segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Caravana do Vale atrai grande número de foliões



Por Celso Amâncio / www.celsoamancio.com
A presença de um grande número de foliões marcou a Caravana do Vale 2013 neste domingo (03), anunciando o Carnaval de Macau no Alto do Rodrigues. A banda Axé Mais foi a responsável pela animação da multidão pelas principais ruas da cidade, com a presença marcante do prefeito Kerginaldo Pinto em todo o percurso.
Depois do Alto do Rodrigues, a festa continuou na cidade salineira, onde a banda Feras comandou um grande arrastão até as primeiras horas da madrugada desta segunda-feira. “É gratificante receber o abraço e o carinho dos amigos no Alto do Rodrigues e em Pendências, numa festa animada e da paz como foi a Caravana do Vale este ano”, disse o prefeito Kerginaldo Pinto.
De: Canindé Soares

    Sou apenas


    Sou apenas a última
    hora dos bons dias,
    a longa e lúcida
    estrada que leva
    à esquina esquecida
    de todos os invernos.
    Sou apenas a maré baixa,
    que expõe na areia úmida
    conchas e fantasias e
    sonhos e noites vazias.
    Sou apenas o sorriso
    de um doente, verso
    triste de um poema,
    sem rima, sem pátria.
    Sou apenas...


    ilustração obtida no Google imagens

















    De: Cristina Costa

    Tirem de mim a vida
    mas não me peçam
    para viver de maneira
    que eu perca minha fé.
    Que eu desista dos meus sonhos
    que eu tenha que sorrir
    quando quero chorar.
    Não me peçam para ser mentira
    quando preciso ser verdade.
    Viver de mentiras
    é julgar-se poderoso demais
    e sobre tudo é não temer o amanhã.
    E o amanhã é tão incerto
    falho e abstracto.

    ♪ ☼ ♪ ♥˜˜”*°•.ƸӜƷ✿❤❤`*.¸.*´✿❤

Na vida paixões vão e vem 
mas amores  verdadeiros nunca são esquecidos
Lições sempre são aprendidas
oportunidades nunca são perdidas.
A razão de tudo o que existe está no desconhecido
Viver e saber viver são duas faces opostas.
Eu aprendi que não há dor que permaneça
Não há amor que dure eternamente.
Não há ferida que não sare 
embora fique alguma cicatriz
Não há problema sem solução
e não há como não viver depois de uma desilusão.
Todo o que acontece 
e cada pessoa que passa na nossa vida
nos remete a uma aprendizagem 
e nos faz professores de alguma experiência que tivemos.
Compartilhar sentimentos e momentos 
é enriquecedor e doloroso
sempre chega o momento em que já aprendemos aquela lição
e isso implica a passagem para uma nova fase
a um novo desconhecido.

♪ ☼ ♪ ♥˜˜”*°•.ƸӜƷ✿❤❤`*.¸.*´✿❤
    Na vida a paixões vão e vem
    mas amores verdadeiros nunca são esquecidos
    Lições sempre são aprendidas
    oportunidades nunca são perdidas.
    A razão de tudo o que existe está no desconhecido
    Viver e saber viver são duas faces opostas.
    Eu aprendi que não há dor que permaneça
    Não há amor que dure eternamente.
    Não há ferida que não sare
    embora fique alguma cicatriz
    Não há problema sem solução
    e não há como não viver depois de uma desilusão.
    Todo o que acontece
    e cada pessoa que passa na nossa vida
    nos remete a uma aprendizagem
    e nos faz professores de alguma experiência que tivemos.
    Compartilhar sentimentos e momentos
    é enriquecedor e doloroso
    sempre chega o momento em que já aprendemos aquela lição
    e isso implica a passagem para uma nova fase
    a um novo desconhecido.

    De: Cristina Costa

    SOU FILHO DO TEMPO

    Sou lavagem de roupa

    com sabão de oiticica

    na lavanderia do açude.



    Sou um pé de juazeiro

    com os frutos caídos

    e os animais comendo.



