetes. Como acontece com a maioria dos pequenos empreendedores, as dificuldades eram muitas. “Começamos produzindo picolés para vender na escola, para depois iniciar o sorvete. Nem liquidificador a gente tinha. Os primeiros equipamentos foram comprados de segunda mão”, lembrou Kaline de Castro.

A empreendedora teve a convicção de que estava no caminho certo ao participar, em 2010, do seminário Empretec. Posteriormente, a sorveteria passou a ser atendida pelo Programa Agentes Locais de Inovação (ALI), desenvolvido pelo Sebrae no Rio Grande do Norte para levar inovação tecnológica ao setor industrial. A empresária também teve de participar de cursos promovidos por fabricantes de maquinários para a produção de sorvete.

Kaline garante que os sorvetes do Sertão Gelado têm obtido boa aceitação e a fruta do pêlo veio para ser o grande diferencial, além de levar o nome de Angicos para outras localidades.

Fonte: G1

sábado, 4 de maio de 2013


HISTÓRIA

SEDES DA ESCOLA JOSÉ CORREIA

Grupo Escolar Tenente Coronel José Correia - Assu/RN (atual Escola Estadual Tenente Coronel José Correia), fundado em 07 de setembro de 1911, funcionou durante 37 anos no prédio situado à Rua São Paulo (atual Rua Minervino Wanderley). Devido ao grande número de alunos e a falta de estrutura do estabelecimento foi construído, na Rua Coronel Wanderley, o prédio que até hoje comporta esta unidade de ensino. A inauguração deu-se no dia 02 de fevereiro de 1949. De lá até os dias atuais, já se vão 64 anos de atividades letivas, na atual sede.  
Alunos e mestres em frente ao Grupo José Correia - Rua São Paulo
Prédio do Grupo José Correia (Rua São Paulo) no período em que foi desativado
Grupo Escolar Ten. Cel. José Correia na Rua Coronel Wanderley
Escola Estadual Tenente Coronel José Correia
Comemoração do Centenário - ano de 2011

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Sinhazinha Wanderley


Maria Carolina Caldas Wanderley (1876-1954), poetisa, educadora, empresta o seu nome a uma das principais ruas do Centro da cidade de Assu, sua terra natal, bem como a uma escola municipal e uma praça. Ela é considerada como uma das precursoras do ensino moderno. 

"Intuitivamente adotava procedimentos educativos que mais tarde seriam introduzidos no ensino pela chamada "escola nova". Sinhazinha mesmo depois de aposentadatodos os dias se dirigia ao Grupo Escolar Ten. Cel. José Correia, para oferecer flores aos alunos. 

Literariamente colaborou em jornais como Jornal do Rio Grande do Norte, Gazeta de Natal e Via-Láctea, além de A cidade, Jornal do Sertão e Atualidade, de Assu. Deu ainda a sua colaboração literária, na revistas Oásis e no Almanaque Literário do Município de Assu.

A sua obra poética, como, Trovas Infantis, Dramas Escolares, Palestras Infantis, Lira das Selvas e Musa Sertaneja, não veio ainda a ser publicada. Tem apenas um livro, publicado postumamente sob o titulo de Paisagem da Minha Terra, 1990, organizado, salvo engano, pelos escritores assuenses Celso da Silveira e João Batista Machado. 

Sobre ela, Sinhazinha, escreveu a professora Rosa Nália de Sá Leitão Pinheiro, dizendo:

 "( ...) Essa professora desenvolveu suas atividades de ensino por mais de quarenta anos naquela cidade, contribuindo para a formação intelectual de várias gerações, e permanecendo até hoje viva na memória de seus contemporâneos. Foi responsável pela introdução de novas atividades no dia a dia da sala de aula, por exemplo atividades lúdicas através de jogos, da música e da poesia, diferentemente da prática austera que predominava naquela época. Esta professora foi, para a época, uma mulher que se ergueu acima da mediocridade imposta ao seu sexo: escrevendo artigos em jornais e revistas, compondo hinos cívicos e religiosos, ministrando aulas e participando de atividades artístico - culturais. Com esta análise, configura-se, em parte, não apenas uma época, mas também a história da educação do Assu através das práticas literárias que circulavam.



