domingo, 12 de janeiro de 2020
quinta-feira, 9 de janeiro de 2020
AOS SESSENTA
Nós só iremos saber
Quando o momento chegar
Quando o fato ocorrer
Aí sim a realidade
Nós iremos conhecer
Muita gente aos sessenta
Acredita de verdade
Inda ter o mesmo pique
A mesma mobilidade
De quando tinha uns 20
Ou 30 anos de idade
Mas aí é que a real
Para ele se apresenta
Me lembra o jogador
Que aos 35 ou 40
A perna já não reage
Ao que o cérebro orienta
Por isso é que lhes digo
Vamos sim intensamente
Viver o dia após dia
Saudável alegremente
Só Deus sabe o que o futuro
Irá reservar prá gente.
Rosivaldo
Por Florbela Espanca
Se tu
viesses ver-me hoje à tardinha,
A essa
hora dos mágicos cansaços,
Quando a
noite de manso se avizinha,
E me
prendesses toda nos teus braços…
Quando me
lembra: esse sabor que tinha
A tua
boca… o eco dos teus passos…
O teu
riso de fonte… os teus abraços…
Os teus
beijos… a tua mão na minha…
Se tu
viesses quando, linda e louca,
Traça as
linhas dulcíssimas dum beijo
E é de
seda vermelha e canta e ri
E é como um cravo ao sol a minha boca…
Quando os olhos se me cerram de desejo…
E os meus braços se estendem para ti…
quarta-feira, 8 de janeiro de 2020
TODOS OS ACONTECIMENTOS DO MUNDO SÃO SENSÍVEIS AOS
MEUS PENSAMENTOS.
O meu
pensamento, para os acontecimentos do mundo,
Em tudo que
dos meus sentidos, os meus sentidos para virem um a um, de todas as raízes do
mundo.
Eu sou o
meu sentido
A expressão
de todos os meus sentidos
A expressão
de todo o meu sentido todo o meu mundo.
Da treva
impenetrável â luz perfuradora de todas as trevas,
Dos campos
devastados ao mundo de cadáveres apodrecidos,
O atasca
pestilento, as feridas de todas as terras,
Os vermes,
como pequenos monstros sonolentos,
E os grandes
monstros, as garras afiadas, agitadas mandíbulas,
Tudo há que
se alastra para o mundo que a arder de que particular ao meu pensamento
As casas
demolidas,
Os corpos
mutilados
As árvores,
para o céu, os galhos ressequidos.
A multidão
a relutar de todos os apedrejados,
O mundo
todo de todos os gemidos,
A cósmica
amargura de todos os condenados,
A dor
profunda de todo os perseguidos,
Ah! que
assim são as chagas profundas de todos os meus sentidos....
Penso dos
meus pensamentos estrangulados,
Dos meus sentidos
devastados,
Das
sombras, para o chão, tudo meu cérebro para enterrado...
As misérias
do chão,
Tudo que
dos infernos na sua miséria,
- Eu
preciso morder, e rasgar, e triturar tudo d’aquele maldito coração...
A sombra
incolor da minha vida,
Tudo em que
fui transformado...
O mundo do
meu céu como um morto perdido...
- E ri dos
seus dentes, e ri dos seus olhos o riso maldito do condenado...
Senhor,
cegai-o; varrei-o, ventos, atirai-o para longe das fronteiras da terra.
E de tudo que
for céu, e tudo que for graça, e de tudo que for amor e que for sentimento.
Deus,
amaldiçoai-o; negai-o, todos vós energias da terra
E todos
para enterrá-lo, todos para sepultá-lo em todos e em tudo todas as forças do
raio...
(João Lins Caldas)
terça-feira, 7 de janeiro de 2020
segunda-feira, 6 de janeiro de 2020
Meu Deus, me dê a coragem
Meu Deus, me dê a coragem
de viver trezentos e sessenta e cinco dias e noites,
todos os vazios de Tua presença.
