segunda-feira, 30 de setembro de 2013

PEREGRINOS DA FÉ


 
O grupo de cavaleiros que foi denominado de Peregrinos da Fé está concluindo neste domingo (29) sua missão depois de 15 dias de cavalgada, chegando ao Abrigo Dom Pedro II, em Salvador (BA).

Através de vias carroçáveis, os cavaleiros saíram de Assú e percorreram um total de 1.050 km até a capital baiana. 
 
Eles fizeram uma visita ao túmulo onde repousam os restos mortais da beata assuense Irmã Lindalva Justo de Oliveira, num instante de reverência e espiritualidade. “Foi um momento de emoção e respeito”, sintetizou um dos cavaleiros, ex-prefeito Ronaldo Soares. 
 
A viagem começou a duas semanas, tendo a caravana principiado sua jornada a partir da igreja matriz da Bem Aventurada Irmã Lindalva & São Cristóvão, no bairro da Cohab, em Assú, e está tendo o desfecho neste domingo na capital soteropolitana. 
 
A religiosa assuense, nascida em 20 de outubro de 1953 e assassinada em 09 de abril de 1993, pertenceu à Congregação Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo, e foi proclamada beata mártir pela Igreja Católica no dia 02 de dezembro de 2007. 
 
Ao chegar ao Abrigo Dom Pedro II, os peregrinos foram acolhidos por uma delegação de amigos de Assú, incluindo o deputado estadual George Soares (PR).

O percurso de regresso será todo ele realizado de automóvel.
Postado por Pauta Aberta. 

