quinta-feira, 11 de abril de 2013

O MARCO NO MORRO DO NAVIO, EM PIUM, NÍSIA FLORESTA, RIO GRANDE DO NORTE


Publicado em 11/04/2013

DSC00137
Autor – Rostand Medeiros
Uma situação que pessoalmente me deixa muito feliz é encontrar, trocar ideias e fazer amizade com pessoas que gostam de história. Mas esta situação se torna mais interessante é quando encontro pessoas interessadas em também proteger o nosso patrimônio histórico, tão vilipendiado e dilapidado que faz pena.
Bem, no último mês de março recebi um e-mail de um cidadão de nome Flávio Gameleira, um dentista, que curiosamente está terminando o curso de Gestão Ambiental. Em sua mensagem ele me trazia a notícia da existência de um estranho objeto de concreto, tombado no alto de uma duna no nosso litoral sul e que poderia ter haver com a Segunda Guerra Mundial.
Ele me enviou um link de um filme postado no You Tube em janeiro último e com pouco mais de um minuto de duração. Para evitar muita escrita, vejam o material clicando no link abaixo;
Então marcamos um encontro em minha casa, onde conheci Flávio e seu amigo Keber Kennedy e juntos trocamos ideias e teorias sobre aquele artefato.
Ligação com a Guerra
Flávio Gameleira me comentou que esteve no local com seus amigos Keber Kennedy e Március Vinícius no dia 4 de janeiro de 2013. Para chegar ao local ele contratou os serviços do Guia de Turismo chamado Marcelo.  Ele me revelou que havia um marco de concreto que havia sido fincado inicialmente no alto do morro e atualmente se encontrava cerca de 50 metros abaixo do local original. O Guia Marcelo lhe relatou que pessoas da região haviam informado que havia um ano gravado no marco: 1942 ou 1943.
No marco no Morro do Navio vemos Keber Kennedy (com a cãmera), Flávio Gameleira e Március Vivícius em janeiro de 2013
No marco no Morro do Navio vemos Keber Kennedy (com a cãmera), Flávio Gameleira e Március Vinícius em janeiro de 2013
Neste encontro Flávio me afirmou que ele e seus amigos tentaram desenterrar o marco, mas aquilo era uma tarefa muito pesada para ser realizada apenas com as mãos. Ele me comentou, e eu também achei o fato intrigante, saber que em um local de dificílimo acesso existia algo como aquilo e que a maioria das pessoas de nada saiba.
Para Flávio era importante saber quem, quando e porque foi colocado aquele marco naquele local , pois poderia se tratar de um patrimônio histórico.
Morro do Navio em abril de 2013, agora completamente desenterrado
Morro do Navio em abril de 2013, agora completamente desenterrado
O marco está na duna conhecida como Morro do Navio, ou Morro Vermelho, próximo a localidade de Pium, zona rural do município de Nísia Floresta a poucos quilômetros ao sul de Natal. Em meio a uma zona litorânea com ausência significativa de elevações naturais, este acidente geográfico se destaca na paisagem por possuir cerca de 350 metros de altitude. Ele é um pouco mais elevado que o famoso Morro do Careca, na Praia de Ponta Negra, este com uma altitude próxima de 340 metros.
Mas além da altitude o Morro do Navio é extremamente interessante para quem estuda a Segunda Guerra Mundial pela sua localização.
E como se encontrava em janeiro de 2013
E como se encontrava em janeiro de 2013
O morro fica exatamente entre o Aeroporto Internacional Augusto Severo/Base Aérea de Natal e o litoral. Evidentemente que durante a guerra muitos dos aviadores aliados que decolavam do movimentado Parnamirim Field tiveram oportunidade de ver este morro de suas aeronaves. Mas o Morro do Navio também é um ponto de localização muito visível para qualquer hidroavião que levantasse voo a partir da Lagoa do Bonfim.
Mas a questão era saber o porquê daquele objeto está ali no Morro do Navio?
Indicações
Para Flávio Gameleira uma das indicações estava no livro “Cartas da Praia”, do escritor potiguar Hélio Galvão.
