quarta-feira, 14 de junho de 2023

O ASSU VISTO POR HENRY KOSTER EM 1810

Postado em Assu Antigo,  9 de novembro de 2020

Cheguei ao Assú a 1.0 de Dezembro apoz ter feito cerca de 340 milhas em 19 dias. A inquietude continua em que vivi impossibilitara-me de escrever um diario regular da jornada Do Assú ao Aracatí registei as denominações dos lugares que passava. A região é mais habitada e fomos mais proximos ao litoral. Viajava-se mais a comodo que entre Natal e Assú, excetuando o abandonado "Pai Paulo", não atrave 0 sei lugar que justificasse o nome de povoação. Encontrei, muito separadas uma das outras, algumas choupanas, algumas desertas, concentrando toda população do distrito. E' uma região desolada e pobre. A vila do Assú é edificada em qua:lrado e consta de cerca de trezentos habitantes, tendo duas igrejas e a Camara Munic:pal e prisão que então se construia. O Governador fôra o promotor da obra. Está situada á margem do grande rio do Assú, no ponto em que este se divide em dois braços, a curta distancia. Está na margem esquerda do ramo menor. Ha uma ilha de areia entre os dois braços, e a distancia de onde o rio se biparte ao ponto da junção, é de duas a tres milhas. Atravessamos os leitos ressequidos e entramos na praça, onde a areia é baixa e não ha calçamento. Muitos moradores estavam ás suas portas porque os viajantes são motivos de curiosidade e o nosso aspecto inda mais a aguçava.

Eu montava numa sela inglêsa, o que mais particularmente atraía os olhares desse povo de cavaleiro.

As casas tinham apenas o pavimento terreo, e algumas eram rebocadas e caiadas de branco, mais as paredes de muitas conservavam sua côr natural, por dentro e por fora, e o chão estava em seu estado bruto. Somente com grande esforço nessa terra onde a agua é escassa, os mordores conseguem manter-se · asseados. Os brasileiros, mesmo de classes inferiores, em todas as castas, têm alguns habitos que se ligam aos costumes da vida selvagem, são de notavel asseio em suas pessôas Um dos maiores incomodos para um brasileiro é o lugar onde residir ficar distanciado de um rio ou pôço d'agua onde se possa banhar.

Perguntei pela morada de um negro, seleiro de profissão, que meu guia conhecia. Estava, como os outros, á porta, para ver os viajantes, e logo reconheceu o amigo e avançou para falar-lhe. Foi então procurar uma casa para nosso abrigo durante a estada. Era pequena, sem recbôco nem caiação, com dois quartos, um abrindo para a praça e outro para o rio. Logo que terminei a instalação e me arranjei, saí para visitar o Vigario que residia na melho, ou menos feia, abitação da vila. Era do tamanho da casa dos camponeses ou pelos pequenos pro·prietarios na inglaterra, mas não tão conf ortavel, embora possuindo pavimento de tijolos. E' verdade que esses climas nada pedem, como os climas frios que exigem nas habitações inglêses e no progresso inglês tantas disposições, o in definível chamado "conforto". Disse ao Vigario que ele era a primeira pessôa na vila que tinha o prazer de visitar e que seria feliz em SP.r acompanhado em minha viagem pelas orações e bons auspicias de sua ordem e, em particular, os dele, de quem o Governador falava com tanta simpatia. A palestra pouco demorou e não a pude alongar por estar fatigadissimo.

Dispuz-me a mandar os cavalos para o P iató, onde havia pasto e verdes talos de milho, cana de açucar e outras plantas, mas o guia me recomendou demorar apenas o necessario. Assegurou-me de que os cavalos continuando a viagem sem interrupção resistiriam muito bem mas se repousassem ficariam fracos e inteiramente inuteis para o serviço por muito tempo. Mesmo não estando perfeitamente convencido do que me dizia, não tendo razão para retardar-me no Assú, enviei Julio para trazer os animais para o Assú e, no outro dia, ás duas horas, para termos, de qualquer forma as vinte e quatro horas de descanço. Aprendi depois, por experiencia, que o guia tinha toda razão, relativamente aos cavalos. O trabalho regular é melhor que o descanço de mais de um dia.

