Na época em que foi produzido esta fotografia, salvo engano, a praça atual Getúlio Vargas era denominada de praça da proclamação.
Fernando Caldas Fanfa
terça-feira, 8 de junho de 2010
SOBRE A ZPE DO AÇU
(...)
Assinaturas de decretos das ZPEs não estão confirmadas
Assinaturas de decretos das ZPEs não estão confirmadas
Para visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ainda não está confirmado se ele assinará o decreto para criação da Zona de Processamento de Exportação para os municípios de Assu e Macaíba. A Assessoria do governo do Estado divulgou a agenda do presidente incluindo a assinatura do convênio. No entanto, assessores do Partido dos Trabalhadores não confirmam a informação.
O projeto da ZPE de Macaíba é de autoria do deputado federal Henrique Eduardo Alves (PMDB). Já a ZPE de Assu tem como autora a senadora Rosalba Ciarlini (DEM).
Ontem, o prefeito de Assu, Ivan Júnior (PP), divulgou uma nota na qual afirma esperar que o presidente aproveita a programação em Natal para assinar a sanção do ZPE do Sertão, como é chamada a Zona de Processamento de Exportação que será localizada no município. “Espero que a vinda do presidente Lula ao Estado possa contemplar a sanção da ZPE do Sertão que já foi aprovada pelo Conselho Nacional de ZPEs, teve igual destino na instância da Câmara dos Deputados e do Senado Federal e, agora, aguarda unicamente pela sanção presidencial”, disse o prefeito.
(...)
(Fonte do jornal Tribuna do Norte)
segunda-feira, 7 de junho de 2010
CONFRATERNIZAÇÃO DA COLÔNIA AÇUENSE EM NATAL, 2010
O deputado estadual Wober Junior (PPS) acompanhado do açuense Dudu Machado (que foi seu companheiro de chapa, vice-prefeito) nas eleições municpais de 2008, em Natal, além do vereador do Açu Didi (PSB), prestigiaram aquela festa dançante no salão do clube do SESI, em Natal, ontem, domingo, 5 de junho, realizada pela Colônia Açuense naquela capital.
Fernando Caldas
Fernando Caldas
AÇU CAMPEÃO DE FUTEBOL DE SALÃO (1964)
Ato de homenagem da Prefeitura Municipal do Açu a seleção açuense que em 1964 ganhou o primeiro campeonato de futsal do interior do Estado. Jogadores: Edval Martins (goleiro), Juninho de Chico de Ernesto, José Nazareno (Lambeolho), Rui (goleiro), Anchieta, Leleto, Mazinho, dentre outros. Na fotografia, esquerda para direita: João Inácio. Edzés, Geraldo Dantas, Edson Queiroz (discursando - técnico da seleção campeã), (?), Maroquinhas (prefeita do Açu) e UU. Aquela fotografia fora tirada em fente a prefeitura daquela terra açuense.
Fernando Caldas Fanfa
Fernando Caldas Fanfa
domingo, 6 de junho de 2010
JÁ É SÃO JOÃO NO RIO GRANDE DO NORTE
Por Marcílio Amorim
O Rio Grande do Norte fica sabendo que o São João chegou quando a festa começa em Mossoró. Com a abertura oficial do Mossoró Cidade Junina realizada na tarde deste sábado, com o ortejo junino do “Pingo do Mei-dia”, está declarada aberta a festa junina no nosso Estado.
O sol abriu e o calor retornou a cidade após a chuvosa noite de sexta, quando São Pedro resolveu pregar uma peça e mandou muita chuva pra cidade de Mossoró durante o coquetel de abertura do Mossoró Cidade Junina. O evento realizado na noite de sexta-feira, no Memorial da Resistência, contou com a presença de políticos, artistas, imprensa de diversas partes do Brasil, autoridades e o povo de Mossoró.
O encerramento do “Pingo do Mei-dia” contou ainda com um show da rainha do forró Eliane, que cantou os principais sucessos de sua carreira como “Brilho da Lua” e “Valeu”. No domingo a pedida é a avant-première do Cinema na Roça, com o filme “A Cidade das Quatro Torres”, às
19h30, na Estação das Artes. Semana que vem a festa pega fogo com grandes shows e o início da temporada do Chuva de Bala no País de Mossoró.
O resumo dos 20 dias de festa está na declaração da prefeita Fafá Rosado, “O Mossoró Cidade Junina mostra a cultura do nossa cidade através dos nossos artistas. O Mossoró Cidade Junina é muito mais do que você imagina!”.
(Transcrito do jornal Tribuna do Norte, 6.6.2010)
O Rio Grande do Norte fica sabendo que o São João chegou quando a festa começa em Mossoró. Com a abertura oficial do Mossoró Cidade Junina realizada na tarde deste sábado, com o ortejo junino do “Pingo do Mei-dia”, está declarada aberta a festa junina no nosso Estado.
DivulgaçãoComeçou a festa em Mossoró
O evento coloriu as ruas do corredor cultural da cidade com quadrilhas juninas, carroças, pau de arara elétrico, desfile de carros e provou que o povo mossoroense vive o São João com muita alegria.O sol abriu e o calor retornou a cidade após a chuvosa noite de sexta, quando São Pedro resolveu pregar uma peça e mandou muita chuva pra cidade de Mossoró durante o coquetel de abertura do Mossoró Cidade Junina. O evento realizado na noite de sexta-feira, no Memorial da Resistência, contou com a presença de políticos, artistas, imprensa de diversas partes do Brasil, autoridades e o povo de Mossoró.
O encerramento do “Pingo do Mei-dia” contou ainda com um show da rainha do forró Eliane, que cantou os principais sucessos de sua carreira como “Brilho da Lua” e “Valeu”. No domingo a pedida é a avant-première do Cinema na Roça, com o filme “A Cidade das Quatro Torres”, às
19h30, na Estação das Artes. Semana que vem a festa pega fogo com grandes shows e o início da temporada do Chuva de Bala no País de Mossoró.
O resumo dos 20 dias de festa está na declaração da prefeita Fafá Rosado, “O Mossoró Cidade Junina mostra a cultura do nossa cidade através dos nossos artistas. O Mossoró Cidade Junina é muito mais do que você imagina!”.
(Transcrito do jornal Tribuna do Norte, 6.6.2010)
PORTAL UOL DESTACA O SÃO JOÃO DO ASSU COMO UM DOS MELHORES DO BRASIL, EM MATÉRIA ESPECIAL
O prestigiado portal de notícias UOL destacou a tradicional festa de São João do Assu em matéria especial assinada pelo jornalista Armando Falcão Neto, nesta sexta-feira, 04, como um dos melhores do Brasil. Em página destacada para as principais festas juninas do Brasil, o UOL indica as melhores festas, colocando Assu ao lado de Salvador, Amargosa, Senhor do Bonfim, Caruaru, Campina Grande, Cruz das Almas, Aracaju e São Luís.
Na matéria a festa de São João cidade de Mossoró é citada após subtítulo. O jornalista também teve a preocupação de destacar os principais hotéis e pousadas do município por meio do endereço
http://viagem.uol.com.br/especiais/festas-juninas/ultnot/2010/06/01/veja-opcoes-de-hospedagem-em-assu-rn.jhtmRepercussão
O esforço do prefeito Ivan Júnior e sua equipe de secretários, que vem buscando preservar a tradição de um dos mais importantes municípios do Rio Grande do Norte, dando especial atenção a cultura e ao turismo vem repercutindo nacionalmente. Além disso, o dedicado empenho em promover ações que produzam emprego e renda para os jovens munícipes - como a luta pela implantação da ZPE do Sertão -, que alia investimentos em educação profissional, tem feito com que Assu seja vista de forma angular por empresários e investidores. O maior exemplo é a disposição da Fábrica de Lubrificantes Dulab, do vizinho estado do Ceará, em construir uma fábrica em Assu antes mesmo da sanção presidencial da ZPE do Sertão.
Confira a matéria na íntegra logo abaixo ou visite o portal através do endereçohttp://viagem.uol.com.br/especiais/festas-juninas/ultnot/2010/06/01/fe-e-alegria-se-misturam-no-sao-joao-de-assu-no-rio-grande-do-norte.jhtm
BILL CLINTON EM NATAL
O ex-presidente americano Bill Clinton em Natal fotografando com autoridades potiguares, na ocasião da sua palestra na Universidade Potiguar, de Natal.
AMENIZE A DOR E O SOFRIMENTO DOANDO PALAVRAS
O projeto MOMENTO DO LIVRO vai começar agora em junho, duas vezes por mês, contação de histórias e shows culturais para as crianças, adolescentes e adultos que vivem como pacientes ou acompanhantes, no Hospital Infantil Varela Santiago.
Para o primeiro encontro, Francisco Martins, gestor do projeto, já dispõe de livros para o evento. Todavia, se alguém desejar doar livros infantis, podendo ser gibis, necessariamente não precisam ser novos, podem ser usados, desde que estejam em bom estado de conservação, é só entrar em contato com o escritor através dos telefones (84) 9956 4014 e 8719 4534, que ele dará um jeito de apanhar as doações no âmbito da Grande Natal. Lembrando que a Biblioteca Padre Monte, na Academia Norte Rio-Grandense de Letras, na Rua Mipibu 443, Cidade Alta, Natal-RN, também é posto de coleta para esta campanha. Colabore, amenize a dor e o sofrimento doando palavras.
Postado por Francisco Martins
Postado por Francisco Martins
BETINHO ROSADO
Me permita o mossoroense Calos Alberto de Souza Rosado - Betinho Rosado (deputado federal pelo Rio Grande do Norte) publicar esta sua fotografia.. A referida foto encontrei entre os guardados de minha mãe Gelza Tavares Caldas, 83, residente em Assu, filha de Fernando Tavares - Vem-Vem, que era amigo íntimo de Dix-sept Rosado, pai dele, Betinho. A fotografia fora oferecida pela sua mãe, a minha mãe chamada Gelza Tavares Caldas,quando de suas idas a cidade de Mossoró acompanhando seu pai, nos idos de quarenta. Dix-Sepet e Vem-Vem sucumbiram no desastre aviatório do rio do Sal, em Aracaju, no dia 12 de julho de 1951, quando dix-Sept ainda exercia o governo da terra potiguar.