EM BUSCA DA “GUERRA BOA” DOS PRACINHAS

Publicado em 25/09/2013

Desenho representativo de um soldado brasileiro da FEB na Itália 1944/1945 - Fonte - http://fabwiki.blogspot.com.br/2012/07/uniforme-exercito-brasileiro.html
Desenho representativo de um soldado da FEB na Itália 1944/1945 – Fonte –http://fabwiki.blogspot.com.br/2012/07/uniforme-exercito-brasileiro.html
Há 70 anos, no dia 13 de agosto de 1943, foi criada a Força Expedicionária Brasileira (FEB). As tropas saíram para o combate no dia 2 de julho de 1944. Pouco antes de o navio-transporte General Mann partir, com 5.075 soldados a bordo, Getúlio Vargas despediu-se dos “pracinhas”: “Soldados da Força Expedicionária. O chefe do governo veio trazer-vos uma palavra de despedida, em nome de toda a nação. O destino vos escolheu para essa missão histórica de fazer tremular nos campos de luta o pavilhão auriverde. É com emoção que aqui vos deixo os meus votos de pleno êxito. Não é um adeus, mas um ‘até breve’, quando ouvireis a palavra da pátria agradecida”.
No retorno, em 1945, a promessa não foi cumprida. “A gestão da desmobilização dos pracinhas foi politicamente conservadora a fim de evitar a participação dos expedicionários nos conflitos de poder do Estado Novo com um progressivo esquecimento social dos expedicionários. Os veteranos foram abandonados pelas autoridades civis e militares e a legislação de benefícios foi apenas praticamente ignorada e houve uma apropriação crescente dos benefícios destinados apenas aos combatentes por não expedicionários”, explica o historiador Francisco César Alves Ferraz, da Universidade Estadual de Londrina e pesquisador visitante da University of Tennessee. Ferraz trabalhou a reintegração social dos pracinhas em A guerra que não acabou (Editora da Universidade Estadual de Londrina, 2012) e, mais recentemente, nas pesquisas A preparação da reintegração social dos combatentes estadunidenses da Segunda Guerra Mundial (1942-1946) e A reintegração social dos veteranos da Segunda Guerra Mundial: estudo comparativo dos ex-combatentes do Brasil e dos Estados Unidos (1945-1965).
Embarque dos pracinha para a guerra - Fonte - http://infograficos.estadao.com.br/galerias/gerar/4144
Embarque dos pracinha para a guerra – Fonte –http://infograficos.estadao.com.br/galerias/gerar/4144
Segundo o pesquisador, diferentemente dos ex-combatentes da Europa e da América do Norte, que fizeram de suas expressões públicas movimentos sociais organizados (o que tornou possível a conquista de benefícios e de reconhecimento social), os veteranos, também pelo seu pequeno número, tiveram pouco sucesso em chamar a atenção da sociedade e do aparelho estatal para seus problemas. Ferraz, que analisou a diferença da reintegração dos ex-combatentes americanos e brasileiros, lembra que, já em 1942, foram encomendados estudos, realizados por diversos órgãos do governo dos EUA, Forças Armadas, comissões do Congresso e iniciativa privada. “Um dos resultados mais expressivos foi o conjunto de leis chamado de G.I. Bill of Rights, que concedia estudo técnico e superior gratuito aos veteranos, transformava o governo federal em fiador de empréstimos bancários e concedia auxílio-desemprego e assistência médica gratuita para os que estiveram em serviço ativo em guerra por pelo menos 90 dias.
Por isso o Departamento de Guerra americano enviou, em 6 de abril de 1945, correspondência ao general comandante das forças do Exército dos EUA no Atlântico Sul, sob as quais os brasileiros estavam subordinados, alertando para a inconveniência da desmobilização imediata da FEB quando do seu retorno ao Brasil. “Uma vez que é a única unidade do Exército brasileiro, inteiramente treinada pelos EUA, considera-se que tem grande valor como um núcleo para o treinamento de outros elementos do Exército brasileiro e como uma contribuição potencialmente valiosa do Brasil à defesa hemisférica”, observa o documento. O aviso já refletia os rumores, iniciados a partir de março de 1945, de que as autoridades militares brasileiras pretendiam desmobilizar sumariamente a FEB, o que aconteceu efetivamente.
Soldados brasileiros na Itália - Fonte - http://infograficos.estadao.com.br/galerias/gerar/4167
Soldados brasileiros na Itália – Fonte –http://infograficos.estadao.com.br/galerias/gerar/4167
“O Exército fez o possível para marginalizar e desconsiderar quem esteve na linha de frente. Havia enorme preconceito e inveja daqueles que estiveram com a FEB. Toda a experiência adquirida foi desprezada, contrariando o conselho dos EUA para que se vissem os expedicionários como núcleo de um esforço de modernização e renovação do nosso Exército”, analisa o historiador Dennison de Oliveira, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), que trabalha o tema, entre outros, na pesquisa atual Reintegração social do ex-combatente no Brasil: o caso da Legião Paranaense do Expedicionário (1945-1980). “Na ânsia de se livrarem da FEB, tida como politicamente não confiável pelo Estado e pelos militares, os pracinhas foram rapidamente desmobilizados sem que tivessem se submetido a exames médicos, que mais tarde seriam fundamentais para que obtivessem pensões e auxílios no caso de doenças ou ferimentos adquiridos no front, lembra o professor. Havia temores políticos: a ameaça que representava para o Exército de Caxias esse novo tipo de força militar, mais profissional, liberal e democrático; o medo de que os oficiais febianos pudessem se tornar o fiel da balança político-eleitoral e fossem cooptados pelos comunistas; acima de tudo, temia-se que os expedicionários, entre os quais Vargas tinha grande popularidade, pudessem apoiá-lo e empolgar a população para soluções diferentes daquelas do pacto conservador das elites políticas para a sucessão do antigo líder do Estado Novo.
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O Comando Brasileiro, no Aviso Reservado de 11 de junho, emitido pelo Ministério da Guerra e assinado pelo ministro Dutra, observava que: “Não obstante reconhecer o interesse do público, fica proibido, por motivo de interesse militar, aos oficiais e praças da FEB fazer declarações ou conceder entrevistas sem autorização do Ministério da Guerra”. Para Ferraz, a proibição de falar sobre o histórico das ações é um ato de censura, não de segurança. O objetivo parece ter sido “quebrar o impacto” da chegada da FEB, evitar as declarações que pudessem embaraçar a instituição militar ou envolvê-la nas questões políticas que fermentavam naquele momento.