    Sou maxixe e quiabo

    misturados na panela de barro

    com feijão verde.



    Sou a bola de meia

    na rua de areia

    a brincar feliz.



    Sou nota de cigarro

    brincadeira de menino,

    tá na hora de almoçar.



    Sou uma tarisca de queijo

    um pedaço de doce

    e uma fatia de bolo.



    Sou pão doce

    com refresco de k-suco

    ensolarado na feira de sábado.



    Sou a cachaça

    você é a tilápia

    na calçada da Força e Luz.



    Sou a banda do 16

    no Country Club,

    você é o folião.



    Sou o cinema paroquial

    Tarzan é o filme

    na noite de domingo.



    Sou o banho de chuva

    à noite o coaxar

    e a alegria dos sapos.



    Sou filho do tempo

    de um sonho verdadeiro,

    mais-que-perfeito.


    Marcos Calaça, jornalista (UFRN)

    foto de Delicadezas.
    ╰☆╮Fechei os olhos e pedi um favor ao vento: Leve tudo que for desnecessário. Ando cansado de bagagens pesadas. Daqui para frente quero apenas o que couber no bolso e no coração.

 Cora Coralina
Dul ╰☆╮



















    Fechei os olhos e pedi um favor ao vento: Leve tudo que for desnecessário. Ando cansado de bagagens pesadas. Daqui para frente quero apenas o que couber no bolso e no coração.

    Utilidade pública

    domingo, 3 de fevereiro de 2013


    CARTAS DE LUÍS DA CÂMARA CASCUDO A LEDO IVO E CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

    Maria da Conceição Silva Dantas Monteiro (UERN)
    conceicaomonteiro@uern.br

    Introdução

    O movimento modernista marcou a história cultural do país ao propor um novo modo de ver e de pensar a arte. O projeto modernista – idealizado por Mario de Andrade e seus pares - tinha como foco o retorno às origens. Também pregava o equilíbrio entre o erudito e o popular, por isso trouxe a público discussões sobre temas pouco explorados, até então, pela literatura. Um desses temas foi a cultura popular, com suas inúmeras manifestações, dentre as quais se insere a literatura popular, também chamada de poesia matuta.

    No Rio Grande do Norte destacaram-se vários escritores produzindo, especificamente, esse gênero poético. Dentre os que publicaram, alguns poetas mereceram a atenção de Luís da Câmara Cascudo: Zé Praxedi, Newton Navarro e Renato Caldas. Com seu Fulô do Mato, este último, poeta popular açuense tornou-se conhecido e conquistou o direito de ter, na segunda edição de seu livro, cartas escritas por Luís da Câmara Cascudo e enviadas para os poetas Lêdo Ivo e Carlos Drummond de Andrade. Mais tarde, elas foram transcritas para as edições seguintes da obra a qual se referia e, a partir de então, foram tomadas como prefácios. Essa trajetória percorrida pela carta até se transformar em prefácio é o tentamos esclarecer adiante.

    1 Carta, prefácio ou carta-prefácio?

    O gênero carta foi, por muitos anos, considerado uma das poucas, quiçá a única forma de estabelecer contato com alguém que estivesse distante do alcance da voz, por isso escrever cartas fazia parte daquele contexto. Luís da Câmara Cascudo, fazendo as vezes de articulador do movimento modernista no Rio Grande do Norte, usou essa ferramenta de comunicação com o intuito de trocar experiências com pessoas do mundo todo. E foi por esse motivo que, a partir da década de 20 do século XX, o intelectual potiguar passou a se corresponder com pesquisadores, críticos de arte, poetas e escritores, como Gilberto Freyre (FERREIRA, 2008), Joaquim Inojosa (ARAÚJO, 2012) e Mario de Andrade. A troca de cartas entre os pesquisadores da cultura popular se tornou objeto de estudo e está registrado em uma dissertação de mestrado (Cf. GOMES, 1999).

