segunda-feira, 13 de maio de 2013


A BUSCA PELA TRIPULAÇÃO DA B-24 PERDIDA NA AMAZÔNIA

Um B-24 decolando, visão comum em Parnamirim Field
Um B-24 decolando, visão comum em Parnamirim Field
O RESGATE NA DÉCADA DE 1990 
Quando, finalmente, em janeiro de 1943, o presidente Roosevelt convenceu Getúlio Vargas a entrar na guerra, este firmou um contrato que cedia bases no nordeste e norte do país às forças americanas em troca de uma usina siderúrgica (CSN) de última geração a ser instalada em Volta Redonda, RJ. O que se seguiu foi uma intensa construção de bases operacionais em Belém, Fortaleza, Natal, Recife, Salvador e Ilhéus com um afluxo imenso de militares americanos apoiando aeronaves que fariam a travessia do Atlântico rumo à África e à guerra no norte daquele continente.
Essa inusitada invasão de militares estrangeiros suscitou a criação de várias estórias relacionadas ao choque cultural de duas nações com costumes tão diferentes. Conta-se até que o termo forró nasceu dessa convivência forçada. Registrou-se que militares instalados em Pernambuco para construir a Base de Recife, promoviam bailes abertos ao público, ou seja, for all. Assim, o termo passaria a ser pronunciado “forró” pelos nordestinos. Nada comprovado, no entanto. Outra consequência quase natural de tantas aeronaves de guerra sobrevoando as regiões norte e nordeste, foram os acidentes aéreos.
Consolidated B-24 “Liberator” era o bombardeiro americano de maior produção que qualquer outro avião americano durante a Segunda Guerra Mundial, e foi usado pela maioria dos Aliados durante o conflito. Era um bombardeiro pesado desenhado especialmente para voos de longa distância, tinha capacidade de levar 5800 quilos de bombas e era guarnecido por dez tripulantes. Grande número dessas aeronaves compôs as esquadrilhas que faziam pousos no Brasil para depois atravessar o Atlântico. Assim, as 09:15 da manhã do dia 11 de abril de 1944 a aeronave B-24 “Liberator” número de série 42-95064 da USAAF solicitou ao centro de controle de Belém, informações sobre as condições meteorológicas. Foi a última comunicação que fez, nada mais se soube dela durante 51 anos.
Local da queda de uma aeronave na selva. Dependendo da situação geográfica do local, os destroços podem demorar anos, ou jamis serem encontrados
Local da queda de uma aeronave na selva. Dependendo da situação geográfica do local, os destroços podem demorar anos, ou jamis serem encontrados
Os Estados Unidos mantêm um órgão destinado a identificar restos mortais de seus soldados considerados desaparecidos em combate e procurar os possíveis parentes desses militares mortos. Esse órgão, Laboratório Central de Identificação do Exército  no Havaí (CILHI), já identificou milhares de soldados desaparecidos – especialmente do Vietnã – a partir mesmo de restos mortais diminutos, após um processo que envolve longas horas de análise científica e emprego da técnica de DNA. Pois, no ano de 1990, o CILHI recebeu informações que uma equipe de militares da FAB havia encontrado destroços de uma aeronave B-24 em uma área desabitada, isolada da floresta amazônica. Deslocou então 15 homens do exército para, juntamente com militares brasileiros, fazer a identificação da aeronave e, se possível, recolher restos mortais dos tripulantes.
Uma equipe da FAB ajudou os pesquisadores CILHI durante um esforço de recuperação de três semanas em uma área de densa floresta cerca de 50 milhas a nordeste do rio Amazonas próxima à cidade de Macapá, localizada cerca de 250 quilômetros a noroeste do destino do avião, Belém. Inicialmente os pesquisadores encontraram dois conjuntos de “dog tags” (plaquetas de identificação que os militares trazem penduradas no pescoço) e numerosos fragmentos de ossos no local.
Uma B-24 sobre a selva amazônica em direção a Belém e depois Natal
Uma B-24 sobre a selva amazônica em direção a Belém e depois Natal
Ficou patente, pelas condições dos fragmentos da aeronave, que todos os 10 tripulantes morreram na queda, não havia sinais que indicassem alguma possível sobrevivência. Duas semanas de escavação no local do acidente não acrescentou nada ao que já se tinha descoberto. Contudo, depois terem escavado vários metros de profundidade e estarem começando a perder a esperança, eles começaram a encontrar ossos, anéis e “dog tags” com nomes e as patentes escritas sobre eles.
Onde o avião caiu um investigador encontrou uma carteira, e outro teria encontrado várias notas de dólar de 1944, concluiu-se que o impacto de alta velocidade da queda significava que pouco restou da aeronave. E a maior parte dos destroços – espalhados por uma vasta área e em repouso por 51 anos – nunca serão recuperados. Depois de três semanas, a equipe recuperou os restos mortais de todos os 10 tripulantes e realizou um serviço cerimonial para a tripulação em Macapá, capital do Amapá e, em seguida, os restos foram levados para os EUA.
Em pouco tempo, mais tarde, os peritos forenses CILHI confirmaram que os restos mortais eram, de fato, da tripulação do “Liberator” 42-95064.
Túmulo dos aviadores mortos na amazônia
Túmulo dos aviadores mortos na amazônia
Os tripulantes foram identificados como sendo:
1 – Segundo tenente Edward I. Bares, piloto;
2 – Segundo tenente Robert W. Pearman, co-piloto;
3 – Segundo tenente Laurel C. Stevens, bombardeador;
4 – Primeiro tenente Floyd D. Kyte Jr., navegador;
5 – Sargento John Rocasey, artilheiro do nariz da aeronave;
6 – Sargento John E. Leitch, engenheiro de voo;
7 – Sargento. Michael Prasol, artilheiro de cauda;
8 – Sargento Herman Smith, artilheiro do ventre;
9 – Sargento Max C. McGilvrey, artilheiro da torre superior;
10 – Sargento Harry N. Furman, operador de rádio (substituto não registrado como tripulante efetivo).
O desconhecido Harry N. Furman não faz parte da tripulação original do avião, provavelmente substituiu o operador de rádio Sargento Abe Pastor, no vôo fatídico. O destino de Pastor é desconhecido. “É provável que o chefe da equipe de terra pode muito bem ter substituído um dos tripulantes, que teria ido por mar”, disse Kevin Welch, um veterano B-24. “Às vezes, algumas posições eram operadas por tripulantes não-membros”.
Os restos da tripulação foram enterrados no Cemitério Nacional de Arlington, Washington, no dia 20 de fevereiro de 1995. JAIR, Floripa, 04/05/12.
Dados sobre essa matéria podem ser encontrados nos saites:
Autor – Jair C. Lopes

