terça-feira, 17 de setembro de 2024

DEPUTADOS CONSTITUINTES SÃO HOMENAGEADOS COM A COMENDA ARNÓBIO ABRE

                          


Os 27 deputados constituintes, entre eles quatro parlamentares com mandato na atual legislatura, foram homenageados com a comenda Arnóbio Abreu nesta quarta-feira (9-10-2019), em sessão solene na Assembleia Legislativa, dentro das comemorações alusivas aos 30 anos da Constituição do Rio Grande do Norte, que lotou o plenário e galerias da Casa. Além deles, o governador à época, Geraldo Melo, também foi homenageado. Durante a solenidade, transmitida em libras pela TV Assembleia e site do Legislativo, ainda foi feita a entrega da premiação aos três estudantes finalistas do concurso da redação “30 anos da constituição”, alusivo às comemorações.

“Não há avanço sem história. Não há experiência sem memória. Os 30 anos da Constituição Potiguar, hoje comemorados, refletem, além de nossa própria história, um progressivo avanço no amadurecimento político, da sociedade e do sistema democrático”, afirmou o presidente da Assembleia, deputado Ezequiel Ferreira (PSDB). O parlamentar destacou que para a elaboração da carta magna do Estado, artigo a artigo foi discutido, examinado, emendado, aperfeiçoado e novos acréscimos feitos para atender ao interesse público.

O presidente da Casa afirmou que a constituinte de 1989 se reveste de um dos momentos mais importantes da história política do Estado. “O intenso debate em Plenário, em torno de todos os artigos da Constituição Estadual, se configurou como um dos maiores exercícios democráticos de consequências ainda hoje sentidas em solo potiguar”, afirmou Ezequiel, lembrando ainda que o Estado foi o primeiro a promulgar a Constituição Estadual, em 1989.

Representando os homenageados, o deputado constituinte Getúlio Rêgo (DEM), que está no décimo mandato parlamentar, afirmou que o Rio Grande do Norte avançou e ainda precisa de mudanças decisivas a se concretizar nesta e nas outras legislaturas. “Realizar a constituição é tarefa bem plantada, cumpri-la é tarefa das outras gerações. A constituição cumpriu o seu papel e ao povo pertence a não a governo, partidos ou vontades transitórias”, frisou Getúlio, que agradeceu o empenho dos servidores à época, que se desdobraram em suas funções sem o auxílio do aparato tecnológico disponível hoje.
Getúlio Rêgo enalteceu o trabalho de colegas com amplo conhecimento jurídico, como José Dias (PSDB) e Paulo de Tarso Fernandes e afirmou: “A constituinte de 1989, a elaboração da nossa Carta reuniu esforço, espírito público, vigor e coragem, sem que fosse retirada a essência, mantivemos o pensamento acima das questões partidárias e pessoais”, disse o decano da Casa.
A governadora Fátima Bezerra também discursou e afirmou que a Carta expressa a cidadania e dignidade para o povo potiguar. “A sociedade estava sedenta de novos e velhos direitos e desejosa de renovação política. A Constituição Estadual foi um ponto de chegada de muitas lutas, como a luta pela liberdade dos sindicatos, movimento estudantil, Diretas já, entre outras”. A governadora afirmou que era uma época de muita efervescência política, mobilização, gestos sociais e coletivos, além de muita beleza e grandeza.
Antes da solenidade, o presidente Ezequiel Ferreira passou em revista as tropas, acompanhado de parlamentares da atual e de outras legislaturas. Durante a solenidade, foi exibido um documentário especialmente produzido pela TV Assembleia, que preparou também uma série especial do programa “Conversa no Memorial”, dedicada a contar a história da Constituinte Estadual através de entrevistas com personagens que contribuíram para a elaboração do texto constitucional. A série vai ao ar ao longo do mês. Além dele, a TV veicula 30 edições da produção “Minuto da Constituição”, com a exibição de vídeos destacando curiosidades sobre o momento.
HOMENAGEADOS:
Constituintes com mandato atual: José Dias (PSDB), Vivaldo Costa (PSD), Getúlio Rêgo (DEM) e Raimundo Fernandes (PSDB). Além destes, atuaram durante a Constituinte de 89 os deputados Amaro Marinho; Ana Maria Cavalcanti; Arnóbio Abreu; Carlos Augusto Rosado; Carlos Eduardo Alves; Cipriano Correia; Francisco Miranda; Gastão Mariz; Irami Araújo; José Adécio; Kleber Bezerra; Laíre Rosado; Leônidas Ferreira; Manoel do Carmo; Nelson Freire; Nelson Queiroz; Patrício Junior; Paulo de Tarso Fernandes; Paulo Montenegro; Ricardo Motta; Robinson Faria; Rui Barbosa; e Valério Mesquita e o ex-governador Geraldo Melo.
Fonte: ALRN

 

RECORDAÇÃO

Como está tão diferente a minha terra!
No meu tempo, era só brincadeira
Ninguém falava em guerra
Ninguém sabia,
Se existia
Diabo de alemão
Tudo era esperança!
- Como a vida nos cansa! -
E, como a saudade nos faz bem
Ao velho coração.
O prazer que contém
Recordar, vale tudo na vida!
Minha vida vivida: -
Meu jôgo de Castelo, a vaquejada,
O brinquedo de arraia...
Ah! velho tempo mau!...
Que saudade danada,
Do cavalo de pau.
Tudo era esperança...
Minha mestra França,
A palmatória...
Quem me dera de novo
Meu povo,
Uns bolos apanhar
Para poder de tudo recordar.