    A carta - por ser um gênero íntimo e particular - carrega como conteúdo informações que deveriam ser compartilhadas apenas pela pessoa que a enviou/recebeu, mas nem sempre é assim; há registros de correspondências que vieram a público e que se tornaram objeto de estudo de pesquisadores, como é o caso dos prefácios em forma de cartas aqui estudados.

    O prefácio, cuja função é antecipar informações sobre a obra que será lida a posteriori, e muitas vezes é considerado um texto marginal, tem sua origem no latim praefatio e no grego prólogos. Apresentar uma leitura das cartas, que foram usadas como prefácios, escritas pelo autor de O tempo e eu é o objetivo desse artigo. Serviram como pressupostos teóricos para fundamentar esse estudo as leituras da crítica dialética, corrente de pensamento discutida por Antonio Candido (1980).

    Parece-nos estranho tratar de cartas como prefácios sem discutir antes o porquê de elas terem sido tratadas como tal, tendo em vista serem gêneros com funções relativamente diferentes. Com a intenção de esclarecer essa questão, vamos recorrer a outros estudiosos mais experientes. Em seu livro Retórica do silêncio I (1989), obra na qual discute acerca da função do prefácio, Gilberto Mendonça Teles afirma: ... todo texto destinado a recobrir os vários tipos de linguagem que se produz ao lado de uma obra literária, guardando com ela relações simétricas ou assimétricas, uma vez que procura reduplicá-la, explicá-la, reduzi-la ou colocar-se como índice de seu relacionamento com o mundo da literatura ou com as estruturas extraliterárias que a cercaram no momento mesmo de sua criação (TELES, 1989, p. 05).

    Em sua tese, o pesquisador Cléber Santos Vieira também trata do mesmo assunto e esclarece:
    Denominam-se prefácios todos os discursos liminares produzidos a propósito de determinado texto. Os vínculos sistemáticos, históricos e contextuais com o impresso converteram os prefácios em preciosas fontes de pesquisa da história do livro nos mais variados gêneros da cultura escrita (VIEIRA, 2008, p. 26).

    A partir desse ponto de vista, entendemos por que as cartas, que fazem referência à obra e guardam informações sobre ela, podem ser consideradas como prefácios. O ponto de partida da análise dos prefácios cascudianos é a proposição de que a leitura destes viabiliza uma melhor compreensão da história da literatura, da memória cultural e da literatura produzida especificamente no Rio Grande do Norte.

    2 Luís da Câmara Cascudo prefaciador

    Luís da Câmara Cascudo iniciou sua história como prefaciador em 1921, ao publicar sua primeira obra Alma patrícia. A partir de então, passou a prefaciar obras da literatura mundial como Dom Quixote de La Mancha (1958). “Com Dom Quixote no folclore do Brasil”, é o título do texto de 17 páginas, publicado pela Editora José Olympio em uma coleção de cinco volumes, ainda na década de 1950. Nesse prefácio o escritor estabelece relação entre o folclore brasileiro e aspectos da cultura universal presentes no romance.

    Prefaciou também obras da literatura brasileira como Til (1957), do romancista cearense José de Alencar e Cantos populares do Brasil, de Sílvio Romero (1954).

    No Rio Grande do Norte prefaciou obras como Livro de poemas, do poeta Jorge Fernandes (1927), O arado, de Zila Mamede (1959) e Os instrumentos do sonho, de Doryan Gray Caldas (1961). Além de obras em prosa como O calvário das secas, de Eloy de Souza (1938) e Patronos e acadêmicos – Academia Norte-Rio-Grandense de Letras: antologia e biografia, de Veríssimo de Melo (1971), etc.