Fernando Caldas
GARIBALDI FILHO PARTICIPA DE INAUGURAÇÃO EM PORTO DO MANGUE
O senador Garibaldi Filho participou nesta sexta-feira, 04, da inauguração do Centro da Juventude Renan Maxwell Florêncio, na cidade de Porto do Mangue. O convite para a inauguração foi feito pelo prefeito Francisco Gomes Batista (mais conhecido como "Titico"), que é do PMDB.
Em seu discurso o senador elogiou o trabalho do prefeito. A ampliação do centro da Juventude servirá à realização de programas sociais como os "Aprendizes do Porto", "Quebrando o Silêncio", PETI e Projovem adolescente.
Os senadores José Agripino e Rosalba Ciarlini também participaram da cerimônia. Os três parlamentares se comprometeram com o prefeito de tentar obter recursos para a conclusão do cais que está sendo construído na cidade.
Antes de ir à inauguração, Garibaldi Filho visitou uma peemedebista histórica de Porto do Mangue, dona Geraldina, 80 anos; junto com o prefeito Titico e o vice-prefeito, Antônio Tomás.
Após a ida a Porto do Mangue, o senador foi a Mossoró prestigiar a apresentação do "Mossoró Cidade Junina" para a imprensa. O convite foi feito pela prefeita da cidade, Fafá Rosado.
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Eco Imprensa
Leonardo Sodré
9986-2453
João Maria Medeiros
9144-6632
www.ecoimprensanatal.blogspot.com
ecoimprensamarketing@gmail.com
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sábado, 5 de junho de 2010
CENTRO AÇUENSE EM NATAL - COLÔNIA AÇUENSE
Ano de 1979, realização da 1. assembléia para transmitir o cargo de presidente do Centro Açuense em Natal ao médico Arnóbio Abreu, pelo estudante de direito Francisco de Souza Junior. Aquela instituição tem como sócios fundadores além de Francisco de Souza Juinior, os senhores Expedito Dantas da Silveira, Celso Dantas da Silveira, João Batista Machado, Rudá Soares, Bonifácio Santos da Cunha, Edmilson Antônio da Silva, Ronaldas da Fonseca Soares, Carlos Alberto Tavares de Sá Leitão, Carlos Augusto Tavares de Sá Leitão, Fernando Antonio Caldas, dentre outos açuense. Aquela instituição tem como objetivo a filantropia, a confraternização, além de promover a cultua da terra açuense. Na fotografia, (discursando) transmitindo o cargo de presidente provisório daquela instituição, podemos ver Francisco de Souza Junior (Juninho). Na foto, esquerda para direita: Otomar Lopes Cardoso, deputado estadual Theodorico Bezerra, deputado Edgard Montenegro, Souza Junior, jornalista João Batista Machado e o médico Arnóbio Abreu.. Por sinal, hoje, sábado, os açuenses em Natal estão se confraternizando. Dentro da programação será realizado uma missão na igreja São João Batista, Lagoa Seca, nesta capital, seguido de um café da manhã e, a partir do meio dia, como não podia ser diferente para os açuenses, será realizado uma festa dançante no clube do SESI, em Natal. Fica registrado o convite ao povo em geral.
Fernando Caldas Fanfa
Fernando Caldas Fanfa
quinta-feira, 3 de junho de 2010
ZELITO CORINGA UM ASTRO QUE CARNAUBAIS APRENDEU ADMIRAR
Faz algum tempo, desde o lançamento do seu primeiro CD " Passo de Hippie" que Zelito Coringa despontou para o cenário musical, um talento aflorado desde tenra infância, lapidando diuturnamente sua qualidade, participando ativamente de vários grupos, fazendo uma verdadeira peregrinação em palcos de diferentes estados brasileiros, em busca da sua performance artistica, visando desabrochar cada vez mais a inspiração poética e musicista da sua fornalha de composições. FONTE BLOG DO ALUIZIO LACERDA LINK AO LADO Zelito Coringa, faz uma tornê pelos estados nordestinos: Ceárá, Piauí e Maranhão é uma rota patrocinada pelo Ministério da Cultura. Ele compõe uma trupe de talentosos artistas Mossoroenses, indo de Brasil afora, mostrando a arte do Projeto Rodovia de Teatro do Nordeste, através do prêmio Mirian Muniz. Zelito é sem sombra de dúvidas um conterrâneo bastante apreciado em nosso municipio, orgulhando o nome de nossa gente por onde se apresenta. Ele pode até não ser uma unânimidade, o bom mesmo é que não seja, mas tem prestigio suficiente para bem representar nosso torrão, por onde passar. já ocupou função de destaque no contexto cultural do nosso municipio, deixando uma elevada contribuição, mas o que mais me chama atenção para o Filho de Zé Bezerra e da saudosa Luzimar Coringa, é a sua disposição de luta, sem acomodação, pôe a viola no saco e vai cantar noutro lugar. Esteve recentemente numa trilha do sudeste brasileiro com o grupo Tarará, continua por aí fazendo o que gosta e o que bem sabe fazer. Escrito por juscelinofranca às 17h43 [ (0) Comente ] [ envie esta mensagem ] [ link ] |
terça-feira, 1 de junho de 2010
DOU-LHE UMA... DOU-LHE DUAS... DOU-LHE TRÊS...
Foto/arquivo/divulgação
Uma fonte informou ao blog que a conversa realizada ontem em Natal, envolvendo o prefeito Ivan Júnior, ex-prefeito Ronaldo Soares e a cúpula de apoio a candidatura de Rosalba Ciarlini, não teve caráter conclusivo, sendo agendado outra data para um possivel desfecho.
O encontro serviu para Ronaldo Soares expor a senadora Rosalba e ao marido marqueteiro Carlos Augusto as vantagens oferecidas por João Maia e Iberê, dando-lhe uma vantagem eleitoral em beneficio da candidatura do filho George Soares para deputado estadual.
Como a variação do apoio consiste somente na mudança da chapa de governo e deputado federal (Iberê e João Maia), Ronaldo Soares continuaria apoiando os senadores Zé Agripino e Garibaldi Alves, a conversa não ofereceu maiores resistências, ficando pra se definir mais adiante, conforme colocações do próprio Ronaldo, o leilão está em aberto, aguardando quem oferecer mais em prol do projeto do filho George ser deputado estadual.
(Do blog do Aluízio Lacerda)
Fernando Caldas Fanfa
Uma fonte informou ao blog que a conversa realizada ontem em Natal, envolvendo o prefeito Ivan Júnior, ex-prefeito Ronaldo Soares e a cúpula de apoio a candidatura de Rosalba Ciarlini, não teve caráter conclusivo, sendo agendado outra data para um possivel desfecho.
O encontro serviu para Ronaldo Soares expor a senadora Rosalba e ao marido marqueteiro Carlos Augusto as vantagens oferecidas por João Maia e Iberê, dando-lhe uma vantagem eleitoral em beneficio da candidatura do filho George Soares para deputado estadual.
Como a variação do apoio consiste somente na mudança da chapa de governo e deputado federal (Iberê e João Maia), Ronaldo Soares continuaria apoiando os senadores Zé Agripino e Garibaldi Alves, a conversa não ofereceu maiores resistências, ficando pra se definir mais adiante, conforme colocações do próprio Ronaldo, o leilão está em aberto, aguardando quem oferecer mais em prol do projeto do filho George ser deputado estadual.
(Do blog do Aluízio Lacerda)
Fernando Caldas Fanfa
segunda-feira, 31 de maio de 2010
O "Cavaleiro" da Várzea do Açu
O encontro da professora aposentada da UFRN, Tereza Aranha, 79, com o conterrâneo Manoel Rodrigues de Melo (1907-1996) foi no início de 1940 quando, ainda menina-moça, foi apresentada ao livro escrito por ele ‘Várzea do Açu’, uma espécie de tratado em forma de crônicas sobre a paisagem e os costumes daquela região tida para muitos como o “paraíso perdido” do Rio Grande do Norte. Pouco tempo depois, em 1945, “Badéu” como era carinhosamente chamado pelos amigos, chega à casa dos pais de Tereza Aranha, trazendo consigo o folclorista e escritor, Luis da Câmara Cascudo, na ocasião da festa do Cinqüentenário da Capela de São João Batista, em Pendências. E o que já estava escrito no destino, tomou força na realidade daquela moça: a admiração que permanece até hoje, e sempre, e que levou Tereza Aranha a tornar-se uma incansável pesquisadora da obra de Manoel Rodrigues de Melo. Um homem de raízes camponesas, mas dono de riquezas incomensuráveis como inteligência, persistência e amor à sua terra-natal, levando-o a um dos mais altos cargos da cultura potiguar: a presidência, durante 21 anos da Academia Norte-rio-grandense de Letras.
Curioso é que inversamente proporcional à importância do valor da contribuição social, cultural e intelectual do imortal Manoel Rodrigues de Melo para o Rio Grande do Norte, é o conhecimento atual à sua obra. A reportagem pesquisou num conhecido site da internet o topônimo do autor e encontrou, literalmente, cinco linhas sobre ele. Para a pesquisadora, que chegou à chefia do Departamento de Serviço Social na UFRN, a correção dessa lacuna poderia ser feita com a adoção de livros do autor na rede básica de ensino: “Várzea do Açu (1940), Cavalo de Pau (1953) e Patriarcas e Carreiros (1985), deveriam ser leituras obrigatórias nas escolas porque fazem uma trilogia sobre o sertão potiguar e todo um estudo sobre o Ciclo do Gado”, justifica ela e continua: “Quem cria não morre. Suas duas grandes contribuições são, no campo literário, pelas obras e, materialmente pela construção da sede da ANL”. De acordo com o biógrafo Cláudio Galvão, que escreveu a Biobibliografia de Manoel Rodrigues de Melo (1926- 1995), e contou com o próprio auxiliando-o nessa tarefa, nos 100 anos que se completam em 2007 de seu nascimento, nada se perdeu em termos de valor histórico e cultural, e vai mais além, quando lembra do convívio que teve com ela e das lembranças que guarda: “Manoel Rodrigues de Melo deveria ser o modelo do intelectual no Estado, pela sua capacidade de estudo e pesquisa aprofundada nos temas que abordou, somados à enorme experiência de vida, aí incluídas pessoas, lugares e fatos. A sua grandeza não foi eclipsada pelo seu equilíbrio emocional, o que sempre o levou a atitudes simples e modestas. É, assim, exemplo difícil de ser imitado”.
