sábado, 22 de novembro de 2014

Morre 'Seu Lunga', o personagem cearense de tolerância zero com a burrice

 

Imagem da Web.

O sucateiro que se tornou um personagem da cultura popular nordestina, Joaquim Santos Rodrigues, conhecido como "Seu Lunga", morreu hoje pela manhã, por volta de 9h30, aos 87 anos, em decorrência de um câncer no esôfago. Ele estava internado no hospital São Vicente, em Barbalha. Seu Lunga morava com a esposa Carmelita Rodrigues Camilo e foi desse matrimônio que nasceram 13 filhos.

Biografia

Joaquim dos Santos Rodrigues nasceu em 18 de agosto de 1927, no Sítio Gravatá no município de Caririaçu, e viveu a infância com os pais e sete irmãos no município de Assaré. Recebeu um apelido por uma senhora, que era vizinha, e passou a chamá-lo de Calunga, que mais adiante se reduziu para Lunga. Com 16 anos de idade foi morar no município de Juazeiro do Norte. Casou em 1951 e tornou-se pai de treze filhos. Lunga era dono de uma sucata em Juazeiro do Norte que vendia de tudo, desde aparelhos de televisão a frutas.

Processo

Em 2011, Seu Lunga venceu um processo contra o cordelista Abrahão Batista, que utilizava o apelido do sucateiro em suas publicações. "Eu não desejo nenhuma indenização. Quero somente que ele deixe de escrever mentiras em meu nome", disse, à época, ao Diário do Nordeste. Abrahão publicou o cordel com o título "As histórias de Seu Lunga, o homem mais zangado do mundo", que narra frases e respostas atribuídas ao comerciante.

A revista CONTEXTO, do grupo defato.com, fez reportagem especial com Seu Lunga em 2012. Leia clicando aqui.

 http://www.defato.com

QUANDO A POLÍTICA VALE A PENA

Desta plaquete (1996), feita de estórias pitorescas, bem como de alguns episódios da política potiguar, transcrevo:

A cor verde no Rio Grande do Norte representava o bloco político-partidário do ex-governador Aluízio Alves (PSD) e a cor vermelha o bloco do senador Dinarte Mariz (UDN). Isso no tempo em que a política potiguar vivia momentos de radicalismo tenso e intenso, entre Aluízio e Dinarte. Pois bem, Antônio Benevides foi em Santa Luzia, atual e próspero município de Carnaubais, grande agropecuarista. Naquele lugar, Benevides fazia política e, numa certa eleição para governador tivera insucesso nas urnas, o candidato que ele apoiou para prefeito perdera a eleição. Não gostando do resultado negativo, desabafou: - "Eu não entendo os meus eleitores. Quando eu vou pro verde, eles vão pro vermelho. Quando eu vou pro vermelho, eles vão pro verde!

O ex-deputado Edgard Montenegro, foi líder inconteste do vale do Açu durante décadas. Rdgard é veterano da política potiguar,com muitos quilômetros rodados na política do Rio Grande do Norte. Ainda vive com seus bons 94 anos, ainda lúcido. Herdou de Pedro Amorim, que foi prefeito do Assu, deputado estadual presidente da Assembleia Constituinte de 1945, o seu espólio político. Bom orador, a sua voz tem o timbre que a circunstância exige, os gestos das mãos e das pernas sempre em sintonia com as palavras. A sua voz em defesa do Vale do Açu ainda ecoam pela várzea adentro. Não existe uma importante obra naquela região que não tenha a sua participação. A Eletrificação Rural, o Canal do Pataxó, são exemplos. Financeiramente é equilibrado, 'seguro', um pão duro no dizer popular, nunca gostou de comprar o voto a ninguém. Certa vez chega um eleitor em sua casa da cidade de Assu, perguntando em voz alta: - "Edgard está? - (é de gastar?) - Conta-se  que sua mulher Maria Auxiliadora com aquele seu jeito aristocrático e pausado de falar, respondeu - "Nenhum tostão!" - Para decepção do eleitor que saiu de fininho.