Nosso amigo, o seleiro, entre outras historias, nos contou ter passado, um pouco antes de nós, pelas mesmas terras que atravessavamos, vindo de S. Luzia. Estava ele na companhia de um outro homem e de um rapaz que trazia um cão. Fícaram durante a noite ao abrigo de um rochedo na vizinhança do lugar de que já falei. Seu companheiro tinha levado os cavalos para pastar a alguma distancia. O rapaz e o cão ficaram com ele. Acendêra o fogo e se preparava para assar a carne-sêca, quando o rapaz gritou:- "Onde está o cachorro?" E lhe respondêra:- "Está aqui, não está? " - "Que olhos são aqueles?" - disse o rapaz apontando ao mesmo tempo para um canto do rochedo. O seleiro reparou e viu dois olhos e nada mais. Chamou o cão e, tomando a espingarda disparou-a onde o cão estava mas sem apontar.

Um jaguar precipitou-se para fóra e fugiu . Estava escon dido nas pedras e o clarão do lume mais o ocultava nas sombras, impedindo ver seu corpo, tornando visíveis apenas os olhos. Estava agachado, esperando o momento, disposto a saltar quando todos estivessem tranquilos e descuidados.

Soube existir na embocadura do Assú muitas salinas importantes e que varias barcas pequenas vinham, de diversos pontos da costa, carregar a produção.

Tomei um outro guia porque o homem que trouxéra de Goiana não sabia a estrada a seguir. Embora não o estimasse muito, conservei-o porque era um mestre com sua profissão, tratando bem aos animais que, graças a sua atenção e conhecimento do oficio, chegaram sem feridas o que, alem de surpreender os que viam, denunciava muita felicidade ou muita pratica. Era contudo um fanfarrão, maltratando os pobres onde nos alojavamos, sempre que julgava faze-lo impunemente. Repetia sempre que eu era um personagem ilustre. Não dizia nada mas, quando do nosso regresso, estando eu adoentado, ele se .fez passar por chefe da caravana e o surpreendi nessa posição. Desconcertei-o ameaçando-o despedi-lo do meu serviço. Desde que me restabeleci. tratou de ocultar seus vícios e cuidou melhormente de tudo. O outro guia que levei comigo era um mulato escuro, jovem e robusto, filho de um morador do Assú, e tinha caracter. Partindo, trouxe um I:ndo cão, que Jogo depois adquiri.

Na manhã seguinte Julio regressou com os cavalos e, entre tres e quatro horas da tarde, deixamos o Assú.

_______

O Rio do Assú pode ter duzentas ou trezentas jardas de largura, sendo profundo e perigoso pela violencia do seu curso, tornando indispensavel um guia que conheça os lugares vadeaveis.

Os sertanejos se servem, para atravessar os rios, de um curioso aparelho formado de tres peças de macieira, sobre o qual se colocam e remam eles mesmos até a margem oposta. Já ouvira falar, sob a clenominac;ão ele Cavalête, mas como não vi um deles, não é possível pretender dar uma descrição exata. Os homens nos deixaram enquanto arranjava. com a passivei brevidade, as cargas. Voltando-me, vi Mimosa vir era minha direção, meio agachada e amedrontada. Fizera o possivel para comprar esse animal mas nada poude inriuzir seu dono a ceder. Ele dizia que a possuía desde  pequen ina e, ajuntava, jamais puzéra a panela ao fogo que, antes desta ferver, não voltasse a cachorra com alguma cousa para a encher. Não disse exatamente deste modo mas desejou dar uma ideia de sua grande habilidade para a , caça. Seguia-nos porque fôra bem tratada por nós. Jornadeamos fazendo parada na fazenda S. Ursula, legua e meia distante do Assú, onde dormimos. O caminho passava por bosques espessos. Para diante, até o rio Ceará-Mirim, a região era nova para mim porque me desviara da antiga estrada que ia ao Assú, pelo norte.

Tomava agora o caminho mais curto para Natal mas devia cruzar varias vezes o tortuoso rio.