Afinal, vale a pena registrar, que Sinhazinha Wanderley deixou escrito um depoimento sobre a terra assuense: seus costumes, tradições e sua gente, que o antologista Walter Wanderley, no seu livro Família Wanderley, 1965, transcreveu, de muita importância para a história do Assu.

Vejamos o soneto que Sinhazinha escreveu, intitulado de Auto-Retrato, conforme adiante: 

Eu sou um ser pequeno, amarrotado,
De óculos escuros ao nariz e pisar manco,
O cabelo cortado e todo branco,
Sou mesmo um tipo amarmotado.

Trajo vestido azul já desbotado,
Nunca rio, meu riso não é franco,
Evito tropeçar nalgum barranco
por ter um pé já quase deslocado

Uso tênis, um par em cada mês,
Eu os compro a Xandu a cada vês
Que os outros estão esburacados

Passeio nas calçadas, pau na mão,
Procurando fazer a digestão
Quando engulo à tardinha algum bocado.

E este poema intitulado de Assu, às 11 do dia, que sinhazinha descreve um pouco do cotidiano da terra assuense e sua gente do seu tempo, que diz assim:

São horas de almoçar, há movimento,
Badalada no Mercado uma sineta,
Há gente pelas ruas, na valeta
Um pequeno tropeçar e, no momento...
Um carro a buzinar corre violento,
Um preto a pedinchar uma gorjeta
Compra Aguardente em vez de alimento!
Há silêncio nos lares. Nos hotéis
Engenheiros, bancários, coronéis,
Vão fazer sua farte refeição,
Enquanto um pobre ser, acocorado,
Tira do "caco" um sebo mal torrado
E o põe a misturar-se no feijão...

Dona Sinhazinha era filha de Luiz Carlos Wanderley e Francisca Carolina Lins Wanderley, tendo sido adotada pelo casal seus tios chamados Francisco Justiniano Lins Caldas e Umbelina Wanderley Caldas.

Fernando Caldas







quarta-feira, 1 de maio de 2013

                                          Assu-RN. Foto de Volney.


HISTÓRIA - ASSU X ABC

AOS NATALENSES, OS DESPORTISTAS ASSUENSES APRESENTAM SUA SAUDAÇÃO.
Foto Ilustrativa ASSU X ABC
Sede benvindos, desportistas do ABC Futebol Clube, para o abraço fraternal do Centro Esportivo Assuense!
Benvindos sejais, irmãos do ideal pebolístico, para, num intercâmbio amistoso, sentir o calor do nosso carinho e o contato da nossa afeição, nesse encontro que ficará indelével na constância de uma amizade que o próprio tempo se encarregará de tornar indestrutível!
Aconchegai-vos ao recesso dos nossos sentimentos mais sadios, pois aqui estamos para receber-vos de braços abertos, auspiciando-vos a feliz oportunidade do galardão da vitória comum – a conquista do coração da cidade em festa!

ÚLTIMA HORA ESPORTIVA

Segundo apurou a nossa reportagem, as duas equipes, isto é, Centro Esportivo Assuense e ABC Futebol Clube, pisarão o gramado do Estádio “Senador João Câmara”, com a seguinte constituição:

Centro Esportivo Assuense - C.E.A:
Zé Pretinho, Mimi, Dedito, Carlos, Edson, Melado, Lino, Petro, Nenem, Cachorrinho e Waldir.
Zé Pretinho - Goleiro do CEA.
Hoje, um octogenário residente em Assu
A.B.C:
- Washington, Toré, gajeiro, Dico, Zé Leão, Ozir, Caveirinha, Pajeú, Juarez, Albano e Tico.
A expectativa pela sensacional batalha, é intensa, prevendo-se, deste modo, que o Estádio “Senador João Câmara” receberá, hoje, a maior assistência já verificada depois de sua inauguração.