Vou contar uma história:
O Circo de Sansone,
- Alvo como madapolão -
Estava armado,
Como um funil de pano emborcado,
Bem no meio da Praça da Proclamação.
No dia do espetáculo,
- Um obstáculo,
Veio de encontro a mim -
Minha avó não podia - coitada,
Por falta de dinheiro
Pagar a minha entrada.
Terrível desengano!
Que fazer?
Fui forçado a meter,
A cabeça, por debaixo do pano.
E lá dentro, que alegria taful!
Um bocado de gente,
Assim na frente,
Dava alguns vivas ao cordão azul.
Do outro lado,
Todo mundo gritava: o encarnado.
Depois, a artista do azul apareceu.
A platéia, toda estremeceu.
Então,
Um cidadão,
Fez um discurso danado de comprido
E, entregou à mocinha,
Um bonito vestido;
Ela, agachou-se toda e saiu.
De repente,
Como se fosse uma alvorada,
Bem na frente,
Uma outra surgiu.
No meio do picadeiro,
A morena estacou.
Todo mundo vivou...

Um velho jornalista,
- Nesse tempo era moço -
Fez, para a artista morena,
Um discurso colosso.
Ao terminar sua linda oração,
"Curvou-se reverente"
E foi beijar-lhe a mão.
... Eu fiquei despeitado.
Não dei nem mais um viva
Ao cordão encarnado.
Fiquei desiludido...
A morena bonita não ganhou
Nem sequer um vestido.
O encarnado apanhou!...
Mas, o tempo passou...
Toda gente esqueceu!
Menos eu.
Naquele tempo, o encarnado venceu.
Quinita,
A morena bonita,
Morena sensação,
Ganhou da inteligência,
Um beijo, em sua mão.

Renato Caldas

quarta-feira, 11 de setembro de 2024

JOÃO LINS CALDAS E SUA 'MARCHA FÚNEBRE'

'Marcha funebre' é titulo de um poema fúnebre do grande vate potiguar do Assu, chamado João Lins Caldas (1888/1967). Vamos conferir abaixo os versos fúnebres deste poeta Norte-riograndense que engrandesse as letras potiguares e brasileiras:

Os cem mil padres do meu negro enterro
Vão agora passar, círios às mãos.
Os cem mil padres, os cem mil irmãos...
Nasci... dou-me por pago do meu erro
Já que dá morte é que me vem o enterro...
Nasci... dou-me por pago do meu erro.

Noite... e dentro da minha solidão...
A solidão é um pássaro da noite...
Quem não te busca, pálido tresnoite,
Alma fria da noite, pelo chão...?
Amo a noite do amor, amo esse açoite,
Os círio rezam morte no clarão...

Vejo o olhar dos mortos pela treva,
Lá passa, vai adiante, o meu caixão...
Quem passa assim, quem com tal força leva
Meu esquife pesado, cor de treva,
Meu caixão,
Quem leva, quem leva?...
Vai meu corpo levado cor de treva...

Vejo os claros da morte pelo chão...
Tudo planeja o negro, a solidão.
Meu corpo, vai-se ver, não se vê fundo...
Entrarei pela terra, cor de terra...
Terra aqui, terra ali, terra... desterra,
A minha boca aterra...

Olhando a morte, quero ver o mundo...
Achar a solidão, quero ver fundo...
Solidão, solidão...
O som de um sino e a voz de um cão...
Meia noite... Solidão...

Agora os quero, do meu enterro,
Todos os padres, de volta irmãos...
Frontes curvadas, círios às mãos,
Hoje de volta do meu enterro...

Todos os padres, para o meu erro,
Hoje de volta são meus irmãos,
Os cem mil padres do meu negro enterro.