(...) Era filho de um proprietario residente ás margens do Assú. e possuindo muitas fazendas de gado nessa região. O velho era coronel de milícias e com quem eu palestrava era major no mesmo regimento. 

NOTAS AO CAPITULO VI.

(13) Santa Luzia, antigo Põço da Lavagem, no municipio do Assú,

(22) O vigario do Assú em 1810 era o padre Antonio Ferreira de

Souza Monteiro. 


                         

De: https://blogdofernandocaldas.blogspot.com/

 


segunda-feira, 12 de junho de 2023

SOBRE TUDO: SINHÁ -  A escritora e desembargadora Perpétua Wa...

SOBRE TUDO: SINHÁ -  A escritora e desembargadora Perpétua Wa...: SINHÁ -  A escritora e desembargadora Perpétua Wanderley deu o ponto final no seu próximo livro - ‘Último Caderno de Sinhazinha Wanderley’...

SINHÁ -  A escritora e desembargadora Perpétua Wanderley deu o ponto final no seu próximo livro - ‘Último Caderno de Sinhazinha Wanderley’ e confiou os originais ao editor Ciro Pedroza que vai editá-lo com o selo da Ciropédia. Sai dos prelos para ser lançado em Assu, no São João.  

CADERNO - A pesquisa de Perpétua Wanderley começa com um achado precioso num antigo móvel de família: um caderno organizado pela poetisa de Assu, Sinhazinha Wanderley, com poemas e anotações inéditas. Um resgate importante para a história da literatura feminina no RN.

(Vicente Serejo - Cena Urbana)

https://www.tribunadonorte.com.br/

Natal não há tal

Haleson Oliveira

Trago pra vocês hoje uma das fotos mais antigas que existem de Natal (RN), provavelmente dos anos 1900. Foi tirada do alto da Praia do Meio. Ao fundo a Fortaleza dos Reis Magos, solitária e totalmente dentro do mar. Observe que não se vê pessoas, construções nem muito menos ruas.



Todas as reaç

Pricissão de São João Batista, Padroeiro do Assu. Fotograia tirada na década de cinquenta ou sessenta!




sexta-feira, 9 de junho de 2023

PÁSCOA DA COLÔNIA ASSUENSE EM NATAL FOI PRESTIGIADA POR ILUSTRES VARZEANOS DA TERRA DOS POETAS

Dia 3 de Junho 2023


Fernando Caldas (Fanfa)  nos enviou esta foto ilustrativa de ilustres figuras da terra dos poetas perfilado ao lado de uma galera feminina (primas) e ladeado do ex - deputado nosso prezado amigo Paulo Montenegro,  Edgarzinho, todos prestigiando ontem a abertura do São João da colônia  assuense residentes em Natal.

Durante o evento Paulinho Montenegro, fazendo uso da palavra, fez saudação recordativa  de alguns fundadores da Colônia Assuense, ocasião em que referenciou os saudosos Ernesto Sousa e João Batista Machado que estão morando no andar de cima.

Logo mais faremos postagem do vídeo.

Postado por Aluizio Lacerda 

sexta-feira, 2 de junho de 2023

 


                                    

Nº de Páginas: 15

Língua do Original: inglês

Literatura do Original: norte-americana

Período Literário: Século XVIII

Obs sobre a tradução: Em 1945, Luís da Câmara Cascudo publica sua tradução de três poemas (I hear America singing,The base of All Metaphysics e For you, o Democracy) no jornal A República de Natal, que posteriormente foram apanhados num fino volume de 15 páginas, com o título de Três poemas de Walt Whitman, lançado pela Imprensa Oficial de Recife, na Coleção Concórdia, em 1957. (Fonte: "O quinteto da renascença americana no Brasil", de Denise Bottmann).

Edição: Não Bilíngue

Categoria: Autor Único


Marcos Calaça

INÍCIO DA DÉCADA DE 1970:
A CAÇAMBA DE GELO E O POLI

No horário do recreio
No meu Grupo Abel Furtado,
Pinto vendia poli
Sabor bom e variado,
Geladinho de Gercina
É lembrança do passado.
Poli, Adélia vendia
Tinha gente que enrolava,
Não conhecia dinheiro
Troco errado ela passava,
O menino caloteiro
De novo poli comprava.
Marcos Calaça é poeta potiguar.
-Poli é um suco que se congela dentro da caçamba de gelo.