EMBAIXADA DO A.B.C FUTEBOL CLUBE

Conforme telegrama recebido pelo nosso diretor e Presidente do Centro Esportivo Assuense, a embaixada do esquadrão Natalense será integrada pelos seguintes elementos:
Presidente: Dr. Farache Neto; Secretário: Dr. Dourival Ferreira; Técnico: Antônio Farache.
Compõem, ainda, a referida embaixada: Dr. Murilo Aranha, Bianor Aranha e Felizardo Moura, além dos jogadores que constituem o team visitante, aos quais “ATUALIDADE”, apresenta os melhores votos de boas vindas.

BAILE
Às 21 horas, no salão nobre do Grupo Escolar “Tenente Coronel José Correia” (foto), como parte final do programa de homenagem à embaixada visitante, terá lugar um animado baile abrilhantado pela Jazz Flor de Lis, do Centro Regional de Escoteiros do Assu – CREA, desta cidade.

Fonte: Jornal ATUALIDADE – Semanário Independente – nº 01 de 29 de janeiro de 1950.

Ariano Suassuna falando do forró atual...

Foto: Ariano Suassuna falando do forró atual...

‘Tem rapariga aí? Se tem, levante a mão!’. A maioria, as moças, levanta a mão. Diante de uma plateia de milhares de pessoas, quase todas muito jovens, pelo menos um terço de adolescentes, o vocalista da banda que se diz de forró utiliza uma de suas palavras prediletas (dele só não, e todas bandas do gênero). As outras são ‘gaia’, ‘cabaré’, e bebida em geral, com ênfase na cachaça. Esta cena aconteceu no ano passado, numa das cidades de destaque do agreste (mas se repete em qualquer uma onde estas bandas se apresentam). Nos anos 70, e provavelmente ainda nos anos 80, o vocalista teria dificuldades em deixar a cidade.
Pra uma matéria que escrevi no São João passado baixei algumas músicas bem representativas destas bandas. Não vou nem citar letras, porque este jornal é visto por leitores virtuais de família. Mas me arrisco a dizer alguns títulos, vamos lá: Calcinha no chão (Caviar com Rapadura), Zé Priquito (Duquinha), Fiel à putaria (Felipão Forró Moral), Chefe do puteiro (Aviões do forró), Mulher roleira (Saia Rodada), Mulher roleira a resposta (Forró Real), Chico Rola (Bonde do Forró), Banho de língua (Solteirões do Forró), Vou dá-lhe de cano de ferro (Forró Chacal), Dinheiro na mão, calcinha no chão (Saia Rodada), Sou viciado em putaria (Ferro na Boneca), Abre as pernas e dê uma sentadinha (Gaviões do forró), Tapa na cara, puxão no cabelo (Swing do forró). Esta é uma pequeníssima lista do repertório das bandas.
Porém o culpado desta ‘desculhambação’ não é culpa exatamente das bandas, ou dos empresários que as financiam, já que na grande parte delas, cantores, músicos e bailarinos são meros empregados do cara que investe no grupo. O buraco é mais embaixo. E aí faço um paralelo com o turbo folk, um subgênero musical que surgiu na antiga Iugoslávia, quando o país estava esfacelando- se. Dilacerado por guerras étnicas, em pleno governo do tresloucado Slobodan Milosevic surgiu o turbo folk, mistura de pop, com música regional sérvia e oriental. As estrelas da turbo folk vestiam-se como se vestem as vocalistas das bandas de ‘forró’, parafraseando Luiz Gonzaga, as blusas terminavam muito cedo, as saias e shortes começavam muito tarde. Numa entrevista ao jornal inglês The Guardian, o diretor do Centro de Estudos alternativos de Belgrado. Milan Nikolic, afirmou, em 2003, que o regime Milosevic incentivou uma música que destruiu o bom-gosto e relevou o primitivismo est tico. Pior, o glamour, a facilidade estética, pegou em cheio uma juventude que perdeu a crença nos políticos, nos valores morais de uma sociedade dominada pela máfia, que, por sua vez, dominava o governo.
Aqui o que se autodenomina ‘forró estilizado’ continua de vento em popa. Tomou o lugar do forró autêntico nos principais arraiais juninos do Nordeste. Sem falso moralismo, nem elitismo, um fenômeno lamentável, e merecedor de maior atenção. Quando um vocalista de uma banda de música popular, em plena praça pública, de uma grande cidade, com presença de autoridades competentes (e suas respectivas patroas) pergunta se tem ‘rapariga na plateia’, alguma coisa está fora de ordem. Quando canta uma canção (canção?!!!) que tem como tema uma transa de uma moça com dois rapazes (ao mesmo tempo), e o refrão é ‘É vou dá-lhe de cano de ferro/e toma cano de ferro!’, alguma coisa está muito doente. Sem esquecer que uma juventude cuja cabeça é feita por tal tipo de música é a que vai tomar as rédeas do poder daqui a alguns poucos anos.