Isso, segundo ele, fica mais evidente quando se compara com as instruções emitidas ao Grupo de Caça da FAB, enviadas pelo Comando Americano: “Quando você chegar à sua cidade natal, provavelmente a imprensa local desejará entrevistá-lo. Você terá liberdade de falar de suas atividades aos jornalistas, mas não deve especular sobre o futuro de nossas unidades. A guerra continua no Oriente Próximo. Estamos interessados, porém, que a sua história seja contada várias vezes, nos EUA e no Brasil. Boa sorte no futuro”, assinado Charles Myers, brigadeiro do ar.
Soldados da FEB sendo recebidos no Rio de Janeiro
Soldados da FEB sendo recebidos no Rio de Janeiro
A FEB não era bem-vinda também por boa parte dos membros do Exército, os militares de carreira que conseguiram, de alguma forma, escapar da ida à guerra. “O envio de expedicionários, os cidadãos-soldados, era motivo de piada nos quartéis. Quando eles voltaram com prestígio popular, muitos sentiram que poderiam ‘ficar para trás’ em suas carreiras e se iniciou uma conspiração surda da maioria que temia ser ultrapassada em suas promoções e cargos”, observa Dennison Oliveira.
Ferraz, na comparação entre americanos e brasileiros, mostra como um dos pontos importantes na reintegração de veteranos dos dois países foi como lidar com o passado, que trazia justamente essas questões políticas associadas aos ex-combatentes. No caso nacional, a última guerra externa em que houve mobilização de jovens que não eram militares regulares foi a Guerra da Tríplice Aliança (1856-1870), cujo retorno à sociedade foi longe do satisfatório, com a maioria dos veteranos indo parar no Asilo de Inválidos da Pátria. “Uma consequência não planejada pelo Império foi o crescimento da participação ativa de oficiais, inclusive de baixa patente, na política do país.
Combate de cavalaria durante a guerra do Paraguai
Combate de cavalaria durante a guerra do Paraguai, conforme publicado em uma revista americana – Fonte – http://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_do_Paraguai
O legado disso foi mais o receio das autoridades pelo protagonismo político dos combatentes do que o reconhecimento dos deveres da sociedade e do Estado com os veteranos de guerra, nota Ferraz. Nos EUA, as mobilizações da Guerra Civil e, em especial, na Primeira Guerra Mundial”, quando os veteranos tiveram suas questões potencializadas com a Depressão e explodiram distúrbios nas ruas americanas, ensinaram as autoridades como fazer a reintegração de seus jovens.
“Eles viram que o perfil dos combatentes recrutados influi diretamente na reintegração social: as chances de sucesso na reentrada da vida profissional e da cidadania aumentam com o maior grau de formação escolar e qualificações profissionais. E também quanto mais igualitário e socialmente distribuído for o recrutamento, melhores as condições de uma recepção positiva da sociedade”, explica Ferraz. No caso da FEB, lembra o pesquisador, todo um arsenal de “jeitinhos” foi utilizado para tirar da unidade filhos de classes mais abastadas. Mesmo assim, apesar da maioria pobre e de baixa escolaridade, a força brasileira exibiu uma amostragem melhor que a média do país.
Unidade de cavalaria da FEB, com veículo blindado de reconhecimento na Itália - eiturasdahistoria.uol.com.br
Unidade de cavalaria da FEB, com veículo blindado de reconhecimento, quando ainda na Itália – leiturasdahistoria.uol.com.br
“Sargentos, cabos e soldados eram majoritariamente de origem urbana, alfabetizados, e apresentavam robustez e resistência física, a ponto de a FEB precisar confeccionar uniformes maiores que os do fardamento normal do Exército”, observa o historiador Cesar Campiani Maximiano, pesquisador do Núcleo de Estudos de Política, História e Cultura da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), autor, entre outros, de Barbudos, sujos e fatigados: soldados brasileiros na Segunda Guerra(Grua, 2010). “Do total de praças, 80,7% eram originários das regiões Sul e Sudeste do país. Os convocados oriundos do Nordeste, escolhidos por suas ótimas condições de saúde e grau de instrução, eram, na maioria, estudantes que serviram como cabos e sargentos, incorporados para suprir a deficiência de graduados experientes”, nota o autor.
Nos EUA, dos primeiros 3 milhões convocados, 47% estavam abaixo dos padrões; entre 1942 e 1943, dos 15 milhões de examinados, 32,4% foram rejeitados por causas físicas ou psiquiátricas e um terço considerado “inaptos para aproveitamento em qualquer grau”. Os americanos queriam apenas o melhor e adotaram critérios rigorosos para isso. A diferença mais gritante, porém, é que não houve distinção de classe no recrutamento para a guerra e um rigoroso controle no sistema de inserções, ao lado de campanha de mobilização da opinião pública, fez com que se recrutassem até o final da guerra mais de 16 milhões de soldados. “Praticamente cada ramo familiar americano tinha um combatente entre os seus, o que ajudou na compreensão dos deveres da sociedade para com aqueles que lutaram”, avalia Ferraz.
O navio USS General M.C. Meigs (AP-116) chegando ao Rio de Janeiro com os pracinhas
O navio USS General M.C. Meigs (AP-116) chegando ao Rio de Janeiro com os pracinhas
No Brasil, apesar das festas, os expedicionários foram rapidamente desmobilizados. “A razão foi política: tanto as autoridades do Estado Novo em decadência quanto as forças políticas de oposição temiam o pronunciamento político dos expedicionários, no que poderia ser a repetição do envolvimento político dos militares no século anterior após a Guerra da Tríplice Aliança”, fala Ferraz. A pressa foi tão grande em acabar com a FEB que os pracinhas já saíram da Itália com seus certificados de baixa e quando chegaram ao Brasil já não estavam mais sob a autoridade do comandante da FEB, mas do comandante militar do então Distrito Federal, não exatamente simpatizante dos febianos.
“A partir de então estavam à própria sorte. Traumas psicológicos de todo o tipo e rotina da luta de sobrevivência no mercado de trabalho dificultaram o retorno dos milhares de brasileiros que estiveram nos campos de batalha. As primeiras leis de amparo só foram aprovadas em 1947”, afirma Dennison de Oliveira. A maioria delas não foi sequer cumprida. Algumas, por sua vez, caíram mal entre os ex-combatentes, como o decreto-lei assinado por Vargas em julho de 1945 que concedia anistia aos militares da FEB, cujo efeito prático foi anistiar aqueles que desertaram no Brasil ao período anterior à campanha militar.
