domingo, 24 de maio de 2020

Se tive sonhos pra encontrar o mundo! Tenho lágrimas pra afogar a terra!

Escreveu João Lins Caldas na sua angustia,


Traíra e putativa
Dois Mestre do desafio

Um vive solto na mata
O outro dentro do Rio
Dois poetas respeitados
Que o mundo inteiro aplaudiu.


Enviado pelo Poeta Henrique do papelão, Assu-Rn

sábado, 23 de maio de 2020

ESTÓRIAS DE CANTADOR

O poeta cantador de viola/cordelista Francisco Agripino de Alcaniz, ou simplesmente “Chico Traíra” era natural de Sacramento, atual Ipanguaçu, importante município do Rio Grande do Norte (lugar fundado por meu terceiro avô Luiz Lucas Lins Caldas que era Major da Guarda Nacional) e assuense por opção e escolha, onde viveu grande parte de sua vida de boêmio e repentista. Pois bem. Certo dia, Traira (nome de peixe de água doce muito comum nos rios, lagoas e açudes da terra nordestina) viajando em cima da carroceria de caminhão com destino a cidade de Macau, em companhia do amigo e igualmente cantador de viola "Patativa" (nome de de pássaro de canto melódico e suave), ouviu Patativa reclamar dos baculejos em razão da trepidante estrada esburacada, a seguinte frase: “Chico, sinto que a nossa viagem não vai ser muito sublime!” – Chico Traíra pegou na deixa, dizendo os versos no melhor de sua criatividade poética:
Se o amigo não está
Achando a viagem boa
Você é pássaro, eu sou peixe
Eu mergulho e você voa
Você volta para o ninho
E eu volto à minha lagoa.
De outra feita, na cidade de Areia Branca, viola afinada, cantando com outro afamado violeiro chamado Manoel Calixto, cantoria realizada na casa de um amigo, Chico fora desafiado por Calixto com a seguinte estrofe:
Aviso ao dono da casa
Que não vá fazer asneira
Tenha cuidado em Traira
Que ele tem uma coceira
Se não quiser que ela pegue
De manhã queime a cadeira.
Chico retrucou:
Você é que tem coceira
Dessas que rebenta a calça
Está tomando por dia
Dezoito banhos de salsa
Quando a coceira se dana
Num dia acaba uma calça.
Certa vez, o mestre Câmara Cascudo, "o escritor potiguar mais conhecido no mundo", recebia homenagem da UFRN. Chico fazia presente naquela ocasião, a convite daquela universidade. Dentro da programação Chico com sua viola em punho, versejou parara aplausos dos circunstantes:
Eis o doutor Cascudinho.
Que valoroso tesouro!
Lá no sertão também tem,
Cascudo, aranha e besouro.
Os de lá não valem nada.
Mas este aqui vale ouro.
(Postado por Fernando Caldas)

sexta-feira, 22 de maio de 2020

O transporte mais rápido para a praia da "redinha" nos anos 60.
Andou, andou, e não achou a sabedoria. Tão simples, onde ela estava. Ser bom e mais nada.

Caldas, pensador potiguar
UM REGISTRO PESSOAL

Rua da Conceição, uma das primeiras ruas da Cidade Alta, bairro de centro, de Natal. Tive eu, o privilégio de ter morado na segunda casa da direita para esquerda, se não me falha a memória, número 113, quando em Natal cheguei para estudar o colegial no Atheneu, em 1974. Naquela casa, no meu tempo, funcionava um pensionato. Muitos de meus conterrâneos passaram por lá. A casa fica de frente ao Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte. Na fotografia podemos conferir a esquerda, a casa onde morou Café Filho - casa de esquina - único Norte Rio-grandense, natalense a assumir a presidência da República, em 1954, em razão da morte de Getúlio Vargas. Hoje, funciona um museu que leva o seu nome. Saudades daqueles velhos tempos de estudante. 

Afinal, tive eu, o privilégio de ter morado numa das mais importantes ruas da capital potiguar. Fica o registro e dou fé. 



A imagem pode conter: atividades ao ar livre
18/05: HOJE É DIA INTERNACIONAL DOS MUSEUS.
O museu tem um grande valor cultural para preservar a memória de um povo, de uma cidade.
Além de resgatar peças raras e valiosas, contribui com fatos históricos.
É importante para projetos pedagógicos. Visite um museu.
Cheguei em Campina Grande
Fiz uma visitação,
Fiquei emocionado
Fui ao Museu do Algodão,
Ouro Branco era riqueza
Povo feliz com certeza,
Matuto do meu torrão.
Poeta Marcos Calaça, no Museu do Algodão, Campina Grande PB.
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quinta-feira, 21 de maio de 2020

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 A VINGANÇA

Fabrício Neto

A vingança
é a destruição
do espírito.