Ariano Suassuna

‘Tem rapariga aí? Se tem, levante a mão!’. A maioria, as moças, levanta a mão. Diante de uma plateia de milhares de pessoas, quase todas muito jovens, pelo menos um terço de adolescentes, o vocalista da banda que se diz de forró utiliza uma de suas palavras prediletas (dele só não, e todas bandas do gênero). As outras são ‘gaia’, ‘cabaré’, e bebida em geral, com ênfase na cachaça. Esta cena aconteceu no ano passado, numa das cidades de destaque do agreste (mas se repete em qualquer uma onde estas bandas se apresentam). Nos anos 70, e provavelmente ainda nos anos 80, o vocalista teria dificuldades em deixar a cidade.
Pra uma matéria que escrevi no São João passado baixei algumas músicas bem representativas destas bandas. Não vou nem citar letras, porque este jornal é visto por leitores virtuais de família. Mas me arrisco a dizer alguns títulos, vamos lá: Calcinha no chão (Caviar com Rapadura), Zé Priquito (Duquinha), Fiel à putaria (Felipão Forró Moral), Chefe do puteiro (Aviões do forró), Mulher roleira (Saia Rodada), Mulher roleira a resposta (Forró Real), Chico Rola (Bonde do Forró), Banho de língua (Solteirões do Forró), Vou dá-lhe de cano de ferro (Forró Chacal), Dinheiro na mão, calcinha no chão (Saia Rodada), Sou viciado em putaria (Ferro na Boneca), Abre as pernas e dê uma sentadinha (Gaviões do forró), Tapa na cara, puxão no cabelo (Swing do forró). Esta é uma pequeníssima lista do repertório das bandas.
Porém o culpado desta ‘desculhambação’ não é culpa exatamente das bandas, ou dos empresários que as financiam, já que na grande parte delas, cantores, músicos e bailarinos são meros empregados do cara que investe no grupo. O buraco é mais embaixo. E aí faço um paralelo com o turbo folk, um subgênero musical que surgiu na antiga Iugoslávia, quando o país estava esfacelando- se. Dilacerado por guerras étnicas, em pleno governo do tresloucado Slobodan Milosevic surgiu o turbo folk, mistura de pop, com música regional sérvia e oriental. As estrelas da turbo folk vestiam-se como se vestem as vocalistas das bandas de ‘forró’, parafraseando Luiz Gonzaga, as blusas terminavam muito cedo, as saias e shortes começavam muito tarde. Numa entrevista ao jornal inglês The Guardian, o diretor do Centro de Estudos alternativos de Belgrado. Milan Nikolic, afirmou, em 2003, que o regime Milosevic incentivou uma música que destruiu o bom-gosto e relevou o primitivismo est tico. Pior, o glamour, a facilidade estética, pegou em cheio uma juventude que perdeu a crença nos políticos, nos valores morais de uma sociedade dominada pela máfia, que, por sua vez, dominava o governo.
Aqui o que se autodenomina ‘forró estilizado’ continua de vento em popa. Tomou o lugar do forró autêntico nos principais arraiais juninos do Nordeste. Sem falso moralismo, nem elitismo, um fenômeno lamentável, e merecedor de maior atenção. Quando um vocalista de uma banda de música popular, em plena praça pública, de uma grande cidade, com presença de autoridades competentes (e suas respectivas patroas) pergunta se tem ‘rapariga na plateia’, alguma coisa está fora de ordem. Quando canta uma canção (canção?!!!) que tem como tema uma transa de uma moça com dois rapazes (ao mesmo tempo), e o refrão é ‘É vou dá-lhe de cano de ferro/e toma cano de ferro!’, alguma coisa está muito doente. Sem esquecer que uma juventude cuja cabeça é feita por tal tipo de música é a que vai tomar as rédeas do poder daqui a alguns poucos anos.