Momento antes do desembarque, só alegria pelo retorno. Logo viriam as decepções para muitos pracinhas
Momento antes do desembarque, só alegria pelo retorno. Logo viriam as decepções para muitos pracinhas
Para Oliveira, o ápice foi a chamada Lei da Praia, assinada em 1949 por Dutra. “De acordo com ela, qualquer pessoa enviada à ‘zona de guerra’ tinha direito aos auxílios e pensões. A lei incluía vias navegáveis e cidades no litoral brasileiro que se encontravam nessa ‘zona de guerra’. Assim, seja o soldado que corria perigo e lutava no frio dos Apeninos, seja o bancário que fora transferido para uma cidade litorânea, todos recebiam o mesmo”, diz o historiador.
“Claro que nos EUA também houve dificuldades de reintegração, mas houve um esforço da sociedade em receber os milhões de retornados da guerra. Os seus combatentes seriam conhecidos como a ‘boa geração’, aquela que garantiu a vitória contra a barbárie. Para os veteranos brasileiros, esse reconhecimento não aconteceu”, observa Ferraz. Segundo o historiador, a busca por apoio institucional às necessidades dos veteranos levou-os à aproximação com as Forças Armadas e, logo, com suas práticas políticas, inclusive o golpe de 1964. Transformados em símbolos e apoiadores do regime militar, viraram alvo dos críticos da ditadura do pós-64. “Ao invés de colocar em questão essa identidade entre Exército, governo militar e FEB, esses críticos preferiram investir contra a memória expedicionária, o que só reforçou os laços entre o Exército e os veteranos”, observa Ferraz.
Não se pode negar, é claro, que muitos pracinhas apoiaram o regime militar, até porque na primeira geração dos golpistas tinha alguns febianos, como o primeiro presidente do regime militar, Castello Branco, cuja ascensão ao poder deu a esperança aos veteranos de que seriam “vingados”. Mas as memórias desses combatentes revela outras histórias, como verificou o historiador e brasilianista israelense radicado nos EUA Uri Rosenheck, da Emory University, que pesquisou a FEB em Fighting for home abroad: remembrance and oblivion of World War II in Brazil. Entre os seus objetos de estudo estão as memórias dos ex-combatentes e os monumentos que celebram os expedicionários em “espaços cívicos” das cidades.
Pessoal da Polícia do Exército no desfile da vitória no Rio de Janeiro
Pessoal da Polícia do Exército no desfile da vitória no Rio de Janeiro
“No caso dos pracinhas, as memórias são apenas lembranças do passado, mas, por meio de um olhar analítico, elas se revelam como instrumentos de crítica política contemporânea. No caso brasileiro, ler as memórias de guerra é ver como esses homens desafiavam a ditadura militar e condenavam a política armada”, explica Rosenheck, que passou em revista as 150 memórias escritas sobre a FEB. Segundo ele, apesar de publicamente defenderem as suas lideranças, os cidadãos-soldados criticam os militares.
“A maioria das observações tem a ver com a ineficiência do Exército brasileiro, comparado com o similar americano, e o contraste entre os oficiais regulares e reservistas. Critica-se a falta de logística, como eles sofriam no frio por falta de uniformes apropriados, como tiveram que pagar por suas passagens de trem enquanto esperavam para embarcar para o Rio e mesmo a carência de identificações, as dog-tags, que não eram dadas a eles”, conta o brasilianista. As críticas mais ácidas vão para os oficiais do Exército regular, ou seja, o Exército de Caxias em oposição aos voluntários combatentes da FEB. “Eles lembram como esses primeiros tinham percepções antiquadas sobre as relações entre pracinhas e oficiais, sobre a ética e a moral do corpo de oficiais e sobre o profissionalismo em combate real.” Alguns recordam que foram roubados por seus superiores e que decisões eram arbitrárias e baseadas em que tipo de presente poderiam dar para seus oficiais.
O mesmo acontecia quando o assunto era racismo. “Em muitas memórias, os soldados se dizem horrorizados com o racismo dos militares americanos, mas em muitos casos nessas memórias se pegam ‘lapsos’ em que se percebe o racismo dos próprios pracinhas. Mas o importante é se perceber que eles preferem atribuir casos de preconceito a ‘ordens de superiores’. Assim, tudo fica como sendo ‘coisa de americano’ ou ‘dos superiores’, separando ‘os soldados’, ‘a FEB’ e por extensão ‘os brasileiros’ dos outros responsáveis por tais atos horríveis, seja pessoas domésticas ou estrangeiras.” Para Rosenheck, as acusações contra comandantes como racistas e incompetentes podem ser entendidas como um ataque implícito sobre as Forças Armadas e seu papel na sociedade. “A crítica não precisa ser explícita para ser efetiva. O fato de que veteranos da maior força de combate militar desde a Guerra do Paraguai critiquem o Exército dá a suas observações credibilidade e força. Tudo está centrado nos militares, não no governo político, na sociedade civil, o que só reforça essa leitura.”
Rosenheck também estudou os monumentos dedicados à FEB, com conclusões semelhantes. “Apesar de dizerem que os pracinhas foram esquecidos, há 192 monumentos dedicados à FEB, com 451 mortos, ou seja, quase três monumentos para cada sete mortos”, conta. São construções que não celebram mortos, mas celebram os vivos, os que voltaram, uma visão pouco militarista. As Forças Armadas estão quase ausentes nos textos que acompanham esses monumentos, com escritos que destacam a democracia, a liberdade, o civismo. Dos 192, 120 foram construídos entre 1945 e 1946, e 32 antes da instalação da ditadura militar. São poucos os que mostram soldados (a maioria é de obeliscos) e a representação visual deles não é de combate. “A narrativa não comunica a importância do Exército ou seu papel na construção da nação, mas os valores de uma sociedade civil”, diz o historiador. “Temos que reconhecer que as ligações da FEB com a história militar são importantes, mas há outras narrativas. É preciso criar ligações entre a história da FEB e outros aspectos da história e sociedade brasileira como um todo”, avisa.
CARLOS HAAG | Edição 210 – Agosto de 2013 - Revista de Pesquisa da FAPESP