domingo, 12 de maio de 2013

Dia das mães

"Mãe! eu volto a te ver na antiga sala 
onde uma noite te deixei sem fala 
dizendo adeus como quem vai morrer. 
E me viste sumir pela neblina, 
porque a sina das mães é esta sina: 
amar, cuidar, criar, depois... perder. 
Perder o filho é como achar a morte. 
Perder o filho quando, grande e forte, 
já podia ampará-la e compensá-la. 
Mas nesse instante uma mulher bonita, 
sorrindo, o rouba, e a avelha mãe aflita 
ainda se volta para abençoá-la 

Assim parti, e nos abençoaste. 
Fui esquecer o bem que me ensinaste, 
fui para o mundo me deseducar. 
E tu ficaste num silêncio frio, 
olhando o leito que eu deixei vazio, 
cantando uma cantiga de ninar. 

Hoje volto coberto de poeira 
e te encontro quietinha na cadeira, 
a cabeça pendida sobre o peito. 
Quero beijar-te a fronte, e não me atrevo. 
Quero acordar-te, mas não sei se devo, 
não sinto que me caiba este direito. 

O direito de dar-te este desgosto, 
de te mostrar nas rugas do meu rosto 
toda a miséria que me aconteceu. 
E quando vires e expressão horrível 
da minha máscara irreconhecível, 
minha voz rouca murmurar: ''Sou eu!" 

Eu bebi na taberna dos cretinos, 
eu brandi o punhal dos assassinos, 
eu andei pelo braço dos canalhas. 
Eu fui jogral em todas as comédias, 
eu fui vilão em todas as tragédias, 
eu fui covarde em todas as batalhas. 