Me dê a coragem de considerar esse vazio
como uma plenitude.
Faça com que eu seja a Tua amante humilde,
entrelaçada a Ti em êxtase.
Faça com que eu possa falar
com este vazio tremendo
e receber como resposta
o amor materno que nutre e embala.
Faça com que eu tenha a coragem de Te amar,
sem odiar as Tuas ofensas à minha alma e ao meu corpo.
Faça com que a solidão não me destrua.
Faça com que minha solidão me sirva de companhia.
Faça com que eu tenha a coragem de me enfrentar.
Faça com que eu saiba a ficar com o nada
e mesmo assim me sentir
como se estivesse plena de tudo.
Receba em teus braços
o meu pecado de pensar
Clarice Lispector
de viver trezentos e sessenta e cinco dias e noites,
todos os vazios de Tua presença.
Me dê a coragem de considerar esse vazio
como uma plenitude.
Faça com que eu seja a Tua amante humilde,
entrelaçada a Ti em êxtase.
Faça com que eu possa falar
com este vazio tremendo
e receber como resposta
o amor materno que nutre e embala.
Faça com que eu tenha a coragem de Te amar,
sem odiar as Tuas ofensas à minha alma e ao meu corpo.
Faça com que a solidão não me destrua.
Faça com que minha solidão me sirva de companhia.
Faça com que eu tenha a coragem de me enfrentar.
Faça com que eu saiba a ficar com o nada
e mesmo assim me sentir
como se estivesse plena de tudo.
Receba em teus braços
o meu pecado de pensar
Clarice Lispector
"APOSENTADOS QUE TENHAM CONTRIBUIÇÕES ANTES DE 1999 PODEM ALMENTAR O VALOR DA APOSENTADORIA"
O STJ LIBEROU A REVISÃO DA VIDA TODA
Ao julgar o tema 9999 o Tribunal reconheceu que todos os aposentados têm direto de optar pela inclusão das contribuições anteriores a 1994 no cálculo do valor do benefício, o que pode até dobrar o valor da aposentadoria.
Para ter direito a revisão do valor mensal do benefício faz-se necessário ingressar com uma ação judicial, visto que o INSS não reconhece o direito.
Ao julgar o tema 9999 o Tribunal reconheceu que todos os aposentados têm direto de optar pela inclusão das contribuições anteriores a 1994 no cálculo do valor do benefício, o que pode até dobrar o valor da aposentadoria.
Para ter direito a revisão do valor mensal do benefício faz-se necessário ingressar com uma ação judicial, visto que o INSS não reconhece o direito.
Marcelo Farias Consultoria & Advocacia - PATROCINADO
Porto-Ilha de Areia Branca: 45 anos de história
Terminal salineiro Luís Fausto de Medeiros (Termisa)
Artigo
1. Introdução
Em 01 de março de 2019, o Terminal Salineiro Luís Fausto de Medeiros (Termisa), usualmente conhecido como "Porto-Ilha" de Areia Branca, completou seu Jubileu de Safira (45 anos).
Inaugurado em 1974, esse terminal off shore sui generis é o único de sua natureza no mundo. Fruto da necessidade de um porto para escoamento da produção salineira da região da Costa Branca principalmente de Areia Branca, Macau, Mossoró e Galinhos), no litoral norte do Rio Grande do Norte, tanto para abastecimento do mercado interno (Santos, Paranaguá, Porto Alegre, Arraial do Cabo, Vitória e Pará) quanto para exportação para diversos países,especialmente Estados Unidos, Canadá e nações africanas, o Termisa é resultado de um projeto da empresa norte-americana Soros Associates Consulting Engineers, especializada em infraestrutura logística e engenharia marítima.