domingo, 29 de setembro de 2013

"O ASSÚ EM VERSOS DE UM FILHO SEU"


Rosivaldo Quirino é poeta assuense da nova geração. Ele, salvo engano, ainda é  funcionário da Caixa Econômica Federal, agência de Assu, Terra de tantos poetas de boa qualidade. Em 17 de Dezembro de 2010 postei a a imagem acima do livro deste bardo assuense que enriquece as letras potiguares. De Rosivaldo recebo o seguinte comentário em forma de versos/sextilha que diz assim:




sábado, 28 de setembro de 2013

Carnaubais. Terra dos Verdes Carnaubais

Tremulando forte, impulsionado pelo farfalhar das Nossas CARNAUBEIRAS.... E para seres mais forte.....
 
De Aluízio Lcerda.  Um telúrico confesso assim como o editor deste blog.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Paróquia revitalizará igreja matriz e prédio do antigo Seminário



Por toda esta sexta-feira (27), o padre Flávio Augusto Forte Melo, vigário-geral da Diocese de Mossoró e administrador da paróquia de São João Batista, em Assú, espera ter em seu poder toda a previsão orçamentária com vistas ao trabalho de revitalização de duas estruturas paroquiais: a igreja matriz de São João Batista e o prédio que abrigou o antigo Seminário.

De posse de tais informações econômico-financeiras, o pároco pretende expô-las ao bispo diocesano, Dom Mariano Manzana, que cumpre agenda nesta sexta-feira em Assú, presidindo a celebração eucarística que se verificará, às 19h30, na continuidade da programação socioreligiosa da festa de Santa Terezinha, na comunidade rural de Poré, povoado situado no limite territorial entre Assú e Carnaubais.

Entretanto, de antemão o sacerdote adiantou que o trabalho de revitalização começará com a pintura de toda a área externa da igreja matriz.

Com referência ao antigo Seminário, a ação estrutural será mais complexa visto que, conforme declaração de padre Flávio Melo, todo o pavimento superior do prédio terá que ser totalmente refeito.

