segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Vídeo Promocional - Ipanguaçu 65 anos

LUIZINHO CALDAS, POETA DE IPANGUAÇU


Luiz Lucas Lins Caldas Neto (meu avô paterno) era poeta da velha guarda de Ipanguaçu. Ele nasceu no povoado então denominado Sacramento, atual município de Ipanguaçu, importante município potiguar, fundado pelo seu avô Luiz Lucas que empresta o seu nome a uma principal rua da terra ipanguaçuense. Mas foi na terra assuense onde ele viveu a maior parte da sua vida e começou a poetar. Ele estudou agronomia na universidade de agronomia de Ouro Preto, Minas Gerais, trabalhou (década de trinta) na construção da estrada carroçável que liga Assu a Mossoró, foi funcionário do Fomento Agrícola, do Ministério da Agricultura trabalhando em Caicó, Mossoró, Natal e Ipanguaçu onde dirigiu a Base Física - Campo de Produção de Sementes e Escola de Tratoristas. Nas horas vagas dava-se o gosto de versejar. Ele está antologiado por Rômulo Wanderley, no livro Panorama da Poesia Norte-Rio-Grandense, 1965. Naquele livro, diz aquele antologista que Luiz Lucas "é tímido e modesto, não dando expansão aos seu estro, apesar de ter nascido bafejado pelos carnaubais da várzea do Assu e da sua terra natal." Luizinho, como era chamado pelos mais íntimos era filho de Luiz Lucas Lins Caldas e Maria Emiliana Caldas. Nasceu a 18 de fevereiro de 1908. O soneto intitulado Praia de Iracema é uma prova que "seu estro poético é dos melhores." Vamos conferir:

Linda praia de terra hospitaleira
Que é berço de Alencar e Iracema,
Decanta-te meu verso. Este poema
Quero que fale pela alma inteira.

O mar na sua luta sobranceira,
Da branca espuma fez seu diadema,
Anda por ti, a inspiração suprema,
Vibra por ti a glória prazenteira.

Na beleza solar destes teus dias
Sinto que canta com calor estranho
A alma dos ventos e das pescarias...

Os coqueiros são teus nesta arrancada,
E matinal teu saboroso banho,
És a febre da luz numa jangada.

Luizinho Caldas também gostava de fazer glosa "nome de uma composição poética, geralmente em décimas, desenvolvendo um tema (ou um mote) de um, dois e até quatro versos." Vamos conferir as glosas amorosa abaixo  transcrita:

Mote

Eu não digo ela não diz
Quem é que pode saber

Glosa

Certa coisa que eu já fiz
Com uma jovem em segredo
Revelar até faz medo
Eu não digo ela não diz
É que eu quis e ela quis
Só podia acontecer
mais o bom é não dizer
Com quem isto aconteceu
Ela não diz e nem eu
Quem é que pode saber.

Mote

Em pobre tudo é defeito
Defeito em rico se encobre

Glosa

É vulgar este conceito,
Pobre mundo, eu não te entendo,
Por tudo que estou vendo
Em pobre tudo é defeito.
Pode o pobre ser direito
E o rico nunca ser nobre,
Mas, a quem lhe falta o cobre
Não lhe cabe uma censura,
No pobre tudo se apura,
defeito em rico se encobre.