Ariano Suassuna

Sobre Ascenso Ferreira


Ascenso Ferreira (1895-1965), poeta pernambucano de Palmares, de temas regionais de sua terra, um dia numa feliz inspiração, produziu o poema sob o título "Filosofia", que está publicado na antologia intitulada de "Os Cem Melhores Poemas Brasileiros do Século", Editora Objetiva - Rio de Janeiro, 2001, página 83, organizada por Ítalo Moriconi, conforme adiante:

Hora de comer — comer!

Hora de dormir — dormir!

Hora de vadiar — vadiar!

Hora de trabalhar?

— Pernas pro ar que ninguém é de ferro!
Ascenso Ferreira (1895-1965), poeta pernambucano de Palmares, de temas regionais de sua terra, um dia numa feliz inspiração, produziu o poema sob o título "Filosofia", que está publicado na antologia intitulada de "Os Cem Melhores Poemas Brasileiros do Século", Editora Objetiva - Rio de Janeiro, 2001, página 83, organizada por Ítalo Moriconi, conforme adiante:

Hora de comer — comer!

Hora de dormir — dormir!

Hora de vadiar — vadiar!

Hora de trabalhar?

— Pernas pro ar que ninguém é de ferro!

terça-feira, 30 de abril de 2013

Guardo a minha vida
Em poemas, cujos livros
Aguardam ser escritos…
Guardo a minha alma
Em pétalas de açucenas
Que lanço ao vento
Quando o vento silencia todos os gritos…
Talvez um dia a natureza dite
Que os frutos nasçam não de sementes
Mas de lembranças…
E as crianças
Do olhar de quem as deseja…
Talvez um dia
As palavras
Signifiquem
Não o que dizem
Mas o que esperamos delas…
E as estrelas
Brilhem
Não fora
Mas dentro de nós!
Talvez então
A voz
Seja o que deve ser
Uma luz ao anoitecer
Uma noz
De desejo
Irrompendo
Sem dor
E talvez, por fim,
O Amor
Sejamos nós…

Emílio Miranda
Guardo a minha vida
Em poemas, cujos livros
Aguardam ser escritos…
Guardo a minha alma
Em pétalas de açucenas
Que lanço ao vento
Quando o vento silencia todos os gritos…
Talvez um dia a natureza dite
Que os frutos nasçam não de sementes
Mas de lembranças…
E as crianças
Do olhar de quem as deseja…
Talvez um dia
As palavras
Signifiquem
Não o que dizem
Mas o que esperamos delas…
E as estrelas
Brilhem
Não fora
Mas dentro de nós!
Talvez então
A voz
Seja o que deve ser
Uma luz ao anoitecer
Uma noz
De desejo
Irrompendo
Sem dor
E talvez, por fim,
O Amor
Sejamos nós…

Emílio Miranda

REGISTRO FOTOGRÁFICO

Já no Vale do Açu, o nível da barragem Armando Ribeiro Gonçalves ainda é baixo.
Tão baixo que já fez aparecer ruínas do que antes foi a cidade de São Rafael, que foi inundada há 30 anos, quando a barragem foi construída, levando todos seus moradores para uma nova cidade, recém-construída.

Mas…caso a transposição do São Francisco seja realmente executada, a barragem Armando Ribeiro Gonçalves nunca mais baixará seu nível, e o que restou da antiga São Rafael, nunca mais aparecerá..
.
O registro é de Canindé Soares.