O espaço físico já acolhe as instalações da Secretaria Geral da paróquia.
Postado por Pauta Aberta

CORDEL

ME ENGANEI COM MINHA NOIVA

Quando solteiro eu vivia
Era o maior aperreio,
Devido ser muito feio
As moça não me queria.
Quando pr’um forró eu ia
Com qualquer colega meu,
Eles confiava neu
Ia beber e brincar
No fim da festa ia arengar
Quem ia preso era eu.

E pra arranjar namoro
Eu toda via fui mole.
Eu cantei samba, eu puxei fole,
Usei um cabelo louro,
A boca cheia de ouro,
Chega brilhava de dia.
Quando pr’um forró eu ia
Cheirava que nem uma rosa,
Mas, se eu caçava umas prosa,
As moça não me queria.

Aí eu dizia: “É catimbó
Que alguém botou, mas não sai,
Que mamãe casou com papai,
Vovô casou com vovó,
Inté meu irmão Chicó,
Que é muito mais feio que eu,
Namorou, casou, viveu
Com duas mulher, inté,
Só eu não acho muié
Que queira se esfregar neu.

Um dia Deus descuidou-se,
O satanás se esqueceu,
Que Vicença olhou pra eu
Com uns oião de bico dôce,
Nossos ói se amisturou-se
Como feijão com arroz,
Se abufelemo nós dois
Num amor tão violento
Que marquemo o casamento
Pra quatro dias depois.

No dia de se amarrar,
Se arrumou, eu e ela.
Dei de garra na mão dela
E fui pra igreja casar.
Cheguei no pés do altar,
Recebi a santa bença,
Jurei não ter desavença
Entre eu e minha esposa,
O padre disse umas côsa
E fui viver com Vicença.

Cheguei em casa mais ela,
Fui logo me agasalhando
Que mermo que eu ia pensando
Que ia dormir na costela.
Vicença fez a novela
Por dentro da camarinha,
Quebrou uns troçim que eu tinha,
Me ameaçou na bala.
Ela foi dormir na sala
Eu fui dormir nca cozinha.

Da vida perdi o gosto
Porque Vicença fez isso.
De manhã fui pro serviço,
Mas pra morrer de desgosto.
Cheguei em casa, o sol posto,
Vicença me arrecebeu,
Inté um café freveu,
Botou pra nós dois cear,
Mas, quando foi se deitar,
Nem sequer olhou pra eu.

De Deus perdi a crença,
De nome chamei uns trinta,
Botei uma faca na cinta,
E fui conversar com Vicença.
Vicença deu uma doença
Quando falei em amor,
Aí ela me perguntou:
“Cê pensa que eu sou o que?
Eu me casei com você
Pra lhe fazer um favor”.

Bati com ela no chão,
Puxei a lapa de faca,
Cortei o cóis da casaca
E o elástico do calção.
Vicença tinha razão
De não querer bem a eu.
Não era com nojo deu,
Ou porque não fosse séria,
Sabe Vicença quem era,
Era macho que nem eu.

Eu muito me arrependi
Porque me casei com ela.
Falei logo com o pai dela
E de manhã devolvi.
Muito desgosto eu senti,
Que quase morri inté,
Homem em trajo de muié
Tem muito de mundo afora,
Só caso com outra agora
Logo sabendo quem é.

Cordel de Luiz Campos - Mossoró/RN.

Do blog Assu na Ponta da Língua, de Ivan Pinheiro.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

História

Monumento (centro) da Praça da Matriz 
(Por volta dos anos 40 ou 50)

01 de janeiro de 1901 – MONUMENTO – O Assú, euforicamente, homenageia a entrada do último século do milênio. No centro da Praça, ao lado da Matriz, foi edificada uma coluna de nove metros de altura. O Projeto Gráfico do Munumento foi do artista decorador José Severo, dono do Atelier J. Severo. “À uma hora da manhã do dia primeiro de janeiro de mil novecentos e hum, anno do nascimento de Nosso Senhor Jesus Christo e treze da república, no antigo ‘Alto do Império’, reunido grande número de povo de todas as classes, entre o qual sobresahiam duas alas de excellentíssimas senhoras, para assistir ao acto inaugural do Monumento commemorativo erigido por uma distincta pleiade de assuenses, em homenagem à Jesus Christo Redemptor, no fim do século que se ultima e no princípio do que vae começar, e sendo acclamado Presidente o reverendíssimo Vigário da Freguesia, illustre Conego Estevam José Dantas, este chamou para servir de secretário dos respectivos trabalhos o cidadão Afonso Soares de Macedo. Constituida assim a meza, o alludido Presidente declarou achar-se aberta a sessão, depois do que discorreu lucida e satisfatoriamente sobre os fins da presente reunião, enaltecendo os sentimentos religiosos do povo assuense, que acabava de provar seu sincero apoio às públicas e fervorosas demonstrações de reconhecimento e de amor filial, de gratidão e respeito, em homenagem ao Chefe invisível da nossa regeneração – Jesus Christo, - feitas em todo o orbe catholico; e terminou por acrescentar que a comissão encarregada da erecção do Monumento, que se acabava de inaugurar, pelo pouco tempo de que dispoz para empregar os meios necessários, aguardava-se com a pretenção de, em opportuna quadra, promover a consecução da Imagem de Christo Redemptor, afim de ser collocada no alto do mesmo Monumento para maior realce do seu objectivo; manifestando que, para a realização da referida idéa, elle mesmo prestaria a sua mais franca e sincera adhesão, o seu mais vivo interesse.