Ela magoa,
injuría e tortura,
em provocações
íntimas,
para poder se manter
sempre acessa,
no coração torpe
que a agasalha.
Em seu caminhar
de desespero e mentira.
De embuste calunia e
difamação.
Ela despreza por maldade,
insulta, por crueldade,
apavora, pela ameaça e
fere, pelo prazer.
Amedronta, destrói.
Não conquista,
assassina.
Ela confunde
a própria razão e,
em sua fúria,
conduz a loucura.
Ela envenena
a beleza do viver.
Propícia a melancolia,
a tristeza e a solidão.
É, em si mesma,
a própria destruição.


GARÇA DO PATAXÓ / IPANGUAÇU-RN

LEMBRANÇAS DA TELERN

quarta-feira, 20 de maio de 2020

ALGODÃO: ANTIGA RIQUEZA DO MEU TORRÃO
O NOSSO OURO BRANCO
-O algodão era o ouro branco do sertão, a galinha dos ovos de ouro do homem do campo;
-Os ‘apanhadores’ de algodão saíam bem cedinho com o bisaco e o cabaço com água;
-A unidade de medida era a arroba, 15 quilos;
-Alguns produtores, entre centenas, como Mulatinho, Chico Câmara, José Carneiro, Ranulfo Costa, Chico Rufino, Teodoro Ernesto, Antônio Félix, Segundo Veríssimo e outros, vendiam o algodão nas duas usinas locais ou na usina de São Miguel (Fernando Pedroza RN), aos galegos ingleses.
-O comércio era grande, muitos agricultores tinham imensos armazéns no centro da cidade para armazenar essa riqueza.
-Circulava muito dinheiro e o município tinha quase 14 mil habitantes.
-E hoje, o algodão esquecido no seio da caatinga, a sua presença é apenas o testemunho que faz brotar na lembrança a sentença de um tempo que não volta mais.
Marcos Calaça é professor, poeta matuto e cordelista.
FOTO: Caminhão do senhor Chico Rufino carregado de algodão
Década de 70. Motorista: Chico Honorato, o primeiro da esquerda.

"A Boite Hippie Drive In"

A Boite Hippie Drive In representou nos anos 60/70 uma revolução no ambiente de curtição em Natal. O Hippie era localizado na então longínqua “Estrada de Ponta Negra” (atual Av. Roberto Freire), nas imediações do atual “Sea Way”. De quinta a domingo havia festa. A condução musical no dancing era feita pelas melhores bandas de rock da cidade, além dos Infernais, lá tocaram: Os Gênios, Alerta Cinco, Os Primos, Os Vândalos, Os Terríveis, The Jetsons, Os Milionários e Impacto Cinco. A classe universitária emergente predominava no ambiente, mas a faixa etária era diversificada. (Texto e fotos compactados do livro "Natal do Século XX")
Postado por Fernando Caldas

terça-feira, 12 de maio de 2020


CHICO E CHICA

Por Renato Caldas
 
Sinha môça, eu conto um fato
De chico ôio de gato
E chica Passarinheira:
Ele, vendia missanga,
Pó de arroz e burundanga;
Era mascate de feira.
Chiquinha, uma roceira
Disposta e trabaiadeira...
Pegava os pásso e vendia.
Porém, tinha um priquito
Muito mansinho e bonito
Qui ela, vendê num queria.

Chico, toda menhanzinha,
Ia a casa de Chiquinha
Já cum mardósa intenção...
Na cunversa qui travaram,
Os óios, se encontraram:...
Tibungo, no coração.

Chico môço da cidade
Cunversa de verdade,
Dotô em tufularia,
Foi devagá se chegando,
Passando a mão alisando
E o priquitinho cedía
O bicho se arrupiava...
Ela, calada deixava,
Gostava daquele trato.
Nisso o amô pôz a canga!
Pôi-se a brincar cum a missanga
De Chico Oio de Gato.
Um brincando, outro alizando
E a missanga amariando
Nisso, um gritinho se ôviu.
Num é qui o priquito-rico,
Teve fome e abriu o bico...
Bufo - a missanga engoliu.

Chico mudô de caminho!
O verde priquitinho
Bateu asas e avuô...
E Chica Passarinheira,
Tá sôrta na buraqueira...
Inté o nome mudô.

domingo, 10 de maio de 2020

PELO DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA Se Guilherme de Almeida escreveu 'Raça', em 1925, uma obra literária “que tem como tema a gênese da na...