Nenhuma descrição de foto disponível.
Todas as r

 Casa de Café Filho, ex-presidende do Brasil. Nata/RN.



quinta-feira, 1 de junho de 2023

Princesa 90 FM


Açude Mendubim. Uma das belezas d Assu. Começou a ser construído na década de sessenta. A sua inauguração foi no ano de 1970. Está localizado no Rio Paraú "afluente à margem esquerda do Rio Piranhas/Açu.Distante aproximadamente 11 km. do Centro da cidade de Assu-RN.
Você é tudo. É tudo para mim!
Um formidável e imenso "Mendubim"
Pejado de desejos!
Eu sou o rio Assu - das grandes cheias,
Em busca dos seus beijos!
Você tem a alegria das alvoradas,
A beleza da noite enluarada
Com serestas de amor!
Eu tenho na alma dobres de finados...
Encanto por cima dos telhados
Na hora do sol-por.
Você é o acalanto! A melodia
Que as mães solfejam cheias de alegrias
Pro filho adormecer!
Eu sou o cantochão, triste e profundo
O doloroso ai do moribundo
No instante de morrer!
Você é tudo. É tudo para mim!
Um formidável e imenso "Mendubim",
Sangrando de emoções...
E sou apenas, uma poça dágua,
Aonde se reflete a minha mágoa
E as desilusões!
Autor: Renato Caldas.
Foto de Roberto Meira.

 


segunda-feira, 29 de maio de 2023

O SALÁRIO PODE SER PENHORADO POR DÍVIDAS?

 Sérgio Carlos de Souza

A lei diz que o salário é impenhorável, isto é, mesmo que a pessoa possua dívidas o seu salário não pode ser alcançado por bloqueio judicial para pagar aos credores. É o que diz a lei. Porém, a Justiça tem dado uma interpretação nova à lei e está determinando a penhora de parte dos salários para pagamento de credores.

De acordo com o Código de Processo Civil, são absolutamente impenhoráveis os vencimentos, os salários, os proventos de aposentadoria e as pensões, com exceção de dívida oriunda de pagamento de pensão alimentícia. Se a lei é tão taxativa, como o Judiciário está determinando a penhora dos salários? O Judiciário não deveria se restringir à aplicação da lei?

A verdade, a meu ver infeliz, é que o Poder Judiciário, não raramente, pratica aquilo que se convencionou chamar de ativismo judicial, que é a decisão da Justiça que busca “inserir” no ordenamento jurídico aquilo que não está previsto na lei. O Brasil adotou a divisão tripartite do poder, isto é, Executivo, Legislativo e Judiciário devem funcionar de forma harmônica e independente, cada um na sua função. Contudo, o fato é que, como dito, o Judiciário algumas vezes invade a competência do Legislativo e “cria normas” que não estão em nenhuma lei, ou muda o sentido de leis, que é o que acontece no caso da penhora de salários.

Seria mais justo permitir que, em alguns casos, parte dos salários dos devedores fosse penhorado? Bem, isto deve ser discutido no âmbito do Poder Legislativo, no caso o Congresso Nacional, e de lá sair uma eventual mudança da lei que reflita as aspirações da sociedade. Ao Legislativo cabe ouvir a voz das ruas; ao Judiciário cabe aplicar a lei, somente.

A impenhorabilidade do salário do trabalhador representa uma das mais relevantes garantias à sobrevivência deste. Sabe-se, sem muito esforço, que o credor tem direito ao recebimento de seu crédito, mas também, que o trabalhador tem direito à vida e à dignidade pessoal. Todo empregado trabalha em razão do salário, pois vive dele e é com ele que consegue adquirir produtos para sua sobrevivência. O salário goza do privilégio da impenhorabilidade, até mesmo nos casos de execução para recebimento de crédito tributário. Isto se dá porque o crédito tributário está em nível abaixo da escala de preferência em relação ao salário.

