Por Pedro Otávio Oliveira
Em uma época onde as mídias sociais ainda nem tinha os seus primeiros suspiros e a internet não passava de um termo nunca ouvido e estranho, a comunicação era por meio das cartas,
telegramas ou pela Companhia TELERN que tinha seus postos na cidade, com Lolete Lacerda, Neide Oliveira, Dalva Cabral, Raimunda, Ilná e Eurli como funcionárias. Sem a interferência de qualquer aparato como esse, a amizade imperava, o calor humano da convivência era o que unia os amigos e vizinhos. A vida modorrenta da pequena cidade interiorana não tinha muito atrativo, senão as festas e matinês no Clube Municipal ou AABB e filmes no Cine Teatro Pedro Amorim, como Jesuíno Brilhante, Dio Come Ti Amo, Candelabro Italiano.
A efervescência política, cultural e os acontecimentos sociais tinham maior destaque no centro da cidade que resumia-se nas poucas artérias, no quadro da Igreja, na Praça do Rosário e na rua mais habitada: a Manoel Montenegro. Em um tempo que não havia placas para indicar o nome delas, a referência lograva a denominação de cada uma: Rua das Flores, das Hortas, dos Paus, da Palha, Beco do Padre, do Cemitério, de Nila, da Pharmacia, de Abdias. Mas depois deram nomes de figuras importantes para as antigas ruas sem identificação: Rua Siqueira Campos, Deodoro da Fonseca, Floriano Peixoto.
Os viventes e testemunhas daquele inesquecível tempo podem provar os nomes anteriores a Manoel Montenegro, que foi uma homenagem àquele inesquecível político que, por 13 anos, foi prefeito municipal e residente da mesma rua. Celso da Silveira, que nasceu no “castelo” de seus pais, afirma em prosa e verso, no seu primeiro livro: “26 Poemas do Menino Grande” que “só porque não me consultaram, as ruas perderam os seus nomes bonitos e o prestígio, e a cidade a sua tradição!”. Ao relembrar a paisagem humana daquela rua, ou seja, os seus moradores, deparo-me com uma cena com ressábios de luxúria, podendo ainda ter conhecido muitas daquelas figuras amigas.
Ao começar pela esquina com a Avenida Senador João Câmara, do lado do poente, tinha a loja Charmant, de Aurinha, que, à época, era um empreendimento para vender artigos de decoração, cama, mesa e banho.
O alfaiate que fez o terno do casamento de meu avô morava ali também, Pedro Rodolfo França, com sua esposa D. Helena e sua família.
telegramas ou pela Companhia TELERN que tinha seus postos na cidade, com Lolete Lacerda, Neide Oliveira, Dalva Cabral, Raimunda, Ilná e Eurli como funcionárias. Sem a interferência de qualquer aparato como esse, a amizade imperava, o calor humano da convivência era o que unia os amigos e vizinhos. A vida modorrenta da pequena cidade interiorana não tinha muito atrativo, senão as festas e matinês no Clube Municipal ou AABB e filmes no Cine Teatro Pedro Amorim, como Jesuíno Brilhante, Dio Come Ti Amo, Candelabro Italiano.
A efervescência política, cultural e os acontecimentos sociais tinham maior destaque no centro da cidade que resumia-se nas poucas artérias, no quadro da Igreja, na Praça do Rosário e na rua mais habitada: a Manoel Montenegro. Em um tempo que não havia placas para indicar o nome delas, a referência lograva a denominação de cada uma: Rua das Flores, das Hortas, dos Paus, da Palha, Beco do Padre, do Cemitério, de Nila, da Pharmacia, de Abdias. Mas depois deram nomes de figuras importantes para as antigas ruas sem identificação: Rua Siqueira Campos, Deodoro da Fonseca, Floriano Peixoto.
Os viventes e testemunhas daquele inesquecível tempo podem provar os nomes anteriores a Manoel Montenegro, que foi uma homenagem àquele inesquecível político que, por 13 anos, foi prefeito municipal e residente da mesma rua. Celso da Silveira, que nasceu no “castelo” de seus pais, afirma em prosa e verso, no seu primeiro livro: “26 Poemas do Menino Grande” que “só porque não me consultaram, as ruas perderam os seus nomes bonitos e o prestígio, e a cidade a sua tradição!”. Ao relembrar a paisagem humana daquela rua, ou seja, os seus moradores, deparo-me com uma cena com ressábios de luxúria, podendo ainda ter conhecido muitas daquelas figuras amigas.
Ao começar pela esquina com a Avenida Senador João Câmara, do lado do poente, tinha a loja Charmant, de Aurinha, que, à época, era um empreendimento para vender artigos de decoração, cama, mesa e banho.
O alfaiate que fez o terno do casamento de meu avô morava ali também, Pedro Rodolfo França, com sua esposa D. Helena e sua família.
Um funcionário da antiga “Mesa de Renda”, em Macau, Santos Lima e sua esposa D. Raimundinha moravam na casa vizinha; que também morou Belídson Dias e Emília Soares, Geraldo Morais e D. Maria Lessa e família.