Aqui era a igreja. A torre, que sempre aparecia quando o nível da água baixava, caiu há cerca de 2 anos (Fotos: Canindé Soares)

Um vaso sanitário dos antigos, de cimento, que restou de uma casa destruída

Restos de uma cidade

Restos de uma cidade...
Vendo aqui os restos de São Rafael, a antiga, me lembrei de uma viagem de estudos que fiz na escola para a cidade de São Rafael, a antiga.
Faltava pouco tempo para todos os moradores serem transferidos para a cidade recém-construída.
Nessa época, parte da cidade já estava dentro d’água. Metade da igreja já estava inundada. A barragem Armando Ribeiro Gonçalves já estava começando a encher.
Nós fomos levados à beira da barragem, dentro de São Rafael…onde ainda havia gente morando.
A cerca de 30 metros da água, entrei em uma casa para ir ao banheiro.
E nunca mais me esqueci daquela cena: uma senhora muito triste porque estava a poucos dias de ver sua casa ser destruída.
Dali sairia para viver numa casa – tipo de conjunto – inóspita, feia, sem alma. Estava sendo obrigada, mas retardando o quanto podia, como quem queria aproveitar até o último momento aquele canto onde havia construído sua história, sua vida e de sua família.
A casa dela era linda. Estilo antigo. Bem cuidada, com vasos de flores, toalha xadrez na mesa…
Pelo tempo, aquela senhora já deve ter morrido. E deve ter morrido muito triste.

Postado por Thaisa Galvão

Orquestra de Sanfonas de Assú fará apresentação na terra de Luiz Gonzaga

Orquestra sanfônica fará viagem a Pernambuco Orquestra sanfônica fará viagem a Pernambuco
ASSÚ - A Orquestra de Sanfonas do município do Assú, que tradicionalmente está presente nas noites de quarta-feira em algum espaço público da cidade, de maneira itinerante levando o toque da sanfona, irá pegar a estrada no próximo mês. O grupo sanfoneiro desembarcará em Exu, interior de Pernambuco, terra em que nasceu e viveu a infância e parte da adolescência o renomado cantor/compositor Luiz Gonzaga, o "Rei do Baião".

A Orquestra de Sanfonas do Assú, financiada pelos próprios componentes, teve início em novembro de 2012, com a proposta de despertar o surgimento de novos talentos e incentivar o gosto pela música e, principalmente, pelo referido instrumento que possui uma forte identificação com a cultura nordestina, conforme diz um dos integrantes do grupo, Gilmar Carlos Lopes, "Gilmar do Acordeom".
Ele informou que nesta viagem ao município pernambucano de Exu será feita uma apresentação, dentre outras, no "Mausoléu do Gonzagão", onde estão localizados os túmulos de Luiz Gonzaga, Dona Helena (sua primeira mulher) e Januário (pai). "Gilmar do Acordeom" frisou que o repertório da Orquestra é bastante eclético, misturando Luiz Gonzaga, Roberto Carlos, Zé Ramalho e demais artistas nordestinos e brasileiros.

ITINERÁRIO 
Em Assú, o grupo já se apresentou na área de embarque e desembarque do Terminal Rodoviário Petronilo Varela da Silva, no conjunto residencial Irmã Lindalva, praça José de Arimatéia de Souza, praça João Leônidas de Medeiros, praça São João e outros logradouros, além de fazer parte das agendas socioculturais das festas de São Sebastião, padroeiro dos católicos da comunidade do bairro Bela Vista e na festa da beata assuense Irmã Lindalva, em janeiro último.