José Luiz Silva na década de setenta candidatou-se a deputado federal pelo MDB, atual PMDB. No município de Pendências/RN onde foi pároco, decidiu ir buscar o voto. Lá, em Pendências, encontrou-se no Mercado Público com um velho amigo chamado Cícero que ao tomar conhecimento da sua candidatura, prometeu conseguir para ele, Zé Luiz, 10 votos. Cícero tinha um compadre chama Zé que necessitava de uma prótese dentária, o que de pronto Zé Luiz arranjou. Final da apuração Zé Luiz não obteve nenhum voto nas urnas da localidade onde votavam Seu Zé e família. Revoltado, Cícero ao encontrar seu compadre pela feira livre daquela cidade, não pensou duas vezes: - "Compadre Zé, abra a boca que eu quero ver se a dentadura ficou boa!" Zé, ao abrir a boca, Cícero retirou a dentadura e, indignado, soltou essa: - "Espere agora, filho da puta, quatro anos para sorrir outra vez!"

Em tempo: Cícero é irmão de doutor Uóston que recebeu um tiro no pescoço quando do último comício de Jessé Freire candidato ao senado, na época da "Paz Pública" em que Tarcísio Maia e Aluízio Alves se entenderam politicamente. Segundo comentários, aquele episódio não passara de mera simulação, para criar um fato novo, sensibilizar o eleitor rio-grandense e consequentemente assegurar a vitória de Jessé contra Radir Pereira. É que em política o feio é perder!

Fernando Caldas

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

    Negra

    O teu avô Costa d’África, filhinha,
    Bárbaro, de uma negra irremediabilidade,
    O teu avô, de tanga, acostumado ao Brasil.
    Noites que despertou sob o chão do chicote!
    O chão... tudo era um chão de látegos rangendo,
    E ao longe o cafezal, a mata enorme se desbravando...

    Hoje tem sangue turco em cada veia,
    Um sangue português, a gemer gargalhada.
    Um índio chegou, de solto, as tuas velas que se brilharam...

    És muitos continentes, na verdade,
    Quase negra, nos olhos,
    Deixa ver-te os cabelos, enroscados,
    Vamos, meu timbre louro,
    Tu morrestes nas raças, diluída,
    E nas raças do teu corpo eu que adoro a verdade.

    Nota: Se Guilherme de Almeida escreveu “Raça”, em 1925, uma obra “que tem como tema a gênese da nação e da formação múltipla da raça brasileira”, João Lins Caldas (nascido no Rio Grande do Norte em 1888, ano da abolição da escravatura no Brasil), já teria produzido no seu tempo de Rio de Janeiro, 1921, o poema patriótico e de exaltação ao Brasil intitulado “Negra”, que para Augusto Frederico Shimidt (1906-1965), "o negra de Caldas vale por toda uma "Raça" de Guilherme de Almeida."


terça-feira, 18 de novembro de 2014

João Batista Machado lança livro com as memórias da época que atuava como repórter político

16/11/2014 - 14:35
Argemiro Lima/NJ
Machadinho, o nome afetivo do jornalista que durante trinta anos exerceu a função de repórter político e assessor de imprensa, conta que cansou do trabalho que é publicar uma obra
O jornalista João Batista Machado, 71, arquivo rico de informações e conhecedor profundo dos bastidores políticos do Rio Grande do Norte nas últimas sete décadas, vai parar de escrever livros.  “Bastidores do Poder – Memórias de um repórter” é a derradeira de um conjunto de onze obras.

“Bastidores do Poder”,  livro memorialista, será lançado na próxima terça-feira (18), às 18h, na Academia Norte-riograndense de Letras, onde João Batista Machado ocupa uma das cadeiras de imortais. Mostra a vivência do autor como repórter político com personalidades locais, regionais, nacionais e internacionais como foram os encontros com o ex-presidente de Portugal, Mário Soares, e com o Papa João Paulo II, em Natal.  

Machadinho, o nome afetivo do jornalista que durante trinta anos exerceu a função de repórter político e assessor de imprensa, conta que cansou do trabalho que é publicar uma obra. “Livro agora só se for  na próxima encarnação, se Deus permitir que eu volte”, diz. 

“É muito estressante”, desabafa Machadinho sobre  processo de fazer um livro até seu lançamento. “O que eu já tinha de contar, eu já contei”, complementa ele, que nas suas memórias faz um sumário de  41 acontecimentos que marcaram sua vida profissional e pessoal. 

No primeiro capítulo de Bastidores do Poder, Machadinho conta com minúcias os acordos entre o governador de Minas Gerais, Tancredo Neves, e o deputado federal Ulisses Guimarães, para a candidatura do primeiro à presidência da República em 1985.Revela detalhes das conversas de Tancredo Neves com os governadores do Nordeste do PDS, partido de sustentação do governo militar.