Eu te esqueci: as mães são esquecidas. 
Vivi a vida, vivi muitas vidas, 
e só agora, quando chego ao fim, 
traído pela última esperança, 
e só agora quando a dor me alcança 
lembro quem nunca se esqueceu de mim. 

Não! Eu devo voltar, ser esquecido. 
Mas que foi? De repente ouço um ruído; 
a cadeira rangeu; é tarde agora! 
Minha mãe se levanta abrindo os braços 
e, me envolvendo num milhão de abraços, 
rendendo graças, diz: "Meu filho!", e chora. 

E chora e treme como fala e ri, 
e parece que Deus entrou aqui, 
em vez de o último dos condenados. 
E o seu pranto rolando em minha face 
quase é como se o Céu me perdoasse, 
me limpasse de todos os pecados. 

Mãe! Nos teus braços eu me transfiguro. 
Lembro que fui criança, que fui puro. 
Sim, tenho mãe! E esta ventura é tanta 
que eu compreendo o que significa: 
o filho é pobre, mas a mãe é rica! 
O filho é homem, mas a mãe é santa! 

Santa que eu fiz envelhecer sofrendo, 
mas que me beija como agradecendo 
toda a dor que por mim lhe foi causada. 
Dos mundos onde andei nada te trouxe, 
mas tu me olhas num olhar tão doce 
que , nada tendo, não te falta nada. 

Dia das Mães! É o dia da bondade 
maior que todo o mal da humanidade 
purificada num amor fecundo. 
Por mais que o homem seja um mesquinho, 
enquanto a Mãe cantar junto a um bercinho 
cantará a esperança para o mundo!"