De acordo com informações da biobibliografia, Manoel Rodrigues de Melo entrou na ANL para ocupar a cadeira de nº. 11, em 13 de abril de 1950 e tinha como patrono monsenhor Augusto Franklin. Antes mesmo daquele feito, Manoel Rodrigues de Melo já era membro do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte (IHGRN), secretário de Folclore da Unesco, dentre outras instituições. Passando por vários cargos na Secretaria da ANL, o biógrafo Cláudio Galvão diz que a indicação para seu nome à presidência foi feita sem que ele soubesse, uma vez que pela “modéstia pessoal”, certamente não o teria permitido. Em 13 de janeiro de 1955, no salão nobre do IHGRN, posto que a Academia não tinha sede própria, o então presidente Paulo de Viveiros, levanta-se, expõe seu desejo de afastar-se do cargo e indica o nome de Manoel Rodrigues de Melo. “Ele teve um susto e quase se levanta da cadeira.
Tentou articular uma reação mas a expressão fisionômica de seus colegas logo lhe fez sentir que todos já sabiam de tudo, apenas ele não. O seu nome havia sido articulado e aceito por todos anteriormente; agora só lhe restavam dois caminhos: declinar da indicação, frustrando as expectativas de todos os companheiros ou aceitar o encargo e dedicar-se ao trabalho”, diz trecho da Biobibliografia.
Manoel Rodrigues de Melo aceitou. E, a partir disso, dava-se início a uma luta cujo reconhecimento emociona profundamente Tereza Aranha que, ao invés de falar, prefere mostrar um trecho da orelha assinada por Hélio Galvão, no único livro de ficção escrito por ele, o Terras de Camundá: “Tijolo a tijolo, dia por dia, ergueu sozinho o edifício da Academia de Letras. O pedreiro pode ter assentado o tijolo e colocado o prumo na parede que ia subindo: mas as mãos que construíram foram as dele. Pedia subvenções, escrevia a deputados e senadores, convocava autoridades. Do nada fez tudo. De quantos ali estão, só ele, ele sem ninguém, levantou o prédio, deu-lhe acabamento e mobiliou as alas. Fez tudo”. A conclusão das obras da sede própria foi em 1970, mas só em 1976, que se realizou a sessão solene de inauguração. E, naquele mesmo dia, 23 de janeiro, o presidente da ANL entregava o ca
“Um homem múltiplo”
Manoel Rodrigues de Melo era contador por ofício e pesquisador e escritor por vocação.
“Um homem múltiplo”, como classifica Tereza Aranha, que valorizava profundamente suas origens. Na plaquete Cartas ao Mestre Encantado (1998), a pesquisadora explica-se: “...o conterrâneo que extrapolava, com o seu saber sobre a terra e o amor à sua gente, nossas fronteiras territoriais, promovendo a divulgação dos tipos, paisagens, costumes e acontecimentos mais representativos da região, já bastante conhecida pelas riquezas naturais que possuía”.
Suas incursões pela escrita começaram na criação do jornal O Porvir, quando ainda morava em Currais Novos. O primeiro livro, já citado, foi Várzea do Açu. E do período de 1926 a 1995, foram escritos nove livros, 97 artigos de revistas, 131 artigos de jornais e 11 prefácios, notas e apresentações de livros, além de duas Poliantéias (antologias referentes a um grande evento), duas separatas e um Memorial de Pendências. De acordo com Tereza Aranha, após a publicação da Biobibliografia, em 1995, ela já conseguiu encontrar mais coisas sobre a obra de Manoel Rodrigues de Melo, e que renderiam uma 2ª Edição deste livro.
Afora a trilogia sobre a vida na Várzea do Açu durante o ciclo do gado, Tereza Aranha também destaca outros títulos pesquisados e escritos por ele, como Dicionário da Imprensa Potiguar e Memória do Livro Potiguar - Apontamentos para uma bibliografia necessária. Este segundo, editado pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em 1994, possui um apanhado de cerca de mil títulos pesquisados por ele, escritos no Rio Grande do Norte e cujo espaço de tempo é de aproximadamente um século. Inicialmente, esse material foi pesquisado para a ANL, em forma de catálogo, apresentado em 1970. “O catálogo tem uma finalidade facilmente compreensível: arrolar a bibliografia norte-rio-grandense dispersa muitas vezes perdida, torná-la conhecida de leigos e especialistas, e fixá-la para sempre num compêndio de fácil manuseio pelos interessados na matéria”, explica o próprio pesquisador no texto original.
Trechos revelam profundo conhecimento do NE
No prefácio do livro Cavalo de Pau, o próprio Manoel Rodrigues de Melo explica a série de estudos sobre a Várzea do Açu, iniciadas no livro homônimo, depois em Patriarcas e Carreiros e que culminam neste último: “O primeiro estuda o vale do Açu sob o ponto de vista sociológico, etnográfico e folclórico, compreendendo usos, costumes e tradições daquela região nordestina. O segundo, mantendo-se fiel aos temas regionais, procura caracterizar de modo objetivo a fisionomia dos patriarcas sertanejos, ligando-os ao ciclo do carro de boi, cuja influência na vida do Brasil e particularmente do Nordeste foi grande e proveitosa. Este não foge à orientação dos dois anteriores. Segue, pelo contrário, o curso natural daquelas duas primeiras tentativas de estudo da sociedade sertaneja, detendo-se na explicação de um tema pouco batido e explorado entre nós, qual seja o cavalo de pau e seu cavaleiro, o menino do nordeste”. E encerra a apresentação explicando que é um “tributo de infante cavaleiro da várzea do Açu, homenageando o cendeiro que tantas alegrias lhe dera, nos recuados tempos de meninice”.
Na página 65 daquele livro, a crônica trata de um costume pitoresco nordestino, muito provavelmente reminiscência de costumes indígenas e trata-se do tema “Catar Piolho”. “Há um velho hábito entre as famílias do nordeste que vem do começo do mundo e não se acabará jamais. É o de catar piolho, puxar ou tirar lêndia, dar cafuné. Hoje, com moda do cabelo cortado, nas mulheres, esse hábito tem por certo diminuído, pelo menos nas grandes cidades, onde a moda da ondulação e da pulverização do cabelo, tem encontrado inúmeros adeptos. Mas, nas cidades pequenas e no campo, creio que aquelas práticas tradicionais estão em pleno vigor. (...) O catar piolho era assim um dos maiores inimigos que o menino tinha. Inimigo porque ao lado deste vinham fatalmente os puxavantes de cabelo, os beliscões, os trompassos, os puxavantes de relha, os cocorotes (...) quando não terminavam em surra de chinela, palmadas e peia”. Na página seguinte de Cavalo de Pau, uma crônica que a pesquisadora guarda ainda mais carinho, tratando do “Cafuné”, cujo início ele escreveu: “O cafuné, não. Este não era entretenimento de menino, mas sim de homens e mulheres. Era uma delícia aquele joeirar de unhas e dedos na cabeça do paciente, estalando em trocadilhos compassados, horas e horas, consumindo tempo, matando coceiras de piolhos, lêndias, caspas, suor. O cafuné, como tudo na vida, tinha sua psicologia. Roger Bastide dedicou-lhe monografia exaustiva e rica de sugestões. Tinha por fim distrair o espírito, matar saudades, rememorar coisas do tempo antigo (...)”.
UM POUCO MAIS SOBRE A VIDA E A OBRA DE MANOEL RODRIGUES DE MELO
◊ Filho de Manoel de Melo Andrade Filho e Maria Rodrigues de Melo, Manoel Rodrigues de Melo nasceu na Ilha de São Francisco, no município de Macau, em 7 de julho de 1907.
◊ Atualmente a terra onde nasceu pertence ao município de Pendências.
◊ Foi comerciário em cidades como Macau, Pendências e Currais Novos.
◊ Iniciou sua vida literária com o jornal O Porvir
◊ Em 1934, concluiu o curso da Escola de Comércio de Natal, foi inspetor de alunos no Colégio Pedro II, professor de português na Escola de Comércio e de história e geografia na Escola Normal.
◊ Colaborou em jornais como A Ordem, Diário de Natal,Tribuna do Norte, além de imprensa alternativa e publicações culturais do Estado e de todo o Brasil.
◊ Ao lado de amigos e intelectuais como Raimundo Nonato, João Alves de Melo, Luiz Patriota, Hélio Galvão e Veríssimo de Melo fundou a revista Bando, mantida por dez anos (1949-1959).
◊ Como integralista, fez política e foi vereador em Natal, pelo Partido de Representação Popular.
◊ Formou-se em Direito em 1961
◊ Foi sócio atuante do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte
◊ Enquanto presidente da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras construiu a atual sede que leva seu nome.
◊ Era casado com Laurita Rodrigues de Melo, com quem teve os filhos Vital, Manoel e Lígia.
JUSTA HOMENAGEM
O reconhecimento à obra de Manoel Rodrigues de Melo já é institucionalizado em Pendências. Em 1997, Tereza Aranha e seus familiares criaram a Fundação Félix Rodrigues. E, em 1998, na época secretária municipal de Educação daquele município, a pesquisadora criou o Espaço Cultural Manoel Rodrigues de Melo, no qual estão abertos para consulta livros de sua autoria, objetos pessoais e história da cidade. Além disso, com o intuito de incentivar os alunos a conhecerem a obra do conterrâneo, também foi criado o Concurso de Redação Manoel Rodrigues de Melo - O Cronista da Várzea do Açu, em Pendências. Afora a obra guardada no Espaço Cultural, Tereza Aranha informa também que a filha do cronista, Lígia Rodrigues, doou ao Solar João Galvão, cinco mil exemplares de obras que pertenciam ao pai.