 
Postado por Aluízio Lacerda. 
Fonte: O Mossoroense. 
Do blog Assu na Ponta da lingua, de Ivan Pinheiro

CIDADÃO FOLCLÓRICO

O “SEU LUNGA” QUE O MUNDO CONHECE
O cidadão Joaquim dos Santos Rodrigues, mais conhecido como "Seu Lunga", nasceu em no dia 18 de agosto de 1927 em Juazeiro do Norte. Atualmente reside em sua terra berço onde comercializa sucatas. A “Seu Lunga” são atribuídas diversas piadas sobre seu temperamento, criando um personagem do folclore nordestino.
Seu Lunga” é conhecido pela falta de paciência nas respostas. Diversos contos, de autenticidade não comprovada sobre seu mau humor circulam nas redes sociais da Internet.
Em sua sucata, localizada no centro de Juazeiro do Norte (próximo ao Mercado Central), “Seu Lungavende de tudo, desde aparelhos de televisão a frutas. Recebeu o apelido de uma senhora, que era vizinha, e passou a chamá-lo de Calunga, que mais adiante se reduziu para “Lunga”.
É considerado pela população de Juazeiro do Norte, município do Ceará, como uma lenda viva.
Não gosta de ser chamado de ignorante, pois afirma que ignorante é quem não tem educação. Gosta de ser reconhecido pelos versos e poesias, feitos por si próprio.
Com o advindo das redes sociais, a popularidade de “Seu Lunga” explodiu nos últimos anos com sites que lembram as suas clássicas frases, e até com comunidades exclusivas dedicadas a figura do celebre cearense.

O "SEU LUNGA" QUE CONHECI

Ao chegarmos a seu comércio, na tentativa de “quebrar o gelo”, fui logo perguntando:
- O senhor é “Seu Lunga”?
Ele sem me olhar respondeu:
- Eu não disse nada, você é que tá dizendo!...
Como já esperávamos uma resposta satírica, disparamos em gargalhadas.
A partir daí começamos a conversar e pude observar que “Seu Lunga”, na verdade, é um sujeito inteligente, formador de opiniões...  Um cidadão que recebe diariamente pessoas amigas para baterem papos na calçada do seu comércio. Política, cultura, religião, comércio, sociedade... São assuntos de pauta.
Com a chegada de minha filha Natália ele já foi recitando uma poesia sobre o ardor da juventude. Depois recitou poemas de sua autoria e de outros poetas nordestinos. Perguntou de onde éramos... Disse conhecer a região do Vale do Assu e, como não poderia ser diferente, conhecia a fama dos poemas do mestre Renato Caldas.
Foram poucos minutos até que chegou uma turma de jovens de Maceió que veio a Juazeiro visitar duas figuras cearenses: Padre Cícero e “Seu Lunga”. Já chegaram fazendo a maior “festa” e fotografando.
Como éramos mais comportados, nos despedimos de “Seu Lunga” e saímos em direção ao Mercado Central.
Horas depois, quando retornei ao estacionamento (na lateral do prédio de “Seu Lunga”), enquanto aguardava o restante da turma, logicamente as mulheres, me escorei na parede de seu comércio e fiquei a observar “Seu Lunga” conversando, animadamente, com dois amigos da cidade, sentados em tamboretes de madeira. Os cidadãos de cabelos brancos, aspectos de intelectuais, trocavam opiniões sobre a política em nível nacional.
Saí de Juazeiro com a certeza de que Joaquim dos Santos Rodrigues - “Seu Lunga” é um cidadão trabalhador e respeitador. Gosta de poesia e arte. Montou em seu comércio, sem a menor intenção (acredito), um museu contemporâneo, graças aos produtos lá existentes, há anos, superados pela tecnologia.
Portanto, quem gosta de cultura, ao visitar Juazeiro do Norte/CE, não perca a oportunidade de trocar “dois dedos de prosa” com “Seu Lunga” – O poeta de pavio curto. 

Seu Lunga e Natália - observando, ao fundo, Ivan Pinheiro Filho
Seu Lunga, Ivan Filho, Margares Barros, Ceiça Barbosa,
Terezinha Roberta, Natália e Ivan Pinheiro.
(Juazeiro do Norte/CE - março de 2009)

  Luizinho Cavalcante IV Cultura Viva, acontecerá no 1º de junho no bar de Ninha - Pacheco O blog Carnaubais Para Todos segue promovendo a n...