    Essa busca pelo original também era uma forma de conhecer para preservar a tradição (literatura oral), mas tudo leva a crer que é por causa dessa tradição e pela

    necessidade de mantê-la que Luís da Câmara Cascudo envia as cartas sobre o que se produz no Rio Grande do Norte a seus amigos escritores. Nas cartas, há indícios de que Luís da Câmara Cascudo era assumidamente um articulador do movimento modernista (ou pelo menos atuava como tal). Será que quando ele escrevia as cartas estava apenas apresentando um amigo a outro ou tinha consciência de sua real função?
    Poder-se-ia dizer, então, que os modernistas para quem o prefaciador escreveu viam a poesia popular (matuta) como sinônimo de originalidade. Em Fulô do mato percebe-se a sensualidade como temática e o toque de humor. O título da obra remete ao espaço simples, rústico, mas inspirador do poeta.
    Renato testou seus poemas, declamando oralmente, antes de publicá-los. Será que a leitura permite ao leitor perceber se há uma tensão estabelecida entre a tradição e a modernidade? O ritmo e a musicalidade prendem o leitor dessa obra, como podemos ver em: TROVA (CALDAS, 1984, p. 108)

    Maria da Cunceição
    Faça uma boa viagem
    E leve meu coração
    Dentro da sua bagage.
    (...) Maria da Cunceição
    Você fez boa viage?
    Devolve meu coração
    Qui foi na sua bagage.

    Ao dissertar sobre o amigo poeta, o prefaciador declara: “Renato é miolo de arueira, não esquecendo ponta de prego que o riscou nem cheiro de flor roçando nas folhas” (CASCUDO apud CALDAS, 1984, p. 155)
    O corpus da pesquisa de onde as cartas-prefácios foram retiradas é composto de aproximadamente 70 textos: prefácios, proêmios, apresentações, notas, orelhas, posfácios, cartas-prefácios e outros gêneros usados pelo escritor-prefaciador para apresentar/recomendar/comentar/referendar e/ou analisar as obras.

    No conjunto do corpus representado, os textos foram catalogados, digitalizados, lidos, resumidos e previamente analisados, e em seguida separados em dois grupos: de 1920 a 1940; de 1950 a 1980, conforme podemos ver a seguir:

    1º Momento 1920 a 1940

    Alma patrícia, de Luís da Câmara Cascudo 1921
    Versos, de Lourival Açucena 1927
    Livro de poemas, de Jorge Fernandes 1927
    Ensaios, contos e crônicas, de Afonso Bezerra 1930
    O calvário das secas, de Eloy de Souza 1938
    Várzea do Açu, de Manoel Rodrigues de Melo 1939
    Cana caiana in Catimbó e outros poemas, de Ascenso Ferreira 1939
    Várzea do Açu, de Manoel Rodrigues de Melo 1940
    Crepúsculo, de Gabriel Gomes Sobrinho 1940
    Viagens ao nordeste do Brasil, de Henry Koster 1941
    Eu conheci Sesyom, de Francisco Amorim 1942
    Fulô do mato, de Renato Caldas 1945
    Fulô do mato, de Renato Caldas 1945