Fernando Caldas

A FLOR DO BAOBÁ - ASSU



Foto: Paula Vanina - UFRN.
Fonte: Assu na ponta da lingua, de Ivan Pinheiro

NATAL DE 1944 – BATALHA DAS ARDENAS – QUANDO DEUS VEIO PARA A CEIA DE NATAL

Publicado em 20/12/2013

Puhi1
Autor – Rostand Medeiros
Para mim o espírito de Natal é algo tão forte, tão intenso, que mesmo no meio de uma sangrenta guerra ele pode produzir milagres. Foi assim na fria véspera de Natal de 1944, nesta incrível história que conto a vocês.
Após a invasão da Normandia, a chamada Operação Overlord, a consequente conquista da Normandia no fim de julho de 1944 e do hoje pouco lembrado desembarque no sul da França em 15 de agosto, os Aliados avançavam rumo a Alemanha de forma mais rápida do que era esperado.
Em meio a problemas de abastecimento e do cansaço das forças americanas e britânicas, Hitler decidiu lançar uma contraofensiva alemã na frente ocidental, na tentativa de deter o avanço Aliado.
Em meio a neve, a destruição de uma aldeia belga na região das Ardenas
Em meio a neve, a destruição de uma aldeia belga na região das Ardenas
Conhecida como Batalha das Ardenas, ou Batalha do Bulge, aconteceu na floresta das Ardenas, na região da Valônia, sul da Bélgica. Tudo começou em meio a um inverno rigoroso, no dia 16 de dezembro de 1944, quando tanques panzers alemães avançaram, causando fortes estragos nas fileiras Aliadas pegas completamente de surpresa. Os americanos e britânicos estavam com suas linhas de combate muito espalhadas, passando a enfrentar uma força inimiga inicialmente superior.
Os alemães capturaram milhares de prisioneiros e seu ataque deixou muitas unidades americanas e britânicas isoladas em meio à floresta.
Fritz Vincken em 1940
Fritz Vincken em 1940
Enquanto a carnificina se generalizada nas Ardenas, uma mãe e seu filho de 12 anos, chamados Elisabeth e Fritz Vincken, tentavam sobreviver ao caos escondidos em uma cabana no meio da floresta.
Escondidos Para Viver…
Eles eram alemães da cidade de Aachen. Ali o marido de Elisabeth tinha uma padaria. Na madrugada de 11 para 12 de abril de 1944352 bombardeiros britânicos atacaram esta cidade, perdendo nove aeronaves. O ataque foi intensamente destrutivo, causando danos generalizados e fortes incêndios. Entre os locais atingidos estavam a padaria e a casa dos Vincken, que sobreviveram. Na sequência todos foram evacuados para uma aldeia, onde encontraram abrigo.
Alemães nas Ardenas
Alemães nas Ardenas
Consta que o pai de Fritz ficou então agregado como cozinheiro de uma unidade do exército alemão. Uma noite ele veio em um pequeno caminhão militar e levou sua família para as profundezas da floresta de Ardenas, 20 quilômetros ao sul do abrigo onde se encontravam, perto da fronteira da Alemanha com a Bélgica. Era uma área elevada, bem arborizada, onde existia uma solitária cabana de caça. Foi um amigo belga do marido de Elisabeth que mostrou o caminho para chegar lá. Foi neste local que ela e Fritz se encontravam na véspera de Natal de 1944.
Fritz comentou que na noite anterior as temperaturas caíram para abaixo de zero, entretanto no dia 24 de dezembro, o sol nasceu com vigor, trazendo um espetacular céu azul sem nuvens. Aproveitando a visibilidade, durante todo o dia centenas de aviões aliados voaram em suas missões mortais. O rugido sombrio e pesado de seus motores permaneceriam para sempre enraizado na mente do garoto.
Quando a escuridão caiu no final da tarde, a quietude repentina era caracterizada pelo silêncio na floresta e incontáveis estrelas ​​no céu. Fritz narrou que havia até mesmo longos pingentes de gelo formados fora das janelas da casa. Mãe e filho ficaram algum tempo olhando o espetáculo celeste e comentando quando viriam novamente o seu mundo em paz. Depois entraram para dividirem a ceia de Natal.
Prisioneiros americanos. Na Batalha das Ardenas, só os americanos tiveram 19.000 mortos, 47.500 feridos, 23.000 capturados ou desaparecidos.
Prisioneiros americanos. Na Batalha das Ardenas, só os americanos tiveram 19.000 mortos, 47.500 feridos, 23.000 capturados ou desaparecidos.
Nisso ouviram batidas na porta do abrigo. Aterrorizada, Elisabeth rapidamente apagou as velas que iluminavam o lugar e Fritz foi até a porta, sendo bloqueado por sua mãe.
Mesmo sabendo que ali fora poderia haver problemas, Elisabeth e Fritz decidiram abrir e ver quem lá estava. Como fantasmas contra as árvores cobertas de neve, ali se encontravam dois homens com capacetes de aço. Um deles falou em uma língua que eles não entenderam, apontando para um terceiro homem deitado na neve. Elisabeth percebeu que eram soldados americanos. Eram inimigos!
Um Escolha Difícil
Mãe e filho ficaram olhando em silêncio, parados. Eles estavam armados, poderiam ter forçado a entrada na cabana e, além disso, estavam com um homem ferido, parecendo mais morto do que vivo. Ela sabia que a pena por abrigar o inimigo era a morte por fuzilamento, mas quando olhou nos olhos dos jovens americanos não teve medo, abriu a porta e os deixou entrar. Eles se aproximaram, andando com neve até os joelhos.
Tanque alemão destruido pelos americanos na batalha
Tanque alemão destruido pelos americanos na batalha
Os americanos eram bem jovens, nem barbas tinham. Elizabeth não falava inglês, mas um dos americanos falava francês, idioma que a mãe de Fritz conhecia. Contaram que estavam perdidos no meio da floresta e já vinham andando por três dias, escondendo-se dos alemães e procurando a sua unidade de combate. Porém, tudo o que encontram foi aquela casa.
Sem outra solução Elizabeth mandou Fritz trazer mais seis batatas para o fogo e “Hermann”, um galo gordo. Este homenageava Hermann Goering, o obeso comandante da Luftwaffe, a força aérea dos nazistas, figura a qual Elisabeth nutria pouco afeto. O galo tinha sido engordado durante semanas na esperança de que o pai de Fritz estivesse na casa para o Natal. Mas, algumas horas antes, quando era óbvio que ele não viria, sua mãe tinha decidido que o galo deveria viver mais alguns dias para o caso de seu marido chegar para o Ano Novo.
Os Americanos nas Ardenas careciam de roupas apropriadas para o rigor do inverno. Vemos infantes do 290th Regiment perto de Amonines, Bélgica.  em 4 de Janeiro de 1945.
Os Americanos nas Ardenas careciam de roupas apropriadas para o rigor do inverno. Vemos infantes do 290th Regiment perto de Amonines, Bélgica. em 4 de Janeiro de 1945.
Todavia, diante das circunstâncias, Elisabeth mudou de ideia: “Hermann” serviria para um fim imediato. Em breve o cheiro tentador de frango assado permeava pela cabana.
O clima foi se distendendo e os americanos foram se apresentando. Havia um atarracado, de cabelos escuros, chamado Jim. Seu companheiro, alto e magro, era Ralph e o ferido se chamava Herbie.
Quando Fritz arrumava a mesa para a ceia de Natal e os americanos estavam em um quarto onde o ferido Herbie estava deitado, escutaram uma forte batida na porta.
Com a expectativa de encontrar mais americanos perdidos, Fritz abriu com hesitação e lá estavam quatro soldados com uniformes muito familiares para a jovem mãe e seu filho. Eram soldados alemães da Wehrmacht, o exército de Hitler.
Blindados anti aéreos alemães destruídos pelos americanos.
Blindados anti aéreos alemães destruídos pelos americanos.
Diante do Perigo
Apesar do medo de Elisabeth e Fritz, ela disse calmamente “Fröhliche Weihnachten” (Feliz Natal em alemão). Os soldados lhe responderam um Feliz Natal e informaram que se perderam do seu regimento e gostariam de abrigar-se na cabana para descansar e esperar a luz do dia, explicou o militar de hierarquia mais elevada, um cabo.
Com uma calma nascida do pânico, Elisabeth respondeu que sim. Eles poderiam descansar, ter uma refeição quente e comer até o pote ficar vazio. Estes sorriram enquanto sentiam o aroma de “Hermann” através da porta entreaberta.
Mas Elisabeth acrescentou com firmeza que na casa estavam três outros convidados e disse quem eram. Daí para frente sua voz se tornou severa ao comentar: “É véspera de Natal e não haverá nenhum tiro aqui”. Ela narrou a situação dos inimigos e pediu que “Nesta noite de Natal todos deveriam esquecer a matança”.
Blindado alemão destruído.
Blindado alemão destruído.
O cabo olhou para ela por uns dois ou três segundos intermináveis ​​de silêncio. Então Elisabeth pôs fim à indecisão “Chega de falar” ela ordenou e bateu palmas rispidamente. “Por favor, coloquem suas armas aqui na pilha de lenha, e se apressem para comer o jantar!”. Aturdidos com a autoridade feminina e diante de um quadro que certamente lembrava as suas mães em seus lares na Noite de Natal, os homens de Hitler obedeceram.  Os quatro soldados colocaram suas armas sobre a pilha de lenha ao lado da porta. Enquanto isso, Elisabeth estava falando francês de forma igualmente autoritária para Jim e logo eles entregaram suas armas àquela valente mulher.
Apesar do clima tenso, Elisabeth foi preparar o jantar. Nisso um dos alemães tinha posto seus os óculos para inspecionar a ferida do americano, ele havia estudado medicina em Heidelberg até poucos meses atrás e informou que graças ao frio a ferida de Harry não iria infecionar.
Uma Ceia de Natal Especial
O relaxamento começou a substituir a suspeita. Fritz Vincken comentou anos depois que, mesmo sendo um garoto de doze anos, todos os soldados pareciam muito jovens. Entre os germânicos havia Heinz e Willi, ambos de Colônia, com apenas 16 anos de idade. O cabo era o mais velho de todos os militares das duas nações em guerra e só tinha apenas 23 anos. Do seu saco de comida ele tirou uma garrafa de vinho tinto e Heinz conseguiu encontrar um pedaço de pão de centeio para aumentar o jantar.
Filme da televisão americana sobre este fato.
Filme da televisão americana sobre este fato.
Quando tudo estava pronto, Elisabeth deu as graças na mesa.  Com lágrimas em seus olhos, ela disse velhas palavras familiares: “Komm, Jesu Herr. Seien Sie unser Gast” (Vem, Senhor Jesus. Seja nosso convidado). Fritz comentou que jamais esqueceu que viu ao redor da mesa lágrimas nos olhos dos jovens militares cansados e longe de casa. Herbie, mesmo ferido, sacou de uma pequena Bíblia, leu uma das passagens e terminou declarando que haveria pelo menos uma noite de paz nessa guerra. Todos concordaram e os soldados alemães e norte americanos compartilharam uma refeição quente, juntos, em uma noite especial.
Depois todos descansaram em paz.
O armistício privado continuou na manhã seguinte. O cabo aconselhou os americanos sobre a melhor maneira de encontrar o caminho de volta para as suas linhas. Olhando por cima do mapa de Jim, o cabo apontou um córrego e disse “Continue ao longo deste riacho e você encontrará o seu pessoal se reagrupando”. O estudante de medicina transmitiu a informação em um Inglês atravessado, mas compreensível. Jim então perguntou por que não ir para a cidade de Monschau? “Nein!”, o cabo exclamou. “Nós retomamos Monschau e lá vocês seriam mortos ou capturados”.
Somente na hora de sair Elisabeth deu-lhes todas as suas armas. Os soldados alemães e americanos apertaram as suas mãos e desapareceram em direções opostas.
Um Grande Encontro
Elisabeth, seu marido (cujo nome desconheço) e seu filho Fritz sobreviveram a Guerra.
Fritz Vincken no Havaí.
Fritz Vincken no Havaí no final da década de 1990.
Seu marido faleceu em 1963 e Elizabeth em 1966. Fritz Vincken se casou em 28 de fevereiro 1958 e logo após emigrou para o Canadá, depois Estados Unidos, onde foi morar em Honolulu, Havaí, onde montou uma padaria. Durante anos Fritz tentou encontrar os sete soldados, mas sem sucesso. Ele chegou até a escrever um texto pessoal de suas lembranças sobre aquela noite nas Ardenas, mas nunca publicou.
Um dia Fritz narrou a sua incrível história para uma revista americana e depois apareceu na televisão em março 1995, em um programa chamado “Unsolved mysteries” (Mistérios não resolvidos), onde novamente narrou sobre aquela noite de Natal verdadeiramente interessante.
Na cidade de Frederick, Maryland, na casa de repouso chamada Northampton Manor Nursing Home, estava Ralph Henry Blank, um pedreiro aposentado e veterano da Segunda Guerra Mundial, que inúmeras vezes, e para várias pessoas, tinha contado a mesma história. Logo, seus familiares fizeram contato com o canal televisivo.
Ralph e Fritz Vincken.
Ralph e Fritz Vincken.
Em janeiro de 1996, Fritz foi até Maryland e reencontrou Ralph em um momento muito emocional. Lá ele soube que além de Ralph, os outros soldados se chamavam Jimmy Rassi e Herbie Ridgin. Consta que Fritz Vincken ainda conseguiu se encontrar com outro dos americanos, mas não consegui descobrir qual deles era. Em relação aos alemães, apesar desta história ter sido divulgada pela imprensa, nada se conseguiu saber destes combatentes.
Nesta história vemos que a força interior de uma única mulher, através de sua inteligência e intuição, em um momento onde o espírito de Natal mostra a sua luz, impediu um potencial derramamento de sangue. Transmitindo o significado prático das palavras: “boa vontade para com a humanidade”.
Ralph Henry Blank  faleceu aos 79 anos, em Frederick, Maryland, no dia 21 de maio de 1999. Já Fritz Vincken, depois de viver vários anos em Honolulu, Havaí, faleceu no dia 10 de janeiro de 2002, aos 69 anos, na cidade de Salem, Oregon.
Desejo a todos que visitaram o nosso TOK DE HISTÓRIA um FELIZ NATAL!
NOTA  - Todos os direitos reservados
É permitida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de
comunicação, eletrônico ou impresso, desde que citada a fonte e o autor.