Foi unanimimente applaudido em sua allecução, finda a qual ouviu-se os sons da música na execução do hymno nacional. Tomou, em seguida, a palavra o orador oficial, representando na pessoa do digno Juiz de Direito da Comarca, Doutor Luiz de Oliveira, que proferiu um agradável discurso, no qual teve de levantar merecidos elogios aos factores e realisadores da grandiosa idéa. Eneas Caldas, João de Macedo e Palmério Filho, que, a custa de penosos sacrifícios, conseguiram que fosse legado à posteridade um testemunho solemne dos sentimentos religiosos e do genio progressista dos assuenses. Fallou mais sobre o desenvolvimento patente de diversos ramos de progressos no decurso do século dezenove, fazendo, por ultimo, apresentação do ancião de nome Fellipe Barbosa da Fonsêca, que tendo visto o raiar do século que findou, ainda esperto e no gozo de todas as suas faculdades, achava-se entre nós presenciando também o surgir do que vae começar, pelo que a commissão, acima já alludida lembrara-se de, em nome do mesmo ancião, offerecer o presente Monummento ao religioso e patrioco povo assuense. As suas últimas palavras seguiram-se os applausos do auditório. Foi neste interim distribuída à mesa o hebdomadário “A Semana” que se publica nesta cidade, sob a hábil e criteriosa redação do nosso sympathico conterrâneo Palmério Filho. Pelo cidadão Antonio Soares de Macêdo foram carolosamente erguidos diversos vivas, nos quases o auditorio com enthusiasmo o acompanhou. Occuparam ainda a tribuna o illustre cidadão Doutor Angelo Caetano de Souza Cousseiro, que, em breves, mas significativas phrases, satisfez os assistentes sobre o assumpto em questão, e os moços Américo de Macedo, Palmério Filho, Abdon Soares de Macedo, João Gomes de Amorim e Affonso Soares de Macedo, sendo todos applaudidos em suas exibições, findas as quaes secundaram sempre os sons do hymno nacional.

Não havendo então quem mais pedisse, a palavra, foi incerrada a sessão. E para que tudo isso contasse, lavrei eu, Affonso Soares de Macedo, servindo de secretário, a presente acta, que fica pelo Presidente, por mim e por diversos assistentes assignada. 
Conego Estevam José Dantas.
Affonso Soares de Macedo.
POETA DE OUTRORA

Dos poetas da velha Assú” não poderíamos deixar de citar Marcolino Wanderley que pertencia a uma das famílias mais ilustres e mais antigas da Região.

Dizem que seus bisavôs vieram da Holanda com o Príncipe de Nassau e que depois de restaurado o domínio português fixaram residência no Rio Grande do Norte, em terras do Assú. 

A tradição informa mais que pelos serviços prestados na guerra, foram-lhes conferidos os títulos de nobreza. Uma das irmãs de Marcolino chamava-se Maria Gorgônia de Holanda Wanderley. Sabe-se que o sobrenome Wanderley é de origem holandesa, e que faz crer que, de fato, Marcolino tinha as suas raízes genealógicas fincadas nos países baixos. 

Era o homem mais esquisito daqueles tempos. Casou-se a meia noite com uma sobrinha, por mera caturrice, e quando ela veio a falecer, muitos anos depois, fez questão que fosse sepultada ao pé de uma tamarineira no quintal de sua residência. E como a família não consentiu, indispôs-se com a família.

Colecionava em uma sala de sua casa aves e animais empalhados, inclusive a tíbia de uma das pernas de Jesuíno Brilhante - afamado cangaceiro que fez época nos sertões nordestinos. Dizem que esta peça anatômica ele ofertou a um amigo de Recife, Pernambuco.

Era poeta, porém Bocageano. Suas produções são impublicáveis. Era anticlerical e não perdoava os inimigos.