Nesta obra o autor aponta que alguns morros mais altos na região de Tibau do Sul possuíam bases de concreto que eram utilizadas por geógrafos militares para comunicação com a utilização de espelhos, transmitindo sinais entre eles e chegando até a torre da igreja de São José de Mipibu.
Se este fato existiu realmente, este sistema de comunicação só poderia ser a conhecida heliografia e o dispositivo utilizado para enviar mensagens ópticas com a ajuda de luz solar era um heliógrafo.
A utilização da heliografia remonta à antiguidade, em que inúmeras culturas utilizavam a luz solar refletidas em materiais apropriados para enviar mensagens ou sinais através de distâncias consideráveis, além de inúmeras outras funções. Já o dispositivo de emissão de sinais consiste de um objeto brilhante montado sobre um suporte. Para usá-lo, o objeto pode ser girado ou fechado a fim de criar uma série de explosões de luz que podem ser lidas por um observador. Essas transmissões eram comumente feitas em código Morse, que utiliza uma série de transmissões longas e curtas para repassar informações.
Seria então o tal marco, quando se encontrava no alto do Morro do Navio, utilizado para a transmissão de informações através de um heliógrafo? Ou teria outra utilidade?
Em meio a estas conjecturas, na mesma semana que me encontrei com o Flávio, me encontro casualmente com o jornalista Luiz Gonzaga Cortez na mais importante casa da memória potiguar, o Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte. Neste momento me recordei que Gonzaga Cortez estava realizando uma pesquisa sobre antigos marcos de memória relativos a Segunda Guerra Mundial e decidi lhe relatar o fato.
Morro do Navio ou Morro Vermelho
Morro do Navio ou Morro Vermelho
Ele gostou da informação de Flávio e propôs realizarmos uma visita ao Morro do Navio.
Na hora confesso que fiquei muito surpreso, pois aqui em Natal é difícil as pessoas que trabalham com assuntos históricos realizarem pesquisas em conjunto. Além do mais sempre tive um extremo respeito pelo trabalho de Cortez. Lembro-me que ainda garoto, em 1985, por ocasião do cinquenta anos da Intentona Comunista, o jornal O Poti, edição dominical do periódico Diário de Natal, publicou uma série de reportagens assinadas por Cortez sobre este tema. Depois ele reuniu este material e publicou o livro ”A Revolta Comunista de 35 em Natal”, do qual fui ao lançamento e tenho uma edição autografada do autor.
DSC00114
No domingo (07/04/2013) seguimos para o morro. Junto com o autor deste artigo e Gonzaga Cortez, seguiram seu filho Cleando e seu neto. Flávio Gameleira foi contatado, convidado, mas não pode ir.
Visitando o Local
Ao chegarmos no local tivemos que deixar o carro a cerca de dois quilômetros de distância pela possibilidade do mesmo atolar na areia fofa. O problema é que chegamos tarde e nossa caminhada começou depois das onze da manhã, de um dia plenamente ensolarado e sem nenhuma nuvem no céu.
Neste ponto da trilha, a diferença no solo poderia indicar utilização de um trator para abrir este caminho em tempos passados?
Neste ponto da trilha, a diferença no solo poderia indicar utilização de um trator para abrir este caminho em tempos passados?
A trilha é larga, com muitas marcas de passagens de veículos tipo 4×4. Percebi que em alguns pontos parecia que aquele caminho havia sido aberto por um trator equipado com uma lâmina de terraplanagem.
Finalmente chegamos ao marco.
Primeiramente fomos surpreendidos diante do fato da peça em questão está totalmente desenterrada em relação ao vídeo realizado por Flávio Gameleira em janeiro último. Também vimos na área muitas e muitas marcas de pneus de veículos tracionados.
O marco totalmente desenterrado
O marco totalmente desenterrado
Mais interessante era que comparando com o vídeo, o marco parecia ter sido movido. Só não sabíamos para que e por quem?
Em relação ao marco propriamente dito, este possui um orifício na ponta, tem em torno de 1,50 m, sendo 40 centímetros só na base. Em uma de suas laterais encontram-se as inscrições  “1942″, “S.G.H.E.” e “45”.