CANGACEIRO ESPERANÇA : SUA PRISÃO E SUA HERANÇA

Desenho de Ronald Guimarães - http://www.ronald.com.br
Desenho de Ronald Guimarães – http://www.ronald.com.br
O AMIGO E PESQUISADOR JOÃO DE SOUZA LIMA, GRANDE FIGURA DA CIDADE BAIANA DE PAULO AFONSO, APRESENTA A HISTÓRIA DE UMA DAS MUITAS FIGURAS DO“ESTRANHO MUNDO DOS CANGACEIROS”
A fazenda Quirino, no povoado São Francisco, Macururé, Bahia, era um  dos coitos do bando de Lampião e principalmente reduto dos cangaceiros nascidos entre Macururé, Brejo do Burgo, Santo Antonio da Glória  e Chorrochó. Entre eles Gavião, Azulão, Esperança, Cocada, Zé Sereno, Zé Baiano e Gato.  No povoado São Francisco a mãe de Esperança, dona Andressa, tinha terras por lá, porém ela residia na Várzea da Ema. O comandante de volante que destacava na Várzea da Ema era Antonio Justiniano e dois dos soldados que ele comandava eram irmãos de Esperança: Vicente, apelidado de Medalha e Ananias.
Izidoro, João Lima e José Pororô. Sobrinhos de Esperança abraçando o escritor João de Sousa Lima.
Izidoro, João Lima e José Pororô. Sobrinhos de Esperança abraçando o escritor João de Sousa Lima.
A fazenda Quirino pertencia a Ludugero, tio do cangaceiro Esperança.
Esperança, Cocada, Pancada e Gavião, encontravam-se acoitados próximo ao sítio Quirino. Dentro de um cercado os cangaceiros catavam imbu quando chegou o dono do terreno e Cocada o prendeu e depois o soltou. O sertanejo correu e foi avisar policia do encontro que teve com os cangaceiros.
Punhal e colher de prata do cangaceiro Esperança
Punhal e colher de prata do cangaceiro Esperança
Dona Andressa sempre que precisava ir ver suas criações no São Francisco tinha que pedir autorização ao comandante do destacamento e foi em uma dessas viagens que ela travou diálogo com o contratado Reginaldo que lhe sugeriu pedir para que Esperança se entregasse que nada lhe aconteceria, de preferência que ele trouxesse a cabeça de um companheiro que sua vida tava garantida. Andressa levou o recado ao filho que mesmo relutante acabou cedendo aos apelos da querida mãe. Reginaldo mandou roupas novas de mescla azul para Esperança. O cangaceiro ainda relutante disse a mãe que não tinha coragem de se entregar e a mãe saiu triste.
João e Jovelina Barbosa,  irmã do cangaceiro Azulão, povoado São Francisco
João e Jovelina Barbosa, irmã do cangaceiro Azulão, povoado São Francisco
Era março de 1933, no coito encontrava-se Esperança, Cocada, Gavião e Pancada.  Esperança chamou Cocada para irem pegar água em um caldeirão ali próximo. Os dois seguiram na direção do caldeirão. Diante quando chegaram ao caldeirão sentaram-se e ficaram conversando. Cocada limpou sua arma e depois pediu a arma do amigo para ele limpar e Cocada entregou seu mosquetão. Esperança limpou, colocou uma bala na agulha e detonou. O cangaceiro com o impacto do tiro caiu uns dois metros de distância e sem saber de onde tinha partido o disparo pediu socorro:
- Me acode Esperança, não deixe os “MACACOS” me matar!
Esperança pegou o facão da marca jacaré, partiu na direção do moribundo e o degolou ainda com vida. Pegou os bornais, armas, a cabeça do cangaceiro e foi se entregar a policia. Na Várzea da Ema ele se entregou  as autoridades, contou detalhes da morte que fez, denunciou os coitos dos cangaceiros na região.
Cabeça do Cangaceiro Cocada,morto por Esperança
Cabeça do Cangaceiro Cocada,morto por Esperança
Com dez dias  depois  foi encaminhado para a cidade de Uauá, onde o capitão Manoel Campos de Menezes que o livrou da prisão e o incorporou na volante policial do tenente Santinho como contratado . Ficou sendo o corneteiro do grupo. Trabalhou em Jeremoabo e faleceu tempos depois na cidade de Juazeiro, Bahia.
AINDA NA PRISÃO EM VÁRZEA DA EMA. 
O cangaceiro Esperança quando preso, já atendendo agora por Mamede, seu nome real, encontrou o com o jovem sobrinho José  Gonçalves Varjão, apelidado de Pororô e lhe confidenciou que na frondosa árvore lateral a casa de sua família, enterrado próximo ao seu tronco, tinha um material guardado e que ele tirasse e entregasse a seu pai. Pororô procurou ao redor da árvore mais diante da pouca idade não encontrou forças para continuar a empreitada de escavação no duro chão de cascalhos. O tempo passou, Pororô cresceu e retornando certo dia de uma caçada, quando se aproximava de sua velha residência, viu quando seu cachorro passou acuando um preá, o cachorro parou próximo a antiga e frondosa árvore, Pororô se aproximou e viu o cão rosnando e olhando para um pé de macambira, Pororô tirou a cactácea e avistou uma lajota cobrindo um buraco, tirou a pedra, o preá correu com o cachorro latindo atrás, Pororô puxou um tecido em farrapos que cobriam algumas peças, entre elas: Uma colher de prata, 160 cartuchos de fuzil, um punhal, uma espora e algumas moedas. Era esse o tesouro de Esperança que ele havia pedido para o sobrinho guardar. Pororô vendeu os cartuchos a um dos prefeitos de Macururé. A colher de prata, algumas moedas, o punhal e uma das esporas ele me presenteou. Na colher encontramos as letras: MA. Talvez o cangaceiro tenha tentado escrever seu verdadeiro nome: MAMEDE. No punhal tem um “NA” ou “NH”.