O proprietário da casa vizinha era o Sr. José Teotônio de Melo, da qual foram inquilinos Fernando Souza (filho de Chico Celestino e Maria Quirino) e José de Deus e Nildinha Mendes.
Nessa casa havia morado um sargento da polícia chamado José Jacob Pereira. Após seu falecimento continuaram morando sua esposa Clotilde (Tudinha) e sua filha Iolanda (Ió).
O Coronel Pedro Jacob era pai do sargento e morava na casa vizinha com sua esposa Chiquinha. Havia na fachada daquela casa uma inscrição desconhecida por todos: “VSF”. O comerciante Pedro Kefffas Oliveira (Pedro da Farmácia), sua esposa Mundinha e a prole de nove filhos também residiram na mesma casa.
Adroaldo Macêdo, D. Claudina e suas filhas residiram por um curto tempo na casa que depois fora vendida ao casal Sr. Piloto e D. Chiquinha.
A professora Aurora Vieira (Lalá), sua mãe Zefinha e seu primo Louro, com a presença diária de uma figura folclórica chamada “João Perdido”. Também morou ali D. Maria Galego.
A casa era de D. Calú Freire que vendeu a Francisquinho e Zulmira, os pais da cabelereira Lilita Dias, que na mesma casa estabeleceu seu salão de beleza para receber as lindas mulheres assuenses, inclusive, a conterrânea radicada no Rio de Janeiro, Núbia Lafayette.
Vizinho, morava a família do casal Tico-Tico e Vicência.
Por coincidência, ao lado, tinha outra Vicência, mas seu marido era Sr. João.
Dentre essas personalidades inigualáveis, tinha o rábula Dr. Lou – João Marcolino de Vasconcelos e Engrácia.
O casal que fornecia leite para a vizinhança, Sr. Lair e D. Palmira, também moravam lá com a filha Maria Helena e irmã Noêmia.
João Vicente e D. Buguinha, os pais de Francisquinha que depois residiu na mesma casa com sua família.
A costureira e bordadeira Maria das Vitórias Wanderley.
Sr. Eduardo Wanderley e D. Milu, sua esposa. O então prefeito Walter de Sá Leitão, com sua esposa D. Dilina e os filhos.
Residiu ali também o agropecuarista Zequinha Pinheiro e sua esposa D. Lília. Após a mudança deles para o Rio de Janeiro, a casa foi reformada e passaram a morar lá Lauro Leite, D. Elita e filhas. Maria Olímpia Oliveira (Maroquinha) passou uma temporada de 1968 na mesma casa. O ex- gerente do Banco do Brasil Antônio Pereira e D. Maria Neide, bem como o ex-prefeito Walter de Sá Leitão também residiram lá com suas famílias. Por fim, o dentista José Mariano da Fonseca, sua esposa Socorro Leite e filhos.
Manoel Chicó era o proprietário. Sr. Vicente Avelino e D. Nila Oliveira foram os primeiros moradores da casa, após a saída do proprietário. Depois chegou a família de Heitor Cabral e, por fim, os irmãos Beltrão, Maria Helena e Verônica.
O médico e ex-prefeito Ezequiel Epaminondas da Fonseca Filho também residiu ali e proporcionou indeléveis momentos políticos.
O principal trampolim político era a imponente residência do médico e líder político, primeiro prefeito constitucional, Dr. Pedro Soares de Araújo Amorim e sua esposa Maria Beatriz Montenegro Amorim; esta era tia de Edgard Borges Montenegro, que com sua esposa D. Maria Auxiliadora e filhos foram os sucessores.
Na esquina com o “beco” de Dr. Amorim, estava a casa onde funcionou no ano de 1884 o Teatro São José, dando continuidade à rua. Naquela casa residiu o Coronel Antônio Germano da Silveira e, posteriormente, o seu genro Sandoval Martins de Paiva e sua filha Maria Edite Germano com os filhos.
O Sr. José Cabral, homem alto, muito magro e esguio morava logo após.
Vizinho a ele, residia o Sr. Geraldo Dantas, funcionário do Banco do Brasil e figura de destaque nos carnavais como Rei Momo “vitalício”, com sua esposa D. Judilita Tavares e filhos.
Fernando Tavares, fazendeiro, agropecuarista do tempo do “império do algodão e cera de carnaúba” bem sucedido residia naquela casa com sua esposa D. Celeste e seus doze filhos. Vem-Vem também recebeu ali importantes figuras, inclusive, seu compadre e amigo Dix-Sept Rosado, com quem, no brutal acidente, faleceram juntos.
Naquela casa, que também era de Sr. Vem-Vem, moraram os filhos solteiros dele e, por último, seu genro Edmilson Caldas e sua filha Gelza com os filhos.
O atual patrono da rua, Manoel Pessoa Montenegro, morava com sua esposa D. Maria (Marieta) Lacerda e seus filhos. Em Nova Parnamirm, existe uma referenciada avenida da qual D. Maria Lacerda é patrona. Posteriormente, João Batista Lacerda Montenegro (filho do casal), sua esposa Lourdinha e filhos moraram na mesma casa.