Certamente aquele era um marco histórico relacionado com alguma missão militar realizada na década de 1940, provavelmente destinado a utilização na heliografia, ou com a área de levantamento geográfico e cartográfico do Serviço Geográfico do Exército.
Algumas marcas estranhas no marco
Algumas marcas estranhas no marco
Como na área de pesquisa histórica ninguém faz nada sozinho, busquei ajuda de um historiador militar, possuidor de um enorme e sólido conhecimento nesta área e que não nega ajuda a quem lhe busca informações.
Ao responder nossa consulta ele acredita que provavelmente este marco foi colocado há mais de 70 anos pelo Serviço Geográfico do Exército (SGEx). Em sua opinião este material está ligada a missão de um grupo de cartógrafos/topógrafos militares que realizou o levantamento de parte do litoral nordestino (de Pernambuco ao Ceará, incluindo o arquipélago de Fernando de Noronha), mediante a necessidade de operações de guerra que iriam se desenvolver naquela região.
Djalma Polly Coelho, que comandou o trabalho topográfico no litoral nordestino em 1941. Nasceu em 17 Outubro de 1892, em Curitiba, Paraná, sentou praça em 1911 e chegou a Aspirante Oficial em 1914. Chegou ao generalato em 1946. Foi Diretor do Serviço Geográfico Militar, posteriormente Serviço Geográfico do Exército e promoveu a criação do Curso de Topografia da Escola Técnica do Exército, hoje Instituto Militar de Engenharia. Foi Presidente da Comissão para a localização da nova Capital do Brasil (1946 a 1948) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Faleceu em 18 Out 1954 na cidade do Rio de Janeiro - Fonte - http://portal.dgp.eb.mil.br/
Djalma Polly Coelho – Fonte –http://portal.dgp.eb.mil.br/
Para cumprir tal missão foi organizado, em meados de 1941, o Destacamento Especial do Nordeste (DEN), chefiado pelo então Tenente Coronel Djalma Polly Coelho, contando com um número superior a trinta oficiais engenheiros e sargentos topógrafos.
O Serviço Geográfico mobilizou o curso de geodesia da Escola Técnica do Exército (atualmente Instituto Militar de Engenharia, IME), convocando seus oficiais e alunos, juntos com os da 1ª Divisão de Levantamento, para inclusão no Destacamento, assim como seis primeiros-tenentes da reserva e engenheiros civis possuidores do curso complementar da Escola de Engenheiros Geógrafos Militares.
Na foto vemos um C-47 Dakota em Parnamirim Field. Certamente este marco ajudou na construção desta grande base aérea
Na foto vemos em destaque um bimotor de transporte C-47 Dakota, em Parnamirim Field. Certamente este marco ajudou na construção desta grande base aérea
Entre estes levantamentos estava a da região onde seria construída a Base Aérea de Natal. O fato do marco estar num ponto dominante serve justamente para a realização deste tipo de trabalho com base no movimento dos astros.
DSC00144
Possivelmente a equipe que colocou o marco veio de Recife. Ainda segundo este nosso amigo historiador, é possível que na 3ª Divisão de Levantamento, com sede na capital pernambucana, ainda existam as coordenadas desse marco em algum documento antigo.
Protegidos Por Lei Federal…
Esses materiais são protegidos pelo DECRETO-LEI N° 243, DE 28 DE FEVEREIRO DE 1967, que fixa as diretrizes e bases da cartografia brasileira.
É interessante a leitura de um dos seus artigos:
CAPÍTULO VII
Dos Marcos, Pilares e Sinais Geodésicos
Art. 13 – Os marcos, pilares e sinais geodésicos são considerados obras públicas, podendo ser desapropriadas, como de utilidade pública, nas áreas adjacentes necessárias à sua proteção.
§ 1º – Os marcos, pilares e sinais conterão obrigatoriamente a indicação do órgão responsável pela sua implantação, seguida da advertência: “Protegido por lei” (Código Penal e demais leis civis de proteção aos bens do patrimônio público). .
§ 2° – Qualquer nova edificação, obra ou arborização, que, a critério do órgão cartográfico responsável, possa prejudicar a utilização de marco, pilar ou sinal geodésico, só poderá ser autorizada após prévia audiência desse órgão.