A medida de penhora de salários já foi autorizada até por decisões do Superior Tribunal de Justiça – STJ e tem sido usada nas mais diversas situações, geralmente quando se esgotam todos os meios de recebimento e o devedor efetivamente não possui bens que possam pagar a dívida. A aplicação dos percentuais vai de 15% a 30% sobre os salários.

No entendimento do STJ, parte de um salário pode ser alvo de penhora quando for observado percentual que assegure a dignidade do devedor e de sua família, isto é, nos casos em que o juiz entende que há dinheiro de sobra no salário do devedor, determina a penhora salarial. Em muitos casos em que a penhora de salários foi determinada pela Justiça, o juiz ressaltou que, apesar do que diz a lei, o credor também não pode ficar de mãos abanando, e por esta razão se a penhora de parte do salário não configurar a ruína financeira do devedor, não há porque deixar de bloquear um percentual para pagar a dívida.

O assunto é muito polêmico e, a meu ver, o Brasil trilhará um caminho perigoso se essa orientação passar a ser aplicada de forma irrestrita. Esperemos que o Congresso Nacional faça a sua parte!

Sérgio Carlos de Souza, fundador e sócio de Carlos de Souza Advogados, autor dos livros “101 Respostas Sobre Direito Ambiental” e “Guia Jurídico de Marketing Multinível”, especializado em Direito Empresarial, Recuperação de Empresas e Ambiental.

Foto: Reprodução / Folha Vitória

De: https://www.folhavitoria.com.br/


Festa Junina 2023 - Convite

Cordel em sala de aula fortalece a interdisciplinaridade e desperta o interesse pela poesia

Rimas simples, mas que acumulam saberes valiosos do cotidiano, ao mesmo tempo que trazem registros de vários Brasis. Os versos do cordel são um dos mais tradicionais da cultura no país. Desde 2018, o gênero literário é Patrimônio Cultural Brasileiro. Muito associado à oralidade e à publicação artesanal, com ilustrações em xilogravura, o cordel em sala de aula pode fortalecer a interdisciplinaridade e despertar o interesse pela poesia. 

“O meu projeto se conecta com as vivências dos estudantes. Por ser o cordel um gênero local, ele tem muita aceitabilidade por parte dos mesmos. Apresenta uma linguagem muito simples, sem ser simplória, que é facilmente compreendida por eles. É um gênero que afirma as relações de pertencimento dos estudantes”, afirma o professor Gilson Franco, que trabalha na Escola de Tempo Integral Professor Ademar Nunes Batista, em Fortaleza (CE), e já utilizou o cordel para debater temas como empatia e combate ao bullying com turmas de ensino médio. 

“Povoava a minha mente a ideia de criar um ambiente escolar cheio de poesias e atitudes gentis por toda parte. Partindo dessa situação de incômodo, que me desafiava a fazer algo para resolver a questão do bullying e da falta de empatia, desenvolvi uma sequência didática, mediada pela literatura de cordel. Composta por 12 oficinas, ela semeia atitudes valorativas entre eles, como gentileza, bondade,  gratidão, respeito e empatia.”, conta.

“É um gênero que afirma as relações de pertencimento dos estudantes”

O professor também destaca a capacidade do cordel em dialogar com outros gêneros poéticos e musicais também presentes no cotidiano dos alunos: “A poesia de cordel apresenta rimas, recurso de que [os alunos] gostam muito, e que associam, inclusive, a gêneros como o Slam e o Rap, que também apresentam um ritmo alucinante”, explica o professor. 

Usos interdisciplinares do cordel em sala de aula 

Para o cordelista e curador da Associação Brasileira de Literatura de Cordel, Marlos de Herval, o cordel também pode ser um material lúdico para práticas antirracistas em sala de aula, seja pela estrutura simples do texto, seja pelas possibilidades de discussões que o conteúdo dos versos podem oferecer para professores e alunos, já que, muitas vezes, carregam tensionamentos que refletem a época em que foram escritos, reproduzindo estereótipos e preconceitos que, o cordelista defende, podem ser discutidos em sala pelo professor a partir do contato com os textos. 