O Juiz de Direito Dr. Pedro Viana morava vizinho. Depois, José Montenegro e a família residiu lá.
Por um curto tempo, a família do comerciante Chico Celestino e D. Maria Quirino morava vizinho. Após a saída deles, chegou Araci Bezerra.
Também morava nessa rua uma pessoa de apelido Bioto, que era motorista de Antônio Niquinha.
Ewerton Bezerra, sua esposa D. Izalmir e filhos moraram vizinho. Após eles, chegou a família de Agenor Cacho Galliza e Aparecida (Cidinha) Torres Galliza, do Cartório.
José Camilo e D. Benigna Machado também moraram com sua família.
Vizinho a eles, estava a família de Edinor Machado e D. Letícia Bezerra.
Naquela casa residiu uma figura inesquecível do Assu religioso: o sacristão Antônio Félix e sua esposa D. Maria Madalena. Continuou lá a família de sua filha D. Maria Heloísa e o esposo Sr. Chico de Ernesto. Houve um acontecimento inusitado que foi o casamento de dois pedintes: "Castanha Chôcha e Cachorrinha de Borracha", e a casa de Sr. Antônio Félix serviu para a arrumação da noiva.
Além de Chico Celestino e D. Maria Quirino que também morou na casa vizinha, teve Mazinho (funcionário do Banco do Brasil) e sua esposa Salete Soares.
Essa casa era desabitada, de propriedade dos Soares de Macêdo, mas Maria Clara Oliveira (Maria Carteiro), mãe de Pedro da Farmácia, também morou lá.
Denotando luxo e riqueza, fazendo jus a sua denominação, o “Castelo” abrigou várias famílias, dentre elas: a de Enéias Caldas e D. Neófita, pais de Renato Caldas, lugar onde ele nasceu; a de João Celso Filho e D. Maria Leocádia de Medeiros Furtado da Silveira, época de muita fartura e alegria naquele sobrado, também nasceram lá os filhos do casal; e a de Abel Fonseca e D. Iracema Borges. Dolores da Silveira, filha de João Celso Filho, conta em seu livro que no porão havia muitos malões de frutas que eram colhidas no Camelo, fazenda de sua família.
Vizinho a eles morava Sr. Pedro Adelino e família.
Seguido de Francisco (Chico) Morais e Dulce Sá Leitão.
Na descida para o Macapá, era a casa de Augusto Sá Leitão (de Lula) e D. Maria Laura. Tinha o “beco” dividindo e, logo na esquina, a casa do imortal João Lins Caldas, onde ele desfrutava de sua solidão.
Do lado do nascente, na esquina com a Senador João Câmara, era a Limeira. Depois, a Farmácia Continental de José Diógenes.
Descendo a Manoel Montenegro, chegava à Igreja Católica Apostólica Brasileira, que tinha como bispo Dom Alexandre Martins de Carvalho, conhecido como Xandu, residente na Praça do Rosário.
O Supermercado de David Know e Aline Madruga, grandes entusiastas da safra do melão.
O casal Cristóvão Tavares (Totó) e D. Sebastiana (Sebasta) moravam com sua família. Vale ainda ressaltar a figura de seu filho João Crisóstomo, dramaturgo, professor, técnico em datilografia.
Na esquina do “beco da prefeitura” era a casa de Francisco Ximenes e Francisca Dias, que depois fora vendida a Lico Moreira e Dinah.
Do outro lado era instalada o posto da TELERN, que servia aos beneficiários do centro.
A garagem da prefeitura abrigava o carro Veraneio.
A casa e armarinho de Cícero França e D. Consuelo e família.
Duas irmãs Iracema e Giselda Wanderley residiram lá, bem como João Batista Mafaldo e Laurita Leite, D. Nila Oliveira.
Ainda residindo no Rio de Janeiro, Zequinha Pinheiro iniciou a construção de sua casa preparando-se para o seu regresso em 1951. Depois a casa fora alugada ao Tenente Adilson e sua esposa, a professora Zélia Chediak. O odontólogo Dr. Bevenuto Gonçalves e Gracinha estabeleceram consultório e residiram lá. Após um tempo, Salete e José Nazareno, sobrinhos dos proprietários, retornaram.
Existia a Torrefação do Sr. José Dias da Costa e D. Anita Caldas.
A casa de Sr. Galego e D. Quena.
A casa do proprietário da loja Varieté, Manoel Rodrigues Peixoto e D. Auta e família.
A casa e mercearia de Chico Batista.
O inventor do primeiro nome dessa rua foi, sem dúvida, um indivíduo com a visão fixada na posteridade. Pensou nas flores no sentido real e figurado: haviam muitas flores cultivadas por velhos moradores; as flores mais importantes e destacadas foram as formidáveis criaturas que residiram nessa distinta artéria de nossa terra. Famílias multiplicaram sua descendência, comércios obtiveram prosperidade, amizades foram laçadas e cada vez mais tornaram-se firmes. Salve a Rua das Flores, Siqueira Campos, Floriano Peixoto, Manoel Montenegro! Salve os seus moradores!
Por Pedro Otávio Oliveira
(Neto de Pedro da Farmácia, residente da Manoel Montenegro)