domingo, 2 de abril de 2023

Centro da revolução de 1817, Pernambuco se declarou país há quase dois séculos e formou uma nação com metade do Nordeste. A iniciativa durou pouco e cai no esquecimento dos pernambucanos

por Paulo Trigueiro

Missas celebradas com cachaça e hóstias feitas com mandiocas em rejeição ao vinho e ao trigo portugueses. Era o bairrismo local já voando alto, a ponto de, em 1817, o estado virar um país. República, mais de 70 anos mais jovem que a brasileira, independente do Reino Unido do Brasil e de Portugal. A ousadia foi fruto de uma revolução. Durante 75 dias, quatro estados nordestinos e parte da Bahia viraram um nação: Pernambuco.

O sentimento, desde então, era de patriotismo. “Patriota” virou uma espécie de título, com o qual as pessoas se reconheciam. “Tudo foi realizado com base nesse sentimento. As pessoas não queriam poder para si ou enriquecer com o erário. Quando os líderes foram presos e executados, havia mais dinheiro nos cofres públicos que antes da revolução, uma evidência do caráter desses governantes”, opina o professor de História da UFPE Severino Vicente. “Outra expressão desse patriotismo pernambucano que continua até hoje é a nossa bandeira. Jogamos fora a combinação de verde e amarelo, cores da família real portuguesa, e criamos algo genuinamente nosso.”

A revolução que conceberia a República ocorreu em 6 de março de 1817. Sete anos de eclodir, já existia uma articulação entre os pernambucanos para tentar dominar os portugueses. “Foi um momento oportuno. As ruas estavam agitadas porque os tributos eram altíssimos. A revolução teve início em um levante militar, com um capitão pernambucano matando um superior do Reino, mas a história já vinha sendo pensada antes”, explica o professor de História da Universidade Católica de Pernambuco Flávio Cabral, que está escrevendo um livro sobre o tema. “É um dos momentos mais interessantes do nosso estado.”

Depois do assassinato, o capitão José Barros de Lima, conhecido como Leão Coroado, tomou o quartel e deu início à revolução. O governador de Pernambuco Caetano Montenegro que, claro, era português, se escondeu no Forte do Brum mas acabou se rendendo no mesmo dia e foi expulso do estado. “Eles já pensavam em eleição, mas não tiveram tempo de realizá-las”, conta Cabral. “Criaram uma assembleia constituinte e o esboço da Constituição já falava em liberdade religiosa. Eles estavam seguindo as ideias mais avançadas da época, baseados nas repúblicas francesa e americana. Mesmo que tenham continuado com a religião católica como oficial e tendo vários padres na liderança.” Era uma república diferente daquele que compôs o primeiro grito de República da América Latina, de Bernardo Vieira de Melo, mais de cem anos antes.

O PAPEL DE CRUZ CABUGÁ

Antônio Gonçalves Cruz, o Cruz Cabugá, desempenhou um papel quase surreal 1817. Espécie de diplomata da nova República, viajou até os Estados Unidos para comprar armas e articular a fuga de Napoleão Bonaparte, confinado na Ilha britânica de Santa Helena. Alguns soldados napoleônicos ainda vieram ao Brasil. Mas a revolução não deu certo eles foram presos ao chegar. 

Cabugá permaneceu nos Estados Unidos e só voltou depois de receber o perdão real em 1821

Com a constituição, a nobreza perderia suas regalias. É o que mais chama a atenção do professor de História da UFPE Marcos Carvalho. “Antes, as pessoas tinham qualidades. Elas poderiam ficar ricas, mas continuariam tendo uma marca de origem. E um nobre poderia tirar tudo que era dele. Com constituição, direitos e deveres, as pessoas passavam a ter condições, que elas poderiam modificar. Imagina isso em Pernambuco naquela época”, comenta. Após o fim da revolução, quando o movimento foi reprimido e a República desfeita, houve um dos fatos mais curiosos, para Carvalho, a respeito de toda a história do Brasil enquanto colônia: foi a primeira vez em que padres foram executados.

Território

O território pernambucano mudou com o fim da Revolução de 1817, Mas essa não foi a única vez em que isso aconteceu. Veja como os mapas de Pernambuco foram se transformado com o tempo.



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1534 – A capitania de Pernambuco foi definida pela Coroa portuguesa e doada a Duarte Coelho
1680 – Um mapa realizado neste ano pelo holandês Joan Blaeu mostra o crescimento da capitania
1756 – A capitania de Itamaracá é anexada ao território pernambucano
1817 – Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba são adicionados à República de Pernambuco. Após a revolução, Alagoas, antiga comarca pernambucana, vira território independente
1824 – Depois da Confederação do Equador, Pernambuco perdeu parte do seu território como punição
1868 – A cada mapa, melhorias são realizadas para uma representação mais fiel do estado. O IBGE sempre realiza ajustes de limites territoriais, o último, em 2014. De acordo com a geógrafa do IBGE Amanda Estela Guerra, um mapa próximo da imagem do atual território de Pernambuco foi desenhado em 1868, pelo senador Câmara Mendes.