SHEYLA AZEVEDO
O POTI – 30 de setembro de 2007
Postado por Fernando Caldas
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Curioso é que inversamente proporcional à importância do valor da contribuição social, cultural e intelectual do imortal Manoel Rodrigues de Melo para o Rio Grande do Norte, é o conhecimento atual à sua obra. A reportagem pesquisou num conhecido site da internet o topônimo do autor e encontrou, literalmente, cinco linhas sobre ele. Para a pesquisadora, que chegou à chefia do Departamento de Serviço Social na UFRN, a correção dessa lacuna poderia ser feita com a adoção de livros do autor na rede básica de ensino: “Várzea do Açu (1940), Cavalo de Pau (1953) e Patriarcas e Carreiros (1985), deveriam ser leituras obrigatórias nas escolas porque fazem uma trilogia sobre o sertão potiguar e todo um estudo sobre o Ciclo do Gado”, justifica ela e continua: “Quem cria não morre. Suas duas grandes contribuições são, no campo literário, pelas obras e, materialmente pela construção da sede da ANL”. De acordo com o biógrafo Cláudio Galvão, que escreveu a Biobibliografia de Manoel Rodrigues de Melo (1926- 1995), e contou com o próprio auxiliando-o nessa tarefa, nos 100 anos que se completam em 2007 de seu nascimento, nada se perdeu em termos de valor histórico e cultural, e vai mais além, quando lembra do convívio que teve com ela e das lembranças que guarda: “Manoel Rodrigues de Melo deveria ser o modelo do intelectual no Estado, pela sua capacidade de estudo e pesquisa aprofundada nos temas que abordou, somados à enorme experiência de vida, aí incluídas pessoas, lugares e fatos. A sua grandeza não foi eclipsada pelo seu equilíbrio emocional, o que sempre o levou a atitudes simples e modestas. É, assim, exemplo difícil de ser imitado”.
De acordo com informações da biobibliografia, Manoel Rodrigues de Melo entrou na ANL para ocupar a cadeira de nº. 11, em 13 de abril de 1950 e tinha como patrono monsenhor Augusto Franklin. Antes mesmo daquele feito, Manoel Rodrigues de Melo já era membro do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte (IHGRN), secretário de Folclore da Unesco, dentre outras instituições. Passando por vários cargos na Secretaria da ANL, o biógrafo Cláudio Galvão diz que a indicação para seu nome à presidência foi feita sem que ele soubesse, uma vez que pela “modéstia pessoal”, certamente não o teria permitido. Em 13 de janeiro de 1955, no salão nobre do IHGRN, posto que a Academia não tinha sede própria, o então presidente Paulo de Viveiros, levanta-se, expõe seu desejo de afastar-se do cargo e indica o nome de Manoel Rodrigues de Melo. “Ele teve um susto e quase se levanta da cadeira.
Tentou articular uma reação mas a expressão fisionômica de seus colegas logo lhe fez sentir que todos já sabiam de tudo, apenas ele não. O seu nome havia sido articulado e aceito por todos anteriormente; agora só lhe restavam dois caminhos: declinar da indicação, frustrando as expectativas de todos os companheiros ou aceitar o encargo e dedicar-se ao trabalho”, diz trecho da Biobibliografia.
Manoel Rodrigues de Melo aceitou. E, a partir disso, dava-se início a uma luta cujo reconhecimento emociona profundamente Tereza Aranha que, ao invés de falar, prefere mostrar um trecho da orelha assinada por Hélio Galvão, no único livro de ficção escrito por ele, o Terras de Camundá: “Tijolo a tijolo, dia por dia, ergueu sozinho o edifício da Academia de Letras. O pedreiro pode ter assentado o tijolo e colocado o prumo na parede que ia subindo: mas as mãos que construíram foram as dele. Pedia subvenções, escrevia a deputados e senadores, convocava autoridades. Do nada fez tudo. De quantos ali estão, só ele, ele sem ninguém, levantou o prédio, deu-lhe acabamento e mobiliou as alas. Fez tudo”. A conclusão das obras da sede própria foi em 1970, mas só em 1976, que se realizou a sessão solene de inauguração. E, naquele mesmo dia, 23 de janeiro, o presidente da ANL entregava o ca
“Um homem múltiplo”
Manoel Rodrigues de Melo era contador por ofício e pesquisador e escritor por vocação.
“Um homem múltiplo”, como classifica Tereza Aranha, que valorizava profundamente suas origens. Na plaquete Cartas ao Mestre Encantado (1998), a pesquisadora explica-se: “...o conterrâneo que extrapolava, com o seu saber sobre a terra e o amor à sua gente, nossas fronteiras territoriais, promovendo a divulgação dos tipos, paisagens, costumes e acontecimentos mais representativos da região, já bastante conhecida pelas riquezas naturais que possuía”.
Suas incursões pela escrita começaram na criação do jornal O Porvir, quando ainda morava em Currais Novos. O primeiro livro, já citado, foi Várzea do Açu. E do período de 1926 a 1995, foram escritos nove livros, 97 artigos de revistas, 131 artigos de jornais e 11 prefácios, notas e apresentações de livros, além de duas Poliantéias (antologias referentes a um grande evento), duas separatas e um Memorial de Pendências. De acordo com Tereza Aranha, após a publicação da Biobibliografia, em 1995, ela já conseguiu encontrar mais coisas sobre a obra de Manoel Rodrigues de Melo, e que renderiam uma 2ª Edição deste livro.
Afora a trilogia sobre a vida na Várzea do Açu durante o ciclo do gado, Tereza Aranha também destaca outros títulos pesquisados e escritos por ele, como Dicionário da Imprensa Potiguar e Memória do Livro Potiguar - Apontamentos para uma bibliografia necessária. Este segundo, editado pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em 1994, possui um apanhado de cerca de mil títulos pesquisados por ele, escritos no Rio Grande do Norte e cujo espaço de tempo é de aproximadamente um século. Inicialmente, esse material foi pesquisado para a ANL, em forma de catálogo, apresentado em 1970. “O catálogo tem uma finalidade facilmente compreensível: arrolar a bibliografia norte-rio-grandense dispersa muitas vezes perdida, torná-la conhecida de leigos e especialistas, e fixá-la para sempre num compêndio de fácil manuseio pelos interessados na matéria”, explica o próprio pesquisador no texto original.
Trechos revelam profundo conhecimento do NE
No prefácio do livro Cavalo de Pau, o próprio Manoel Rodrigues de Melo explica a série de estudos sobre a Várzea do Açu, iniciadas no livro homônimo, depois em Patriarcas e Carreiros e que culminam neste último: “O primeiro estuda o vale do Açu sob o ponto de vista sociológico, etnográfico e folclórico, compreendendo usos, costumes e tradições daquela região nordestina. O segundo, mantendo-se fiel aos temas regionais, procura caracterizar de modo objetivo a fisionomia dos patriarcas sertanejos, ligando-os ao ciclo do carro de boi, cuja influência na vida do Brasil e particularmente do Nordeste foi grande e proveitosa. Este não foge à orientação dos dois anteriores. Segue, pelo contrário, o curso natural daquelas duas primeiras tentativas de estudo da sociedade sertaneja, detendo-se na explicação de um tema pouco batido e explorado entre nós, qual seja o cavalo de pau e seu cavaleiro, o menino do nordeste”. E encerra a apresentação explicando que é um “tributo de infante cavaleiro da várzea do Açu, homenageando o cendeiro que tantas alegrias lhe dera, nos recuados tempos de meninice”.
Na página 65 daquele livro, a crônica trata de um costume pitoresco nordestino, muito provavelmente reminiscência de costumes indígenas e trata-se do tema “Catar Piolho”. “Há um velho hábito entre as famílias do nordeste que vem do começo do mundo e não se acabará jamais. É o de catar piolho, puxar ou tirar lêndia, dar cafuné. Hoje, com moda do cabelo cortado, nas mulheres, esse hábito tem por certo diminuído, pelo menos nas grandes cidades, onde a moda da ondulação e da pulverização do cabelo, tem encontrado inúmeros adeptos. Mas, nas cidades pequenas e no campo, creio que aquelas práticas tradicionais estão em pleno vigor. (...) O catar piolho era assim um dos maiores inimigos que o menino tinha. Inimigo porque ao lado deste vinham fatalmente os puxavantes de cabelo, os beliscões, os trompassos, os puxavantes de relha, os cocorotes (...) quando não terminavam em surra de chinela, palmadas e peia”. Na página seguinte de Cavalo de Pau, uma crônica que a pesquisadora guarda ainda mais carinho, tratando do “Cafuné”, cujo início ele escreveu: “O cafuné, não. Este não era entretenimento de menino, mas sim de homens e mulheres. Era uma delícia aquele joeirar de unhas e dedos na cabeça do paciente, estalando em trocadilhos compassados, horas e horas, consumindo tempo, matando coceiras de piolhos, lêndias, caspas, suor. O cafuné, como tudo na vida, tinha sua psicologia. Roger Bastide dedicou-lhe monografia exaustiva e rica de sugestões. Tinha por fim distrair o espírito, matar saudades, rememorar coisas do tempo antigo (...)”.
UM POUCO MAIS SOBRE A VIDA E A OBRA DE MANOEL RODRIGUES DE MELO
◊ Filho de Manoel de Melo Andrade Filho e Maria Rodrigues de Melo, Manoel Rodrigues de Melo nasceu na Ilha de São Francisco, no município de Macau, em 7 de julho de 1907.
◊ Atualmente a terra onde nasceu pertence ao município de Pendências.
◊ Foi comerciário em cidades como Macau, Pendências e Currais Novos.
◊ Iniciou sua vida literária com o jornal O Porvir
◊ Em 1934, concluiu o curso da Escola de Comércio de Natal, foi inspetor de alunos no Colégio Pedro II, professor de português na Escola de Comércio e de história e geografia na Escola Normal.
◊ Colaborou em jornais como A Ordem, Diário de Natal,Tribuna do Norte, além de imprensa alternativa e publicações culturais do Estado e de todo o Brasil.
◊ Ao lado de amigos e intelectuais como Raimundo Nonato, João Alves de Melo, Luiz Patriota, Hélio Galvão e Veríssimo de Melo fundou a revista Bando, mantida por dez anos (1949-1959).
◊ Como integralista, fez política e foi vereador em Natal, pelo Partido de Representação Popular.
◊ Formou-se em Direito em 1961
◊ Foi sócio atuante do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte
◊ Enquanto presidente da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras construiu a atual sede que leva seu nome.