§ 3° – Quando não efetivada a desapropriação, o proprietário da terra será obrigatoriamente notificado, pelo órgão responsável, da materialização e sinalização do ponto geodésico, das obrigações que a lei estabelece para sua preservação e das restrições necessárias a assegurar sua utilização.
§ 4° – A notificação será averbada gratuitamente, no Registro de Imóveis competente, por iniciativa do órgão responsável.
Art. 14 – Os operadores de campo dos órgãos públicos e das empresas oficialmente autorizadas, quando no exercício de suas funções técnicas, atendidas as restrições atinentes ao direito de propriedade e a segurança nacional, têm livre acesso às propriedades públicas e particulares.
DSC00148
Ou seja, este tipo de material é protegido por LEI FEDERAL e isso implica em problemas com o Ministério Público Federal, através da Procuradoria da República no Rio Grande do Norte.
Bem, o objeto no alto do Morro do Navio aparenta ter sido um dos marcos iniciais de construção de uma das maiores bases aéreas fora dos Estados Unidos em toda a Segunda Guerra Mundial e a importância de Natal e Parnamirim Field foi tremenda para a vitória Aliada, onde seus símbolos deveriam ser motivo de preservação e proteção do Estado, ao abrigo da ação de pessoas despreparadas.
Na busca de maiores informações busquei um contato pela manhã sobre este objeto com o amigo Edgard Ramalho Dantas. Este é geólogo, professor aposentado da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, membro do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, me comentou que a importância histórica da Base de Parnamirim não está apenas em saber detalhes de esquadrões, pilotos e aviões, mas está também nos marcos de fundação e de desenvolvimento da referida obra.
Neste ponto, o mais elevado do Morro do Navio, ficava este marco
Neste ponto, o mais elevado do Morro do Navio, ficava este marco. Ao fundo os edifícios de Natal e Parnamirim
Diante de toda esta situação, na condição de cidadãos preocupados com a questão, o autor deste artigo e o jornalista Luiz Gonzaga Cortez decidiram procurar o jornal Tribuna Do Norte, que acolheu a nossa informação e publicou a seguinte matéria.
Morro do Navio é alvo de degradação ambiental
Publicação: 10 de Abril de 2013 às 00:00
Localizado na Área de Proteção Ambiental (APA) Bonfim-Guaraíra, o Morro do Navio, também conhecido como Morro Vermelho, nas dunas pertencentes ao município de Nísia Floresta, passa por um processo de degradação  por bugueiros e praticantes de rally. O gestor da APA Bonfim-Guaraíra do  Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do RN (Idema), Fábio de Vasconcelos Silva, confirmou que recebeu denúncia da situação na semana passada. Apesar de informar que a prática na área é proibida, o gestor da APA admitiu que não há um Plano de Manejo para a região.
Fábio de Vasconcelos Silva informou que o Conselho Gestor da APA Bonfim-Guaraíra vai se reunir no dia 16 de abril, às 9h, no auditório do Ecoposto da APA, em Nísia Floresta, para tratar do Plano de Manejo. De maneira provisória, vamos  identificar quais locais onde as trilhas podem ser feitas de maneira a minimizar ao máximo os impactos na área. Há locais que são mais sensíveis que outros, explicou.
A APA Bonfim-Guaraíra não possui um estudo que permita definir o Zoneamento Ecológico e Econômico, que regulamenta as áreas que podem ser utilizadas de maneira a minimizar os impactos no local. Por esse motivo, segundo Fábio de Vasconcelos Silva, qualquer atividade deve ser comunicada ao Idema e autorizada pelo órgão e pelo Conselho Gestor da APA.
DSC00133
As pessoas estão fazendo ralis de forma clandestina. Durante o monitoramento, me deparei com uma empresa de turismo que faz passeios de quadriciclos.  Esses passeios são ilegais, afirmou. Os organizadores de passeios turísticos e os praticantes de rally que forem surpreendidos pela Polícia Ambiental no local estarão sujeitos a sanções penais. Quem estiver fazendo passeios no local terá o carro apreendido, disse o gestor da APA.