Os governadores da região eram  maioria no Colégio Eleitoral e  foram decisivos para a eleição do presidente da República, que marcaria dali em diante o fim do regime militar no país.O autor fala que depois dos entendimentos do mineiro Tancredo com jovens governadores como José Agripino (RN) e Hugo Napoleão (PI), o PDS dividiu-se em dois. A ala liberal do partido apoiava Tancredo e a conservadora, Paulo Maluf,  candidato a presidente também. 

A Nova República, que estabeleceu o fim da ditadura, nasceu do rompimento do PDS. Dos noves governadores do Nordeste, somente o paraibano Wilson Braga ficou com Maluf e os demais romperam com o presidente general João Batista de Figueiredo e criaram a Frente Liberal, a dissidência do PDS.Maluf, reporta Machadinho, veio várias vezes ao RN em busca de apoio. Ele era amigo de Lavoisier Maia. 

Aqui, conta o jornalista, o paulista ameaçou José Agripino dizendo que quem era do PDS tinha que votar no PDS. Se assim não fosse, ele iria invocar a  lealdade  partidária, o que não valia para o Colégio Eleitoral, uma brecha  que o regime autoritário deixou passar. Machado, na condição de assessor de imprensa de José Agripino, comparecia às reuniões da Sudene semanalmente e via Maluf tentar se aproximar dos governadores do Nordeste. 

Teotônio Vilela, senador por Alagoas, conhecido como menestrel por sua posição em favor da redemocratização do país, também veio a Natal visitar uma sobrinha. Era o rebelde da Arena, Vilela. Com Machadinho, ele deixou os assuntos políticos de lado e falou sobre boemia e contou um fato que aconteceu em Brasília. Com um grupo de amigos, acabou em dez dias o grande estoque de bebidas que tinha em seu apartamento, encerrando o capítulo da bebida em sua vida. 

Mas o primeiro contato que Machadinho teve com Petrônio Portela, foi em Brasília, acompanhado do senador da Arena, Dinarte Mariz, que fez grande pressão para os repórteres entrarem no gabinete dele, que estava mau humorado.  Mesmo assim, ressalta Machadinho, Portela era um homem habilidoso com as palavras.
http://www.novojornal.jor.br/

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

"Quando uma porta da felicidade se fecha, outra se abre, mas costumamos ficar olhando tanto tempo para a que se fechou que não vemos a que se abriu."
__Helen Keller

Da linha do tempo/face de SP

O Gordo e o Magro - O Grande Negócio (1929) - Filme Completo Dublado

Estudante de Ipanguaçu RN é finalista da Olimpíada de Língua Portuguesa


O estudante Carlos Camilo Batista Vieira, aluno do 9º ano da Escola Municipal Francisco Florêncio Lopes, em Ipanguaçu, é um dos finalistas de todo o Brasil no gênero Crônica da Olímpiada de Língua Portuguesa (OLP) – Escrevendo o Futuro.

O jovem estudante concorreu a meio produções textuais de mais de cinco mil municípios de todo o país, segundo a informação vinda da assessoria de imprensa do Executivo ipanguaçuense.

O anuncio foi feito nesta última quarta-feira (12) em Porto Alegre (RS), onde estavam reunidos os 125 semifinalistas de todo o Brasil dentro do gênero.

Os semifinalistas já tinham sido vencedores das etapas escolares, municipais e estaduais dos respectivos estados, e concorriam à vaga para a grande final.
Carlos Camilo, morador da comunidade de Pataxó, é autor da crônica Só entra quem pode.

Ele é um dos 38 finalistas que agora participarão da final em Brasília, previsto para dezembro desse ano.

O cronista concorre agora como melhor produção textual dentro do gênero de todo o Brasil.

Camilo foi orientado pela professora de língua portuguesa, Diana Lopes Bezerra, que o acompanhou nas oficinas regionais no Estado do RS.

Foto: Assecom P. M. Ipanguaçu
Postado por Pauta Aberta.