A evolução territorial de Pernambuco retratada não leva em conta alterações no resto do país e foi concebida com base nos seguintes mapas históricos (clique)

Por que não vingou?

Muitas repúblicas são criadas em revoluções que invocam reações de independência. Assim o foi com um sem número de nações mundiais criadas ao longo da história ou mesmo com colônias que, em movimentos políticos, se declararam independentes e viraram países.

O caso de Pernambuco foi um pouco diferente e estudiosos apontam as razões pela qual o país não continuou a existir além dos 75 dias em que esteve separada do Brasil.


Escravos não foram libertados

Sem a abolição da escravatura, Pernambuco perdeu de ter um grande exército. Quando as tropas portuguesas chegaram, pouco mais de dois meses depois da revolução, encontraram pouquíssimo contingente militar.

 


“Traição” de Alagoas

Até 1817, Alagoas era comarca pernambucana, assim como parte da Bahia. Apesar de pronta para lutar pelo país que fazia parte, o estado decidiu lutar junto às tropas portuguesas em troca da própria independência.

Paulo Trigueiro

Repórter

Paulo é estudante de jornalismo com formação em psicologia. Escreve para o Diario desde 2013. Pernambucano, segue dando os passos necessários para declarar a própria “independência”.

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sábado, 1 de abril de 2023

 


VIVA NATAL Adoramos Natal

Roberto Guedes da Fonseca

Achei que o grupo gostaria disso

Pode ser uma imagem de 4 pessoas e pessoas em pé
O serviço de bondes puxados a burro da Companhia Ferro Carrilho que circularam em Natal teve início em 7 de setembro 1908, inaugurando o primeiro trecho da Rua Doutor Barata (Ribeira) à Praça Padre João Maria, na Cidade Alta. Em 1910 foram iniciados os estudos para a instalação dos bondes elétricos, que ficou sob a administração da Empresa de Melhoramentos de Natal, Vale Miranda & Domingos Barros, tendo sido inaugurado no dia 2 de outubro de 1911. O progresso foi notável e as linhas começaram a se estender: em novembro de 1911, inaugura-se a linha para o Alecrim ; em agosto de 1912 os bondes chegam a Petrópolis . Em agosto de 1913 inaugura-se nova linha que, partindo da Avenida Rio Branco chegava ao Tirol onde está o Aeroclube e em 1⁰ de fevereiro de 1915 à Praia de Areia Preta. Posteriormente o serviço de viação urbana passou para a Empresa de Tração Força e Luz que, desinteressando- se pelo empreendimento, relegou o serviço de bondes a segundo plano, tornando-se deplorável, encerrando a prestação de serviço em maio de 1955. Na foto do ano de 1905, bonde puxado a burro.

GLOSA

Não sabemos dar valor
Aquilo que a gente tem
Não se avalia um bem
Por mais caro que ele for
Quando se vê, já passou
Se foi com a hipoteca
E de cabeça careca
Só o que resta é a mágoa
SÓ SE DÁ VALOR A ÁGUA
DEPOIS QUE O POÇO SECA
Fábio Gomes
Todas as reaçõe

GLOSA

Quando lembro meu passado
As vezes fico feliz
Vendo coisas que já fiz
E quase tudo é lembrado
Trago no peito guardado
A infância, a mocidade
Com minha simplicidade
Construí a minha história
NA CACIMBA DA MEMÓRIA
NASCE UM VEIO DE SAUDADE.
Fábio Gomes
M.Helio Crisanto

sexta-feira, 31 de março de 2023

 Aluizio Dias Lacerda

O RESGATE DE UM TEMPO

Hoje tive a feliz oportunidade de encontrar este único exemplar entre os guardados da minha esposa Consuelo, desta esgotada edição. Tamanha foi minha alegria em reler todo seu conteúdo e verificar que o tempo de sonhos e objetivos do que idealizamos e publicamos no passado precisa de resgate ou de uma continuidade.

Estou pensando seriamente em aproveitar o que me resta de energia e memória para reescrever novos fatos das Histórias Daqui Mesmo, dado a importância do que se transcorreu em nossa civilização depois da sua publicação.

Quem sabe, talvez, ainda me sobre disposição para a editar um segundo volume!

Observamos que apesar do avanço do tempo com sua modernidade, principalmente na área de comunicação, muita coisa ainda existe atrasado.

Antes de fragmentar alguns pontos negativos que ainda persistem e não aconteceu nenhuma substancial transformação, como bem disse um dos personagens citados, temos algo que permanece na estaca zero: assim falou o saudoso José Inácio de Moura (Tutila).

Porém, como dever de reconhecimento e gratidão, quero destacar como algo precioso e fundamental, o magistral prefaciamento do colega professor Carlos Augusto Pereira da Silva que ao longo dos anos enriqueceu nosso trabalho.

Seus personagens foram figurantes reais da nossa pacata convivência, grande parte sendo hoje morador do reino celestial, alguns poucos sobrevivendo.

O seu segundo tomo deve exibir outros protagonistas, uma coisa que flui com naturalidade e com outros cenários que com certeza ilustrarão a realidade do presente e mais próximo do futuro que ainda lutamos para alcançar!