PARABÉNS IPANGUAÇU


Ipanguaçu. Cidade fundada pelos meus ancestrais - os Lins Caldas (Luiz Lucas) que ainda é ou já foi nome de rua naquela terra ipanguaçuense. Deixo aqui registrado os meus parabéns aquele município importante do Rio Grande do Norte, terra onde eu passei momentos da minha infância e juventude.

Fernando Caldas

domingo, 22 de dezembro de 2013

Final em Ipanguaçu com transmissão da Super Princesa


A Rádio Princesa transmite hoje a final entre ABC e
UEI direto do Joacy Fonseca em Ipanguaçu
Acontece hoje em nossa querida vizinha Ipanguaçu, a final do Campeonato de Bairros e Comunidades da cidade, edição 2013, a competição promovida pela Secretaria de Esportes e Eventos da prefeitura local está incluída  dentro dos festejos de aniversário de emancipação política do município. A decisão está marcada  para às 15:00h no Estádio Joacy Fonseca entre as equipes do ABC e do UEI. A final terá transmissão da equipe 1480 da Super Rádio princesa do Vale.
Texto: L. Filho/Imagens: A. França

Natal e Pipa estão à espera da Copa



Publicação: 22 de Dezembro de 2013 às 00:00
Há cerca de dois meses, a empresa Match – Serviço de Eventos Ltda, responsável pela operacionalização do escritório de acomodação da Copa do Mundo da Fifa - entrou em contato com a direção dos hotéis.  Foi feito o credenciamento de 36 estabelecimentos em Natal e um em Pipa. Os hotéis escolhidos pela empresa estampam, na recepção, uma placa indicando que o local é recomendando pela organização da Copa. A partir daí, houve o bloqueio de boa parte dos leitos. Devido à procura, os preços sofreram aumentos que, em alguns casos, superam 100%.