A situação de degradação da Área de Proteção Ambiental também se confirma no relato de pesquisadores que foram ao local para identificar um marco de concreto que teria importância histórica. Ao averiguarem o objeto, que poderia ter servido de alicerce para a utilização de um equipamento militar do Exército Brasileiro durante a Segunda Guerra Mundial, o jornalista e membro do Instituto Histórico e Geográfico do RN (IHG-RN) Luiz Gonzaga Cortez, e o pesquisador e escritor Rostand Medeiros verificaram diversas marcas de pneus no Morro do Navio.
Morro pode ter marco histórico da II Guerra
A possibilidade de que o Morro do Navio seja um ponto que conserva a história do Rio Grande do Norte durante a Segunda Guerra Mundial reforça a importância da preservação da Área de Proteção Ambiental (APA) Bonfim-Guaraíra.
A Lagoa do Bonfim vista do alto do Morro do Navio
A Lagoa do Bonfim vista do alto do Morro do Navio
O marco tem 1,55 metros de altura e 47 centímetros de largura. Nele está gravado o número 1942, que segundo os pesquisadores  Rostand Medeiros  e Luiz Gonzaga Cortez poderia representar a data de instalação do equipamento. Também há no objeto a sigla SGHE.
De acordo com Rostand Medeiros, é possível que o marco tenha sido instalado por um grupo de cartógrafos e topógrafos que estariam fazendo o levantamento da região, provavelmente para a construção da Base de Natal (Parnamirim Field). O fato do marco estar num ponto dominante pode ter servido para este tipo de levantamento com base no movimento dos astros, explicou.
Outra possibilidade ventilada pelos pesquisadores é que o marco tenha servido de alicerce para a utilização de um heliógrafo, equipamento militar que pertenceria ao Exército Brasileiro, de uso manual, para fins de orientação e comunicação.
Acreditamos que esse marco também poderia ter servido de base para esse aparelho, que teria a função de enviar sinais com a luz do sol por código morse, evitando assim a interceptação das mensagens, disse Rostand Medeiros.
Conclusão 
Mas enfim, vale a pena tanto papel, tanta digitação por um pedaço velho de concreto e que está largado no alto de uma duna?
DSC00139
Com certeza, pois é um marco de nossa história.
Qualquer museu que trabalhe a memória de forma séria, gostaria de ter uma peça original que ajudou na construção de uma das maiores bases Aliadas fora dos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial.
Mas qualquer museu sério, ou qualquer entidade que trabalhe com o tema da memória de forma séria em terras potiguares, deve seguir todos os trâmites legais para possuir este material. O desejo de preservação da memória não deve jamais se sobrepor a ideia de realizar as ações de maneira correta.
Certamente na questão relativa a este marco, em minha opinião ele deve ir para um museu.
Mas com a devida anuência de pessoas ligadas ao Exército Brasileiro, o Ministério Público Federal e Estadual, certamente o IDEMA e IBAMA. Não podemos esquecer da participação dos agentes do meio turístico, além das entidades de preservação da memória como o Instituto Histórico Geográfico do Rio Grande do Norte e as entidades de preservação da memória na cidade de Nísia Floresta, onde territorialmente o marco foi fincado a mais de setenta anos.
A união destes atores deve dar um destino correto a esta peça histórica.
P.S. – Quero agradecer a Flávio Gameleira, Keber Kennedy e Március Vinícius pela divulgação deste material, pois sem isso não saberíamos da existência deste marco histórico. Logicamente estendo estes agradecimentos a Luiz Gonzaga Cortez, ao seu filho e ao seu neto, por terem me convidado para visitar o local.
Todos os direitos reservados
É permitida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, desde que citada a fonte e o autor.

