"Memórias Provincianas" é um dos livros do escritor (de minha admiração) Valério Mesquita, publicado em 2004 pela editora "Sebo Vermelho", de Natal. Aquela edição tem prefácio do imortal Iaperi Araújo. Daquele livro, transcrevo quatro estórias referentes a figuras da região do Assu (minha terra natal). Vejamos para o nosso bem estar, adiante:
"01 - Oliveira Júnior era uma figura estimada, escritor e articulista. Escreveu um livro intitulado "Frutos do Meu Pomar", bastante conhecido e lido, na época. Foi relator da Folha da Tarde de Djalma Maranhão e adépto de idéias de João Café Filho. Seus filhos Guaracy, Queiroz e Paulo Oliveira no tempo de Revolução de Março de 1964 foram detidos pelo arbítrio e alojados nas selas do quartel da Polícia Militar do Estado. Certo dia, foi ao quartel visitar os filhos e ao chegar, ouviu de outro preso político Hélio Vasconcelos, uma saudação inesperada e humorada: "Oliveira, bom dia, venha ver onde estão os frutos do seu pomar".
02 - O meu amigo Edgard Borges Montenegro, ex-deputado, ex-prefeito do Assu, é tido por alguns como "pão duro". Talvez por ter sido, ao longo de sua vida pública, muito assediado pelo povo. Em sua casa de Assu, quando chegava alguém ao portão, perguntando: "Edgarstá?" Lá dentro Edgard resmungava automaticamente: "Nenhum tostão!"
03 - Chico Barreto, aos 77 anos de idade, era brigado com a esposa. Moravam juntos mas não se cumprimentavam. Briga igual só a de judeu com palestino. Mas, nas horas de refeição havia uma trégua esquisita. Para não chamar pelo nome do marido, assim o convoca à mesa: "Xô galinha, xô"! Aí Chico Barreto vinha, sentava e comia. Briga é briga. Senha é senha.
04 - Chico Barreto sempre comparecia aos velórios e enterros em Pendências, mas custumava nunca entrar no cemitério. O fato se tornou notório. Um dia um curioso observador perguntou-lhe: "Chico, por que você não entra no cemitério?" Resposta na ponta da língua: "Porque quem não é visto não é lembrado".
"01 - Oliveira Júnior era uma figura estimada, escritor e articulista. Escreveu um livro intitulado "Frutos do Meu Pomar", bastante conhecido e lido, na época. Foi relator da Folha da Tarde de Djalma Maranhão e adépto de idéias de João Café Filho. Seus filhos Guaracy, Queiroz e Paulo Oliveira no tempo de Revolução de Março de 1964 foram detidos pelo arbítrio e alojados nas selas do quartel da Polícia Militar do Estado. Certo dia, foi ao quartel visitar os filhos e ao chegar, ouviu de outro preso político Hélio Vasconcelos, uma saudação inesperada e humorada: "Oliveira, bom dia, venha ver onde estão os frutos do seu pomar".
02 - O meu amigo Edgard Borges Montenegro, ex-deputado, ex-prefeito do Assu, é tido por alguns como "pão duro". Talvez por ter sido, ao longo de sua vida pública, muito assediado pelo povo. Em sua casa de Assu, quando chegava alguém ao portão, perguntando: "Edgarstá?" Lá dentro Edgard resmungava automaticamente: "Nenhum tostão!"
03 - Chico Barreto, aos 77 anos de idade, era brigado com a esposa. Moravam juntos mas não se cumprimentavam. Briga igual só a de judeu com palestino. Mas, nas horas de refeição havia uma trégua esquisita. Para não chamar pelo nome do marido, assim o convoca à mesa: "Xô galinha, xô"! Aí Chico Barreto vinha, sentava e comia. Briga é briga. Senha é senha.
04 - Chico Barreto sempre comparecia aos velórios e enterros em Pendências, mas custumava nunca entrar no cemitério. O fato se tornou notório. Um dia um curioso observador perguntou-lhe: "Chico, por que você não entra no cemitério?" Resposta na ponta da língua: "Porque quem não é visto não é lembrado".