 Iniciais MA escrito no cabo da colher de prata. A prata foi muito usada pelos cangaceiros para testarem bebidas e comidas se estavam envenenados
Iniciais MA escrito no cabo da colher de prata. A prata foi muito usada pelos cangaceiros para testarem bebidas e comidas se estavam envenenados
Pororô ainda reside e seu irmão Izidoro ainda residem no São Francisco e os Quirino é herança que ficou com a família. Aquele longínquo pedaço de chão ainda guarda as histórias do cangaço vivido em suas terras, memórias ainda latentes de um tempo que teima em não ser esquecido e nem deve….
SEGUE EM ANEXO A ESSE TEXTO UMA DAS CARTAS DE INTERROGATÓRIOS REALIZADOS PELA POLÍCIA E QUE MOSTRA A IMPORTÂNCIA DESSES LUGARES CITADOS COM A HISTÓRIA DO CANGAÇO E A REFERÊNCIA COM PESSOAS DA LOCALIDADE. A CARTA VAI TRANSCRITA NA INTEGRA COM OS ERROS E INCORREÇÕES:
    “Aos três do mês de maio de 1932, no arraial de Várzea da Ema em casa de residência do segundo tenente Antonio Justiniano de Souza, sub delegado de policia, foi interrogado o bandido acima referido que disse:
Sargento Otávio Farias- rádio telegrafista, serviu na Várzea da Ema- tran smitia as batalhas entre cangaceiros e policia.
Sargento Otávio Farias- rádio telegrafista, serviu na Várzea da Ema- tran smitia as batalhas entre cangaceiros e policia.
    “Em 1929, estando ele bandido, em seu rancho no lugar denominado São Francisco, foi surpreendido pelo grupo de Lampião que ali chegava a mando do Cel. Petronílio de Alcântara Reis, para que fosse as imediações do Icó e ali receber dinheiro enviado para Lampião, cuja importância era 20:000$000, mas só foram entregues 18:000$000 e que dois restantes Lampião disse que dava por recebido, quando lhe mandasse um cunheito de munição; o que não sabe-se se isso efetuou-se,  mais depois ouviu do bandido ferrugem a declaração de que teve referido Cel. Petronilio havia comprado munição. E que devido a esse encontrão foi ele depoente obrigado a refugiar-se nas Caatingas, pois as forças andavam a sua procura tendo por isso de quando em vez constantes encontros com os cangaceiros, merecendo do mesmo consideração a ponto de lhe ser entregue por “Lampião” um rifle com cem cartuchos, os quais conservou até a data de sua prisão, não tendo, porém feito uso da dita arma para a prática de crime.
    Que sempre foi seduzido por “Lampião”  para fazer parte do seu grupo, mas nunca aceitou, apesar de ter parente no grupo, como sejam: Azulão, Carrasco e Moita Brava. Que esses encontros se efetuavam no lugar denominado Quirino para Lagoa Grande, sendo os sinais convencionados para os referidos encontros, três  pancadas em um pau seco, ou então berrando como boi; que nunca recebeu dinheiro de “Lampião” a não ser algumas roupas dadas pelos cãibras.
    Que nos últimos encontros que “Lampião” teve com as tropas. Ele respondendo notou que alguns companheiros estavam desgostosos por verem os sacrifícios da causa, que nessa data viajaram nos “cascalhos” das aroeiras com direção a Várzea pernoitando a três quilômetros de distância.
    Que nessa mesma noite desligou-se do bando a meia noite com Manoel Sinhô de Aquileu, sem que fossem pressentidos pelos outros e vieram pairar nas “Canouas” onde foram informados por Pedro de Aquileu que havia garantia para todos aqueles que tinham ligações com cangaceiros, uma vez que procurassem as autoridades para se entregarem.
    E baseado nisso em companhia de Pedro veio à procura do Tenente Justiniano em Várzea de Ema onde se acha. Disse mais que “Lampião” depois do combate do touro com o Tenente Arsênio cuja força foi imboscada e morreu quase toda, escapando o referido oficial, pois é um herói que infrentou o grupo que era numeroso, com um fuzil metralhadora dando somente três rajadas conseguiu matar o irmão de Lampião, Ponto Fino e sendo forçado a abandonar a arma deixando-a inutilizada pelos bandidos.
    Que nessa ocasião encontrou Lampião cartas ao Cel. Petronilio acusando Lampião, por isso Lampião resouveu queimar algumas fazendas referido Cel. Petronilio.
Ludugero Varjão- tio de esperança- dono da fazenda Quirino, povoado São francisco
Ludugero Varjão- tio de esperança- dono da fazenda Quirino, povoado São francisco
    Disse mais que ouviu de Lampião dizer que tinha mil tiros de fuzil enterrados em um ponto lá para baixo, não declarado ao certo o lugar e que ia também a Curaçá a procura de outros mil tiros que tinha para lá.
    Quanto ao armazenamento sabe que Lampião tem alguns  rifles ensebados em ocos de pau (ensebados, para não darem o bicho próprio de madeira).
    Perguntado quais são as pessoas que fornecem armas a Lampião respondeu que não conhece mais sabe que nas fazendas Juá, Várzea, e São José há “coitos” onde lhes prestam bastante serviços em abastecimentos.
    E por nada mais dizer nem lhe ser perguntado deus-se por findo estas declarações ao presente auto que vae por todos assignados pelo tenente e testemunhas.
Várzea da Ema, 7 de maio de 1932”
___________________________________________________________
Paulo Afonso, Bahia, 16 de fevereiro de 2013
João de Sousa Lima,
Historiador e escritor, Membro da ALPA- Academia de Letras de Paulo Afonso.
Membro do IGH- Instituto Geográfico e Histórico de Paulo Afonso
Membro do Grupo de Estudos do Cangaço do Ceará- Fortaleza- CE