“Os primeiros escritores e repentistas viviam em uma época de ‘inocência’, onde não se davam conta de que estavam sendo eventualmente racistas.”, comenta. 

Marlos também destaca o cordel como um gênero a ser explorado em sala de aula, em atividades que vão além dos componentes curriculares de português e de literatura. 

“Hoje a literatura de cordel faz parte da grade curricular de várias escolas do Brasil, e de forma interdisciplinar”, comenta o cordelista e curador da Associação. Como exemplo disso, ele cita o cordel “Senhor dos Anéis”, de Gonçalo Ferreira da Silva, que esteve presente em uma das últimas edições do ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio), na área de Ciências da Natureza. 

“Hoje a literatura de cordel faz parte da grade curricular de várias escolas do Brasil, e de forma interdisciplinar”

Professor de física do colégio Dom Pedro, no Rio de Janeiro (RJ), Sandro Fernandes também adotou o uso do cordel em sala de aula, com a proposta de deixar a disciplina mais próxima dos estudantes do ensino médio. Ele teve acesso aos cordéis do acervo da Academia Brasileira de Literatura de Cordel, com a biografia de grandes cientistas, e conta que isso foi fundamental para entender as aproximações entre Arte e Ciência. 

“Quando é para falar sobre o movimento dos planetas, por exemplo, eu procuro contextualizar usando um pouco da história e da física [presente] na literatura de cordel. Às vezes, quando a gente vai pro laboratório fazer um experimento, eu não faço a pergunta da maneira tradicional. Eu faço sempre uma brincadeira, e a pergunta vira um cordel, deixando a aula mais alegre e mais contextualizada no imaginário dos alunos”, explica.

Dicas de como trabalhar com o cordel na sala de aula

Para Gilson Franco, é importante reconhecer as contribuições do cordel para a exploração de diferentes aspectos da linguagem que não estão apenas atrelados à oralização. “Pela literatura de cordel, podemos abordar uma grande diversidade de temáticas, e ensinar os procedimentos de leitura e de escrita: a oralização (principalmente), a ampliação do repertório vocabular, a análise linguística e a semiótica. Enfim, os quatro eixos do ensino da língua”, explica.

A seguir, o professor traz algumas dicas para quem quer explorar o cordel na sala de aula:  

  1. Investigue o que deseja que seus alunos aprendam;
  2. Dedique um tempo a estudar o gênero, sua estrutura e características gerais;
  3. Escolha autores e obras que dialoguem com a temática que quer abordar com seus estudantes;
  4. Organize uma sequência didática com o assunto que você gostaria de aprofundar ;
  5. Trabalhe com seus alunos a poesia popular, incluindo os recursos poéticos de expressividade (figuras de linguagem), a linguagem própria e figurada, a organização das estrofes, as rimas, a oração, a métrica etc; 
  6. Apresente o gênero do cordel em sala de aula aos estudantes e escute-os com atenção;
  7. Crie uma sala temática para estimular as relações de pertencimento com o gênero. Você pode fazer isso, de forma simples, com um varal de cordéis;
  8. Na primeira aula, convide os alunos a andar pela sala. Peça para eles escolherem um livrinho de cordel e analisarem a imagem da capa, o desenho, o título e as cores;
  9. Faça perguntas sobre a capa do cordel, o nome desse tipo de arte, qual é a relação entre a capa e o título, quem é o autor, entre outras; 
  10. Convide os alunos a lerem estrofes dos cordéis escolhidos;
  11. Faça perguntas sobre as leituras e estimule o compartilhamento com a turma; 
  12. Depois do contato inicial com o cordel, amplie os procedimentos de leitura e de observação das principais características do gênero: estrofes, versos, rimas, oração, métrica etc; 
  13. Dê continuidade à sequência didática, contemplando os próximos conteúdos de que os alunos devem se apropriar, de forma gradativa, respeitando os conhecimentos que eles já têm sobre o gênero e sobre o tema abordado. 

Para saber mais 

Livro – O Flautista Misterioso e os Ratos de Hamelin, de Braulio Tavares. Editora 34.

Livro – Heroínas Negras Brasileiras, de Jarid Arraes. Companhia das Letras.  