◊ Era casado com Laurita Rodrigues de Melo, com quem teve os filhos Vital, Manoel e Lígia.
JUSTA HOMENAGEM
O reconhecimento à obra de Manoel Rodrigues de Melo já é institucionalizado em Pendências. Em 1997, Tereza Aranha e seus familiares criaram a Fundação Félix Rodrigues. E, em 1998, na época secretária municipal de Educação daquele município, a pesquisadora criou o Espaço Cultural Manoel Rodrigues de Melo, no qual estão abertos para consulta livros de sua autoria, objetos pessoais e história da cidade. Além disso, com o intuito de incentivar os alunos a conhecerem a obra do conterrâneo, também foi criado o Concurso de Redação Manoel Rodrigues de Melo - O Cronista da Várzea do Açu, em Pendências. Afora a obra guardada no Espaço Cultural, Tereza Aranha informa também que a filha do cronista, Lígia Rodrigues, doou ao Solar João Galvão, cinco mil exemplares de obras que pertenciam ao pai.
SHEYLA AZEVEDO
O POTI – 30 de setembro de 2007
Postado por Fernando Caldas
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domingo, 30 de maio de 2010
FAMÍLIA CALDAS
Por Djalmira Sá Almeida
O sobrenome Caldas é de família da onomástica das línguas língua castelhana e na língua portuguesa de origem toponímica do Reino das Astúrias. Esta família tem origem em Portugal de D. Garcia Rodrigues de Caldas, que era um rico-homem de pendão e caldeira ( dono de fábrica). Este D. Garcia Rodrigues de Caldas era natural da Reino das Astúrias que verificava os historiadores da Casa dos Senhor de Caldelas. Esteve junto com o rei de Castela D. Pedro I de Castela, "O Cruel", contra D. Henrique, conde de Trastamara, pelo que quando D. Henrique de Trastamara ganhou a contenda e subiu ao trono com o nome de Henrique II de Castela teve de se refugiar para não ser morto, no Reino de Portugal, para onde veio na companhia do seu parente D. Fernando Anes de Lima. Caldas significa caldo ou líquido que forma uma cauda ou rio caudaloso em alusão às plantações à beira do rio.
Em Portugal foi casado com D. Leonor de Magalhães, que era Senhora de vários Senhorios, a Quinta da Solda, Camposa de São Martinho de Vascões, na localidade de Paredes de Coura. A apresentação da igreja de Camposa, na localidade de Vila de Arcos e de São Martinho de Vascões. Também recebeu os senhorios da Quinta de Vila Verde e de Paço de Coura localizados na freguesia de Vascões. Caldas é um sobrenome para o qual se encontram diferentes ramos e também diferentes explicações. Segundo alguns autores haveria relação com a cidade italiana de Caldes, para outros, teria relação com Luís Antônio de Oliveira, o Visconde de Caldas, em referência ao topônimo mineiro. Já os que buscam na Heráldica um brasão, poderão trombar com brasonários diferentes, devido à palavra Caldas nomear diferentes freguesias portuguesas.
Buscando em sites de genealogia galega, encontram-se ainda o sobrenome Caldelas ou Caldellas, que um desses diz ser uma forma diminuta do sobrenome. Entre as regiões, em Portugal, que trazem Caldas em seu nome figuram: a cidade de Caldas da Rainha, no distrito de Leiria; a nascente termal Aldeia de Caldas da Felgueira; a freguesia de Caldelas (Guimarães), antiga Vila de Caldas das Taipas; a freguesia de Caldas de São Jorge, no concelho de Santa Maria da Feira; a freguesia de São Miguel de Caldas de Vizela; e a freguesia de São José de Caldas de Vizela.
Na Galícia, ou Galiza, existe ainda o concelho de Caldas de Reis, na província de Pontevedra. Considerando que sobrenomes podem tanto surgir de um topônimo quanto dar origem a esse, e que diferentes topônimos podem gerar derivações de um mesmo sobrenome ou pode se referir a topônimos diferentes, é possível que alguns dos ramos do sobrenome Caldas tenham suas origens em algumas dessas localidades.
Família Caldelas da Galícia. Essa família procede de uma maneira diminutiva do sobrenome Caldas, e entre suas variações figura o sobrenome Caldellas. Está documentada no século XII, conforme cita site de genealogia galega: Frenandus Sanctii de Caldellas (doc ano 1182 en E. Rivas Quintas - Onomástica persoal do noroeste hispano, 1991, p 535).
A família Caldas no Brasil, especialmente no Ceará descende de Francisco José da Costa Caldas, e sua esposa Dona Maria do Céu da Costa Caldas, que, tal como consta na bibliografia consultada, foram proprietários de terras no sertão do Araripe: (…) vasta extensão de terras agrícolas que começavam no alto da Serra do Araripe e se estendiam até ás planícies do sítio Cabeceiras, irrigadas por várias fontes de água, tendo de permeio o rio Grande. Essas terras, que tomaram de seu primitivo dono o nome de Caldas,(…) e se seguem as subdivisões das mesmas. (A FAMÍLIA CALDAS: Do Município de Barbalha, p. 15).
Embora essa fonte bibliográfica não demonstre certeza da origem étnica de Francisco José da Costa Caldas, pairando dúvida se era português nato. Sabe-se de um irmão sacerdote: Joaquim José da Costa Caldas, vigário da Freguesia de Missão Velha, vizinha às terras Caldas, entre os idos de 1820 e 1830, segundo João Brígido na obra “O Ceará, Homens e Fatos” e o mesmo tendo sido também registrado nos artigos do historiador. No estado da Bahia, do Piauí, do Ceará, da Paraíba, do Rio Grande do Norte e em Pernambuco encontram-se Caldas. Em Pernambuco, a presença da família Caldas tem destaque desde muito tempo, pois o comércio de gado, de terras e de derivados do petroléo está associado ao imaginário do povo como atividades peculiares dessa família que a destacam em diversas cidades do interior, tanto em Parnamirim como em Cabrobó.
Postado por Fernando Caldas
O sobrenome Caldas é de família da onomástica das línguas língua castelhana e na língua portuguesa de origem toponímica do Reino das Astúrias. Esta família tem origem em Portugal de D. Garcia Rodrigues de Caldas, que era um rico-homem de pendão e caldeira ( dono de fábrica). Este D. Garcia Rodrigues de Caldas era natural da Reino das Astúrias que verificava os historiadores da Casa dos Senhor de Caldelas. Esteve junto com o rei de Castela D. Pedro I de Castela, "O Cruel", contra D. Henrique, conde de Trastamara, pelo que quando D. Henrique de Trastamara ganhou a contenda e subiu ao trono com o nome de Henrique II de Castela teve de se refugiar para não ser morto, no Reino de Portugal, para onde veio na companhia do seu parente D. Fernando Anes de Lima. Caldas significa caldo ou líquido que forma uma cauda ou rio caudaloso em alusão às plantações à beira do rio.
Em Portugal foi casado com D. Leonor de Magalhães, que era Senhora de vários Senhorios, a Quinta da Solda, Camposa de São Martinho de Vascões, na localidade de Paredes de Coura. A apresentação da igreja de Camposa, na localidade de Vila de Arcos e de São Martinho de Vascões. Também recebeu os senhorios da Quinta de Vila Verde e de Paço de Coura localizados na freguesia de Vascões. Caldas é um sobrenome para o qual se encontram diferentes ramos e também diferentes explicações. Segundo alguns autores haveria relação com a cidade italiana de Caldes, para outros, teria relação com Luís Antônio de Oliveira, o Visconde de Caldas, em referência ao topônimo mineiro. Já os que buscam na Heráldica um brasão, poderão trombar com brasonários diferentes, devido à palavra Caldas nomear diferentes freguesias portuguesas.
Buscando em sites de genealogia galega, encontram-se ainda o sobrenome Caldelas ou Caldellas, que um desses diz ser uma forma diminuta do sobrenome. Entre as regiões, em Portugal, que trazem Caldas em seu nome figuram: a cidade de Caldas da Rainha, no distrito de Leiria; a nascente termal Aldeia de Caldas da Felgueira; a freguesia de Caldelas (Guimarães), antiga Vila de Caldas das Taipas; a freguesia de Caldas de São Jorge, no concelho de Santa Maria da Feira; a freguesia de São Miguel de Caldas de Vizela; e a freguesia de São José de Caldas de Vizela.
Na Galícia, ou Galiza, existe ainda o concelho de Caldas de Reis, na província de Pontevedra. Considerando que sobrenomes podem tanto surgir de um topônimo quanto dar origem a esse, e que diferentes topônimos podem gerar derivações de um mesmo sobrenome ou pode se referir a topônimos diferentes, é possível que alguns dos ramos do sobrenome Caldas tenham suas origens em algumas dessas localidades.
Família Caldelas da Galícia. Essa família procede de uma maneira diminutiva do sobrenome Caldas, e entre suas variações figura o sobrenome Caldellas. Está documentada no século XII, conforme cita site de genealogia galega: Frenandus Sanctii de Caldellas (doc ano 1182 en E. Rivas Quintas - Onomástica persoal do noroeste hispano, 1991, p 535).
A família Caldas no Brasil, especialmente no Ceará descende de Francisco José da Costa Caldas, e sua esposa Dona Maria do Céu da Costa Caldas, que, tal como consta na bibliografia consultada, foram proprietários de terras no sertão do Araripe: (…) vasta extensão de terras agrícolas que começavam no alto da Serra do Araripe e se estendiam até ás planícies do sítio Cabeceiras, irrigadas por várias fontes de água, tendo de permeio o rio Grande. Essas terras, que tomaram de seu primitivo dono o nome de Caldas,(…) e se seguem as subdivisões das mesmas. (A FAMÍLIA CALDAS: Do Município de Barbalha, p. 15).