A gerente do Imirá Plaza Hotel, Tatiane Drago, explicou que a Match tem prazo até março do próximo ano para confirmar quantas vagas reservadas serão utilizadas. “A empresa fez o bloqueio de uma parte dos quartos. Estamos aguardando a definição de quantos serão confirmados”, disse.
Júnior SantosPraia de Ponta Negra, em Natal: Escolha da cidade como uma das sedes dos jogos da Copa do Mundo, em 2014, gera expectativa de aquecimento no turismoPraia de Ponta Negra, em Natal: Escolha da cidade como uma das sedes dos jogos da Copa do Mundo, em 2014, gera expectativa de aquecimento no turismo

Antes disso, em janeiro, será possível, de acordo com a gerente, fazer reserva no hotel sem a necessidade de intermediação da Match. “Em janeiro, vamos abrir para reservas para o período da Copa. Nem todos os quartos estão bloqueados para a Fifa”, acrescentou Drago. O Imirá, localizado na Via Costeira, possui 166 apartamentos.

Outros hotéis se anteciparam e já confirmaram a reserva de alguns torcedores. É o caso do hotel Caminho do Mar, em Ponta Negra. O gerente de hospedagem do local, David Ferreira, contabilizava, na última terça-feira, 27 reservas confirmadas de turistas oriundos de cinco países cujas seleções irão jogar na capital do Rio Grande do Norte.

Das 27 confirmações, a maioria é de turistas/torcedores japoneses. “Não recebi reserva dos países africanos e do Uruguai. No entanto, estão confirmados hóspedes do Japão, Estados Unidos e países europeus”, disse o gerente. Além de Uruguai, Japão e Estados Unidos, irão jogar em Natal as seleções de Gana, Camarões, Itália, México e Grécia.

David Ferreira explicou que o Caminho do Mar fez uma parceria com um site especializado em oferecer reservas de hotéis em todo o mundo. Representantes do site estiveram em Natal onde ministraram uma palestra para os colaboradores. “Eles nos deram orientação de como proceder nesse tipo de reserva e explicaram como funcionou o mercado durante a Copa de 2010, na África”, disse.

Reajuste

Entre as orientações repassadas, estava a referente ao percentual de reajuste nos preços das diárias. Atualmente, a diária no hotel – classificado como de duas estrelas – custa por volta de R$ 100,00. Uma reserva para o período da Copa do Mundo não sai por menos de R$ 150,00. “Não vamos aumentar muito. O reajuste será compatível com o mercado”, disse.

O mesmo discurso é utilizado pelo funcionário do Hotel Morro do Careca, Gustavo Carvalho. O hotel de três estrelas está localizado nas proximidades da duna mais conhecida da cidade. O estabelecimento está na lista dos 37 hotéis selecionados pela Fifa. “Não haverá reajuste abusivo. Se aumentarmos demais, vai espantar os hóspedes”, disse Carvalho.
Joana LimaDavid Ferreira: Turistas estrangeiros já fazem reservasDavid Ferreira: Turistas estrangeiros já fazem reservas

O funcionário acrescentou que não há reservas confirmadas para  o período da Copa, mas alguns japoneses e italianos realizam pesquisas na unidade. A diária no hotel, no período de alta estação, custa a partir de R$ 180,00. Gustavo Carvalho garante que esse será o valor praticado em junho e julho do próximo ano. No entanto, no site da Fifa, o hotel está disponível com preço de, no mínimo R$ 369,00, ou seja, aumento superior a 100%. “Nós não sabíamos desse valor. Esse é um preço praticado pela Match. Conosco, o torcedor pagará mais barato”, explicou.

Ainda no site da Fifa, é possível verificar a disponibilidade de hotéis com diárias que variam entre R$ 276,00 e R$ 1.068,00. No caso do Imirá, onde o valor da diária em alta estação sai por volta de R$ 400,00, o valor inicial está fixado em R$ 591,00.

Pesquisa aponta satisfação no turismo


O visitante que chegar à Natal no período da Copa do Mundo vai encontrar, entre outros atrativos, as belezas naturais, clima agradável e comerciantes satisfeitos com o trabalho. Uma pesquisa da Associação Brasileira de Indústria de Hotéis no Rio Grande do Norte (ABIH-RN), divulgada na última quinta-feira, aponta que bugueiros e comerciantes do setor de artesanato estão satisfeitos com as atividades. Segundo a pesquisa, 91,67% dos bugueiros e 77% dos artesões estão satisfeitos com a profissão.

O mesmo estudo apontou que o turismo na capital potiguar vive um momento satisfatório. Mais de 97% dos turistas que visitam a cidade ficam satisfeitos com a viagem e a maioria pretende retornar à Natal em outra ocasião. Além de aprovar a cidade, o visitante indica o destino aos amigos e familiares que pretendem viajar.

Em outra parte da pesquisa, foram os profissionais da área de turismo os entrevistados. A ABIH-RN quer saber, por exemplo, o grau de satisfação em ser bugueiro, as principais reclamações que os turistas fazem no dia a dia sobre a cidade do Natal e quais os  principais problemas enfrentados pelos profissionais. As mesmas perguntas foram direcionadas aos comerciantes do setor de artesanato.

De maneira geral, ambas categorias estão satisfeitas com a profissão. É o caso da artesã Midiam Fagundes, 44 anos, que faz arte com areia colorida em garrafas. Ela trabalha num dos centros de artesanato localizado às margens do mar da Praia do Meio. Na mesma profissão há mais de trinta anos, Midiam diz que sente-se feliz com sua função. “Gosto bastante. A gente conhece muitas pessoas. É divertido”, explica. Quanto ao movimento de turistas, ela conta que tem esperanças das vendas aumentarem. “Está bom, mas pode melhorar. Até o fim do ano, vai aparecer mais gente”, diz.