Fonte: Tok de História, de Rostand Medeiros

PARA NÃO SER FELIZ



No artigo anexo (Para não ser infeliz) observamos que um dos envolvidos na ilustração mostrou-se intolerante e irritadiço com um fato que poderia ser assimilado uma vez que não havia urgência e nem compromissos imediatos para ambos os comensais. Receberam, ainda, a visita do garçom, gentil e simpático, que procurou apresentar escusas diante do atraso para servir a refeição, oferecendo um bônus para compensar o contratempo ocorrido. Nada mudou na reação do citado senhor. E prosseguiu irritado e com mau humor.

Estamos sujeitos a situações análogas como esta. E dependerá diretamente como a encaremos para um resultado auspicioso ou negativo. No intimo de nosso lar podem acontecer ocasiões que exigirão autocontrole, calma, serenidade, para não evoluir para o que acabamos de relatar. Nosso cônjuge, filhos, pais, familiares, etc. não têm necessidade de ouvir e sentir de nós explosões de raiva, de ira, de antipatia. Será necessário analisar cada momento, cada circunstância e reparar o que causou aquela ocorrência. Poderemos incorrer em lamentável equívoco se nos deixarmos levar pela “primeira impressão” e nos permitirmos reagir inopinadamente, não medindo e nem aquilatando as consequências de nossos atos. Isto vale, claro, para amigos, para conhecidos, para colegas de trabalho, ou qualquer pessoa com quem nos relacionarmos no dia a dia.

Um ambiente desagradável será criado e nós mesmos nos sentiremos bastante incomodados com a situação emocional originada pelo nosso proceder. Indagamos, já antevendo a resposta dada: vale a pena investir em comportamento semelhante? Pessoas que amamos, que estimamos, que prezamos, fazem jus ser tratadas dessa forma? O que ganharemos com isso?

Reflita, pedimos encarecidamente. Medite, pense, concentre-se. Conte até três (ou mais). E aja com segurança e equilíbrio para com quem está diante de si.

Como de hábito, sugerimos que recorra a Deus para que Ele administre os seus sentimentos, suas atitudes, seu agir e verá que a tarefa se tornará mais amena. Lembre-se que o Senhor Jesus mostrou-se humilde e simples de coração e deseja que Seu exemplo seja seguido para que venha a obter resultados altamente positivos em seu viver diário.

Clênio Lins Caldas

Para não ser infeliz

É bastante comum reclamarmos do sofrimento ou das dores que nos atingem. Contudo, muitas vezes, tais condições são provocadas por nós mesmos. De um modo geral, costumamos aumentar nossa dor e sofrimento sendo exageradamente sensíveis. Assim, reagimos muito mal a fatos insignificantes e, por vezes, levamos as coisas para o lado pessoal. À conta disso, muitas irritações no dia a dia, podem se acumular de modo a representar uma importante fonte de sofrimento. É uma tendência a estreitar nosso campo de visão psicológica, interpretando ou confundindo tudo o que ocorre em termos do seu impacto sobre nós.

Conta-se que dois amigos foram a um restaurante para jantar. Eles não tinham nada importante para fazer em seguida. Podiam comer com calma, conversar, demorar-se o quanto desejassem. Nenhum compromisso, naquele dia, os aguardava. A noite poderia ser encerrada a hora que desejassem. Com esse espírito é que fizeram seu pedido e aguardaram que os pratos solicitados chegassem.

O serviço do restaurante acabou por se revelar extremamente lento, e um dos senhores começou a reclamar: "O garçom parece uma lesma! Onde é que ele pensa que está? Acho que está fazendo isso de propósito."

E assim foi durante todo o jantar. Uma ladainha de reclamações. Reclamou da comida, da louça, dos talheres e de todos os detalhes que descobriu não lhe agradarem.