sábado, 11 de maio de 2013

Uma trova de Hélio Oliveira

Segundo domingo de maio,
Dia de todas as mães.
Todas as mães são puras
e belas como as manhãs 

Hélio Oliveira, poeta potiguar assuense
O DOCINHO PUXA-PUXA


Ilustração do blog.

O puxa-puxa era um docinho muito conhecido e apreciado na época da minha infância no nosso torrão. Algumas senhoras que faziam esse doce diziam que era feito do melaço de rapadura e que fervia atá atingir o ponto. Manuseava esticando até ficar uma coloração branca.

Lembro que o puxa-puxa, às vezes, ficava grudado nos dentes e somente o dedo indicador era quem conseguia retirar. Era vendido, principalmente, nas portas das escolas. Época do Grupo Abel Furtado e do Ginásio Paulo VI.

Docinho gostoso, barato e muito apreciado pela garotada dos velhos e bons tempos.

Marcos Calaça, jornalista UFRN

Convite. Centro assuense em Natal


AS CASAS GRANDES DO VALE DE CEARÁ MIRIM - PARTE I







Engenho Carnaubal
Sua construção foi iniciada em 1810, pelo português Antônio Bento Viana e concluída em 1840. Três anos depois foi inaugurada a 1ª moenda de ferro horizontal trazida da Inglaterra. É considerado o engenho mais antigo do município.
Até quando vamos assistir esta inércia dos Poderes Públicos (Federal, Estadual e Municipal) em não tomar iniciativa para preservar o nosso patrimônio, a nossa história? Onde estão os políticos que não defendem causas desta natureza?

sexta-feira, 10 de maio de 2013


CAUSO

MACACO PREVENIDO

Zé de Lídia, do Assu, era dono de uma mercearia à beira da estrada. Certo dia, um moço foi chegando e pediu-lhe uma carteira de cigarro. Zé de Lídia perguntou se o troco podia ser de confeito, no que o rapaz aceitou. Vendo que, de lado, estava um macaquinho de estimação do Zé, o freguês ofereceu uma bala ao animal. O detalhe é que ao receber o doce e tirar o invólucro, pegou o mesmo e passou no ânus. 
"Macaco seboso!" - disse o rapaz. -"O senhor viu o que ele fez?"
Zé de Lídia, com calma respondeu:
"Moço, ele é muito prevenido, isso sim. Outro dia, deram a ele uma manga e o coitado comeu o caroço. resultado: passou um mês sem fazer 'aquele trabaio'. Agora, primeiro ele faz o teste pra vê se passa". 

Fonte: Valério Mesquita
Jornal Metropolitano

Do blog Assu na ponta da língua, de Ivan Pinheiro

quinta-feira, 9 de maio de 2013


CINEMA DO ASSU



Uma equipe de engenharia da Petrobras, coordenada por Antônio Hemilton Pereira, esteve nesta quarta-feira em Assú para vistoriar a obra de restauração do Cine Teatro Pedro Amorim.

A visita foi acompanhada pelo Prefeito Ivan Junior, Secretário de Infraestrutura, Douglas Freire, Secretário adjunto de Cultura, Gilvan Lopes, Consultor de Engenharia e Projetos, Danilo Pereira e representantes da construtora HW Engenharia. Feita a vistoria a obra prossegue normalmente.

O novo Cine Teatro terá a fachada restaurada mantendo a arquitetura da época, o espaço interior passará de 98 cadeiras para 200, contará com palco, dois camarins, sala de concentração, sala de projeção, três banheiros – um deles adaptado para pessoas portadoras de necessidades especiais – completa climatização, decoração, iluminação e sonorização.