Embora essa fonte bibliográfica não demonstre certeza da origem étnica de Francisco José da Costa Caldas, pairando dúvida se era português nato. Sabe-se de um irmão sacerdote: Joaquim José da Costa Caldas, vigário da Freguesia de Missão Velha, vizinha às terras Caldas, entre os idos de 1820 e 1830, segundo João Brígido na obra “O Ceará, Homens e Fatos” e o mesmo tendo sido também registrado nos artigos do historiador. No estado da Bahia, do Piauí, do Ceará, da Paraíba, do Rio Grande do Norte e em Pernambuco encontram-se Caldas. Em Pernambuco, a presença da família Caldas tem destaque desde muito tempo, pois o comércio de gado, de terras e de derivados do petroléo está associado ao imaginário do povo como atividades peculiares dessa família que a destacam em diversas cidades do interior, tanto em Parnamirim como em Cabrobó.
Postado por Fernando Caldas
sábado, 29 de maio de 2010
"GUERRA DOS BÁRBAROS" INTERIORIZAÇÃO DA COLONIZAÇÃO
(Por Eudes Dantas; Iracema Pereira; Jailma Oliveira N. F. de Azevedo; Margarida Maria da Silva; Maria das Dores Medeiros; Maria do Carmo Gomes; Sandra Cunha – Alunos do período 2001.2)
Durante o período colonial, as Capitanias Brasileiras tinham como base econômica a cultura da cana-de-açúcar. No Rio Grande do Norte essa base econômica se solidificou com o cultivo da cana - de- açúcar no litoral e o desenvolvimento da pecuária no Sertão, onde as terras eram impróprias para a cultura da cana. Essa atividade que de início era feita em pequena escala, passou a se expandir Sertão adentro quando ocorreu a ocupação Holandesa em Pernambuco. Tal expansão se deveu especialmente, ao fato de Pernambuco necessitar do gado tanto como força motriz para seus engenhos, como para o abastecimento alimentício, uma vez que o principal produto cultivado na referida capitania era o açúcar. Além do mais, o gado se constituía numa fonte econômica abundante, já que dele era aproveitado quase tudo, inclusive o próprio couro que era exportado para outros países e que levou ao surgimento de oficinas de beneficiamento (curtumes) em Recife.
Todavia, com a expulsão dos Holandeses do Brasil muito gado ficou sem dono, vagando e espalhando-se pelo Sertão, fazendo com que logo colonos interessados em apascenta-los, ocupassem suas ribeiras. E com a colonização Portuguesa e o povoamento se acentuando cada vez mais, através da formação das cidades e vilas, ficava bastante complicado alimentar a população, visto que as terras que não estavam sendo utilizadas para o plantio de cana-de-açúcar, estavam ocupadas com a criação do gado. Para solucionar esta questão, as autoridades provinciais resolveram limitar a criação do gado, proibindo-a até dez léguas do mar e também as margens dos rios, para que estas terras pudessem ser preservadas tanto para o cultivo da cana, quanto também, para outros produtos agrícolas. Essa legislação resultou na ocupação das terras até então inexploradas, já que a atividade pecuária exigia uma maior quantidade das mesmas.
Contudo, a posse da terra era controlada pelo Governador Geral que só concedia a posse mediante o "povoamento" dentro de um ano, sendo esta posse cabível quando entregue aos colonos portugueses ou vassalos do rei de Portugal. Assim, criou-se no pensamento colonial a idéia de um interior "vazio", apesar de ser habitado pelos nativos da terra que não foram tidos como seres humanos. Todavia, de início foi muito comum à convivência pacífica entre nativos e portugueses, devido principalmente ao pagamento de "resgates", por parte dos colonos. Vê-se assim, que existia um medo em demasia por parte do gentio devido ao avanço do colonizador em suas terras e vice-versa. Esses resgates eram uma espécie de "imposto da paz", que visava uma certa cordialidade entre o invasor e o invadido.
A partir de então, a ocupação portuguesa no Sertão do Rio Grande do Norte se intensificou devido ao avanço das frentes pastoris, que objetivava expandir a pecuária Sertão adentro, chegando o momento que devido a esse avanço pastoril, a presença indígena se torna um empecilho à colonização, levando as autoridades coloniais a utilizarem como estratégias de desocupação destas terras, a eliminação dos nativos que resistissem aos interesses colonizadores, especialmente os homens, já que as mulheres e crianças não eram mortas, pois poderiam servir aos interesses dos colonizadores.
Nesse período, nas Capitanias do Norte, habitavam os índios denominados de Tupis, que habitavam o litoral e Tapuias que habitavam o interior. Estes eram constituídos de vários grupos que possuíam especificidades entre si. Os Tarairiú era um desses grupos Tapuias habitantes do Sertão que se distinguia dos Kariri e dos Gê. Graças ao estudo de alguns cronistas, podemos conhecer como eram divididas as famílias Tapuias e onde habitavam essas várias nações. Os Tarairiú eram subdivididos em dois grupos e se diferiam entre outros aspectos, lingüístico – culturalmente dos Kariri e tinham como chefes Janduí e Cerro-Corá. Os primeiros habitavam áreas sub-litorâneas, como as margens dos rios da região Seridó e o segundo habitava nas proximidades de rios permanentes, como o Rio S. Francisco. Um dos aspectos da cultura indígena que provam as suas diversidades culturais, é a prática do endocanibalismo, ou seja, quando morria um membro da tribo, este era comido pela própria tribo, e também quando nascia um bebê morto, este era comido pela mãe, o que não acontecia com a tribo Kariri. Os Tarairiú que habitavam o Sertão da Capitania do Rio Grande dividiam-se em Jandui, Ariú, Pega, Canindé, Genipapo, Paiacú, Panati, Caratiú e Corene, os quais tiveram contato com os colonos portugueses quando a pecuária adentrou os Sertões. Esses Tapuias tinham os mesmos costumes de alguns índios do Brasil e gostavam de depilar e pintar todo o rosto e o corpo e costumavam cobrir os genitais, sendo que as mulheres usavam uma espécie de "avental" feito de folhas e os homens um cendal também de origem vegetal, além de enfeitarem o corpo com penas e outros adornos naturais.
O clima do sertão impunha aos Tarairiú uma vida seminômade, já que de acordo com as estações do ano, estes mudavam seu acampamento para outros lugares que garantissem seu sustento, não tendo aldeias fixas. Assim relatos apontam que nos meses de Novembro, Dezembro e Janeiro, os Tarairiú se colocavam perto do mar, já que essa região era mais rica. Dormiam em redes ou no chão. As migrações para outras áreas eram indicadas pelos feiticeiros e anunciadas pelos reis que determinavam o local do próximo acampamento. As mulheres eram encarregadas de transportar bagagens e procurar paus e folhagens para confecção de um novo abrigo e os homens eram encarregados da caça, da pesca e da procura de mel, já que sua alimentação básica era esta, juntamente com frutos, raízes e ervas. Após as chuvas estes se deslocavam para as várzeas dos rios, onde plantavam mandioca, milho e legumes.
Os Tarairiú eram guerreiros temidos até por outros indígenas devido sua força, velocidade e destreza na guerra. Além das armas européias, eles adotaram o uso de cavalos, o que causava espanto aos Portugueses. Sendo uma sociedade guerreira, a posição dos "principais", ou seja, de um grande guerreiro, era de grande prestígio, havendo cerimônias de coroação com muitos festejos. Os acordos de paz também eram feitos com a presença do guerreiro, sendo que este juntamente com os seus, se tornavam a partir do "acordo", vassalos do Rei de Portugal.
Percebe-se até então, que estão explícitos os interesses coloniais para "livrar" o território da presença indígena, seja pela morte, pela fuga ou pela rendição forçada ou ainda com outras estratégias de intimação para obter escravos disponíveis a colonização. E na tentativa de expulsar os índios e de se apropriar das suas terras para desenvolver a pecuária, iniciava-se a ampliação das fronteiras econômicas em direção aos Sertões das Capitanias Rio Grande do Norte, Paraíba e Ceará. Contudo, esse empenho colonial gerou muitos conflitos, onde até os padres seculares temiam vir até o Rio Grande, por medo dos "bárbaros" tapuias. Durante as décadas de 1670 e 80, com a distribuição de sesmarias nas ribeiras dos rios Acauã, Seridó, Açu, Apodi e Mossoró, e implantação da pecuária na capitania do Rio Grande, foi criada uma situação que de certa forma favoreceu uma convivência entre os Tapuias e vaqueiros, tanto que os conflitos eram resolvidos através de "acordos", sendo que em algumas situações, os conflitos eram resolvidos através da "força", ou seja, pela escravização indígena para a mão-de-obra. Esses conflitos foram se alastrando e fazendo com que a situação se agravasse em ambas as partes, pois a interiorização cada vez mais forte da pecuária vinda de um lado, do litoral de Pernambuco, Paraíba e Rio Grande e do outro (Maranhão, Piauí e Ceará), colocava os indígenas numa situação de imobilidade diante das frentes pastoris, levando-os a se constituir numa barreira à colonização, que foi denominada de "muro do demônio". Por conseguinte, os índios "espremidos" num limite mínimo de terras, pressionadas e sem saída reagiram violentamente, levando a capitania a uma deflagração que ficou conhecida como a "Guerra dos Bárbaros".
No ano de 1687, a reação Tarairiu à colonização, intensificou-se tanto que foi preciso pedir intermédio de um vereador da câmara enviado ao governador geral na Bahia, pois o levante já havia causado grande catástrofe. O governador geral Mathias da Cunha, vendo a possibilidade da retomada das terras pelos Tarairiú, ordenou que o coronel Antônio de Albuquerque da câmara assumisse a liderança de interesse dos colonizadores.
Os Portugueses construíam várias casas fortes onde se instalavam, só que por serem feitas apressadamente, estas eram inseguras o que permitia constantes ataques dos nativos. Logo os colonizadores tentaram repreender os "indígenas", enviando tropas paulistas lideradas por Domingos Jorge Velho, para guerrear contra eles. Os objetivos dessa luta seriam degolar os guerreiros e escravizar suas mulheres e crianças, já que estas úteis, podendo ser inclusive vendidas para pagar os custos da guerra. Além disso, as mulheres cativas, iriam trabalhar na agricultura, enquanto as crianças seriam educadas nos moldes católicos e de acordo com os interesses dos dominadores. Nesse sentido, aos poucos eles iriam se desprendendo de suas raízes culturais.