Ao final da refeição, o garçom chegou e lhes ofereceu duas sobremesas, a título de cortesia. "É como uma compensação", disse gentil, "pela demora do serviço. Estamos com falta de pessoal, hoje. Houve um falecimento na família de um dos cozinheiros, e ele não veio trabalhar. Além disso, um dos auxiliares avisou que estava doente, na última hora. Espero que a demora não lhes tenha causado nenhum aborrecimento."
Enquanto o garçom se afastava, o homem descontente resmungou entre os dentes, deixando escapar a sua irritação: "Mesmo assim, nunca mais vou voltar aqui."

Este é um pequeno exemplo de como contribuímos para nosso próprio sofrimento. Levando a questão para o lado pessoal, como se tudo fosse feito de propósito contra nós; imaginando que as pessoas e o mundo giram em torno de nós, nos tornamos infelizes.

No caso apresentado, o resultado foi uma refeição desagradável para ambos. E com grandes possibilidades de, por causa da irritação, terem problemas de saúde, e, na sequência, a comida ingerida lhes fazer mal. Além, é claro, do aborrecimento, do desconforto, ante tanta reclamação. E tudo podia ter sido resolvido de forma tão fácil, com um pouco de paciência e tolerância.

Convenhamos, ainda, que se a pessoa olhasse ao redor e tivesse um mínimo de sensibilidade, teria podido constatar que havia falta de pessoal, que os que estavam trabalhando se esforçavam ao máximo. Isso, se não olhasse somente para si mesmo.

Jacques Lusseyran, cego desde os oito anos de idade, foi fundador de um grupo de resistência na segunda guerra mundial. Acabou sendo capturado pelos alemães e encarcerado em um campo de concentração.

Mais tarde, quando relatou as suas experiências no campo de prisioneiros, afirmou: "Percebi que a infelicidade chega a cada um de nós porque acreditamos ser o centro do universo. Porque temos a triste convicção de que só nós sofremos de forma insuportável. A infelicidade é sempre se sentir cativo na própria pele, no próprio cérebro."

Pensemos nisso.

O SENHOR respondeu: - Jonas, você acha que tem razão para ficar com tanta raiva assim? (Jonas 4:4)
Não permita que a ira domine depressa o seu espírito, pois a ira se aloja no íntimo dos tolos. (Eclesiastes 7:9)
O ressentimento mata o insensato, e a inveja destrói o tolo.  (Jó 5:2)

 



ESPORTE


PERGUNTAR NÃO OFENDE...

"Assu bicampeão, do litoral até o sertão (...)".

Quem sabe informar como, onde e quando ocorreu este fato histórico?

RESPOSTA:


O fato ocorreu quando o Assu foi bicampeão de futebol de salão (hoje futsal), em 1966, no Palácio dos Esportes, em Natal. Vejamos a taça (daquele campeonato potiguar) erguida por Nazareno Tavares "Barão". E a festeira cidade de Assu virou carnaval. Lembro-me bem de uma modinha que os assuenses cantavam naquele dia festivo, que diz assim: "Assu bicampeão, do litoral até o sertão (...). Era o técnico daquela seleção, Edson Queiroz que foi funcionário do Banco do Brasil, agência de Assu. Seus jogadores se não me falha a memória eram: Rui, Anchieta, Leleto, Mazinho, Dedé Lambioi, Maninho, Mauro e Agapito que eram cearenses. Fica esse registro de muita importância para o esporte assuense.

blogdofernandocaldas.blogspot.com

quarta-feira, 10 de abril de 2013


"...e para não tombar, para afirmar-me sobre a terra, continuar lutando, deixa em meu coração o vinho errante e o pão implacável da tua doçura"

 Pablo Neruda



















"...e para não tombar, para afirmar-me sobre a terra, continuar lutando, deixa em meu coração o vinho errante e o pão implacável da tua doçura"