    2º Momento 1950 a 1980

    Natureza e história do Rio Grande do Norte, de João Alves de Melo 1950
    Til,de José de Alencar 1951
    Dom Quixote de La Mancha, de Miguel de Cervantes 1951
    Roteiros da zona oeste, de Raimundo Nonato 1951
    Natal do meu tempo: crônica da cidade do Natal, de João A. Guimarães 1952
    Sertão de espinho e de flôr, de Otoniel Menezes 1952
    Meu ideal, de Onel Nunes da Costa 1952
    Luiz Gonzaga e outras poesias, de Zé Praxedi 1952
    Cavalo de páu, de Manoel Rodrigues de Melo 1953
    Depoimentos sobre Tobias Monteiro, de Nestor S. Lima e José Augusto Medeiros 1953
    Cantos populares do Brasil, de Sílvio Romero 1954
    Zelações, de Antídio de Azevedo 1954
    Poesias, de Segundo Wanderley 1955
    Sonetos, de Marcolino Dantas 1956
    Versos que fiz para você..., de Josué Silva 1956
    Danças folclóricas brasileiras, de Maria Amália Correia Giffoni 1956
    Chico caboclo: e outros poemas, de Manoel Rodrigues de Melo 1957
    Society, de Ellyssosio Guimarães 1957
    Memórias de um retirante, de Raimundo Nonato 1957
    Populário natalense, de Veríssimo de Melo 1957
    Figuras e tradições do nordeste, de Raimundo Nonato 1958
    O arado, de Zila Mamede 1959
    Cantadores, de Leonardo Mota 1960
    O tempo de solidão, de Walflan de Queiroz 1960
    Crepúsculo, de Ivory Batista da Costa 1960
    Chamas apagadas, de Letícia Galvão 1960
    O sertão é assim..., de Zé Praxedi 1960
    Os instrumentos do sonho, de Doryan Gray Caldas 1961
    Panorama da poesia do Rio Grande do Norte, de Rômulo C. Wanderley 1961
    Eu conheci Sesyom, de Francisco Amorim 1961
    Estórias da figueira marcada, de M. Calvet Fagundes ( prefácio) 1961
    Estórias da figueira marcada, de M. Calvet Fagundes ( notas) 1961
    Você sabe por que...?, de Menezes de Oliva 1961
    Saudade, teu nome é menina, de Maria Eugênia M. Montenegro 1962
    Reminiscências de Natal de outrora, de Silvino Bezerra 1963
    Para errar menos, de Severino Bezerra 1963
    O pioneiro esquecido, de Augusto Fernandes 1965
    Família Wanderley, de Walter Wanderley 1966
    Lua qutro vezes sol, de Diógenes da Cunha Lima 1967
    Sínteses, de Edinor Avelino 1967
    Macau na poesia de Edinor Avelino, de Walter Wanderley 1967
    O mar e outras descobertas, de Lucimar Luciano de Oliveira 1968
    Dorian Gray: 25 anos de pintura, de Dorian Gray Caldas 1969
    Patronos e acadêmicos – Academia Norte-Rio-Grandense de Letras: antologia e biografia, de Veríssimo de Melo 1971
    Os olhos do lixo, de Socorro Trindad 1972
    Uma tarde na vida das academias, de Walter Wanderley e Raimundo Nonato 1972
    Memórias, de Eloy de Souza 1973
    Gente da gente, de Walter Wanderley (prefácio) 1973
    Gente da gente, de Walter Wanderley (nota) 1973
     Instrumento dúctil, de Diógenes da Cunha Lima 1975
    Os signos e seu ângulo de pedra, de Doryan Gray Caldas 1976
    Natal, USA, de Lenine Pinto 1976
    A marcha de Lampião, de Raul Fernandes 1978
    À sombra dos tamarindos, de Raimundo Nonato 1978
    À sombra dos tamarindos, de Raimundo Nonato 1980
    No ritmo da chuva, de Zelma Bezerra Silva 1980
    Manual do boi calemba, de Deífilo Gurgel 1980
    Uma canção ao entardecer, de Nilson Patriota 1981
    Pensamento e ação, de Sylvio Piza Pedrosa 1984

    Além das obras já elencadas há outras as quais não possuem referência temporal, mas trazem dedicatórias que podem indicar o ano de sua publicação, são elas: Introitus in Tempos humanos, de R. G. Nunes (1971?) ABC do cantador Clarimundo, de Newton Navarro (1955?), Noturno de Touros, de Nilson Patriota (?)

    Partindo do princípio de que “monumento é tudo aquilo que pode evocar o passado, perpetuar a recordação” (LE GOFF, 1994, p. 535), acreditamos serem as cartas-prefácios e os demais textos que compõem o corpus da pesquisa exemplos de “monumentos”, tendo em vista sua relação com o passado (tempo no qual foram escritos) e o presente (período em que foram estudados). Tais textos podem ser considerados, portanto, como “um legado à memória coletiva” (LE GOFF, 1994, p. 536). Eles servirão como referencial para se pensar o valor da literatura, seja ela local ou de qualquer outro lugar. No entanto, a cultura local dever ser considerada um elemento tão importante quanto os outros, na medida em que contribui para a relativização e compreensão de questões mais globais. Ou seja, vivemos em constante relação com os mais diversos contextos culturais, e podemos dinamizar os nossos pontos de vista, na medida em que os colocamos em relação com outros e refletimos sobre eles, pois como assegura Candido (2002):

    Trata-se de um caso privilegiado para estudar o papel da literatura num país em formação, que procura a sua identidade através da variação dos termos e da fixação da linguagem, oscilando para isto entre adesão aos modelos europeus e a pesquisa de aspectos locais (2002, p. 86).