(Postado por Fernando Caldas)



Fotografia do corpo do poeta João Lins Caldas no caixão sendo velado na casa do seu primo e amigo Luiz Lucas Lins Caldas Neto (avô paterno do editor deste blog - Fernando Caldas), cidade de Assu/RN, 1967. Na fotografia da esquerda para direita. Domitília Eliete de Medeiros, João Crisóstomo Tavares (?), (?), Ivo Pinheiro, Tibobô, Fernando Caldas (criança), (?), Luiz Roberto (Luiz da Carroça), Mário Tavares Dantas, (?), (?), Levi de Oliveira Gomes, dentre outros admiradores de João Lins Caldas. Assu, 18 de maio de 1967.






terça-feira, 10 de setembro de 2024

 Brandir a Palavra

"Ninguém pode construir em teu lugar as pontes que precisarás passar, para atravessar o rio da vida – ninguém, exceto tu, só tu. Existem, por certo, atalhos sem números, e pontes, e semideuses que se oferecerão para levar-te além do rio; mas isso te custaria a tua própria pessoa; tu te hipotecarias e te perderias. Existe no mundo um único caminho por onde só tu podes passar. Onde leva? Não perguntes, segue-o!"
— Friedrich Nietzsche
🎨 Pintereste

sábado, 7 de setembro de 2024

RELEMBRANDO - Santinho, eleições municipais de 2016 para prefeito e vereadores de Natal, por onde fui candidato por tres vezeses. Na política,, prestei a minha contribuição ao processo democrático como eleitor e como candidato a vereador e deputado estadual. Foram nove eleições que partipei do processo democrático, obtendo pouco sucesso. Agora, lembro de uma frase de certo político psaraibano, que diz assim: "O povo gosta de mim, mas não gosta de votar em mim." Valeu a pena ter lutado por uma causa: o bem comum. Bom Fim de semana!



sexta-feira, 6 de setembro de 2024

A QUADRA
Escreves bem divinamente errando
As palavras que escreves, que deparo
E que beijo, mil vezes enxugando
O rosto feio e de prazer avaro...
Foi entre meus papéis: num dia claro
Encontrei uma quadra e... soletrando,
Li esses versos teus, neles notando
Os belos erros d'um talento raro...
Se eu assim escrevesse! Se eu dissesse
Em versos tão errados, se eu pudesse
Dizer cismares que me são diversos...
Ah! Eu te invejo essa quadrinha errada:
Nunca vi comoção mais bem lembrada,
Nunca vi dizer mais em quatro versos!
Caldas, poeta potiguar



 


quinta-feira, 5 de setembro de 2024

Assu Antigo ·



Cédula de identidade de maçon, de Edmilson Lins Caldas (meu pai), um dos fundadores da Loja Maçônica Fraternidade Açuense, se não me engano, em 1967. Por sinal foi ele, Edmilson, o doador de uma quadra de terra para que fosse constriuído aquela loja maçônica, onde hoje está asentado aquele templo. Um registro, apenas.

Fernando Caldas

quarta-feira, 4 de setembro de 2024

 "Dormir com alguém é a intimidade maior. Não é fazer amor. Dormir, isso que é íntimo. Um homem dorme nos braços de mulher e sua alma se transfere de vez. Nunca mais ele encontra suas interioridades."

— Mia Couto / "Um Rio Chamado Tempo, Uma Casa Chamada Terra".
(Arte: "Abraço", 2019 - Malcolm Liepke)

sábado, 31 de agosto de 2024

quinta-feira, 22 de agosto de 2024

 "Quero apenas cinco coisas

A primeira é o amor sem fim
A segunda é ver o outono
A terceira é o grave inverno
Em quarto lugar o verão
A quinta coisa são seus olhos
Não quero dormir sem teus olhos
Não quero ser... sem que me olhes
Abro mão da primavera para que continues me olhando."
— Pablo Neruda
🎨 Daniel F. Gerhartz




 Fotografia do centro histórico do Assu, por Jean Lopes.


 


 "Talvez eu seja

O sonho de mim mesma.
Criatura-ninguém
Espelhismo de outra
Tão em sigilo e extrema
Tão sem medida
Densa e clandestina
Que a bem da vida
A carne se fez sombra.
Talvez eu seja tu mesmo
Tua soberba e afronta.
E o retrato
De muitas inalcançáveis
Coisas mortas.
Talvez não seja.
E ínfima, tangente
Aspire indefinida
Um infinito de sonhos
E de vidas."
— Hilda Hilst
🎨 Damian Lechoszest




segunda-feira, 19 de agosto de 2024





Os escombros que veremos na fotografia abaixo eram da igreja do Rosário, onde hoje está assentado a praça do Rosario construída com recursos da prefeitura e em cooperação com o povo na administração de Edgard Montenegro. Conta-se que ali, a informação é verdadeira porque custumava os mais antigos enterrar seus mortos nas proximidades de igrejas (nos lugares onde não existia cemitérios). Vejamos também o sobrado que fora demolido ou reformado para funcionar a prefeitura Municipal. Ali, funcionou também a Cadeira Pública, que começara a ser construída em 1810, afirma Koster, o viajante, em seu livro Travels in Brazil / Viagem ao Nordeste do Brasil, na tradução, quando visitara o Assu, de passagem para o Ceará.
Fernando Caldas 



De:  Assu Antigo E QUEM SE LEMBRA DA FORMAÇÃO DO GRUPO DOS 11, DO ASSU Era 1963, tempo efervescebte no Brasil, o presidente João Goulart (Ja...