Na tarde da última sexta-feira, entre os corredores do centro comercial, alguns turistas escolhiam as lembranças da viagem. Um exemplo era a família do turista Aldenir Cunha. O grupo de 27 pessoas (mineiros, tocantinenses e brasilienses) vai ficar em Natal até às vésperas do reveillon. “Hoje o dia foi reservado para conhecer o artesanato. Estou gostando dos preços. Achei barato”, disse. “Vamos comprar algumas lembranças para levar de volta para casa. O Natal em Natal vai ser divertido e com muitos presentes”, completou Gilda Carvalho, esposa de Aldenir.


Tribuna do Norte

NEY LOPES: “PRIVATIZAR A ZPE NÃO É O MELHOR CAMINHO”

134479
O ex-deputado analisa os projetos de ZPE e opina que o mais correto seria o governo assumir a estrutura e não privatizar
O ex-deputado federal Ney Lopes de Souza é contra o processo de privatização da Zona de Processamento de Exportação (ZPE) de Macaíba – espécie de condomínio industrial criado para abrigar empresas exportadoras com regime fiscal, cambial e tributário diferenciados. O processo está em andamento e foi considerado pelo governo a única forma de tirar a ZPE, idealizada ainda na década de 80, do papel. A razão, segundo Ney Lopes, é simples. “As ZPEs, na experiência internacional, não apresentaram grande capacidade de crescimento dos benefícios econômicos e sociais por elas gerados”, observa. Ney defende um outro modelo não só para Macaíba, como também para a região metropolitana e afirma, nessa entrevista, que a licitação da ZPE de Macaíba deveria ser investigada.
O senhor defende que o Estado transforme suas duas Zonas de Processamento da Exportação (ZPEs) – a de Açu e a de Macaíba – em uma Área de Livre Comércio que englobe outros municípios. Ainda dá para fazer isso?
Realmente, a ideia defendida há anos, com vários discursos e debates inseridos nos Anais da Câmara dos Deputados, seria a incorporação das ZPEs de Macaíba e Açu a uma “área de livre comércio”, ao lado do aeroporto de São Gonçalo do Amarante, que abrangeria outros municípios da Grande Natal. É um crime a exclusão de Parnamirim, São Gonçalo do Amarante, bem como de Extremoz, Ceará Mirim e outros municípios. Esse modelo de ampliação de ZPES ocorreu em Roraima, com a “Área de Livre Comércio de Boa Vista – ALCBV”, que agregou os municípios de Boa Vista e Bonfim, onde existiam ZPES isoladas. Se ZPE e “área de livre comércio” são a mesma coisa, por que Roraima fez questão de transformá-las em ALC? Outra providência simultânea seria o governo do RN criar “núcleos regionais” de apoio à ALC potiguar nas regiões do agreste, sertão, litorânea, salineira, Seridó, Oeste.

Quais seriam os trâmites e o que o Rio Grande do Norte ganharia com essa mudança?   
O trâmite dependeria de lei federal. Como deputado federal, por seis legislaturas e com o objetivo de ajudar a viabilizar economicamente o aeroporto de São Gonçalo do Amarante, defendi a criação de um polo turístico e exportador na “Grande Natal”, com geração aproximada de mais de 50 mil empregos, diretos e indiretos, movimentação de renda e aumento de arrecadação de impostos (ICMS, ISS e outros). Vi experiências semelhantes nos tigres asiáticos e em vários países. Escrevi artigos e publiquei livros sobre o assunto. Dizia que o RN precisava sair na frente – com imaginação e criatividade – dos outros estados, em razão de suas condições geográficas de maior fronteira marítima e aérea na América Latina e, agora, dispondo de um aeroporto na frente da Europa, África, condição que não existe em nenhum outro local do país.

Criar uma ALC ao invés de ZPE teria sido mais vantajoso para o estado?
As ZPEs adquiriram certa popularidade nas décadas de 70/80, em economias fechadas, com “reserva de mercado”. Não se pode negar o mérito do deputado Henrique Alves, que em 1988 lutou pela criação da ZPE de Macaíba. Naquela época, consideravam-se vantajosos os processos produtivos que contassem com matérias-primas e bens intermediários estrangeiros, cuja entrada era proibida ou dificultada no mercado interno. Era este o maior atrativo do conceito de plataformas de exportação (ZPE), baseado na expectativa de menores custos e maior conteúdo tecnológico. Hoje não é mais assim. As “áreas de livre comércio” expandiram-se a partir da década de 90 para substituir o modelo vigente de ZPE´s, que na experiência internacional não apresentaram grande capacidade de crescimento dos benefícios econômicos e sociais por elas gerados. As áreas de livre comércio, ao contrário da ZPE, são mais abrangentes, agrupam vários municípios e agregam várias cadeias produtivas. Esse modelo foi seguido na China, Índia, vários países africanos, Oriente Médio, Austrália, países do Leste Europeu (Rússia, Ucrânia e Polônia), Estados Unidos, México, Peru, entre outros.

Qual a principal diferença entre os dois modelos?
As áreas de livre comércio, além de beneficiarem maior número de municípios, têm a segurança jurídica de estabilidade dos incentivos, vez que estabelecidos em uma lei que só será alterada por decisão do Congresso Nacional. Outra diferença importante é que o modelo da área de livre comércio, ao contrário da ZPE, não permite controle por parte de grupos, que manipulem os incentivos, de forma “indireta”. Prevalece a competição generalizada. Haveria vantagens para as empresas do RN, que poderiam ter incentivos especiais e serem fornecedoras das unidades industriais locais, além de se expandirem dentro da área de livre comércio/RN. Teriam, ainda a oportunidade de participar na atividade exportadora sem ter que enfrentar as dificuldades de “garimpar” clientes no exterior, gastando muito dinheiro e tendo que negociar em contextos (e idiomas) estrangeiros.

As duas ZPEs do RN foram criadas, por decreto presidencial, em 2010, mas até agora pouca coisa avançou. Onde estaria o nó?
A ZPE de Macaíba foi criada, por decreto do presidente Sarney, em 1988. Depois veio a de Açu. Há alguns fatores que explicam, mas não convencem. O sul do país é contra qualquer polo exportador no nordeste. Deseja acabar até com a zona franca de Manaus. A questão é que os governantes estaduais não acreditaram nesse mecanismo, salvo o Ceará que avançou muito. O RN recebeu duas “bênçãos” divinas, que, se aproveitadas, dariam muitos empregos e oportunidades:  as reservas de petróleo e gás natural (as maiores em terra do país) e a posição geográfica privilegiada no Caribe e América Latina, a mais próxima da Europa e África. Perdemos o petróleo e estamos perto de perder o aproveitamento econômico da posição de fronteira aérea e marítima para implantarmos um polo exportador e turístico. O Ceará, com mérito próprio, reagiu, esbravejou e conseguiu a refinaria de petróleo “Premium II” que está em plena construção e com data prevista de 2017 para ser inaugurada. Além disso, dispõe das obras do Aeroporto Internacional Pinto Martins de Fortaleza (será maior do que o “Aeroporto de São Gonçalo do Amarante”) quase concluídas e o Terminal Marítimo de Mucuripe, que se transformará num polo exportador de manufaturados, que seria a vocação natural do RN, através da sua área de livre comércio.