Pablo Neruda

Breve relato sobre a chegada e permanência de João Meira Lima na cidade de Assu

João Meira Lima foi Juiz de Assu (por sinal, a primeira Comarca criada no interior do Rio Grande do Norte, data de 11 de abril de 1883), entre 1967-1968. No Assu chegando, Meira fora recebido com festa realizada no Colégio Nossa Senhora das Vitórias, onde tomou posse. Naquela ocasião discursaram o jornalista Osvaldo Amorim, deputado Edgard Montenegro, Maria Olímpia Neves de Oliveira então prefeita daquele município, além do poeta de “Fulô do Mato” chamado Renato Caldas (de quem Meira, já era amigo de vida boêmia em Natal), que leu um poema matuto intitulado “A voz dos bairros pobres da minha cidade – Homenagem no dia da posse de Meritíssimo Juiz de Direto da Comarca – Dr João Meira Lima”, que diz assim:


Dotô Juiz de Direito,
- Tá tudo Justo e Perfeito...
a chave desta cidade,
abre também corações.
Vô falá pela cidade
que teve a felicidade
de encontrar um Juiz,
que veio compretamente
vivê – Cuma vive a gente
da “Taba dos Janduís”...
no nosso crima, vivê,
da nossa água bebê!
poivá do nosso alimento:
carne gorda cum pirão.
Gozá o calô, o vento,
vê o Céu, pizá no chão,
sê poeta, sê vaqueiro,
sê cuma nós, brasileiro,
sofrendo e amando o Sertão.

Dotô João, Dona Tereza,
prestem atenção a nobreza
da minha satisfação...
Venho em nome da pobreza,
istribado na firmeza
do seu aperto de mão!

Dizer: - para meu agrado
com sincera leardade:
Os pobres desta Cidade,
os fios do meu sertão,
dona Tereza, obrigado.
obrigado dotô João.

Meira já irmão maçom, articulou com alguns assuenses fundar na terra naquela cidade a Loja Maçônica Fraternidade Assuense, no ano de 1967. Em 1968, salvo engano, aquela loja maçônica adquiriu sua sede própria em terreno doado por Edmilson Lins Caldas )um dos fundadores daquela loja), funcionando também nas suas dependências, uma escola primária, também de iniciativa de Meira Lima.

Em 1986, Meira fora agraciado com o título de Cidadão Assuense, projeto de Lei aprovado à unanimidade pelos vereadores. Naquela sessão solene, realizada nas dependências da AABB, falaram além do homenageado, o ex-deputado Edgard Montenegro, prefeito Ronaldo Soares, Juiz Agamenon Fernandes, bem como o vereador e presidente da Câmara dos Vereadores do Assu Fernando Caldas autor daquela propositura. 

Por fim, João Meira Lima deixou muitos amigos no Assu, participando ativamente dos das tertúlias, dos saraus poéticos e das serenatas realizadas no Assu festeiro.

Fica a João Meira Lima, com quem eu tive o prazer de conhecer e de com ele convive no Assu e e em Natal, a minha homenagem.

Fernando Caldas

Lembrando Chico Agrício

Francisco Agrício Caldas, se não me falha a memória, é o seu nome de registro. Antigo, famoso e experiente enfermeiro prático da terra assuense. Até porque, ele, Chico, conviveu na intimdade com um grande médico, meu amigo e também dele, Agrício, chamado doutor Sales, um dos primeiros médicos a clinicar no Assu.
Não sei do seu paradeiro, se ainda mora no Assu, ou não! Mas sei que construimos ao longo do tempo, uma grande amizade, como também com seus filhos, meus amigos de infância prazenteira e feliz na minha querida cidade de Assu.  

Chico Agrício, merece uma homenagem do poder público da terra assuense, pelos seus serviços prestados a população daquele município, durante décadas.

Afinal, Chico Agrício é bom fazedor de glosas, versos populares. Guardo dele, além dos seus filhos, boas recordações e lembranças!

Fernando Caldas

O INTELIGENTE E O SABIDO

Há duas categorias de pessoas que, sobretudo no Rio Grande do Norte, merecem um debruçamento maior, uma atenção mais atenta, um enfoque mais...