Bráulio
Tavares e Ivanildo Vilanova
Já
que existe no Sul esse conceito
Que o Nordeste é ruim, seco e ingrato,
Se existe a separação de fato
É preciso torná-la de direito.
Quando um dia qualquer isso for feito
Todos os dois vão vibrar abertamente,
Se o Sul vai ficar indiferente,
Ficará o Nordeste agradecido.
Imagine o Brasil ser dividido
E o Nordeste ficar independente.
Separá-los, porém, sem haver luta
E deixar o Nordeste com os seus vícios,
Mas sem ele pagar com sacrifícios
Grandes obras reais que não desfruta.
Não precisa haver sangue na disputa,
Bastaria a separação somente,
Que se fosse medir o mais valente
Eu já sei qual dos dois era o vencido.
Imagine o Brasil ser dividido
E o Nordeste ficar independente.
Se o Nordeste tivesse outras fronteiras
Talvez fosse tratado com capricho,
Sem servir de depósito para o lixo
Das usinas atômicas brasileiras.
A enchente das músicas estrangeiras
Talvez fosse para outro continente.
Se vivesse uma vida diferente
Da que a gente até hoje tem vivido,
Imagine o Brasil ser dividido
E o Nordeste ficar independente.
Talvez haja até gente que proteste
Dessa ideia, me chamando de imbecil,
Um pais com o nome de Brasil
E o outro chamado de Nordeste.
O Brasil não padeceria a peste
Dessa seca que vem constantemente,
O Nordeste sem esse seu parente
Ia ser bem melhor compreendido.
Imagine o Brasil ser dividido
E o Nordeste ficar independente.
Paraíba era o centro artesanal,
Piauí, o setor da criação,
Em Sergipe a cultura é tradição,
Maranhão, a reserva florestal.
Na Bahia, o distrito industrial,
Alagoas, agrícola e florescente,
Rio Grande, o poder, militarmente,
Ceará pro turismo era o escolhido,
Imagine o Brasil ser dividido
E o Nordeste ficar independente.
Que o Nordeste é ruim, seco e ingrato,
Se existe a separação de fato
É preciso torná-la de direito.
Quando um dia qualquer isso for feito
Todos os dois vão vibrar abertamente,
Se o Sul vai ficar indiferente,
Ficará o Nordeste agradecido.
Imagine o Brasil ser dividido
E o Nordeste ficar independente.
Separá-los, porém, sem haver luta
E deixar o Nordeste com os seus vícios,
Mas sem ele pagar com sacrifícios
Grandes obras reais que não desfruta.
Não precisa haver sangue na disputa,
Bastaria a separação somente,
Que se fosse medir o mais valente
Eu já sei qual dos dois era o vencido.
Imagine o Brasil ser dividido
E o Nordeste ficar independente.
Se o Nordeste tivesse outras fronteiras
Talvez fosse tratado com capricho,
Sem servir de depósito para o lixo
Das usinas atômicas brasileiras.
A enchente das músicas estrangeiras
Talvez fosse para outro continente.
Se vivesse uma vida diferente
Da que a gente até hoje tem vivido,
Imagine o Brasil ser dividido
E o Nordeste ficar independente.
Talvez haja até gente que proteste
Dessa ideia, me chamando de imbecil,
Um pais com o nome de Brasil
E o outro chamado de Nordeste.
O Brasil não padeceria a peste
Dessa seca que vem constantemente,
O Nordeste sem esse seu parente
Ia ser bem melhor compreendido.
Imagine o Brasil ser dividido
E o Nordeste ficar independente.
Paraíba era o centro artesanal,
Piauí, o setor da criação,
Em Sergipe a cultura é tradição,
Maranhão, a reserva florestal.
Na Bahia, o distrito industrial,
Alagoas, agrícola e florescente,
Rio Grande, o poder, militarmente,
Ceará pro turismo era o escolhido,
Imagine o Brasil ser dividido
E o Nordeste ficar independente.
A
partilha ainda sendo homologada
E o Nordeste guiando os seus destinos,
Mais de cinco milhões de Nordestinos
Voltarão para a terra idolatrada.
Trocarão a garoa e a geada
Pela roça, a enxada e sol quente,
Ninguém vai explorar mais nossa gente,
Como tem até hoje acontecido.
Imagine o Brasil ser dividido
E o Nordeste ficar independente.
O Brasil ia ter de importar
Do Nordeste, cacau, coco e caju,
Carnaúba, minério, babaçu,
Abacaxi e o sal de cozinhar.
A lagosta, o agave do lugar,
A cebola, o petróleo e a aguardente,
O Nordeste é autossuficiente
E o seu lucro seria garantido.
Imagine o Brasil ser dividido
E o Nordeste ficar independente.
As rádios iam ser “nordestizadas”
Tocariam forró, xote e baião,
As TVs só fariam transmissão
De cantorias, cirandas, vaquejadas.
As crianças seriam batizadas
Só com nomes bem simples como a gente,
Não se usava mais nome diferente,
Que não pode botar nem apelido.
Imagine o Brasil ser dividido
E o Nordeste ficar independente.
E o Nordeste guiando os seus destinos,
Mais de cinco milhões de Nordestinos
Voltarão para a terra idolatrada.
Trocarão a garoa e a geada
Pela roça, a enxada e sol quente,
Ninguém vai explorar mais nossa gente,
Como tem até hoje acontecido.
Imagine o Brasil ser dividido
E o Nordeste ficar independente.
O Brasil ia ter de importar
Do Nordeste, cacau, coco e caju,
Carnaúba, minério, babaçu,
Abacaxi e o sal de cozinhar.