Como o senhor enxerga o processo de privatização da ZPE de Macaíba?
Devo esclarecer que falo em tese e sou favorável a privatizações, em áreas que onerem o estado. Acredito que um polo exportador, como o de Macaíba, pelo fato de liberar incentivos, isenções e recursos públicos, não deve ser privatizado. Não é que seja proibido. Apenas, não é conveniente ao interesse público. Há espaços econômicos que não podem ser privatizados.  Uma empresa privada somente se interessa pela administração, caso tenha lucro. Ninguém vem para o RN para perder dinheiro. O empresário irá vender isenções de impostos, incentivos, liberação de áreas físicas, tudo pertencente ao poder público. Imagine que ideia essa!!! Esse papel deve ser do estado. É  óbvio que será praticamente impossível, se o processo não for revisto, evitar as influências diretas e indiretas na concessão dos benefícios, favorecendo uns e prejudicando outros; ou favorecendo o capital externo, em prejuízo dos nacionais. Privatização numa ZPE ou ALC pode ocorrer para administrar o espaço físico da área, no que diz respeito à segurança interna, manutenção, conservação de acessos etc. Nunca para comercializar o acesso de indústrias, nacionais ou internacionais, através da concessão de isenções e incentivos. A política de Desenvolvimento Produtivo, Industrial Tecnológica e de Comércio Exterior precisa está nas mãos do governo. O governo não pode deixar de ser o agente moderador, em razão da concessão de regime fiscal, cambial e tributário diferenciados, que envolvem vultosos incentivos e isenções fiscais. O correto é que o governo implante a infraestrutura, o arruamento até a construção dos galpões. No Acre o governo agiu assim.

O senhor comenta que “é curioso o fato de apenas “uma” empresa ter apresentado proposta no recente processo de licitação (????)”. Há alguma suspeita sobre  o fato dela ter sido a única a apresentar proposta?
Se a ZPE é o caminho correto e mais atraente, ao invés da área de livre comércio, modelo usado globalmente, por que outras empresas não se interessaram na concorrência, já que existe ao lado um aeroporto da dimensão do de São Gonçalo do Amarante? Não me cabe acusar ninguém. Porém me compete sugerir que o Ministério Público, Receita Federal, o Tribunal de Contas e órgãos competentes esclareçam pontos obscuros nessa privatização e, se for o caso, seja realizada uma nova licitação, com mudanças no edital. No mínimo, tudo que aconteceu é muito estranho! Tratando-se de comércio internacional pergunta-se sobre a possibilidade da infiltração de “testas de ferro” do capital estrangeiro, que indiretamente manejariam as isenções e incentivos, concedidos a esse tipo de plataforma exportadora. Se o prazo para concluir a primeira fase está exíguo seria o caso de pleitear uma prorrogação ao governo federal, considerando as dificuldades econômicas que rondam o país.

O que de curioso o senhor viu nesse processo?
O curioso é que apenas “uma” empresa apresentou proposta na privatização, justamente do ramo imobiliário, administração de imóveis e construção civil. Bom recordar que para justificar a privatização propagou-se, que haveria empresários nacionais e estrangeiros interessados em aportar recurso na ZPE de Macaíba. Onde estão esses empresários? Repito que falo em tese. Não conheço a empresa vencedora, portanto não seria leviano para acusá-la. Digo que é preciso ter cuidado porque será uma empresa privada que irá administrar, direta ou indiretamente, milhões e milhões de dólares no comércio interno e externo, sob a forma de oferta de isenções e incentivos, inclusive de ICMS. O capital e o lucro não podem ser fiscais de si próprios, por mais idôneas que sejam as pessoas. O estado não pode abrir mão de administrar, com rigor, as isenções e incentivos tributários.  Eu estou apenas fazendo uma advertência, acerca de um procedimento estranho, misterioso ocorrido na privatização da ZPE de Macaíba. Se as explicações convencerem, tudo bem. Do contrário, a lei terá que agir.
Andrielle Mendes/TN
(Do blog Registrando)

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

MOMENTOS DA MINHA INFÂNCIA

SERRA AGUDA

Eu cresci atrás daquela serra

A trilha é o estradão

Ainda sinto cheiro da terra

E da plantação do algodão.



Hoje me vem a lembrança

E começo a chorar

Das coisas boas da vida

Quando morei por lá.



A estrela d'alva e a lua

Brilham o seu clarão

Noites memoráveis

Das caçadas do sertão.



Amanhece o dia

A serrinha desperta em flor

O perfume da caatinga

Liberando todo o odor.



Esse momento de criança me fascina

O sonho me convida a voltar

Das lembranças de Serra Aguda

Como é belo recordar.

Marcos calaça, jornalista matuto (UFRN)
Temos o talento, porém não temos escolas publicas de qualidade. Com Pastor Everaldo Pereira, pré-candidato a presidente da república (PSC), vamos ter mais escolas de referências e, consequentemente mais médicos! Vamos juntos nesta caminhada (sou pré-candidato a deputado federal) "por um Brasil melhor"

(Fernando Caldas, Pastor Everaldo a minha direita. Everaldo é pastor da Assembléia de Deus, Rio de Janeiro, Vice-presidente do PSC Nacional).
Foto: Temos o talento, porém não temos escolas publicas de qualidade. Com Pastor Everaldo Pereira, pré-candidato a presidente da república (PSC), vamos ter mais escolas de referências e, consequentemente mais médicos! Vamos juntos nesta caminhada (sou pré-candidato a deputado federal) "por um Brasil melhor".
Acalanto De Amor Insano

Acalanto assim meu amor...
Sem sonhos tão insanos
Tiro os pés dos ares e volto a pôr
Ver o por do sol sem tantos planos

Mantenho-me firme nesse plano
Ainda amo o amor mesmo que insano...
Domina minha mente sem clemência
Corrói meus sentidos faz residência

Com resistência arde nos olhos
Sem desistência me dá ciência... Conselhos!
Que nada é tão breve que não compense
Conhecer o amor verdadeiro que lhe pertence.