Por Cristina Costa, poetisa portuguesa
Livre de amarras e cobranças
formato-me emoções sem sofrimentos.
São meras expressões da minha estranheza.
Nesta explosão de sentimentos tão insana
se desfazem todos os meus medos.
Não há como desvendar meus mistérios ou segredos.
Eufemismos de quem se perdeu quando se encontrou.
Amo convicta por acreditar,que em mim existe e não morreu, o verbo amar.

sábado, 15 de novembro de 2014

LINDALVA JUSTO DE OLIVEIRA, A SANTA DO AÇU

Título do blog

"O livro conta a história da mártir Lindalva Justo de Oliveira, seu perfil biográfico e itinerário espiritual, com base em testemunhos das pessoas que a conheceram ou que com ela conviveram e em documentação original organizada sob a forma de biografia romanceada por Gaetano Passarelli - consultor histórico da Congregação da Causa dos Santos e escritor experiente e talentoso. Nordestina, nascida de uma família humilde na cidade de Açu, interior do Rio Grande do Norte, Lindalva foi uma criança muito sensível e ponderada, dedicada desde cedo aos cuidados de seus irmãos e à caridade aos mais necessitados. Os bons exemplos recebidos de seus pais, pessoas simples, mas corretas, afetuosas e de profunda espiritualidade, plantaram em seu coração a semente da vocação religiosa e o desejo de seguir os passos de Jesus, que ela só teve oportunidade de realizar aos 33 anos, quando entrou para a Congregação das Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo."
Uma Didática da Invenção
Para apalpar as intimidades do mundo é preciso saber:
a) Que o esplendor da manhã não se abre com
faca
b) 0 modo como as violetas preparam o dia
para morrer
c) Por que é que as borboletas de tarjas
vermelhas têm devoção por túmulos
d) Se o homem que toca de tarde sua existência
num fagote, tem salvação
e) Que um rio que flui entre 2 jacintos carrega
mais ternura que um rio que flui entre 2
lagartos
f) Como pegar na voz de um peixe
g) Qual o lado da noite que umedece primeiro.
Etc.
etc.
etc.
Desaprender 8 horas por dia ensina os princípios.

Manoel de Barros
foto s/créditos

De: Yara Darin

ASSÚ – A ATENAS NORTE-RIO-GRANDENSE

  

Em tempos que já vão distantes, o Assú primou pelo seu amor às Letras e pela sua dedicação às Artes. Seu povo tinha em alta conta o desenvolvimento da Inteligência e o apogeu da Cultura. A sensibilidade era a sua constância. Dotados de um acentuado senso artístico, os seus filhos alinhavam os seus propósitos e as suas tendências no sentido do aperfeiçoamento e do evoluir cultural.

Enamorados do Belo, tinham a percepção do seu encantamento, do seu êxtase e do seu predomínio na estrutura espiritual. Tamanha era essa desenvoltura, esse apego, esse apaixonamento, que, em última análise, se poderia pensar serem esses atributos um sentimentalismo congênito ou então seria uma predestinação atávica ou uma determinação biológica.

O certo é que esse afeiçoamento ao gosto, esse querer à Estética tinha o poder mágico de contaminar o meio ambiental. A espontaneidade das revelações no domínio das belas-artes surpreendia. A disputa na conquista de uma escalada maior no aprimoramento do espírito, como que despertavam as energias telúricas, os entendimentos nativos, convergindo as idéias para o ponto centralizador que outro não era senão a ganância do Saber.

Campo fértil às atividades do Pensamento, as culturas filosóficas eram assimiladas, aproveitadas para o encadeamento, o entrosamento de uma organização de feitio literário capaz de, pela sua objetividade, propiciar o granjeio de conhecimentos especializados. Havia, nessas épocas que já descambam para o esquecimento, uma sintonização mental criando uma mentalidade propiciatória aos elevados empreendimentos sociais e recreativos: Velhos e moços se aglutinavam, se harmonizavam e se entendiam na promoção de tertúlias literárias destinadas a acelerar, a desenvolver e a intelectualizar o meio ambiente.

Daí, em nossa terra, ter tido a Imprensa, a poesia, o jornalismo, o teatro e a música relevante destaque em nível de Estado. Há na nova geração um fenômeno assustador. É o alheamento ao pretérito. É tão acentuado, que difícil se torna ao pesquisador concatenar acontecimentos, às vezes muito remotos, se tiver que confiar na veracidade do seu depoimento, não por mistificações, acreditamos, porém, por desapego, desinteresse às cousas do passado (*).

No ano de 1922 Ezequiel Wanderley - poeta, cronista e dramaturgo, planejou e editou um livro que recebeu o apoio de intelectuais e do governo do Estado. Este livro recebeu o título de “POETAS DO RIO GRANDE DO NORTE” reuniu trabalhos e biografias de 108 poetas nascidos no território potiguar. Sua publicação foi autorizada pelo então governador do Estado Sr. Antonio de Souza, fundamentado na Lei nº 145, de 06 de agosto de 1900. 