A atividade salineira constitui setor de grande relevância para a economia do Rio Grande do Norte. Do total do sal produzido no país, 95% é proveniente da região da Costa Branca, no litoral do estado. Nesse contexto, o Termisa tem papel de destaque, uma vez que a maior parte desse produto é escoada por seu intermédio (aproximadamente dois milhões de toneladas/ano), contribuindo com a geração de empregos diretos e indiretos. Os demais 5% são produzidos no litoral do Rio de Janeiro. No processo de extração do sal, a água salgada de canais de maré ou de estuários é bombeada para tanques extensos, chamados evaporadores, onde fica exposta ao sol e aos ventos para a evaporação. Para efeito de comparação, alguns desses tanques, na região de Macau-RN, chegam a ter mais de 2km², enquanto nas salinas fluminenses não passam de uma ou duas centenas de metros quadrados (DINIZ, 2013, p. 25).
A escolha do modal marítimo para exportação do sal é a mais viável em virtude de ele demandar o menor emprego de recursos financeiros, tendo em vista que as atividades de transportes consomem, em média, dois terços dos custos das atividades logísticas (BALLOU, 2010, p. 24).
2. Infraestrutura
A localização geográfica do terminal (04° 49' 06" S e 37° 02' 43" W) foi determinada de forma a aproveitar a existência de um canal de navegação natural, com comprimento aproximado de 8MN, profundidade mínima de 11 metros e largura média de cerca de 400 metros (DHN, 2013).
O canal de acesso, cujo balizamento é de responsabilidade da Companhia Docas do Rio Grande do Norte (Codern), é demarcado por dez boias laterais, sendo nove cegas, e apenas a de aterragem luminosa (encarnada).
A estrutura da ilha artificial, em areia e aço, fincada em mar aberto 14MN a nordeste do município de Areia Branca e distando 8MN da linha da costa, foi construída inicialmente com área de 15 mil metros quadrados, ao custo de 35 milhões de dólares. Em formato retangular, medindo 92 metros de largura por 166 metros de comprimento, foi aterrada com material coralíneo da própria região e recoberta com um piso de sal, para garantir a pureza do produto armazenado.
O sal é transportado das regiões produtoras para a ilha artificial por meio de barcaças, estando atualmente oito em operação. Essas barcaças, com capacidade média diária de transferência de sete mil toneladas, atracam em um cais específico cujo comprimento é de 166 metros e cuja profundidade é de sete metros em maré mínima. O porto dispõe de quatro descarregadores de barcaças, sendo dois com capacidade de 350ton/h e dois de 450ton/h.
Para acostagem de navios, existem cinco dólfins, os quais,juntamente com quatro boias de amarração e ancoragem de bordo (normalmente por boreste) compõem o sistema que possibilita a amarração e atracação de navios no terminal.
De: http://www.novoportal.com.br
sábado, 4 de janeiro de 2020
RECONCILIAÇÃO E DESPEDIDA
De Walter de Sá Leitão sobre João Lins Caldas
Há cinco anos, mais ou menos, o velho e amigo João Lins
Caldas limitara nossa amizade a saudações e cumprimentos simples e – não poucas
vezes – estas cortesias eram para ele um constrangimento.
Por muitos frequentara
a nossa casa, diariamente, sentindo-se à vontade, contando-me dramas da sua
vida, atitudes que tomara em certos e determinados casos, especialmente como
funcionário público, e, por fim, recitando seus formidáveis poemas e sonetos.
Na sua espetacular inteligência, havia um ponto característico dos poetas – “as
imaginações” – que lhe produziram um gênio tempestivo e absoluto para viver,
anormalmente, entre os seus semelhantes. Uma simples conversa que divergisse do
seu ponto de vista, em relação especialmente a determinadas pessoas, era o
bastante para multiplicar o número dos seus desafetos, acrescido do dialogante.
Reconhecendo-o POETA, sonhador, portando, jamais considerei suas denúncias,
acusações ou julgamentos aqueles por quem se dizia prejudicado. Isto lhe
causava um mal estar, cujos efeitos eu minorava contando-lhe anedotas picantes,
piadas, impúdicas e ele, o velho Caldas, sem arrefecer os ódios, retira-se
anotando-me no seu caderno como um indigno, também. Distanciava-se de mim,
torcia caminhos para não me encontrar, porém eu o procurava, intrometia-me nos
ambientes onde ele comparecia e, assim, ia amenizando sua intolerância, sem
conseguir modificar suas sentenças.