    Nesse sentido, o crítico literário Antonio Candido (2002, p. 87) sugere que, quando se trata do literário, o dado local “se vai modificando e adaptando, superando as formas mais grosseiras até dar a impressão de que se dissolveu na generalidade dos temas universais”. Isso nos mostra que, na visão do escritor, local e universal devem se harmonizar no contexto da obra literária. E mesmo sabendo que o crítico literário não se referia ao gênero em estudo, percebemos que esse pensamento do estudioso pode ser aplicado a esse contexto.

    Em 18 de agosto de 1945, Luís da Câmara Cascudo, por correspondência, apresenta Renato Caldas a Lêdo Ivo. O escritor da carta assim o anuncia:

     ...tenho toda a alegria em mostrar a você o meu velho camarada e amigo secular Renato Caldas, poeta de letras populares, cheio de verve e de obstinação mental, vivo como um pé de vento (CASCUDO apud CALDAS, 1984, p.155).

    Com a certeza de que sua intermediação renderia uma aproximação entre os poetas, o emissor da carta acrescenta: “...eu peço para ele sua amizade natural, nos vários planos de coração e de espírito” (CASCUDO apud CALDAS, 1984, p.155). Ainda por meio de carta Luís da Câmara Cascudo apresenta o poeta popular Renato Caldas ao autor modernista Carlos Drummond de Andrade:

    Peço licença para apresentar o meu velho amigo Renato Caldas, poeta, um dos mais conhecidos e amados desse nordeste, fixador de espírito popular, fornecedor anônimo de imagens que se tornaram folclóricas (CASCUDO apud CALDAS, 1984, p.155).

    O prefaciador aproveita o ensejo e convida o autor de A rosa do povo para conhecer pessoalmente Renato Caldas e a região nordeste que, segundo Luís da Câmara Cascudo, Drummond de Andrade deveria conhecer.

    Conclusão

    A partir da leitura destas cartas- prefácios, pudemos observar a preocupação de Luís da Câmara Cascudo em estudar as obras produzidas no Rio Grande do Norte, a fim de organizar e posteriormente construir uma história literária. Por esse motivo, buscamos, neste artigo, analisar o conteúdo dos prefácios e assim consolidar o desejo expressado por ele de transformar os vários estudos sobre a literatura local em fonte de pesquisa sobre a temática. Desejo que ele registra no prefácio da obra Versos, de Lourival Açucena, em 1927.

    Em duas breves missivas, o autor de Alma Patrícia apresenta Renato Caldas ao Brasil. Datadas de 18 de agosto de 1945, período no qual o poeta norteriograndense estava lançando uma segunda edição de seu livro Fulô do Mato, as correspondências são endereçadas aos poetas brasileiros Lêdo Ivo e Carlos Drummond de Andrade. Nas cartas constam informações sobre a personalidade do poeta açuense, bem como sobre sua obra, a qual Luís da Câmara Cascudo define como sendo representativa das “letras  populares”. O prefaciador não poupa elogios ao poeta e afirma que ele “É um modelo da força espontânea e clara dessa região...” (CASCUDO apud CALDAS, 1984, p. 156).

    Luís da Câmara Cascudo não emite sua opinião, não aprecia criticamente a obra, faz apenas o seguinte comentário: “Renato vai publicar o livro dele, a segunda edição, segunda encarnação, mais gorda, ágil e sacudida” ( CASCUDO apud CALDAS, 1984, p. 155).