Percebe-se assim, que a guerra afetava profundamente o cotidiano dos indígenas, já que estas aconteciam em seus territórios forçando-os a migrar para o Litoral em busca da sobrevivência, o que antes faziam voluntariamente só nos períodos de seca para dela escapar. Essa nova situação levava os indígenas, como os Panati, a saquearem fazendas roubando e matando gado na tentativa desesperada de sobreviver à colonização portuguesa, fato que suscitou reações dos dominantes que logo buscaram conte-los, como comprovam as cartas enviadas pelos oficiais da Câmara de Natal ao capital-mor, solicitando desse que fizesse a distribuição desses índios já reduzidos na Aldeia do Guajiru, entre a população da Capitania para que estes passassem a reparar os danos que haviam causado aos colonos e moradores. Como se não bastasse a expropriação e a dizimação já realizada com esses índios pelos portugueses, estes ainda tinham que pagar uma conta que não lhes era sua e sim, devida pelos brancos aos mesmos. Todavia, como a lógica da colonização era além da liberação das terras para a pecuária, obter mão-de-obra necessária para o trabalho, se fazia então fundamental, desenvolver a escravidão. Daí o porque de retirar os indígenas da Aldeia com o pretexto de introduzi-los na fé católica, batizando-os e sustentando suas despesas em troca de seus serviços, pois caso permanecessem na aldeia não haveria como força-los ao trabalho, ou seja, escraviza-los. Por conseguinte, a guerra dos bárbaros só reforçou essa lógica ao atender os objetivos da colonização. Foi assim, que tanto Domingos Jorge Velho que dizimou muitos indígenas na serra do Acauã, hoje a conhecida Serra da Rajada, bem como, a tropa do Pernambuco comandada pelo capitão Afonso de Albertin, que dizimou a tribo dos Janduí na Ribeira do Açu, foram parabenizados pelos seus feitos pelo Governador geral e pelo novo governador de Pernambuco, já que seus prisioneiros foram levados para Recife como presentes para este último, sendo comercializados como escravos em praça pública para bom proveito de seus "carrascos" e ou vencedores.
Com o continuar da repressão aos Tapuias e as vitórias obtidas, os oficiais da Câmara de Natal enviaram um Memorial ao Rei, no qual alegando a este as perdas de colonos e despesas realizadas para com o desenvolvimento da "guerra dos bárbaros", solicitava o reparo das mesmas com o pagamento do gado perdido e a distribuição das terras "liberadas" entre as pessoas da Capitania, além da criação de um presídio no Arraial do Açu e de um alojamento com cem índios domesticados, para a proteção dos moradores e para que estes "ajudassem" no transporte do gado para Pernambuco.
É notório o interesse dos luso-brasileiros para que as perdas sofridas com a guerra, fossem logo reparadas, as terras expropriadas fossem distribuídas e ocupadas, evitando possíveis iniciativas dos Tarairiú de retoma-las. Todavia, estes bravios guerreiros, apesar das degolas, dos aprisionamentos, cativeiros e reduções em aldeamentos jesuíticos que sofreram ao longo dessa história que lhes fora imposta, resistiram por cerca de mais trinta anos sempre lutando como podiam pela posse de suas terras e na tentativa de vencer as injustas estratégias da dominação colonial. Assim, a colonização portuguesa no Rio Grande e no Brasil, se consolidou sob os moldes de uma visão cultural preconceituosa e injusta, onde o nativo passou de gentio a infiel, por não se submeter ou tentar resistir às imposições européias, fato esse, que acarretou o extermínio quase que completo dos nossos nativos.
ANEXOS:
BIBLIOGRAFIA:
LOPES, Maria de Fátima.Índios, Colonos e Missionários na Colonização do Rio Grande do Norte. Natal, 1999. Dissertação (Mestrado em História) Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Cap. 4. p. 102-129.
MONTEIRO, Denise Mattos.Introdução à História do Rio Grande do Norte – Natal:Edufrn, 2000. cap.1-2. p. 19-95
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Durante o período colonial, as Capitanias Brasileiras tinham como base econômica a cultura da cana-de-açúcar. No Rio Grande do Norte essa base econômica se solidificou com o cultivo da cana - de- açúcar no litoral e o desenvolvimento da pecuária no Sertão, onde as terras eram impróprias para a cultura da cana. Essa atividade que de início era feita em pequena escala, passou a se expandir Sertão adentro quando ocorreu a ocupação Holandesa em Pernambuco. Tal expansão se deveu especialmente, ao fato de Pernambuco necessitar do gado tanto como força motriz para seus engenhos, como para o abastecimento alimentício, uma vez que o principal produto cultivado na referida capitania era o açúcar. Além do mais, o gado se constituía numa fonte econômica abundante, já que dele era aproveitado quase tudo, inclusive o próprio couro que era exportado para outros países e que levou ao surgimento de oficinas de beneficiamento (curtumes) em Recife.
Todavia, com a expulsão dos Holandeses do Brasil muito gado ficou sem dono, vagando e espalhando-se pelo Sertão, fazendo com que logo colonos interessados em apascenta-los, ocupassem suas ribeiras. E com a colonização Portuguesa e o povoamento se acentuando cada vez mais, através da formação das cidades e vilas, ficava bastante complicado alimentar a população, visto que as terras que não estavam sendo utilizadas para o plantio de cana-de-açúcar, estavam ocupadas com a criação do gado. Para solucionar esta questão, as autoridades provinciais resolveram limitar a criação do gado, proibindo-a até dez léguas do mar e também as margens dos rios, para que estas terras pudessem ser preservadas tanto para o cultivo da cana, quanto também, para outros produtos agrícolas. Essa legislação resultou na ocupação das terras até então inexploradas, já que a atividade pecuária exigia uma maior quantidade das mesmas.
Contudo, a posse da terra era controlada pelo Governador Geral que só concedia a posse mediante o "povoamento" dentro de um ano, sendo esta posse cabível quando entregue aos colonos portugueses ou vassalos do rei de Portugal. Assim, criou-se no pensamento colonial a idéia de um interior "vazio", apesar de ser habitado pelos nativos da terra que não foram tidos como seres humanos. Todavia, de início foi muito comum à convivência pacífica entre nativos e portugueses, devido principalmente ao pagamento de "resgates", por parte dos colonos. Vê-se assim, que existia um medo em demasia por parte do gentio devido ao avanço do colonizador em suas terras e vice-versa. Esses resgates eram uma espécie de "imposto da paz", que visava uma certa cordialidade entre o invasor e o invadido.
A partir de então, a ocupação portuguesa no Sertão do Rio Grande do Norte se intensificou devido ao avanço das frentes pastoris, que objetivava expandir a pecuária Sertão adentro, chegando o momento que devido a esse avanço pastoril, a presença indígena se torna um empecilho à colonização, levando as autoridades coloniais a utilizarem como estratégias de desocupação destas terras, a eliminação dos nativos que resistissem aos interesses colonizadores, especialmente os homens, já que as mulheres e crianças não eram mortas, pois poderiam servir aos interesses dos colonizadores.
Nesse período, nas Capitanias do Norte, habitavam os índios denominados de Tupis, que habitavam o litoral e Tapuias que habitavam o interior. Estes eram constituídos de vários grupos que possuíam especificidades entre si. Os Tarairiú era um desses grupos Tapuias habitantes do Sertão que se distinguia dos Kariri e dos Gê. Graças ao estudo de alguns cronistas, podemos conhecer como eram divididas as famílias Tapuias e onde habitavam essas várias nações. Os Tarairiú eram subdivididos em dois grupos e se diferiam entre outros aspectos, lingüístico – culturalmente dos Kariri e tinham como chefes Janduí e Cerro-Corá. Os primeiros habitavam áreas sub-litorâneas, como as margens dos rios da região Seridó e o segundo habitava nas proximidades de rios permanentes, como o Rio S. Francisco. Um dos aspectos da cultura indígena que provam as suas diversidades culturais, é a prática do endocanibalismo, ou seja, quando morria um membro da tribo, este era comido pela própria tribo, e também quando nascia um bebê morto, este era comido pela mãe, o que não acontecia com a tribo Kariri. Os Tarairiú que habitavam o Sertão da Capitania do Rio Grande dividiam-se em Jandui, Ariú, Pega, Canindé, Genipapo, Paiacú, Panati, Caratiú e Corene, os quais tiveram contato com os colonos portugueses quando a pecuária adentrou os Sertões. Esses Tapuias tinham os mesmos costumes de alguns índios do Brasil e gostavam de depilar e pintar todo o rosto e o corpo e costumavam cobrir os genitais, sendo que as mulheres usavam uma espécie de "avental" feito de folhas e os homens um cendal também de origem vegetal, além de enfeitarem o corpo com penas e outros adornos naturais.
O clima do sertão impunha aos Tarairiú uma vida seminômade, já que de acordo com as estações do ano, estes mudavam seu acampamento para outros lugares que garantissem seu sustento, não tendo aldeias fixas. Assim relatos apontam que nos meses de Novembro, Dezembro e Janeiro, os Tarairiú se colocavam perto do mar, já que essa região era mais rica. Dormiam em redes ou no chão. As migrações para outras áreas eram indicadas pelos feiticeiros e anunciadas pelos reis que determinavam o local do próximo acampamento. As mulheres eram encarregadas de transportar bagagens e procurar paus e folhagens para confecção de um novo abrigo e os homens eram encarregados da caça, da pesca e da procura de mel, já que sua alimentação básica era esta, juntamente com frutos, raízes e ervas. Após as chuvas estes se deslocavam para as várzeas dos rios, onde plantavam mandioca, milho e legumes.
Os Tarairiú eram guerreiros temidos até por outros indígenas devido sua força, velocidade e destreza na guerra. Além das armas européias, eles adotaram o uso de cavalos, o que causava espanto aos Portugueses. Sendo uma sociedade guerreira, a posição dos "principais", ou seja, de um grande guerreiro, era de grande prestígio, havendo cerimônias de coroação com muitos festejos. Os acordos de paz também eram feitos com a presença do guerreiro, sendo que este juntamente com os seus, se tornavam a partir do "acordo", vassalos do Rei de Portugal.