A antologia em bem pouco tempo tornou-se obra rara. Dos 108 poetas do Rio Grande do Norte, da época, 28 eram assuenses e deste total, doze assuenses pertenciam à Academia Norte Rio Grandense de Letras. 

Em decorrência desta presença, tanto no livro quanto na Academia, e levando em consideração o relevante destaque do município no que concerne a literatura (primeiro jornal do interior – O Assuense – foi lançado em Assú), primeiro Médico, primeiro poeta e primeiro romancista do Estado foi o assuense Dr. Luiz Carlos Lins Wanderley, primeiro carnaval de rua foi em Assú. E ainda, pela singular presença da cidade no ramo do teatro, na música e nas realizações de festas populares e folguedos como: São João, pastoril, lapinha, bumba meu boi, calungas, entre outras, fez com que os intelectuais do Estado atribuíssem ao Assú os seguintes epítetos culturais: “Terra dos Poetas” “A Atenas Norte-Riograndense”, esta última, comparando o Assú a capital da Grécia, Atenas - solo onde nasceram e viveram os maiores pensadores e artistas da antiguidade. 

A partir desta publicação de 1922, até os dias atuais, o Assú tem mantido estes pseudônimos, diga-se de passagem com muitas dificuldades. No entanto, ainda encontramos na cidade, remanescentes destas tradições, sobretudo, na arte musical, na literatura e na poesia. 

Muita coisa precisa ser feita e trabalhada para que nossos jovens despertem para manterem estas tradições. O governo (municipal, estadual e federal) precisa investir em cultura. A população precisa se movimentar e começar a produzir. Especialmente a classe jovem, estudantil. 

Lá fora somos reconhecidos como: “Terra dos Poetas”, “A Atenas Norte-Riograndense”. E em Assú? será que fazemos por onde para permanecermos sendo reconhecidos culturalmente? Certamente, dependerá da ação de cada assuense nesta linha de conscientização... Só o tempo dirá.
        
(*) Esse relato é parte da crônica de apresentação do livro “História do Teatro no Assú”, de Francisco Amorim, publicado no ano de 1972, onde podemos claramente observar que depois de mais de 30 anos pouca coisa em Assú mudou. Infelizmente.
FONTE: Livro Poetas do Rio grande do Norte – Ezequiel Wanderley – 2ª Edição – 1993
Assú – “Atenas Norte-Riograndense” – João Carlos Wanderley - 1966.
Do blog: http://assunapontadalingua.blogspot.com.br/

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

O preço

Certa vez, um sábio perguntou:
- qual o preço de um homem?
O discípulo respondeu:
- depende do tamanho de sua covardia.