Como poeta era sublime, vibrações, divinais; um disco de
sonatas infindas que quanto mais se ouvia, mais desejos se tinha de continuar
ouvindo. No cotidiano da vida, era humano...
Ontem, dia 18, as seis horas da manhã, caminhávamos em
direção ao Mercado Público, quando, em frente à Padaria Santa Cruz, os nossos
caminhos cruzara-se e eu, na minha teimosia para tê-lo amigo, provoquei o
diálogo:
- Bom dia, Frutilândia!...
- Bom dia, Walter, preciso falar com você.
- Caldas, voltarei logo para lhe atender.
Voltei minutos depois, indo encontra-lo na Praça da Criança,
comprando uma espiga de milho verde. Ao ver-me reiniciou o diálogo:
- Walter, você tem recebido notícias ou carta de Moacir?
- Não, depois da última estadia aqui não me deu notícias nem
me escreveu.
- A mim, também não. Parece que está zangado porque não lhe
dei resposta às últimas cartas. Mas, vou respondê-las. Preciso demais comunicar
certos desejos e, fatos da minha vida, sobretudo porque o meu fim está chegando
e só a ele poderei contar, sabe!
- Caldas, a sua saúde, como vai? Tem tomado os remédios e
seguido a dieta?
- Não, comecei a tomar umas pílulas, porém as suspendi. Depois
de liquidar meus negócios irei cuidar da doença. O meu mal são estas coisas...
- Tens ouvido ou lido alguma coisa?
- Ouvido, não, Caldas, porém estou lendo um grande livro
sobre Hermes Fontes, escrito por Povina Cavalcanti e dirigido por Afonso Arinos de Mélo Franco.
- Ah! Quero vê-lo. Preciso ler. O Hermes, como já lhe contei,
morreu rompido comigo. Hoje, ou melhor, depois é que, reconheci ser um mal
entendido meu. Seria fácil, Walter, emprestar-me este livro, agora?
- Pois não, Caldas, vou mandar busca-lo.
Minutos depois, chegava o portador trazendo o livro.
- Pronto Caldas, aqui o livro.
Com o livro às mãos começou a folheá-lo e, ao deparar em uma
das páginas o retrato de Hermes, fitou-o bem e exclamou: “Hermes! Hermes!...
Breve a nossa reconciliação espiritual.”
Despedimo-nos, ele saiu com o livro na mão e a cesta na
outra. Partiu para completar a sua feira e, horas depois, completava também a
sua vida atribulada de poeta e sonhador.
DEUS o tenha lá, com menos imaginações humanas!
Assu, 19 de maio de 1967
Do blog: Este depoimento de Walter de Sá Leitão encontrei entre os grandes versos de Caldas, dos seus livros organizados em
manuscritos, antes sobre a guarda do poeta e publicitário no Rio de
Janeiro - JMM Publicidade -, João Moacir de Medeiros já falecido, que era primo de Caldas pelo lado da família Lins Caldas de Ipanguaçu/Assu. Antes de sua morte, Moacir
autorizou que me fosse entregue os originais dos versos de Caldas, além daqueles que já
foram entregues ao Conselho Estadual de Cultura/RN. São belos poemas e sonetos dos livros que Caldas não teve o privilégio nem a felicidade de publica-los, intitulados de “Deus
Tributário”, Águas de Sono" e "Caminho de Estrelas", entre outros, além de centenas de pensamentos filosóficos. Fica o registro.
Fernando Caldas
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E a experiência? A experiência se consegue a proporção que os dias se passam! (Fernando Caldas).
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Uma Casa de Mercado Mercado Público (à direita) - Provavelmente anos vinte (a Praça foi construída em 1932) Pesquisando os alfarrábios da...