A lagosta, o agave do lugar,
A cebola, o petróleo e a aguardente,
O Nordeste é autossuficiente
E o seu lucro seria garantido.
Imagine o Brasil ser dividido
E o Nordeste ficar independente.
As rádios iam ser “nordestizadas”
Tocariam forró, xote e baião,
As TVs só fariam transmissão
De cantorias, cirandas, vaquejadas.
As crianças seriam batizadas
Só com nomes bem simples como a gente,
Não se usava mais nome diferente,
Que não pode botar nem apelido.
Imagine o Brasil ser dividido
E o Nordeste ficar independente.
Dividindo
a partir de Salvador,
O Nordeste seria outro país,
Vigoroso, normal, rico e feliz,
Sem dever a ninguém do exterior.
Jangadeiro seria um Senador,
O caboclo da roça era o suplente
Cantador de viola, o Presidente,
O vaqueiro era o líder do partido.
Imagine o Brasil ser dividido
E o Nordeste ficar independente
Em Recife, o Distrito Federal,
O idioma ia ser Nordestinense,
A bandeira, de renda cearense,
Asa Branca era o Hino Nacional.
Folhetim, o símbolo oficial,
A moeda, o tostão de antigamente,
Conselheiro, seria o inconfidente
Lampião, o herói inesquecido.
Imagine o Brasil ser dividido
O Nordeste seria outro país,
Vigoroso, normal, rico e feliz,
Sem dever a ninguém do exterior.
Jangadeiro seria um Senador,
O caboclo da roça era o suplente
Cantador de viola, o Presidente,
O vaqueiro era o líder do partido.
Imagine o Brasil ser dividido
E o Nordeste ficar independente
Em Recife, o Distrito Federal,
O idioma ia ser Nordestinense,
A bandeira, de renda cearense,
Asa Branca era o Hino Nacional.
Folhetim, o símbolo oficial,
A moeda, o tostão de antigamente,
Conselheiro, seria o inconfidente
Lampião, o herói inesquecido.
Imagine o Brasil ser dividido
E
o Nordeste ficar independente
Todo ano no Rio de Janeiro
Chegam levas e levas de migrantes,
São milhares de braços retirantes
Que fabricam montanhas de dinheiro.
Pois que o Rio prossiga em seu roteiro
E o Nordeste não seja um afluente,
Que conduz mil riquezas na torrente
E nem mesmo no mapa é conhecido.
Imagine o Brasil ser dividido
E o Nordeste ficar independente.
Se São Paulo é a tal "locomotiva"
Que conduz estes mais de cem milhões,
Então deixe pra trás estes vagões
Que lhe tornam a carga cansativa.
Eles vão ter a iniciativa:
Ser puxados por boi, cavalo e gente.
Talvez andem bastante lentamente,
Mas seu rumo é seguro e conhecido.
Imagine o Brasil ser dividido
E o Nordeste ficar independente.
Chegam levas e levas de migrantes,
São milhares de braços retirantes
Que fabricam montanhas de dinheiro.
Pois que o Rio prossiga em seu roteiro
E o Nordeste não seja um afluente,
Que conduz mil riquezas na torrente
E nem mesmo no mapa é conhecido.
Imagine o Brasil ser dividido
E o Nordeste ficar independente.
Se São Paulo é a tal "locomotiva"
Que conduz estes mais de cem milhões,
Então deixe pra trás estes vagões
Que lhe tornam a carga cansativa.
Eles vão ter a iniciativa:
Ser puxados por boi, cavalo e gente.
Talvez andem bastante lentamente,
Mas seu rumo é seguro e conhecido.
Imagine o Brasil ser dividido
E o Nordeste ficar independente.
Vejo tanta mulher, homem, menino,
Quando a seca flagela o seu Estado,
Ir pro Sul pra ficar desempregado,
Sem poder transformar o seu destino.
Fico triste se vejo um nordestino,
Que podia talvez ser meu parente,
Vir pra cá pra virar um indigente,
Um ladrão, um maluco ou um bandido...
Imagine o Brasil ser dividido
E o Nordeste ficar independente.
Quando a seca flagela o seu Estado,
Ir pro Sul pra ficar desempregado,
Sem poder transformar o seu destino.
Fico triste se vejo um nordestino,
Que podia talvez ser meu parente,
Vir pra cá pra virar um indigente,
Um ladrão, um maluco ou um bandido...
Imagine o Brasil ser dividido
E o Nordeste ficar independente.
Se houver essa tal separação,
Através de um acordo ou de um tratado,
O Brasil se verá desobrigado
De ampliar essa imensa região.
E o Nordeste será uma nação
Mais vistosa, mais rica e mais contente,
Sem ninguém que lhe humilhe ou lhe sustente,
Sem um pai, um patrão ou um marido...
Imagine o Brasil ser dividido
E o Nordeste ficar independente.
Eu não quero com isso que vocês
Imaginem que eu possa ser grosseiro,
Pois se lembrem que o povo brasileiro
É amigo do povo português.
Se um dia a separação se fez,
Esses dois se respeitam no presente
E se isso já deu certo antigamente ,
Neste exemplo concreto e conhecido,
Imagine o Brasil ser dividido
E o Nordeste ficar independente.
Se isso aí se tornar realidade
E alguém do Brasil nos visitar,
Neste nosso país vai encontrar
Confiança, respeito e amizade!
Tem o pão repartido na metade,
Tem o prato na mesa, a cama quente.
Brasileiro será irmão da gente,
Venha cá, que será bem recebido.
Imagine o Brasil ser dividido
E o Nordeste ficar independente.
(Enviado
por RA)