Nessa insanidade perseverante
Vestida de saudade sou diamante
Nos dias que “te amo” sou anjo errante
Em outros sem “te amo” falso brilhante

Passeio numa nebulosa com paciência
Sem boca pra beijar beijo as ciências
Que me ditam regras com reticências
Perfumam-me a mente flores e essências

Sem querer a cura para esse amor
Caminho devagar... Divago a dor...
Disfarço em preto e branco sem as cores
Volto para os campos revejo as flores!

Nesse momento...
Acalanto meu amor insano...

Sonia Son Dos Poemas


Assuense conta episódio da guerrilha em 1935

Como matéria especial, a edição dominical da TRIBUNA DO NORTE, edição de
07 de maio de 2000, publicou reportagem de minha autoria, como colaborador.
“Reside em Natal uma das testemunhas das ações de um movimento guerrilheiro
de caráter comunista que ocorreu no Vale do Assú, no RN, entre os anos de
1935/36. A dona-de-casa Áurea Cortez de Lima, 82, tinha 16 anos quando viu o
líder camponês Manoel Torquato de Araújo e dois companheiros, entrarem na
casa grande da propriedade do seu pai, Manoel Cortez, conhecida por “Ingá”, na
várzea do Assú.

A “guerrilha” foi resultado da luta reivindicatória dos trabalhadores das salinas e
fazendas de Mossoró, Assú, Areia Branca e Macau. Os estudiosos apontam o
então governador Rafael Fernandes, que reprimia violentamente os sindicatos e
mandava surrar os líderes dos trabalhadores, como o causador da revolta armada.
O pai de dona Áurea tinha terras em Assú, Macau e Pendências (1), mas não era
latifundiário. A razoável condição de vida do agricultor Manoel Cortez pode ter
aguçado a cobiça do grupo que chegou armado à casa da fazenda do povoado
Santa Luzia. Os camponeses queriam tomar as terras de Manoel Cortez,
obrigando-o a devolover uma gleba de sua propriedade que esteve arrendada
durante certo tempo a um dos aliados de Manoel Torquato, o chefe do bando
criado pelo provisionado Miguel Moreira. (2)Torquato era protestante.

“Esse pessoal era conhecido como o “Sindicato de Mossoró” e veio para tomar as
terras de papai. Lembro-me que chegaram lá em casa, pouco depois do meio-dia,
Manoel Torquato, José Domingos e Joel Paulista armados de revólveres e
peixeiras, todos à cavalo. Papai conhecia todos eles e disse que nós não
ficássemos amedrontadas, pois já sabia do que queriam. Manoel Torquato era de
Canto Grande, um lugarejo entre Assú e Macau, mas papai dizia que ele não era
bandido. José Domingos, natural de Alto do Rodrigues, era um detento, Joel
Paulista era o chefe do sindicato de Areia Branca. O José Domingos chegou lá
dizendo que não mexessem com a gente porque devia favores à família dos
“Targino” , como era conhecida a família de papai. Eles queriam tomar o sítio
“Cobé”, em Assú, e Manoel Torquato, com aquela pose toda, disse para papai: “o
senhor vai mandar o menino ficar na terra”.

Papai nem pestanejou, rebateu na hora que “eu já entreguei o caso ao juiz de
Assú” e explicou que o ex-meeiro Raimundo Nonato, vulgo “Raimundo Fumeiro”,
tinha passado vários anos explorando a terra sem pagar a renda. Diante da atitude
de papai, eles foram embora e nunca mais voltaram, disse dona Áurea, residente
na avenida Hermes da Fonseca, no bairro do Tirol, em Natal.

Apesar de não terem retornado para atanazar a família de dona Áurea, o grupo de
rebeldes comunistas distribuiu panfletos, impressos com tinta vermelha, com
pesadas críticas ao seu pai. Os boletins eram intitulados “O burguês Manoel
Cortez” e foram distribuídos em todas as casas entre Canto Grande e Comboeiro,
perto da cidade do Assú. (4)

“O povo dizia que eles eram comunistas, fizeram muita bagunça e quiseram tomar
terras pela pressão. Papai não deu muita atenção a eles, apesar de saber que
tinha cabras ruins no meio deles, como José Domingos, um verdadeiro cangaceiro
que acabou morto em Caraúbas”, relembra dona Áurea.

Ela diz que os episódios ocorridos no Vale do Assú, entre 1934/36, provocaram
mortes, mas não recorda os nomes das vítimas, além de Artur Felipe Montenegro,
um filho de fazendeiro rico que foi abatido na embocadura do açude Canto
Comprido, em Assú, em 2 de janeiro de 1936. Segundo Amaro Sena, em
depoimento prestado de 2 de março de 1999, quem atirou em Artur Felipe foi
Manoel Domingos, de Cobé, com um único tiro de rifle ou fuzil. “Foi um disparo
certeiro...”. (3)

Em represália, a família de Artur Felipe matou o pai de Manoel Torquato, que não
tinha nada a ver com a guerrilha. “O bando era comunista mesmo, não me lembro
de suas reivindicações, não. Não havia latifúndio no vale. Por exemplo, a terra que
o meeiro Raimundo queria era de 50 braças. Os homens de Manoel Torquato não
tomaram terras, só dinheiro, porque a lei não estava do lado deles; naquele
tempo, a lei, o juiz, era do lado do proprietário. Eu tinha um panfleto desses, mas
emprestei a uma pesquisadora e não me foi devolvido”.

Depois da morte de Artur Felipe, a polícia investiu contra eles, forçando-os a
recuar para perto de Mossoró. Manoel Torquato foi executado por um liderado,
Manoel Feliciano.

Rebeldes foram condenados
Derrotada a guerrilha, quase todos foram presos pela Polícia Militar do RN.
Processados, todos foram condenados. Mas pelo decreto-lei 474, de 8 de junho
de 1938, foram absolvidos Amâncio Leite, Raimundo Jovino de Oliveira, Manoel
Veras Leite, Tertuliano Alves Primo, Vicente Florêncio da Mota, Francisco
Agostinho Bezerra, Mestre Chaves ou Francisco Chaves dos Anjos e José Nicácio
Sobrinho das acusações de envolvimento na guerrilha de Manoel Torquato e
Miguel Moreira.