O Cine Teatro Pedro Amorim foi erguido em 1930 por Francisco Fernandes Martins, industrial que atuava no ramo do algodão. Porém, sua inauguração aconteceu apenas em 1935, com a proposta de ser um ambiente voltado para abrigar expressões artísticas locais e nacionais. A falta de eventos fez com que o Cine Teatro ficasse fechado por 10 anos.

Em 1945 o teatro abriu as portas mais uma vez ao público, a partir daquele ano passou a exibir filmes com frequência e a trazer atrações nacionais para a cidade.

Na década de 1980, o Cine Teatro encerrou suas atividades pela segunda vez, passando mais de 30 anos desativado, o prédio ficou quase em ruínas. Sua revitalização faz parte do projeto de resgate cultural da Prefeitura do Assú, que já implantou duas bibliotecas e no próximo mês de junho estará entregando o Cine Teatro restaurado à população.

No espaço reconstruído acontecerão projeções de filmes, apresentações culturais, peças teatrais, palestras, seminários, cursos e oficinas. Ações que já acontecem no município, mas que, até então, não dispõe de local adequado para suas realizações.

EM TEMPO: Parabéns a todos nós assuenses! No entanto, uma informação que deve ser dita para a população é que: nada disso estaria acontecendo se o então prefeito Ronaldo da Fonseca Soares não tivesse comprado o prédio do cinema (maio de 2001 - por R$. 55.000,00), aprovado a execução do projeto arquitetônico e dado entrada na Petrobrás para bancar a obra através da Lei de Incentivo a Cultura Câmara Cascudo do Governo do Estado. Demorou a tramitação... Então, a Deputada Fátima Bezerra conseguiu desenganchar o processo para esta bela restauração.
Omitir esta informação é mais um gesto de ingratidão da equipe da Prefeitura do Assu na tentativa de ludibriar, mais uma vez, a população assuense. Digo isto porque sou testemunha desta história. 
Ivan Pinheiro. 

Erotismo direto ao ponto

Yuno Silva - Repórter

Há tempos Nei Leandro de Castro comunga na seara da literatura erótica. Nada de meias palavras ou escrachos, o escritor vai direto ao ponto sem entregar o jogo de bandeja; sempre com a intenção de instigar a libido, os desejos e instintos – dos mais baixos aos mais nobres. Para ele não existe fronteira palpável entre erotismo e pornografia: “Quando me fazem essa pergunta cito Oscar Wilde, que afirmava não existir livro pornográfico e sim livros mal escritos”, disse ao VIVER. Potiguar radicado há décadas no Rio de Janeiro, poeta, autor de contos e romances, Nei Leandro está em Natal para lançar o livro “Pássaro sem sono” (Jovens Escribas) nesta quinta-feira, a partir das 18h, no Solar Bela Vista.
Alberto LeandroSem entrelinhas ou escrachos, Nei Leandro de Castro faz novo voo pela literatura erótica em Pássaro sem sono, reunião de contos escritos pelo autor, a partir de 1995. A obra, cujo lançamento é hoje no Solar Bela Vista, sai com o selo Jovens EscribasSem entrelinhas ou escrachos, Nei Leandro de Castro faz novo voo pela literatura erótica em Pássaro sem sono, reunião de contos escritos pelo autor, a partir de 1995. A obra, cujo lançamento é hoje no Solar Bela Vista, sai com o selo Jovens Escribas

O livro, compilação que reúne pouco mais de uma dezena de contos escritos a partir de 1995, ano em que Nei Leandro foi premiado em concurso nacional de contos eróticos promovido pela revista Playboy com o texto “Nossa semelhança com os deuses” (que também integra o novo livro), traz textos maliciosos ambientados na capital carioca. Diferente da prosa, que bebe na fonte regionalista, seus contos são extremamente urbanos e “puramente de ficção” – garante o autor, sempre lembrado pelo título “As Pelejas de Ojuara”, originalmente publicado em 1986 e adaptado para as telas de cinema em 2007.
Alberto LeandroDiferente dos romances, seus contos captam a urbanidadeDiferente dos romances, seus contos captam a urbanidade

“Faz tempo que escrevo contos, porém sem tanta frequencia”, confessa Nei Leandro de Castro, que selecionou os mais significativos para integrar “Pássaro sem sono”. O título, por sinal, faz referência a personagem presente em um dos contos: um motorista conhecido por ‘Tetéu’, outro nome do Quero-quero, ave conhecida por dormir pouco ou quase nada. “Escrevo aos poucos, e até que poderia ter aproveitado melhor a repercussão do prêmio da Playboy”, avalia o autor, que concorreu com outros 1,2 mil escritores, entre eles Lígia Fagundes Teles e José Castello. “Tenho uma tendência ao erotismo, principalmente na poesia”, explicou Nei Leandro.