    Luís da Câmara Cascudo não trata da obra, o destaque vai para a pessoa do poeta. Que critérios Luís da Câmara Cascudo utilizou para avaliar a obra de Renato Caldas? Será que ele conseguia estabelecer relação entre poesia popular (matuta) do poeta com o folclore.

    Por que a poesia popular é considerada um gênero poético marginal? A leitura crítica dos dois prefácios nos possibilita dizer que é a estreita relação com a cultura popular que a elevou a esse status.

    As reflexões feitas ao longo desse artigo não nos conduziram a conclusões, mas sim a outras questões e inquietações para serem pensadas em estudos futuros. Por isso ao invés de afirmar optamos por questionar.
    Se o projeto modernista pesquisava sobre as manifestações legítimas e originais, isto é, conhecer para descobrir as tradições. Teria sido isso que levou Luís da Câmara Cascudo a enviar as cartas-prefácios a seus amigos poetas. Seria a obra Fulô do mato uma legítima representante da poesia matuta, dessa “nova” modalidade de literatura, desse “novo” jeito de fazer poesia? Ao enviar as cartas para Lêdo Ivo e Carlos Drummond de Andrade, 1945, estaria Luís da Câmara Cascudo buscando atualizar a discussão iniciada na década de 20, do século XX, por Mário de Andrade sobre cultura popular? Por que a poesia de Renato Caldas atrai a atenção do prefaciador? O que ela apresentava de “novo”? Temas, linguagem, estilo? Seria essa relação com a oralidade que agrada o prefaciador?

    Referências

    ALENCAR, José de. Til. 4. ed. Rio de Janeiro: 1957.
    ANDRADE, M. Aspectos da literatura brasileira. 6. ed. São Paulo: Martins, 1978.
    ARAÚJO, H. H. Cartas de Câmara Cascudo trocadas entre Joaquim Inojosa. Pós Doutorado. USP, 2012.
    ARAÚJO, H. H. Modernismo: anos 20 no Rio Grande do Norte. Natal: EDUFRN, 1995.
    CALDAS, Renato. Fulô do mato. 6 ed. Edições Clima. Natal/RN: 1984.
    CANDIDO, A. A literatura e a formação do homem. In: Textos de intervenção  Seleção, apresentação e notas de Vinícius Dantas. São Paulo: Duas Cidades; Ed. 34, 2002.
    CANDIDO, A. Literatura e Sociedade: estudos de teoria e história literária. Rio de Janeiro: Companhia Editora Nacional, 1980.
    FERNANDES, Jorge. Livro de poemas. 2. Ed. Natal: Fundação José Augusto, 1997. (Edição facsimilar de 1927).
    FERREIRA, J. L. Gilberto Freire e Câmara Cascudo: entre a tradição, o moderno e o regional. 2008. Tese. (Doutorado em Estudos da Linguagem) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
    GOMES, Edna Maria Rangel de Sá. Correspondências: Leitura das cartas trocadas entre Luís da Câmara Cascudo e Mário de Andrade. Dissertação (Mestrado em Literatura Comparada) – Departamento de Letras. Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 1999.
    LE GOFF, Jacques. História e memória. Tradução de Bernardo Leitão [et al]. 3. ed. Campinas, SP: UNICAMP, 1994.
    MAMEDE, Zila. Luís da Câmara Cascudo: 50anos de vida intelectual, 1918-1968: bibliografia anotada... Natal, Fundação José Augusto, 1970.
    VIEIRA, Cléber Santos. Entre as coisas do mundo e o mundo das coisas: prefácios cívicos e impressos escolares no Brasil republicano. Tese (Doutorado em Educação) - Departamento de Educação, Universidade de São Paulo, 2008.
    SAAVEDRA, Miguel de Cervantes. Dom Quixote de La Mancha. 3. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1958. volume I.
    TELES, Gilberto Mendonça. Discursos paralelos: a crítica dos prefácios. Goiânia: ICBC, 2010.
    TELES, Gilberto Mendonça. Retórica do silêncio I: teoria e prática do texto literário. Rio de Janeiro: José Olympo, 1989.