Em 29.06.1938, o juiz Raul Campelo Machado, por deficiência de prova, absolveu
Benedito Saldanha, Cirelino Bezerra da Costa, José Lopes Bastos, Homero
Agostinho, José Lins, José Perico, Belarmino Abel Ferreira, Pedro Mendonça,
Francisco Bernadino, Francisco Chaves, João Reginaldo, Antonio Reginaldo,
Francisco Paulino, Manoel Ferreira do Nascimento, Francisco Ferreira, Homero
Couto, Antonio Falcão, Francisco Agostinho, José Cassiano, Gonçalo Izidro,
Francisco Machado, Sandoval Oliveira Sales Lira, Ricardo Torquato, Antonio
Pereira, Feliciano Alexandre, Marcelino Alexandre, Manoel Nunes da Silva,
Honório Máximo, João Abre, Vicente Ferreira Gomes, Francisco Dobrinha, Chico
João e Cassiano Preto.

O magistrado declarou extinta a ação penal contra Sebastião Caldeira, “por ter
sido o mesmo, segundo se vê dos autos, morto em combate com elementos da
força pública estadual do RGN”. Os denunciados foram defendidos pelos
advogados Cícero Aranha e Maria da Glória Pinheiro Moss, que defenderam a
tese de perseguições políticas.

O jornal católico “A Ordem” (Natal/RN, p.4, edição de 02.07.1938) ao publicar
trecho do processo criminal diz que o bando era oriundo de Mossoró e
responsável por “propaganda subversiva eficiente, que resultou na formação de
um grupo de bandoleiros, chamados “os bandidos vermelhos” que, por motivos
políticos, e incitados por Miguel Moreira, praticaram no Estado do RN, em 1935,
assaltos, roubos, depredações, ferimentos”.
O ex-tenente Moisés Costa Pereira e o sargento Amaro Potengi da Silva foram
condenados a 3 anos.

Luta armada tinha caráter comunista
Não somente os documentos e cartas apreendidos nas casas dos dirigentes do
Partido Comunista do Brasil-PCB, no Rio de Janeiro, em 1936 (Movimento
Comunista de 1935 – Excertos da publicação “Arquivos da Delegacia Especial de
Segurança Política e Social – Volume III – Polícia Civil do Distrito Federal – Rio” –
1938 – Natal – Imp. Oficial – 1938) atestam que a guerrilha do Vale do Assú era
mesmo de caráter comunista.

A entrevista do ex-militante do PC mossoroense Francisco Guilherme (PCB na
mira da história – Camaradas rebatem duras críticas do livro W. Waack,
reportagem de Carlos Peixoto e Nilo Santos, TN, 28.11.1993, páginas 12 e 13) é
elucidativa. Referindo-se à insurreição de novembro de 1935, disse Chico
Guilherme: “Mossoró estava preparada para também instalar o Governo
Revolucionário Popular a partir de apoios na Polícia Militar e no Exército (Tiro de
Guerra), além da logística da guerrilha – cerca de 45 homens – do grupo
conhecido como “Sindicato do Garrancho”, todos na clandestinidade, porque a
polícia vivia prendendo e espancando e a única salvação deles era o partido
chegar ao poder”.

A primeira referência em livros sobre a guerrilha comunista do Assú é de autoria
de Edgard Barbosa, em “História de uma campanha”, Imprensa Oficial, Natal,
1936. Edgard Barbosa, que foi jornalista a serviço das forças conservadoras do
Partido Popular, de José Augusto Bezerra de Medeiros, diz que o movimento era
de caráter comunista, com ramificações em municípios vizinhos e que o
“numeroso bando armado surgia mais do ambiente político e da confusão reinante
do que do entusiasmo pelas doutrinas vermelhas, pois se constituía de homens
rudes, analfabetos e dispostos a todas as modalidades do crime. Era o
cangaceirismo acoitado à sombra de uma bandeira que encarnava um credo
exótico. Em nome do tal credo, os malfeitores que puseram em cheque as forças
policiais de Assú, Angicos, Santana do Matos e Macau”. Barbosa informa que os
comunistas fizeram “uma verdadeira rebelião, que aliás constou do relatório de um
representante brasileiro em uma das sessões da III Internacional, reunida em
Moscou”.

Segundo Barbosa, o movimento foi debelado na interinidade do interventor José
Lagreca, que enviou uma tropa de 60 homens sob o comando de Severino
Campelo, que libertou o fazendeiro Jorge Barreto, seqüestrado pelos guerrilheiros.
Segundo Manoel Rodrigues de Melo, os guerrilheiros contavam com forte adesão
dos protestantes.

O historiador Raimundo Nonato da Silva, como os demais estudiosos do assunto,
aponta influência comunista na rebelião desordenada no baixo Assú, “dirigido por
enviados do sul do país que, militarmente, organizavam a resistência pósnovembro
de 1935. Houve uma morte no campo de batalha de um engenheiro,
que tirou o ânimo dos revoltosos”.

O jornal “A República”, de 18.07.1936, p.2, informa que Sebastião Caldeira,
armado e com um cinturão de dinamites, morreu após a explosão dos explosivos
devido a um tiro recebido durante um tiroteio.

Notas

1 - O município de Pendências, em 1935, ainda não tinha sido criado.
2 - Miguel Moreira era membro do Partido Comunista.
3 - Segundo Amaro Sena, já falecido, Artur Felipe saiu de uma festa, embriagado
e, juntamente com o cabo Bondade, foi provocar os insurretos que estavam
acantonados perto do açude.
4 – A professora Brasília Ferreira confirmou, na época da publicação da
reportagem, que o boletim que dona Áurea lhe emprestou foi extraviado.
5 – Mais detalhes ver: Pequena História do Integralismo no RN – Fundação José
Augusto, Natal/RN, de Cortez, Luiz Gonzaga ; Trabalhadores, Sindicatos,
Cidadania – Nordeste em tempos de Vargas, de Ferreira, Brasília Carlos,
Cooperativa Cultura da UFRN; Várzea do Assú, de Melo, Manoel Rodrigues,
Edição Cadernos, São Paulo-SP e Gilberto de Melo Freire.
www.dhnet.org.br

O INTELIGENTE E O SABIDO

Há duas categorias de pessoas que, sobretudo no Rio Grande do Norte, merecem um debruçamento maior, uma atenção mais atenta, um enfoque mais...