Certa vez alguém censurou os seus procedimentos ele respondeu com estes versos: 

Da raça barbalhada e dissoluta.
Dela surge vil jumento corcovado
É tão descomunal este aleijado
Como é ele um cabrão filho da puta.

Descendente desta corja assás poluta.
É ele alcoviteiro e tão danado
Que do Cuó onde foi gerado
Vai às praias descobrir mulher inculta.

Só assim ela acharia casamento
Disse-me seu irmão que assistiu
A tão torpe e imundo ajuntamento.

E como nenhum segredo me pediu
Em resposta ao que de mim disse o jumento
Eu lhe digo: vá à puta que o pariu.

Atribuem a Marcolino Wanderley diversos versos regrados a putaria que não são recomendáveis serem divulgados nesta blog. Na verdade, Marcolino passou pelo Assú, marcou uma época e foi esquecido. Nada na cidade leva o seu nome. 
Coisas do Assú.

“Tem coisas que o coração só fala para quem sabe escutar.”

*Chico Xavier


Meu amigo, deixa a cada ave o seu voo!
Deixa a cada planta a sua forma!
Deixa a cada flor o seu colorido!
Deixa a cada essência o seu perfume!
Deixa a cada homem o seu gênio!
Deixa a cada alma o seu caminho às alturas!
Não penses que só o teu trilho seja bom!
Muitos são os caminhos que levam a Deus...
Onde quer que exista uma reta vontade
existe uma ponte para o Infinito...
Deixa a cada um o caráter que Deus lhe deu e
o caminho que Deus lhe traçou!
Beleza só existe onde reina harmonia na diversidade...

Huberto Rohden
De Alma Para Alma


segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Ame sempre

Diz um conto chinês que um jovem foi visitar um sábio conselheiro e disse-lhe sobre as dúvidas que tinha a respeito de seus sentimentos por uma bela moça.

O sábio escutou-o, olhou-o nos olhos e disse-lhe apenas uma coisa:

— Ame-a.

E logo se calou.

Disse o rapaz:

— Mas, ainda tenho dúvidas...

— Ame-a, disse-lhe novamente o sábio.

E, diante do desconcerto do jovem, depois de um breve silêncio, disse-lhe o seguinte:

— Meu filho, amar é uma decisão, não um sentimento. Amar é dedicação e entrega. Amar é um verbo e o fruto dessa ação é o amor. O amor é um exercício de jardinagem. Arranque o que faz mal, prepare O terreno, semeie, seja paciente, regue e cuide. Esteja preparado porque haverá pragas, secas ou excessos de chuvas mas nem por isso abandone o seu jardim. Ame, ou seja, aceite, valorize, respeite, dê afeto, ternura, admire e Compreenda.

Simplesmente: Ame!

A inteligência sem amor, te faz perverso.
A justiça sem amor, te faz implacável.
A diplomacia sem amor, te faz hipócrita.
O êxito sem amor, te faz arrogante.
A riqueza sem amor, te faz avarento.
A docilidade sem amor te faz servil.
A pobreza sem amor, te faz orgulhoso.
A beleza sem amor, te faz ridículo.
A autoridade sem amor, te faz tirano.
O trabalho sem amor, te faz escravo.
A simplicidade sem amor, te deprecia.
A lei sem amor, te escraviza.
A política sem amor, te deixa egoísta.
A vida sem AMOR... não tem sentido.



Por muito que te faça sonhar o toque de uma brisa quente, sabes que nunca a poderás tocar, e a próxima será sempre diferente e invisível...

Jc Patrão )
Do face de CC.


BETINHO ROSADO DIVULGA NOTA SOBRE SUA DESFILIAÇÃO DO DEM‏.


Hoje, apresentei ao Juiz da 33ª Zona Eleitoral do RN meu pedido de Desfiliação Partidária do Democratas. Encerro assim uma participação de 27 anos nessa agremiação partidária.
No Democratas, votei desde que ele foi criado em 1986 como PFL – Partido da Frente Liberal. E pelos Democratas, fui votado em 5 eleições para Deputado Federal.
Esse relacionamento foi importante para mim, espero que tenha sido também para o Democratas/PFL.
No meu novo partido, tenho duas certezas: irei comandá-lo a nível estadual e estarei apoiando a reeleição da Governadora Rosalba Ciarlini.

Betinho Rosado

Do blog: Deolhonoassu

Citação

Se a tranquilidade da água permite refletir as coisas, o que não poderá a tranquilidade do espírito?

Chuang Tzu

PELO DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA Se Guilherme de Almeida escreveu 'Raça', em 1925, uma obra literária “que tem como tema a gênese da na...