    Ari Toledo - A Idade do "éce"

    Foto: Localizada no sul da Bahia, Caraíva é um mundo à parte dentro da Bahia. A começar pelo acesso ao vilarejo: é feito em pequenas canoas através do Rio Caraíva. Não é permitida a entrada de automóveis. As ruas de areia e as casas coloridas dão um charme todo especial a esse lugar. Além de oferecer inúmeras atrações durante o dia, como caminhadas, passeios de barco , à noite há diversas opções de bares, restaurantes e lugares para dançar. 

Porto Seguro, Bahia

Foto: Editora Peixes / Embratur

www.nacaonordestina.org

    Localizada no sul da Bahia, Caraíva é um mundo à parte dentro da Bahia. A começar pelo acesso ao vilarejo: é feito em pequenas canoas através do Rio Caraíva. Não é permitida a entrada de automóveis. As ruas de areia e as casas coloridas dão um charme todo especial a esse lugar. Além de oferecer inúmeras atrações durante o dia, como caminhadas, passeios de barco , à noite há diversas opções de bares, restaurantes e lugares para dançar.

    Porto Seguro, Bahia

    Foto: Editora Peixes / Embratur

    www.nacaonordestina.org





    Ai as almas dos poetas
    Não as entende ninguém;
    São almas de violetas
    Que são poetas também.

     Florbela Espanca, do poema "Poetas"

    foto da web.
    "Ai as almas dos poetas
Não as entende ninguém;
São almas de violetas
Que são poetas também."
- Florbela Espanca, do poema "Poetas"


    Quem não é capaz de causar uma revolução dentro de si mesmo nunca conseguirá mudar as rotas sinuosas de sua vida. A maior miséria não é aquela que habita os bolsos, mas a alma '
    Augusto Cury-

    Dul 
    ╰☆╮Bom dia queridos amigos <3

' Quem não é capaz de causar uma revolução dentro de si mesmo nunca conseguirá mudar as rotas sinuosas de sua vida. A maior miséria não é aquela que habita os bolsos, mas a alma '
- Augusto Cury -

Dul ╰☆╮

    sábado, 2 de fevereiro de 2013


    Pago todos os dias com os meus olhos
    O belo espetáculo que o céu me dá.
    Pago todos os dias e nunca me canso de olhar as estrelas,

    Caldas, poeta potiguar
    Pago todos os dias com os meus olhos
O belo espetáculo que o céu me dá.
Pago todos os dias e nunca me canso de olhar as estrelas,

Caldas, poeta potiguar

    Pedro Simões

    Pedro Simões, "o Poeta imortal!
    Tirou “a camisa da vida” e não morreu!
    O seu corpo é que ficou no chão...
    Como ficaram os seus versos e os seus rastros.
    O espírito voou
    Para alcançar
    Um mundo diferente...
    Nas estrelas ou nos astros."

    Baile das Kengas animam as prévias de Carnaval


    As "Kengas de Natal" já deram o ar da graça nas prévias carnavalescas da cidade. E a noite e a madrugada deste sábado pareciam não dar conta a tamanho mar de alegrias, irreverências e pitadas de humor. O tradicional baile das Kengas completou bodas de prata este ano. "Há 25 anos essas meninas curtem o seu carnaval com muita vivacidade", destacou Marcelo Vênia, um dos organizadores do evento.

     
    A atriz Titina Medeiros foi coroada rainha das Kengas 2013 e a atriz Quitéria Kelly, a rainha dos artistas. A festa no clube América foi embalada pela banda Perfume de Gardênia.

    Junte a cultura de um povo, mais uma criatividade sem limites, dá nisso. Que coisa linda!

    De: Nação Nordestina
    Junte a cultura de um povo, mais uma criatividade sem limites, dá nisso. Que coisa linda!



    PELO DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA Se Guilherme de Almeida escreveu 'Raça', em 1925, uma obra literária “que tem como tema a gênese da na...