Podcast – Chica Barrosa: uma violeira negra no sertão oitocentista, por Mariana Ananias. Podcast Difusão Cultural. 

Academia Brasileira de Literatura de Cordel (ABLC). Site: http://www.ablc.com.br/.  

* Conteúdo produzido e editado pelo Porvir.

De: https://www.educacao.faber-castell.com.br/

terça-feira, 23 de maio de 2023

ASSU HILÁRIO



"Castanha Chocha" e "Cachorrinha de Borracha" (pseudônimos) eram dois débeis mentais pedintes que perambulavam pelas ruas da cidade de Assu (ninguém tinha conhecimento dos seus nomes de registro). Castanha tinha uns 30 anos de idade e Cachorrinha era mais velha do que ele, Castanha, uns 30 e poucos anos. Naquele tempo, se uniram em matrimônio, ato religioso realizado (incentivado por populares), salvo engano, por padre Militino, na igreja matriz de São João Batista, lotada de curiosos como podemos conferir na fotografia. Era eu, ainda menino e estava presente na igreja. Pois bem,como no Assu de tudo acontece, ou como diria Solón Wanderley, "faz-se tudo e haja Glosa", o poeta Renato Caldas, vigilante permanente do cotidiano da terra assuense e que não perdia as oportunidade para versejar com irreverência e graça, escreveu conforme adiante:  

Quem procura sempre acha
É o ditado do povo
Arranjou marido novo
Cachorrinha de Borracha
Mas vai ser preciso graxa
Que a coisa não está tão frouxa
A fuzarca vai ser roxa
Até o raiar do dia
Arranjou o que queria
Casou com Castanha Chocha.

(Fernando Caldas)

segunda-feira, 22 de maio de 2023

UMA BOA LEMBRANÇA

Rua Da Conceição. Se não é a primeira, pelo menos, uma das primeiras ruas da Cidade Alta, bairro de centro, da capital potiguar. Tive eu, juntamente com outros conterrâneos/Assu, o privilégio de ter morado na segunda casa (conforme fotografia abaixo), da direita para esquerda. Isso, logo que cheguei na cidade do Natal, para estudar no Atheneu Norte-Rio-Grandense, uma instituição educacional pública, de referência. em 1974. Na citada casa, naquele tempo, funcionava um pensionato para estudantes do interior, explorado por dona Minervina, uma forte mulher da região do Seridó. A casa fica de frente ao Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, ao lado do então Palácio do Governo (atual Palácio da Cultura),  poucos metros da Prefeitura Municipal e o Tribunal de Justiça, ou melhor dizendo: A Praça dos Três Poderes. Aquela rua abriga o museu Café Filho, a sede do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), a Assembleia Legislativa e a então sede do Governo do Estado (Palácio Potengi), atual Palácio da Cultura. Na fotografia podemos conferir à esquerda (de esquina), a casa/sobrado de Café Filho, único Norte Rio-grandense, de Natal, a assumir a Presidência da República, em 1954, em razão da morte de Getúlio Vargas. Era Café, o Vice-presidente. Hoje, funciona um museu que leva o seu nome. Há registro que aquele sobradinho como é mais conhecido, fora o primeira sobrado particular construido em Natal, no princípio de 1800. Por fim, saudades daqueles velhos tempos de estudante em Natal. Afinal, tive eu, o privilégio de ter morado numa das mais importantes ruas da capital potiguar. Fica o registro e dou fé. 

Fernando Caldas, administrador deste Blog.

Nenhuma descrição de foto disponível. 

Foto (abaixo) ilustrativa da Rua da Conceição, de Ricardo Souza Marques.

sexta-feira, 19 de maio de 2023

Princesa 90 FM


Está chegando a hora!
 
O Auto de São João Batista retoma sua melhor forma, após mais de 10 anos, a história do santo padroeiro do Assú, São João Batista, retoma nos dias 8, 9, e 10 de junho com apresentações dentro da programação cultural do São João. 
 
Teremos artistas da terra na narrativa que encherá o coração dos assuenses de alegria e entretenimento com direção de Diana Pontes.
 
 Pode ser uma imagem de texto

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