Todo trabalho deve ser planejado e acima de tudo pesquisado seu roteiro... Aguardem!!!


Pode ser uma imagem de texto que diz "HISTÓRIAS DAQUI ALUIZIO LACERDA MESMO REDMI NOTE 8 ALUIZIO LACERDA"
Todas as reaçõ

"- Pai, o que é a Páscoa...?!?

- Ora, Páscoa é ...... bem... é uma festa religiosa!
- Igual ao Natal ?
- É parecido. Só que no Natal comemora-se o nascimento de Jesus, e na Páscoa, se não me engano, comemora-se a sua ressurreição.
- Ressurreição?
- É, ressurreição. Maria, vem cá!
- Sim?
- Explica lá ao puto o que é ressurreição para eu poder ler o meu jornal descansado.
- Bom, meu filho, ressurreição é tornar a viver após ter morrido. Foi o que aconteceu
com Jesus, três dias depois de ter sido crucificado. Ele ressuscitou e subiu aos céus.
Entendido?
- Mais ou menos ... Mãe, Jesus era um coelho?
- Que parvoíce é essa? Estás-te a passar!
Coelho? Jesus Cristo é o Pai do Céu! Nem parece que foste baptizado! Jorge, este menino não pode crescer assim, sem ir à missa pelo menos aos domingos. Até parece que não lhe demos uma educação cristã! Já pensaste se ele diz uma asneira destas na escola? Deus me perdoe! Amanhã vou matricular esta criança na catequese!
- Mãe, mas o Pai do Céu não é Deus?
- É filho! Jesus e Deus são a mesma coisa. Vais estudar isso na catequese. É a Trindade. Deus é Pai, Filho e Espírito Santo.
- O Espírito Santo também é Deus?
- É sim.
- E Fátima?
- Sacrilégio!!!
- É por isso que na Trindade fica o Espírito Santo?
- Não é o Banco Espírito Santo que fica na Trindade, meu filho. É o Espírito Santo de Deus. É uma coisa muito complicada, nem a mãe entende muito bem, para falar a verdade nem ninguém, nem quem inventou esta asneira a compreende.
Mas se perguntares à catequista ela explica muito bem!
- Bom, se Jesus não é um coelho, quem é o coelho da Páscoa?
- (Aos gritos no meio da casa) Eu sei lá! É uma tradição. É igual ao Pai Natal, só que em vez de presentes, ele traz ovinhos.
- O coelho põe ovos?
- Chega! Deixa-me ir fazer o almoço que eu não aguento mais!
- Pai, não era melhor que fosse galinha da Páscoa?
- Era, era melhor, ou então peru .
- Pai, Jesus nasceu no dia 25 de Dezembro, não é? Em que dia é que ele morreu?
- Isso eu sei: na sexta-feira santa.
- Que dia e que mês?
- Gaita!!!! Sabes que eu nunca pensei nisso? Eu só aprendi que ele morreu na sexta-feira santa e ressuscitou três dias depois, no sábado de aleluia.
- Um dia depois portanto!
- (Aos berros) Não, filho - três dias!
- Então morreu na quarta-feira.
- Não! Morreu na sexta-feira santa... ou terá sido na quarta-feira de cinzas? Ouve, já
me baralhaste todo! Morreu na sexta-feira e ressuscitou no sábado, três dias depois!
- Como !?!? Como !?!?
- Pergunta à tua professora da catequese!
- Pai, então por que amarraram um monte de bonecos de pano na rua?
- É que hoje é sábado de aleluia, e a aldeia vai fingir que vai bater em Judas. Judas foi o apóstolo que traiu Jesus.
- O Judas traiu Jesus no sábado?
- Claro que não! Se ele morreu na sexta!!!
- Então por que eles não lhe batem no dia certo?
- É, boa pergunta.
- Pai, qual era o sobrenome de Jesus?
- Cristo. Jesus Cristo.
- Só?
- Que eu saiba sim, por quê?
- Não sei não, mas tenho um palpite que o nome dele tinha no apelido Coelho. Só assim esta coisa do coelho da Páscoa faz sentido, não achas?
- Coitada...!
- Coitada de quem...?!?
- Da tua professora da catequese !!!"

Natal não há tal

João Gothardo Dantas Emerenciano


Grupo de boêmios na "Peixada da Comadre", bairro das Rocas, nos anos 60. Da esquerda para a direita: Luís Carlos Guimarães, Dorian Gray, Berilo Wanderley, Walflan de Queiroz, Felinto Rodrigues Neto, Tales Andrade, Fausto, Celso da Silveira e outros. Fonte: Berilo Wanderley - Memória. Natal:UFRN, 1980.


Grupo de boêmios na "Peixada da Comadre", bairro das Rocas, nos anos 60. Da esquerda para a direita: Luís Carlos Guimarães, Dorian Gray, Berilo Wanderley, Walflan de Queiroz, Felinto Rodrigues Neto, Tales Andrade, Fausto, Celso da Silveira e outros. Fonte: Berilo Wanderley - Memória. Natal:UFRN, 1980.

 João Gothardo Dantas EmerencianoNatal não há tal

Avenida Junqueira Aires.



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