Percebe-se até então, que estão explícitos os interesses coloniais para "livrar" o território da presença indígena, seja pela morte, pela fuga ou pela rendição forçada ou ainda com outras estratégias de intimação para obter escravos disponíveis a colonização. E na tentativa de expulsar os índios e de se apropriar das suas terras para desenvolver a pecuária, iniciava-se a ampliação das fronteiras econômicas em direção aos Sertões das Capitanias Rio Grande do Norte, Paraíba e Ceará. Contudo, esse empenho colonial gerou muitos conflitos, onde até os padres seculares temiam vir até o Rio Grande, por medo dos "bárbaros" tapuias. Durante as décadas de 1670 e 80, com a distribuição de sesmarias nas ribeiras dos rios Acauã, Seridó, Açu, Apodi e Mossoró, e implantação da pecuária na capitania do Rio Grande, foi criada uma situação que de certa forma favoreceu uma convivência entre os Tapuias e vaqueiros, tanto que os conflitos eram resolvidos através de "acordos", sendo que em algumas situações, os conflitos eram resolvidos através da "força", ou seja, pela escravização indígena para a mão-de-obra. Esses conflitos foram se alastrando e fazendo com que a situação se agravasse em ambas as partes, pois a interiorização cada vez mais forte da pecuária vinda de um lado, do litoral de Pernambuco, Paraíba e Rio Grande e do outro (Maranhão, Piauí e Ceará), colocava os indígenas numa situação de imobilidade diante das frentes pastoris, levando-os a se constituir numa barreira à colonização, que foi denominada de "muro do demônio". Por conseguinte, os índios "espremidos" num limite mínimo de terras, pressionadas e sem saída reagiram violentamente, levando a capitania a uma deflagração que ficou conhecida como a "Guerra dos Bárbaros".
No ano de 1687, a reação Tarairiu à colonização, intensificou-se tanto que foi preciso pedir intermédio de um vereador da câmara enviado ao governador geral na Bahia, pois o levante já havia causado grande catástrofe. O governador geral Mathias da Cunha, vendo a possibilidade da retomada das terras pelos Tarairiú, ordenou que o coronel Antônio de Albuquerque da câmara assumisse a liderança de interesse dos colonizadores.
Os Portugueses construíam várias casas fortes onde se instalavam, só que por serem feitas apressadamente, estas eram inseguras o que permitia constantes ataques dos nativos. Logo os colonizadores tentaram repreender os "indígenas", enviando tropas paulistas lideradas por Domingos Jorge Velho, para guerrear contra eles. Os objetivos dessa luta seriam degolar os guerreiros e escravizar suas mulheres e crianças, já que estas úteis, podendo ser inclusive vendidas para pagar os custos da guerra. Além disso, as mulheres cativas, iriam trabalhar na agricultura, enquanto as crianças seriam educadas nos moldes católicos e de acordo com os interesses dos dominadores. Nesse sentido, aos poucos eles iriam se desprendendo de suas raízes culturais.
Percebe-se assim, que a guerra afetava profundamente o cotidiano dos indígenas, já que estas aconteciam em seus territórios forçando-os a migrar para o Litoral em busca da sobrevivência, o que antes faziam voluntariamente só nos períodos de seca para dela escapar. Essa nova situação levava os indígenas, como os Panati, a saquearem fazendas roubando e matando gado na tentativa desesperada de sobreviver à colonização portuguesa, fato que suscitou reações dos dominantes que logo buscaram conte-los, como comprovam as cartas enviadas pelos oficiais da Câmara de Natal ao capital-mor, solicitando desse que fizesse a distribuição desses índios já reduzidos na Aldeia do Guajiru, entre a população da Capitania para que estes passassem a reparar os danos que haviam causado aos colonos e moradores. Como se não bastasse a expropriação e a dizimação já realizada com esses índios pelos portugueses, estes ainda tinham que pagar uma conta que não lhes era sua e sim, devida pelos brancos aos mesmos. Todavia, como a lógica da colonização era além da liberação das terras para a pecuária, obter mão-de-obra necessária para o trabalho, se fazia então fundamental, desenvolver a escravidão. Daí o porque de retirar os indígenas da Aldeia com o pretexto de introduzi-los na fé católica, batizando-os e sustentando suas despesas em troca de seus serviços, pois caso permanecessem na aldeia não haveria como força-los ao trabalho, ou seja, escraviza-los. Por conseguinte, a guerra dos bárbaros só reforçou essa lógica ao atender os objetivos da colonização. Foi assim, que tanto Domingos Jorge Velho que dizimou muitos indígenas na serra do Acauã, hoje a conhecida Serra da Rajada, bem como, a tropa do Pernambuco comandada pelo capitão Afonso de Albertin, que dizimou a tribo dos Janduí na Ribeira do Açu, foram parabenizados pelos seus feitos pelo Governador geral e pelo novo governador de Pernambuco, já que seus prisioneiros foram levados para Recife como presentes para este último, sendo comercializados como escravos em praça pública para bom proveito de seus "carrascos" e ou vencedores.
Com o continuar da repressão aos Tapuias e as vitórias obtidas, os oficiais da Câmara de Natal enviaram um Memorial ao Rei, no qual alegando a este as perdas de colonos e despesas realizadas para com o desenvolvimento da "guerra dos bárbaros", solicitava o reparo das mesmas com o pagamento do gado perdido e a distribuição das terras "liberadas" entre as pessoas da Capitania, além da criação de um presídio no Arraial do Açu e de um alojamento com cem índios domesticados, para a proteção dos moradores e para que estes "ajudassem" no transporte do gado para Pernambuco.
É notório o interesse dos luso-brasileiros para que as perdas sofridas com a guerra, fossem logo reparadas, as terras expropriadas fossem distribuídas e ocupadas, evitando possíveis iniciativas dos Tarairiú de retoma-las. Todavia, estes bravios guerreiros, apesar das degolas, dos aprisionamentos, cativeiros e reduções em aldeamentos jesuíticos que sofreram ao longo dessa história que lhes fora imposta, resistiram por cerca de mais trinta anos sempre lutando como podiam pela posse de suas terras e na tentativa de vencer as injustas estratégias da dominação colonial. Assim, a colonização portuguesa no Rio Grande e no Brasil, se consolidou sob os moldes de uma visão cultural preconceituosa e injusta, onde o nativo passou de gentio a infiel, por não se submeter ou tentar resistir às imposições européias, fato esse, que acarretou o extermínio quase que completo dos nossos nativos.
ANEXOS:
BIBLIOGRAFIA:
LOPES, Maria de Fátima.Índios, Colonos e Missionários na Colonização do Rio Grande do Norte. Natal, 1999. Dissertação (Mestrado em História) Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Cap. 4. p. 102-129.
MONTEIRO, Denise Mattos.Introdução à História do Rio Grande do Norte – Natal:Edufrn, 2000. cap.1-2. p. 19-95
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NOSSOS POETAS: HONÓRIO CARRILHO
HONÓRIO CARRILHO
AS DUAS FONTES
Um dia, eu tive sede, e sede intensa
De saber, de saber...
E pensei: Vou bater na fonte imensa
Dos bons livros... Vou ler...
E fui... Ela dormia, ao pé de um monte,
Tão cristalina e pura,
Que, quanto mais bebia dessa fonte,
Maior era a secura!...
De outra vez, (como diz-mo inda a memória,
E com que grande dor!)
Tive sede... De quê? De amor, de glória?...
Tive sede de amor.
E perguntei à fonte: onde se apaga
Esta sede, onde está?
No céu, na terra, em que país ou plaga?
Onde for, irei lá!!
Mas ninguém respondeu-me; e, com malícia,
Balbuciei, então:
- Dessa, bem sei, só me dará notícia
Quem tiver coração.
Natural de Ceará-Mirim, tendo nascido a 2 de março de 1873, Honório Carrilho da Fonseca e Silva é filho de João da Fonseca e Silva e Francisca Teodulina da Fonseca e Silva.
Estudou preparatórios no Atheneu Norte-Rio-grandense, formando-se em 1895, pela Faculdade de Direito de Recife.
Foi professor-adjunto da Escola Militar do Realengo e Auxiliar do Ensino no Colégio Militar do Rio de Janeiro e, por fim, Procurador da República no Rio Grande do Norte.
Militou na imprensa de Natal “A República” e da antiga Capital Federal “O País”. Quando esteve na comarca de Prados (Minas Gerais), como promotor, fundou um jornal “Cidade de Prados”.
Faleceu no Rio de Janeiro, a 14 de novembro de 1961.
Fonte: Panorama da poesia norte-rio-grandense – 1965 – Romulo C. Wanderley.
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Transcrito do blog Ceará Mirim Cultua & Arte
HONÓRIO CARRILHO
AS DUAS FONTES
Um dia, eu tive sede, e sede intensa
De saber, de saber...
E pensei: Vou bater na fonte imensa
Dos bons livros... Vou ler...
E fui... Ela dormia, ao pé de um monte,
Tão cristalina e pura,
Que, quanto mais bebia dessa fonte,
Maior era a secura!...
De outra vez, (como diz-mo inda a memória,
E com que grande dor!)
Tive sede... De quê? De amor, de glória?...
Tive sede de amor.
E perguntei à fonte: onde se apaga
Esta sede, onde está?
No céu, na terra, em que país ou plaga?
Onde for, irei lá!!
Mas ninguém respondeu-me; e, com malícia,
Balbuciei, então:
- Dessa, bem sei, só me dará notícia
Quem tiver coração.
Natural de Ceará-Mirim, tendo nascido a 2 de março de 1873, Honório Carrilho da Fonseca e Silva é filho de João da Fonseca e Silva e Francisca Teodulina da Fonseca e Silva.
Estudou preparatórios no Atheneu Norte-Rio-grandense, formando-se em 1895, pela Faculdade de Direito de Recife.
Foi professor-adjunto da Escola Militar do Realengo e Auxiliar do Ensino no Colégio Militar do Rio de Janeiro e, por fim, Procurador da República no Rio Grande do Norte.
Militou na imprensa de Natal “A República” e da antiga Capital Federal “O País”. Quando esteve na comarca de Prados (Minas Gerais), como promotor, fundou um jornal “Cidade de Prados”.
Faleceu no Rio de Janeiro, a 14 de novembro de 1961.
Fonte: Panorama da poesia norte-rio-grandense – 1965 – Romulo C. Wanderley.
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