Ele disse não haver preferências, gosta de todos, e destaca o premiado “Nossa semelhança com os deuses”, que relata a trajetória de um assassino em série que sai ‘à caça’ de suas vítimas movido pelo tesão (ver trecho transcrito).

Sobre a recente retomada do interesse em torno da literatura erótica, sobretudo a partir do lançamento do best seller “50 Tons de Cinza” em 2011, da escritora inglesa Erika Leonard James, cuja principal audiência são as mulheres, o potiguar percebe que o fato deve ser visto a partir da redução do conservadorismo imposto pelo machismo. “Particularmente acho uma porcaria o ‘50 Tons de Cinza’, mas não posso negar que a reboque do seu sucesso surgiram uma nova leva de autores da literatura erótica. Não conheço muitos autores, mas o mercado está receptivo”, avalia Nei Leandro, com um distanciamento seguro de quem não se deixa influenciar por modismos.

Serviço

Lançamento do livro “Pássaro sem sono” (Jovens Escribas, R$ 30), de Nei Leandro de Castro. Hoje, a partir das 18h, no Solar Bela Vista.

Conto premiado

Nossa semelhança
com os deuses
Trecho do conto “Nossa semelhança com os deuses”, premiado em 1995, em concurso realizado pela revista Playboy.

“Cinqüenta e cinco anos de idade, viúvo há oito meses,  aposentado, sem filhos e sem amigos. Eu tenho pensado na vida e na morte enquanto percorro as margens da Lagoa Rodrigo de Freitas, vendo passar por mim corpos perfeitos, bundas docemente empaladas em bicicletas, torsos gregos melados de suor. Aqui outrora retumbaram hinos, como dizia um bêbado chato, depois do terceiro chope no Bar Lagoa. Nos meus momentos de depressão, pensei às vezes em encher os bolsos de pedras e, numa homenagem a Virginia Wolf, desaparecer nas águas pesadas de lodo, de onde emergem savelhas em surtos de asma.

O desejo sexual é o que me mantém vivo, para cobiçar  cada vez mais as mulheres que rondam a Lagoa. Andei tantas vezes em volta desse espelho d’água, e tanto me deslumbrei com os triângulos estufados nas calças de jogging, e tanto me excitei com as  bundas exibidas e com os seios de mamilos eriçados, pontas de lança sob blusas brancas, que desisti de carregar pedras nos bolsos, e terminei por aceitar que a vida não é uma sucessão de tédio e ansiedade. O sexo, Virgínia, vale uma missa.”

Sobre o livro “Pássaro sem “sono”

O conto é um dos mais fascinantes estilos literários. Segundo Julio Cotazar, o que difere um romance de um conto é que no primeiro se vence por pontos, enquanto num conto, a vitória é por nocaute. Inapelável. Talvez tenha sido a sede de tornar-se vitorioso em outra seara que incentivou Nei Leandro de Castro, autor de tantos e memoráveis romances, a arriscar-se no terreno das narrativas breves e nos brindar com os contos deste “Pássaro sem sono”.

Nas histórias aqui reunidas, um ponto em comum: o erotismo. É a sensualidade utilizada como importante recurso a estabelecer tensão entre os personagens. O termo “erótico” vem do grego (Erotikós) e significa “relativo ao amor ou inspirado por ele”. O erotismo expressa, portanto, a naturalidade do desejo sexual, conforme pode-se notar nas histórias aqui reunidas. Nelas, o desejo, a vontade, os impulsos incontidos de cada um não são gratuitos, mas partes de um enredo que transmite valor literário às histórias magistralmente contadas pelo autor.
 
Fonte: Tribuna do Norte

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