Anchieta Rolim

Esmeraldo Homem Siqueira

A pena aguçada do escritor e crítico contumaz – Esmeraldo Siqueira

II – Ensaios
“Mais um dia … E é o mês de Agosto,
Mês de Itajubá e o meu
Conquanto irmãos no desgosto
Foi mais feliz: já morreu”
(Esmeraldo: Mês de Agosto)
Introdução
A sede de conhecimento do homem é ilimitada. Esmeraldo Homem Siqueira era um desses curiosos insaciáveis. Um homem de um saber amplo e profundo. A limitação da vida faz dessa busca de conhecimento uma dolorosa e angustiante contingência. Esmeraldo quer saber tudo, e ver na vida e obra do outro uma forma de aprendizado e lição. O livro é a sua matéria. Em “ Modus Vivendi”, o poeta faz a sua profissão de fé: Para o meu tédio curar ( mal que, aliás, não tem cura), / Ponho-me a ler e a estudar, / Cultivo a literatura.
Esmeraldo tem pressa e escreve tudo que sabe e leu em sua vasta e diversificada biblioteca de um médico de província. Felizmente, para a cidade de Natal, parte dessa rica biblioteca que leva o nome de seu famoso proprietário encontra-se atualmente na Capitania das Artes, ali na rua onde morava o escritor Câmara Cascudo. Esmeraldo Siqueira escreveu em torno de duas dezenas de livros. Neles convivem o homem de ciências e o poeta lírico. Escreveu entre outros livros: Caminhos Sonoros, Trovas Pretéritas, Taine e Renan, Variações em Prosa, Gregos e Latinos na literatura, Sugestões da Vida e dos Livros, etc.
Esmeraldo é um homem irascível e muitas vezes impiedoso na sua crítica ferina a alguns escritores locais e estrangeiros. Sua pena é afiada e não faz concessões.
“Se eu respeitasse o jumento/ Mesmo o bravio e coiceiro, / Adeus meu divertimento / Alegre humor galhofeiro…”
Um Agrippino Grieco potiguar, com algumas limitações. Um poeta que sabe escrever bem. Nem sempre um bom prosador é um bom poeta, observa Esmeraldo. De minha parte, prefiro o Esmeraldo prosador e aguçado leitor dos clássicos. Um Esmeraldo que tem necessidade de mostrar toda a sua erudição e faz uma babel de suas citações e comentários. A Teoria da Evolução se une com a economia. A biologia com as ciências naturais. O escritor comenta sobre o papel da Universidade e do ensino Básico.
São compilações com comentários e análises bibliográficas relevantes sobre a vida e a obra dos escritores. Informações curiosas e instigantes são reveladas, muitas vezes de forma aleatória e sem a profundidade e sistematização de um erudito. Esmeraldo é um Spenceriano que tudo quer saber. Sinto falta das referencias bibliográficas e justificativas das fontes referidas. Alguns autores citados são poucos conhecidos e, isso, pode ser um mérito, ou desinformação. O autor é um poliglota e faz citações abusivas (sem traduções) em latim, francês, italiano, Inglês e outros idiomas.
Esmeraldo foi professor de Francês e um dos fundadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Esmeraldo dá palestras, aula da saudade e escreve para uma terra de poucos interlocutores. Homem de poucos amigos e um exemplo de escritor sagaz que não faz concessões.
Os prefácios são geralmente inúteis e supérfluos, diz Esmeraldo no prefácio ao livro “A Canção da Montanha”, do grande poeta Othoniel Meneses. Sem uma crítica consistente a literatura não avança. A literatura potiguar se ressente do elogio fácil de amigos, ou do silencio sepulcral da maioria. O crítico e escritor Esmeraldo ajuda e desvelar o tênue tecido da hipocrisia de algumas carcaças e pérolas literárias. Em Bem- aventurados …, ele destila o veneno:
Os asnos são divertidos,
Asnos bípedes, é claro,
Todos se julgam sabidos,
Dotados de senso raro.
A melhor forma de homenagear um poeta e escritor é lê-lo criticamente. Em 2008 comemoramos o centenário do poeta Esmeraldo Siqueira, nascido a 16 de agosto de 1908 (Vila Nova, atual Pedro Velho-RN), escrevendo esse artigo que enfatiza uma faceta menos conhecida do poeta e escritor Esmeraldo: o crítico literário. Uma forma de lembrar essa grande figura que conheci flanando e poetando na urbe potiguar, e agora o tenho na companhia dos livros. Um poeta saudoso da bucólica cidade; “Nesta hoje terra de cimento armado / já fui um venturoso potentado” (Romancete).
Esmeraldo pertence àquela classe de escritores que lêem muito. Um escritor que conhecia profundamente a literatura local e universal. Um homem plural que não via sentido na separação entre o saber científico e literário. Opinou sobre tudo e todos. Nesse artigo fazemos uma breve antologia das opiniões do crítico literário Esmeraldo sobre alguns escritores e poetas locais, e outros temas relacionados com a literatura. Uma forma de tornar mais conhecida a rica literatura norte-riograndense. São florilégios pinçados da obra multi-facetada desse profícuo escritor. Um autêntico Esmeraldo a iluminar e realçar com sua lente aguda o vasto e pouco conhecido oceano da literatura potiguar e universal. Um convite para a leitura dos nossos poetas e escritores
A poesia Esmeraldina é ferina com a humanidade e suas fraquezas, vícios e hipocrisia.
“A mediocridade infesta / Os arraiais literários. / Asnos exibem na testa / Triunfos extraordinários.
Dão-se prêmios repetidos / A livros que valem nada, / De versos desenxabidos / Ou prosa vazia e aguada (Áurea Mediocritas).
Poesia é verdade e “jurar que é fingimento tudo que o poeta diz / Não tem nenhum fundamento, / É afirmação infeliz”.
Terminamos o artigo com um poema do Esmeraldo “Brasilae Jumentorum” que faz um cumprimento irônico a todos os jumentos do Brasil. Aliás; os burros, asnos, muares e jumentos participam com muita freqüência da fauna poética do poeta. Esmeraldo não espera recompensa por sua poesia. É um solitário que escreve para viver. E vive porque escreve. O poeta Esmeraldo não finge, e toda a sua poesia toca na solidão de sua existência já descrente do amor dos homens e dos guizos fáceis da mediocridade.
O POETA DAS QUADRINHAS FERINAS, para o bem e para o mal.
Brasilae Jumentorum
In Poemas do Bem e do Mal – inéditos e recentes 1984
Mais uma vez quero cumprimentar
Os jumentos de sorte no Brasil,
Celeiro mundial, hoje sem par,
Dessa garbosa espécie tão gentil.
Por toda parte, em todos os setores.
Da vida nacional, ei-los felizes:
São médicos, dentistas, professores,
Boticários, agrônomos, juizes.
Na militar carreira ou na política,
Gozam de imunidades, valem ouro,
E ai de quem, arriscando qualquer crítica,
Mostre em seus atos o menor desdouro.
O clero é outro exemplo edificante
Dessa prosperidade jumental.
Mas, no mesmo sentido, o protestante.
Não fica atrás como valor rival.
E o populacho, o anônimo rebanho.
Que se esfalfa no campo ou na oficina,
Estranho ao bem-estar, ao gozo estranho,
Incapaz de entender a própria sina?
O povo é isto, a plebe, a populaça,
A ralé, a gentalha, o João Ninguém
Pratica o futebol, ama a cachaça,
Crê no padre Romão como convém.
Epitáfio
Amou o belo e a verdade
Sem crer no Céu nem no Inferno
Do mundo, em vez de saudade.
Sente agora alívio eterno
Antologia crítica do ESMERALDO DEL SITU IN NATAL
Nesse breve ensaio fazemos uma breve antologia das opiniões do crítico literário Esmeraldo sobre alguns escritores e poetas locais, e outros temas relacionados com a literatura. Uma forma de tornar mais conhecida a rica literatura norte-riograndense. São florilégios pinçados da obra multi-facetada desse profícuo escritor. Um autêntico Esmeraldo a iluminar e realçar com sua lente aguda o vasto e pouco conhecido oceano da literatura potiguar e universal. Um convite para a leitura dos nossos poetas e escritores
Polycarpo Feitosa
Os contos e romances são de leitura amena. Ele não gaguejava escrevendo. Sua pena era ágil, corria sem esforço.
Segundo Wanderley
Foi, no Brasil, o maior imitador de Castro Alves.
Lourival Açucena
O livrinho que o instituto histórico publicou reúne 46 composições do poeta perfeitamente legíveis todas elas, embora nenhuma capaz de entusiasmar-nos. Esses versos valiam e valem mais na voz dos cantadores.
Obs: Lourival foi um grande modinheiro e algumas de suas letras foram musicadas em belas canções.
Auta de Souza
A poetisa teria sido amada em qualquer parte civilizada do mundo, tal a encantadora pureza dos seus versos. Ela havia lido os românticos brasileiros e, da França, seu ídolo era Alphonse de Lamartine.
Manoel Virgílio Ferreira Itajubá
Natalense da beira do Potengi, foi também, apesar de semi-analfabeto, um lídimo poeta.
João Lins Caldas
Adotou as formas tradicionais de poetar. Depois tornou-se modernista. Sobressaiu nas duas maneiras, porque a natureza o dotara de imaginação e sensibilidade excepcionais.
Juvenal Antunes de Oliveira
Nascido em Ceará Mirim, compôs hinos e canções que tiveram consagração popular.
Abner de Brito
Caicoense Talentoso. Tremendamente desorganizado, o poeta só nos legou um livro, de título “Ossário”, cujos versos ninguém sabe por onde andam, pois nunca foram publicados. (Esmeraldo em “Do meu reduto Provinciano”)
Henrique Castriciano
A franqueza nos obriga a elogiar mais a sua prosa. Os versos nos parecem guindados, desprovidos de espontaneidade quase sempre, sem belas imagens nem delicadezas poéticas.
Othoniel Meneses
(In prefácio à primeira ed. de “A Canção da Montanha”)
A que escola poderá ser filiado este novo livro de Othoniel Meneses?
Não importa a discussão das escolas literárias.
Classificar o poeta nesta ou naquela escola é questão de segunda ordem.
– Othoniel é passadista? É modernista? É futurista?
Só interessa saber se ele é de fato um poeta, desses que trazem do berço a estrela da predestinação, a vivencia que os torna capazes de romper os véus das aparências e revelar segredos do ser, como os grandes inspirados, cujo canto reproduz os esplendores do universo visível e invisível. Só interessa saber se, de acordo com o pensamento de Platão, ele foi tocado do desejo das Musas e pôde aproximar-se do santuário da poesia, porque o verdadeiro poeta ultrapassa a arte e o seu canto é a expressão de uma “divina loucura”, e não o que os sábios mais esforçados poderiam realizar.
Os versos de Othoniel, sejam da adolescência, da juventude, ou da maturidade, atestam esse destino privilegiado.
….
“A glória poética de Othoniel Meneses é tão sagrada para o RN como a de Auta de Souza e Ferreira Itajubá”.
ANTOLOGIAS
Ezequiel Wanderley
Perpetrou bons versos na mocidade, e em toda a sua existência amou profundamente a literatura. Teve em 1922 a feliz idéia de publicar a coletânea “ Poetas do Rio Grande do Norte”.
Rômulo Wanderley
Querendo ampliar e melhorar o plano do livro do Ezequiel, deu a lume o “Panorama da poesia Norte-Riograndense”. Apesar dos encômios do prefaciador, o livro padece de mil faltas e defeitos: nenhum rigor na seleção dos autores e dos poemas, erros de datas, de nomes, etc. A obra assim, recomenda mal as nossas letras.
O ESMERALDO ERUDITO
Idioma
Um povo que se preza e deseja continuar como nação unida e soberana deve cuidar carinhosamente do seu idioma, defendendo-o sem descanso de deformações e deturpações perigosas que o transformem num instrumento bárbaro a serviço do estrangeiro, em detrimento da alma e do espírito da pátria. A língua é uma herança que deve passar mais ampla e aperfeiçoada de geração em geração, rica no seu vocabulário e nas suas expressões, dotada de clareza e propriedade sempre maiores, capazes de refletir meridianamente o grau de civilização e de cultura daqueles que a falaram.
Estilo
O estilo, nas letras, não depende somente da cultura lingüística. Da educação, e do estudo dos melhores modelos. Quantos que temos conhecido percorrem longamente esses caminhos e não lograram aprender o segredo do estilo! Notória é a incapacidade de escrever ou falar bem da quase totalidade dos que se diplomam nos cursos superiores.
Ensino (o lombrosiano)
Não se deve esperar muito do valor moral do ensino. A educação poderia ter um valor absoluto? Devemos pensar nas taras, nas predisposições congênitas, nas faculdades positivas ou negativas trazidas do berço. Tanto é impossível a educação fazer milagre, como em botânica obter, por exemplo, que um cajueiro produza mangas.
Literatura (na ANL discursando sobre Castro Alves, uma de suas paixões)
Uma literatura é organismo vivo que se nutre e precisa assimilar elementos estranhos, tanto mais quanto for capaz de bem digeri-los. Caso esteja decrépita, terá o dilema: indigestão ou inanição. Mas, noutra hipótese, terá de rejuvenescer à custa de sangue novo.
Veja-se a França do começo do século XVII. Corneille teve de superar as bagatelas do Hotel de Rambouillet ao influxo das letras da Espanha e Molière, sob a influência da Itália. No século XVIII, que teria sido da França sem os escritores ingleses?
João Da Mata
Professor de física da UFRN. Amante da Literatura, dos Livros e das Artes
Para referencia no caso de citação do artigo
Fonte: www.substantivoplural.com.br





João Da Mata

Professor de Física da UFRN. Amante da Literatura, dos Livrose das Artes
Para referenciar no caso de citação do artigo
Costa, J. M.
Por João Lins Caldas

Sentiu na carne a sua deprimente pobreza
Nos olhos, na cara toda.
E era a pobreza.
Nada da vida lhe sorria em torno.
E era assim essa mal posta mesa.
Um dia, na avareza,
Os homens lhe consumiram toda essa sua tão pequena riqueza...
– Vamos, está posta a mesa...
E tudo foi essa miséria toda.

O poeta assuense João Lins Caldas, na sua modesta casa da Rua Ulisses Caldas, em 1965. Ele, Caldas, faleceu em 1967.

quinta-feira, 13 de novembro de 2014


Assim eu vejo a vida
A vida tem duas faces:
Positiva e negativa
O passado foi duro
mas deixou o seu legado
Saber viver é a grande sabedoria
Que eu possa dignificar
Minha condição de mulher,
Aceitar suas limitações
E me fazer pedra de segurança
dos valores que vão desmoronando.
Nasci em tempos rudes
Aceitei contradições
lutas e pedras
como lições de vida
e delas me sirvo
Aprendi a viver.
Cora Coralina

  UMA VEZ Por Virgínia Victorino (1898/ 1967) Ama-se uma vez só. Mais de um amor de nada serve e nada o justifica. Um só amor absolve, santi...